Nesta semana, lamentavelmente, mais um grande pesquisador nos deixou. Mas como sempre acontece com os grandes, Claudeir Covo será sempre lembrado.
Conheci o Claudeir pessoalmente em 1992, em uma palestra na faculdade onde eu estudava engenharia eletrônica. Organizado por outro mestre da Ufologia, Saltavore de Salvo, o evento foi bastante concorrido e como sempre Claudeir expunha fatos como poucos conseguiam fazer.
Segui acompanhando seus artigos na Revista UFO e também na Planeta, e evidentemente ele participou com destaque da investigação do Caso Varginha, em 1996. Pouco depois, passei a frequentar as reuniões mensais do INFA (Instituto Nacional de Investigação de Fenômenos Aeroespaciais), que ainda antes da popularização da Internet que vemos hoje em dia, eram sempre concorridíssimas.
Lá, acompanhamos o relato de inúmeras investigações levadas a cabo por nosso professor Claudeir, incluindo ainda denúncias contra conhecidos espertalhões que abusam e exploram a credulidade dos ingênuos. É evidente que Claudeir, devido a esse necessário trabalho, colecionou inimizades, mas em nada estas o incomodavam, sempre seguindo firme na busca pela verdade.
Ele tinha uma frase que me inspira até hoje: “a Ufologia é feita de fatos, não de um único fato”. Por isso rejeitava sumariamente o sensacionalismo, especialmente diante de casos como Guarapiranga, por ele esclarecido como somente ação de predadores naturais.
Claudeir teve a coragem de confrontar um clássico da Ufologia brasileira, o Caso Barra da Tijuca. Visitando a mesma região no mesmo dia do ano em que as fotos do suposto UFO foram obtidas, décadas depois comprovou que infelizmente, como dizia, a história da Ufologia brasileira havia começado com uma fraude. Infelizmente, o suposto disco voador das fotos publicadas na revista O Cruzeiro não passava de um modelo, com as sombras incoerentes que exibia evidenciando que se tratava de uma montagem.
Nas reuniões do INFA soubemos em primeiríssima mão de muitos detalhes de casos que fizeram a história da Ufologia brasileira. Como por exemplo o fato de, em Campinas, computadores da Unicamp terem suas memórias apagadas com o intuito de acobertar a existência dos famosos laboratórios subterrâneos para onde foram levadas as criaturas de Varginha, além dos restos de sua nave. O procedimento foi tão afoito que arquivos e programas essenciais foram igualmente apagados, causando transtornos na área de administração da universidade.
Lembro-me de uma discussão sobre o controvertido fenômeno dos rods, em que Claudeir realizou uma rápida pesquisa durante um final de semana em seu sítio, descobrindo o que havia tempos defendia: os tais rods não passam de insetos, flagrados em determinadas condições ideais por câmeras. Ele inclusive expôs uma idéia para desvendar de uma vez esse problema: usar uma câmera filmadora normal e outra de alta velocidade para flagrar os rods. Anos depois o canal History Channel fez exatamente isso, em um dos episódios da série Monsterquest.
O resultado? Rods são simples insetos, tais como Claudeir Covo havia dito. Para aqueles que seguiam seu exemplo, sem qualquer surpresa.
Igualmente foi em uma dessas saudosas reuniões que assistimos em primeira mão o extraordinário filme da sonda de Capão Redondo. Todos ficaram absolutamente boquiabertos e estarrecidos, enquanto Claudeir exibia um sorriso de satisfação. A pesquisa desse caso, que ele conduziu ao lado do colega e amigo Ricardo Varela, foi uma das mais impecáveis que já tive o prazer de ver.
Seu trabalho com fotos e filmagens, desvendando enganos, denunciando fraudes e comprovando legítimas imagens de UFOs, foi levado a cabo como toda sua carreira de pesquisador. Com ética, respeito, e muita seriedade. Claudeir afirmava que a Ufologia deveria sempre se espelhar na Ciência, e foi com esse mote que sempre se conduziu em nossa disciplina. Ele defendia o papel da Ufologia, mas sempre dizia que caberia a Ciência a palavra final sobre a comprovação da realidade das visitas extraterrestres.
Sua participação na investigação e divulgação do evento que ficou conhecido como a Noite Oficial dos UFOs no Brasil foram absolutamente fundamentais para que o caso conquistasse o prestígio e importância que tem hoje, e seu artigo publicado na época em uma edição especial da revista Planeta é uma das mais contundentes críticas aos negadores sistemáticos já produzidas no Brasil. E é evidente que a equipe da CBU que visitou as instalações da FAB em Brasília, na história reunião em maio de 2005, jamais poderia estar completa sem ele, participante e um dos líderes desde o começo da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já.
Assim era Claudeir Covo. Um pesquisador honesto acima de tudo, que buscava fatos sem se importar com paixões ou fanatismos, e sempre pronto a atender quem o procurasse em busca de respostas. Muitos com certeza dão contribuições importantes para a pesquisa ufológica, mas são poucos que realmente fazem a diferença e alteram os rumos dela, fazendo com que a Ufologia realmente cresça em conhecimento e credibilidade. Claudeir foi com certeza um desses. Com muitas saudades sempre nos lembraremos dele, e seguiremos adiante tendo seu exemplo como guia.