Em 12 de junho de 1959, numa bela tarde de primavera, o pintor e produtor de filmes Friedrich Jürgenson levou um gravador de fita magnética para sua casa de campo, em Mölnbo, Suécia, com a intenção de registrar cantos de diversos pássaros. Colocou o gravador perto da janela e acionou-o assim que um tentilhão de faia pousou ali próximo. Deixou rodar a fita por uns cinco minutos e depois rebobinou para escutar o que fora registrado. Para sua surpresa, ouviu um som ruidoso e vibrante – e só bem baixo pôde distinguir o trinado do tentilhão, um pássaro típico daquela região. Num primeiro instante, pensou tratar-se de algum defeito no aparelho e logo em seguida repetiu a gravação, na tentativa de verificar o acontecido.
Novamente tudo se repetiu: os estranhos barulhos e o distante, quase inaudível, gorjear dos passarinhos no campo. Mas, subitamente, soou um clarim no decorrer da gravação e uma voz de homem irrompeu falando em norueguês sobre “vozes de pássaros noturnos”. Por tal fato, Jürgenson pensou na possibilidade de seu gravador ter captado alguma irradiação de uma emissora norueguesa, já que em certas ocasiões um gravador pode funcionar como rádio-receptor. Mais tarde ele viu que sua idéia estava equivocada. De qualquer forma, a partir daquela data, Jürgenson não parou mais de executar gravações, conseguindo acumular milhares delas até o fim de sua vida, em 1987. Registrou vozes que lhe diziam estranhas coisas: “Estamos vivos, Friedrich”, “os mortos estão vivos”, “somos mortos, mas os mortos são homens” etc.
A partir de determinado momento, passou a dialogar com as vozes e conseguiu inúmeras gravações do que ele atribuiu serem conhecidos amigos e parentes seus já falecidos. Naquela fortuita tarde de junho de 1959, estava iniciada a era moderna do que passou a ser conhecido posteriormente como Fenômeno das Vozes Eletrônicas [Electronic Voice Phenomena, EVP]. Mais tarde, com a ampliação e diversificação dessa manifestação fenomênica, o campo passou a ser chamado de Transcomunicação Instrumental (TCI), que em 2004 completou 45 anos.
Mundo dos vivos e dos mortos — A TCI é a alegada comunicação entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos, realizada através de aparelhos eletrônicos. A expressão transcomunicação instrumental foi cunhada para diferenciá-la de outras formas de transcomunicações – tal como a mediúnica, que se serve necessariamente de um meio humano para que ocorra, um médium. Essas comunicações transcendentes ocorrem mais comumente, segundo seus defensores, através de gravadores de fitas magnéticas, telefones, televisores, computadores, rádios, aparelhos de fax e até secretárias eletrônicas. Outros instrumentos mais sofisticados também foram projetados ao longo dos anos, na tentativa de se estabelecer um contato estável e duradouro com seres humanos falecidos, os espíritos.
Entretanto, a TCI ainda não foi provada cientificamente e não é aceita pela comunidade acadêmica como um método de comunicação tecnológica bidirecional entre as mentes de humanos vivos e entes mortos – espíritos vivendo noutras realidades, noutros planos. As evidências neste campo ainda estão sendo debatidas no campo das hipóteses e exige-se para essa área mais estudos científicos controlados, profundos e extensivos. O papel histórico do pioneiro Friedrich Jürgenson na transcomunicação tecnológica pode ser considerado análogo ao do piloto Kenneth Arnold na Ufologia. O histórico avistamento de nove objetos voadores não identificados pelo piloto sobre as Montanhas Cascade, no Estado de Washington, em 24 de junho de 1947, marca o início da Era Moderna dos Discos Voadores. As gravações de Jürgenson, naquela tarde em 1959, marcam o início da Era Moderna da Transcomunicação Instrumental – apesar dele só as ter publicado abertamente cinco anos depois.
Começava assim a chamada era das vozes eletrônicas, superando o período dos instrumentos elétricos que ganharam força no início do século 20, com o advento do uso prático da eletricidade, e superando o uso de instrumentos mecânicos, presentes no século 19 e início do 20 – como as “mesas girantes” e as “tábuas Ouija”. Esses marcos são simbólicos, pois assim como na Ufologia já existiam relatos de objetos aéreos incomuns séculos atrás – como a descrição de um fazendeiro texano que usou a palavra pires para descrever um objeto escuro cruzando o céu em alta velocidade, em 1878 –, na TCI também existem relatos antigos de tentativas de contato com espíritos por aparelhos. Sobre isso temos evidências na obra Os Mortos nos Falam [Editora Edicel, 1994], do padre e transcomunicador francês François Brune: “Existiram muitas outras gravações antes de Jürgenson, a maioria geralmente obtida involuntariamente. Mas elas não geraram pesquisas sistemáticas. Algumas passaram mesmo completamente despercebidas e só foram notadas quando o fenômeno adquiriu uma ampla audiência”. Há descrições de que os primeiros registros de gravações de vozes atribuídas a espíritos ocorreram por acaso na Sibéria, em 1901. Essa gravação teria sido feita através do único recurso da época, um fonógrafo que registrava som num rolo cilíndrico. O antropólogo americano Waldemar Bogras estava registrando cânticos de rituais xamãs na tribo dos Tohouktchi quando, ao ouvir o que tinha acabado de gravar no rolo, notou vozes em inglês e russo, misturadas entre os cânticos e batidas dos tambores do ritual. Não podendo atribuir o fato a uma origem comum, acreditou ser a manifestação dos espíritos que os xamãs evocavam…
Vida após a morte física — Desde tempos imemoriais o homem tenta se comunicar com seus mortos e busca descobrir se realmente existe vida após a morte física. Especulações, hipóteses e teorias foram criadas numa tentativa de descrever esse mundo incógnito, essa outra existência – um hipotético mundo invisível para nós, mas que seria capaz de coexistir conosco. Com a invenção e chegada dos primeiros instrumentos eletrônicos – e os resultados pioneiros obtidos com eles – o homem renovou suas esperanças em contatar os mortos num patamar tecnológico nunca visto antes. Com os novos instrumentos seria possível estabelecer contato com os falecidos sem necessariamente o uso de médiuns, e o sonho de gravar suas vozes e registrar as imagens do mundo onde viveriam estava sendo finalmente desvelado.
Na década de 70, já instalada a febre das vozes de falecidos, captadas com gravadores de fitas magnéticas, alguns aventaram a hipótese de que também se poderia entrar em contato com seres extraterrestres por meio desses aparelhos. Pensou-se na possibilidade de contatar criaturas de outras civilizações que habitam nosso universo, algumas das quais estar
iam nos visitando com suas fantásticas máquinas – os chamados discos voadores. Também se pensou em buscar comunicação com habitantes de “outros” universos. Um dos primeiros a tentar provar este deslumbrante conceito foi o próprio Friedrich Jürgenson, como confessa o pesquisador em seu livro Telefone para o Além [Civilização Brasileira, 1972]: “Eu estabelecera uma correlação entre as vozes enigmáticas e os denominados objetos não identificados (UFOs). Já naquele tempo [Setembro de 1959] o número de casos desses misteriosos objetos voadores ultrapassava em muito os 100 mil. Praticamente não existia um país na Terra no qual não se tivessem observado essas enigmáticas máquinas voadoras”, revelou Jürgenson.
“A idéia de que poderia haver uma relação entre as vozes de homens e mulheres, gravadas nas minhas fitas magnéticas, e a tripulação desses UFOs não era assim tão absurda”, completou o pesquisador. Posteriormente, Jürgenson abandonou a noção de “homens do espaço” interferindo nas suas fitas, quando fez, segundo ele, uma análise rigorosa. Ele concluiu que “…não tinha mais qualquer dúvida de que, no tocante aos fenômenos das fitas magnéticas, tratava-se de ocorrências superfísicas e parafísicas, que só podiam ser investigadas de maneira prudente e com imparcialidade, sem idéia preconcebida”. Mas Jürgenson não fora o primeiro a pensar nessa correlação. Muito antes dele, no século 19, outros ilustres estudiosos já experimentavam a tentativa de se comunicar com extraterrestres por aparelhos diversos.
Sinais de rádio extraterrestres — Nikola Tesla, grande gênio e inventor, alegou ter recebido em 1899, em seu laboratório em Colorado Springs, sinais de rádio de origem extraterrestre. Ele acreditava que teriam sido enviados por entidades habitantes em Marte. Como conseqüência, o anúncio de sua descoberta foi recebido com descrédito e relutância pela comunidade científica da época. Hoje se sabe que tais sinais são ondas de rádio cósmicas emitidas por meios naturais existentes no universo. Anos mais tarde, Arthur H. Matthews – que trabalhou junto com Tesla – publicou o livro The Wall of Light: Nikola Tesla & the Venusian Space [A Parede de Luz: Nikola Tesla e O Espaço Venusiano, Editora Health Research, 1973]. A primeira parte da obra foi escrita pelo próprio Tesla, que relata sua autobiografia, e o restante por Matthews, com alegações para além do extraordinário.
Matthews afirmava, entre outras, que Tesla era um venusiano que trabalhara secretamente num aparelho chamado Teslascope, que tinha como intento se comunicar com entidades em Marte. Entretanto, ninguém jamais confirmou a existência de tal aparelho. Na verdade, existe muito folclore em torno da figura enigmática e excêntrica de Nicola Tesla, dando origem a histórias fantasiosas e a muitas instituições que, ainda hoje, se dedicam a estudar os postulados do gênio.
Outra personalidade que seguiu a polêmica gerada por Tesla e também esteve envolvida na possibilidade de comunicações com inteligências extraterrestres via rádio foi o físico italiano Guglielmo Marconi, o inventor do rádio. Marconi também declarou que estava recebendo sinais estranhos, que também acreditava serem originários de inteligências vivendo em Marte. Em 20 de janeiro de 1919, o jornal The New York Times publicou seus comentários, em que externava a crença em mundos habitados que podiam nos contatar através de ondas de rádio. O curioso disto tudo não é apenas que estes dois ilustres homens – Tesla e Marconi – estiveram engajados na tentativa de contatar marcianos, mas que Marte já suscitava, naquela época, intenso interesse para o ser humano. E até hoje há entusiásticas controvérsias sobre a ligação do Planeta Vermelho com discos voadores e entidades inteligentes, apenas variando o enredo das alegações.
No próprio mundo da Ufologia, vários contatados já declararam ter estabelecido alguma forma de comunicação com os ufonautas [Tripulantes dos UFOs] por meio de aparelhos diversos. George Hunt Williamson era um deles. Conhecido como uma das testemunhas do famoso contato que teria tido George Adamski com um ser venusiano, num deserto do sul da Califórnia, em 1952, Williamson alegava também ter contatado ocupantes de discos voadores usando códigos telegráficos por meio do rádio, durante os anos de 1952 e 1953. Junto de Alfred C. Bailey, Williamson escreveu o livro The Saucers Speak! A Documentary Report of Interstellar Communication by Radiotelegraphy [Os Discos Falam! Um Relatório de Comunicação Interestelar via Radiotelégrafo, New Age Publishing, 1954], para narrar suas experiências.
Um ET chamado Zo — Talvez este livro, no contexto da década de 50, em meio à onda contatista que surgia em todo o mundo e três anos antes dos russos lançarem ao espaço o primeiro satélite artificial – o Sputnik –, pudesse causar impressões de grande credulidade. Hoje em dia, a análise já é mais crítica. Nosso conhecimento atual sobre astronomia é incompatível com várias mensagens deixadas por Zo, um dos extraterrestres que Williamson alegava ter contatado. Outro caso que vem à mente é o de Daniel Fry, protagonista, segundo ele, do encontro com um disco voador nos anos 50, no campo de provas balísticas de White Sands, no estado do Novo México. Fry garantia que também tentou se comunicar com extraterrestres através de aparelhos eletrônicos. Chegou a construir um rádio de freqüência múltipla para esse fim, mas aparentemente não teve sucesso – o rádio transmitia, mas não recebia.
Podem me chamar de Spectra, que é o nome de uma espaçonave que usamos, da mesma forma que vocês usam um planeta, nos últimos 800 anos em que está estacionada acima da Terra
– Um Suposto AlienÍgena
O cenário ufológico daquela época era recheado de supostos contatos com extraterrestres através de rádio, e isso não mudaria tão cedo. Outro protagonista polêmico que descrevia relatos fantásticos era Albert K. Bender, fundador de uma pequena organização ufológica chamada International Flying Saucer Bureau [Escritório Internacional de Discos Voadores]. Ele é lembrado na história da Ufologia como a primeira pessoa a ter sido visitada pelos folclóricos MIBs – os homens de preto [Do inglês men in black]. Posteriormente, Bender publicou o livro Flying Saucers And The Three Men [Discos voadores e os Três Homens, Saucerian Books, 1962], contando suas aventuras com tais homens. Na obra, curiosamente, também narrava anomalias que aconteciam com seu rádio. O aparelho era ligado de maneira misteriosa por diversas ocasiões, sem intervenção humana.
Posteriormente, Bender alegou ter descoberto que a razão para o estranho comportamento de seu aparelho era o fato de os MIBs estarem desejando fazer contato, e por isso o ligavam. Ele di
z em seu livro que os homens de preto lhe deram um pequeno disco do tamanho de uma moeda. “E me disseram que, quando quisesse entrar em contato com eles, deveria apertar esse disco em minha mão, ligar o rádio e repetir três vezes a palavra Kazik”. No caso de Bender, o rádio funcionava aparentemente apenas como um dos meios necessários para o contato, não havendo comunicação direta através dele. É importante também se notar que, ao contrário de outros autores, que viam os MIBs como temidos agentes governamentais incumbidos de silenciarem testemunhas ufológicas, os homens de preto de Bender – como os de vários outros casos de contatismo dos anos 60 e 70 – eram seres extraterrestres que tentavam localizar, selecionar e contatar pessoas a seu modo.
Vozes paranormais — Mas não era apenas de tentativas e fracassos que a proposta de comunicação com alienígenas por meio de aparelhos se baseava. Saindo do panorama da Ufologia e adentrando no campo da parapsicologia e da própria TCI, os episódios tornaram-se mais chocantes. Na parapsicologia, o sempre polêmico e ainda questionável paranormal Uri Geller viria a ser o centro de intensos eventos envolvendo UFOs e fenômenos de voz eletrônica (EVP) na década de 70. O israelense Geller ficou famoso naquela época entortando metais, fazendo relógios parados voltarem a funcionar e lendo a mente das pessoas, supostamente com sua força psíquica. Um lado pouco divulgado da vida de Geller, no entanto, é o de suas vivências com o EVP por meio de gravadores de fita magnética e telefone. Grande parte de suas experiências foi vivida ao lado de Andrija Puharich, médico norte-americano que apresentou o israelense ao mundo ao efetuar uma pesquisa científica sobre suas alegadas habilidades paranormais.
Puharich escreveu um livro sobre sua investigação das faculdades paranormais do rapaz, Uri Geller: Um Fenômeno da Parapsicologia [Editora Record, 1974]. Na obra são relatados diversos episódios em que uma voz saía do alto-falante do gravador de Puharich e pregava instruções, procedimentos de pesquisas e informações sobre Uri Geller. Numa das oportunidades, Puharich, na presença do paranormal, perguntou quem era aquela voz e obteve a seguinte resposta: “Podem usar o nome de Spectra. Mas, na verdade, Spectra é o nome de uma espaçonave que usamos, da mesma forma que vocês usam um planeta, nos últimos 800 anos em que está estacionada acima da Terra. É tão grande quanto uma das suas cidades. Mas apenas vocês podem nos ver”.
Inexplicavelmente, muitas das fitas gravadas nos experimentos de Puharich com Geller desapareciam posteriormente, como se os registros de prova tivessem que ser apagados. Em outra ocasião, o paranormal e o cientista sentaram-se ao redor do gravador e chamaram a enigmática voz para que se manifestasse. Não houve resposta. Depois de várias horas e inúmeras tentativas, a voz surgiu pelo alto-falante do gravador e disse: “Uma de nossas falhas é que não podemos entrar em contato diretamente. Podemos falar-lhe apenas através do poder de Uri no gravador. Talvez, com o tempo, consigamos comunicar-nos com você diretamente”.
Geller submeteu-se ainda a muitas investigações sobre seus alegados poderes paranormais – principalmente sobre sua capacidade de entortar metais. No entanto, para a ciência, não ficou provado que ele tenha dons fora do comum. Talvez, se houvesse um estudo maior sobre sua atividade – especialmente onde há a interseção entre o fenômeno das vozes eletrônicas e os objetos voadores não identificados –, poderíamos ter um conhecimento mais amplo sobre esse polêmico israelense.
Procedentes de Alfa Centauro — No terreno da TCI nem todos os pesquisadores aceitam o conceito do pioneiro Jürgenson – de que as vozes captadas são de espíritos. Os investigadores da temática sentem através dos resultados de seus próprios experimentos que deve haver outro componente causador das manifestações de aparições de vozes em gravadores, rádios e telefones. Poderia alguma entidade extraterrestre estar por trás de uma porcentagem dessas manifestações? Alguns estudiosos se aventuraram neste campo inexplorado. Uma das pioneiras na área foi a pesquisadora Sarah Estep, fundadora da American Association of Electronic Voice Phenomena [Associação Norte-Americana do Fenômeno das Vozes Eletrônicas]. Estep acredita ter recebido algumas vozes de extraterrestres por meio do seu gravador de fita. Elas mencionavam fatos sobre espaçonaves procederem da estrela Alfa Centauro e de estarem próximas da pesquisadora para ajudá-la.
Estep fala sobre suas experiências com o registro de supostas vozes de espíritos e entidades alienígenas no livro Voices of Eternity [Vozes da Eternidade, Ballantine Books, 1988]. Ainda nos anos 80, a TCI seria tomada de surpresa com os resultados avançados e inovadores das experiências realizadas por um casal luxemburguês, Jules e Maggy Harsch-Fischbach. A dupla tinha chegado a um patamar de resultados nunca antes obtidos por nenhum outro pesquisador, estando na vanguarda da pesquisa da época. Mas isso os fez amargarem, anos mais tarde, uma acusação de fraude por terem tido a sorte de registrar com tamanha expressão a manifestação fenomênica. Os Harsch alegavam obter comunicações em áudio através de aparelhos de telefone, gravador, rádio, computador e fax – e também conseguiam comunicações em vídeo, pela televisão, com entidades espirituais e seres superiores vivendo noutras dimensões.
Maggy escreveu o livro Transcomunicação: A Comunicação com o Além por Meios Técnicos [Editora Pensamento, 1989], junto com o parapsicólogo Theo Locher, narrando suas experiências. Os Harsch garantiam estar em contato com várias entidades, sendo uma delas um ser não-humano de codinome “O Técnico”. Ele transmitia inúmeros conhecimentos para o aperfeiçoamento da aparelhagem de contato. Outra entidade se apresentava como “Doutora Swejen Salter”, que viveria numa dimensão além da nossa. E o casal afirmava, assim, manter permanente e rotineiro contato com habitantes de mundos extradimensionais – nada diretamente relacionado por eles a tripulantes de UFOs.
A lista de tentativas, fracassos e a eterna busca para se alcançar uma resposta vinda de extraterrestres por meios de aparelhos é imensa. Muitos homens sonharam através dos tempos – e ainda sonham – estabelecer uma comunicação clara com ETs através de algum aparelho físico, como um rádio que possibilitasse sintonizar uma estação e dialogar livremente. Ou como um telefone, através
do qual se discaria ou receberia uma chamada de outro planeta. Tudo isso ainda é pura loucura perante a ciência, que descarta essas histórias como pseudociência de uma era de tecnologia. Talvez as tentativas e alegações de sucesso desses experimentos, aqui narrados, sejam mesmo equivocados, acontecimentos naturais ainda não bem compreendidos, erros de interpretação etc. Ou talvez haja algo de concreto nesse ambiente ruidoso de aparente desordem e desconexão.
Seres de outras dimensões — A TCI nasceu como uma tentativa de estabelecer diálogo com espíritos, mas inovou e permitiu também a possibilidade de nos comunicarmos com ufonautas, com seres que habitam outros orbes de nosso universo ou mesmo de outras dimensões. Apesar de quase 50 anos de pesquisas, elas ainda estão em fase embrionária, e os resultados pretensamente atribuídos a ETs estão ainda sendo debatidos. Os investigadores estão tateando as possibilidades, sem saber exatamente porque seus aparelhos estão apresentando anomalias – que são convencionalmente explicadas pela ciência ou simplesmente negadas. Talvez não obtenhamos qualquer resposta aos nossos esforços de procura oficial por seres extraterrestres através de programas como o SETI [Search for Extraterrestrial Intelligence, a busca por inteligência extraterrestre], mas se investirmos num programa oficial de pesquisa sobre as vozes eletrônicas, quem sabe teríamos resultados promissores.
Na segunda metade do século 20, alguns ufólogos passaram a filosofar sobre a possibilidade de os tripulantes dos discos voadores e os espíritos serem duas manifestações diferentes de uma mesma origem. Tem-se tentado criar e estabelecer uma categoria chamada Ufologia Espírita ou mesmo Espiritismo Ufológico para tratar do assunto. Já outro grupo de pensadores vai mais além e tenta agrupar diversas entidades do mundo sobrenatural num único contexto – anjos, fadas, fantasmas e similares teriam para eles uma origem comum. Um dos mais influentes pensadores desta corrente é o escritor e pesquisador paranormal John A. Keel, cujos pensamentos influenciaram positivamente gerações de buscadores. Quem sabe ufólogos, espíritas, religiosos e parapsicólogos estejam buscando algo que, no fundo, seja a manifestação múltipla de uma mesma coisa?! Só o futuro nos dirá.