Existe um antigo provérbio chinês que diz: “Que você viva numa boa época!” Vivemos uma época realmente ímpar neste planeta. Ao mesmo tempo em que existem grupos humanos fazendo fogo e até mesmo disputando nacos de carne como nossos antepassados das cavernas, outros cogitam um processo de colonização em Marte. Alguns vêem estes mesmos famintos disputando comida e fogo através de telas de LCD ou em celulares na palma de suas mãos, reflexos de uma globalização sem precedentes, além de muitos outros acontecimentos independentes de qualquer cunho científico, filosófico, religioso ou moral. Acontecimentos e fatos, infelizmente, de muita especulação.
Esta é uma época de disparates. E como não poderia deixar de ser, a ciência, a Ufologia, o que ainda chamamos na Terra de espiritualidade e especialmente o bom senso são atacados por esses disparates, oriundos da ânsia inexplicável de alguns, em casos específicos, de espalharem o pânico e o susto, de fomentarem o medo. Talvez esta não seja a intenção de todos os arautos do Apocalipse, mas certamente o resultado é identicamente nefasto. Muito mais do que a chamada omissão do bem, a ignorância se mostra cada vez mais como o pior dos males. Até mesmo pessoas altamente qualificadas e de reputação inabalável, confiáveis e nada ignorantes, se deixam levar por essa onda especulativa e imediatista de atropelo na defesa da idéia de que nosso planeta está no final de seus dias.
Neste caos, dentre tantos assuntos expostos de forma até mesmo esmerada, com supostas comprovações científicas e tudo o mais, além de alegadas mensagens de natureza espiritual obtidas através de canalizações e até mesmo de aludidos contatos com extraterrestres, um dos temas que mais chama a atenção se refere ao que se denominou de Cinturão de Fótons e sua presumida conexão com as Plêiades. O assunto impressiona pela contundência e ao mesmo tempo pelos absurdos de que se reveste, tanto de natureza científica quanto do teor do conteúdo de canalizações mediúnicas expostas.
Delírios são revestidos de verdades científicas e espirituais
Para quem ainda não está familiarizado com o tema, eis um pequeno resumo. Afirma-se que o Sistema Solar, em seu movimento pelo espaço, traça uma trajetória orbital em torno da estrela Alcione, situada no aglomerado estelar das Plêiades, na Constelação do Touro, também conhecida como Sete Irmãs ou M45, segundo classificação do Catálogo Astronômico Messier. Até aí, tudo bem. O problema são as sérias afirmações relacionando isto ao Calendário Maia – que hoje é a “bola da vez” para tudo – e ao aumento do número de cataclismos e de transformações na face do planeta Terra, inclusive a de que, em razão de tais tragédias, pouco mais de 15% da humanidade sobreviveria [Veja edições UFO 148 e 151].
Uma dessas afirmações é relativa ao período orbital do Sol em torno de Alcione, associada ao que se conhece como precessão equinocial, perfazendo um total de 25.821 anos, considerando-se respectivas “mudanças de eras” aproximadamente a cada 2.160 anos. A segunda afirmação, ainda mais absurda que a primeira, refere-se à entrada do Sistema Solar no Cinturão de Fótons, uma região de intensa radiação e intensificação magnética, que ficaria em torno de Alcione. Nosso sistema adentraria essa faixa durante o período relativo ao que o Calendário Maia descreve como “a entrada da humanidade em uma nova raça ou o chamado Sexto Ciclo do Sol, ou Kinith-Ahau”. Uma vez no interior do tal cinturão, o campo magnético do Sol se intensificaria, a radiação do cinturão, em choque com a atmosfera, a aqueceria e faria chover fogo. Neste processo, dizem alguns profetas do Apocalipse, os oceanos trocariam de lugar com os continentes num cataclismo global, com vulcanismo intensificado que lançaria na atmosfera material suficiente para promover dias inesgotáveis de trevas.
Existem ainda mais detalhes deste cenário sombrio, pois o hediondo panorama é quase interminável. Mas o que é realmente revoltante é a exposição contínua de tais afirmações na mídia, sobretudo na internet, fomentando o susto e a incerteza, além de um possível pânico na sociedade. Apesar disso, os expositores destas falácias não demonstrarem o menor compromisso com a realidade científica dos mecanismos cósmicos aludidos e com uma situação espiritual da humanidade, apresentada muitas vezes distorcidas. Já está mais do que provado que o universo é muito mais do que os nossos cinco sentidos podem abarcar. Vamos analisar as afirmações acima uma a uma.
Analisando as inconsistências
Em primeiro lugar, Alcione é apenas uma das milhares de estrelas do aglomerado estelar M45. A olho nu, da Terra, contamos sete astros, mas há quem consiga enxergar mais. Todavia, tradicionalmente, são sete estrelas observadas à vista desarmada, cujos nomes são devidos às filhas de Atlas na mitologia grega, as Plêiades. Alcione não se dispõe como figura central de um suposto sistema, muito menos com a presença do Sol. Sua disposição espacial em relação às companheiras de aglomerado não sugerem plano de órbita ordenado num sistema. Nada impede que essas estrelas tenham companheiras menores numa órbita comum, pois é o que predomina no universo – o caso do Sol, como astro único de seu sistema estelar, é exceção. A maioria das estrelas tem companheiras orbitais – duplas, binárias, triplas e sistemas múltiplos. Mas essas órbitas são muito próximas, da ordem de até dois anos-luz.
O Sol dista das Plêiades cerca de 425 anos-luz, o que, em escala galáctica, é muito perto, embora não o suficiente para que se caracterize um sistema. E se assim fosse, jamais percorreríamos esse foco orbital em aproximadamente 26.000 anos – admitindo-se uma órbita elíptica, o que seria altamente improvável pela distância e interação de massas envolvidas, totalmente desprezíveis. Para fazer isso nesse tempo, teríamos que percorrer tal órbita numa velocidade equivalente a 7.000 km/s, e assim, em apenas um ano, as constelações já teriam mudado sua forma. Mas as estrelas também não se deslocam? Sim, mas não nessa escala. Com algumas diferenças, elas se movem em torno do centro galáctico numa velocidade variável em relação à sua distância do mesmo. Pelo conjunto de resultantes da radiação da freqüência dos 21 cm de comprimento – freqüência de 21 cm de onda do hidrogênio no espaço – determinou-se a velocidade radial do Sol no giro feito por ele em torno do centro galáctico, algo como em 2,5 milhões de anos a 230 km/s. Como se vê, este número est&
aacute; muito longe dos 7.000 km/s necessários para estabelecer uma suposta órbita em torno de Alcione, e somente este dado científico já desqualifica a possibilidade. Tal período orbital, na verdade inexistente, levaria, como foi mencionado, 25.921 anos relativos à precessão dos equinócios. Este disparate, de se associar um movimento natural da Terra com uma órbita absurda, é típico de quem não se preocupa com fundamentos básicos de mecânica celeste e astronomia, necessários para se estruturar tais exposições.
A Terra apresenta pelo menos 21 movimentos distintos. Além dos mais conhecidos, ela realiza a cada 25.921 anos um “bamboleio” no espaço, um movimento oscilatório relativo à inclinação de seu eixo quanto ao plano orbital – ou plano da eclíptica –, que altera a estrela referencial norte e sul a cada dois mil anos, e o nascer do Sol no ponto vernal, no equinócio de 21 de março. Isso é o que caracteriza as passagens de eras com um signo zodiacal diferente a cada 2.160 anos, em movimento retrógrado, distinguindo todas as implicações naturais e energético-evolutivas espirituais já tão decantadas. Este sim é um fenômeno real e associado ao Calendário Maia na entrada de Kinith-Ahau, em 23 de dezembro de 2012, às 23h41 para cada hora local ou 11h11 em GMT. Daí a origem do chamado Portal 11:11.
Este novo ciclo para a humanidade e para o planeta Terra, mencionado no Calendário Maia, também se refere ao que ele mesmo informa com relação ao alinhamento do Sol com as radiações do centro galáctico – uma situação que é perfeitamente compreensível se considerarmos que, além do seu giro em torno do centro, as estrelas da Via Láctea executam, como uma onda, movimentos ascendentes e descendentes relativos ao plano equatorial da mesma. Como se sabe, é esta região da galáxia especialmente rica, sobretudo em sua borda, de matéria-prima interestelar formadora de estrelas, como poeira cósmica e gases, que desenham uma linha escura observada também em galáxias como a nossa, quando vistas de perfil. Exemplos disso são a galáxia do Sombrero, na Constelação de Virgem, e a NGC 891, na Constelação de Andrômeda.
Tal movimento faz com que o Sol e as demais estrelas ascendam e/ou descendam este “plano escuro”. Teoricamente, não receberíamos os influxos de freqüência mais alta oriundos do centro galáctico enquanto o Sistema Solar estiver mergulhado neste ponto. Mas, segundo o Calendário Maia, em 2012 sairemos desta região escura num movimento ascendente, ficando literalmente expostos a total radiação do bojo galáctico. Talvez esse movimento natural das estrelas explique, pelo menos em parte, tantas afirmações de caráter espiritual e energético não somente quanto a uma nova era para o nosso planeta e humanidade, mas também para outros sistemas em situação semelhante – seus influxos energéticos ainda desconhecidos etc.
É óbvio que, se não houver uma mudança de atitude, de consciência, de respeito e principalmente de coerência por parte dos seres humanos, com certeza muita energia será jogada fora. Mas o que se apresenta, por enquanto, é apenas a insustentabilidade da teoria que trata do fim do mundo como algo iminente, e por extensão, da idéia de que a maior parte da humanidade terrestre sucumbiria por conta de uma alteração drástica de nosso sistema de vida e evolução a nível planetário e sistêmico, causada por cataclismos e perturbações oriundas do Cinturão de Fótons. A tudo isso se junta esta absurda tese de que o Sol tenha uma órbita em torno de Alcione, o que inclui as idéias fantasiosas de Nibiru e sua relação com o Calendário Maia. Informações sobre tais estes fenômenos e suas associações talvez tenham um fundamento bem diferente do que nos querem fazer acreditar.
E como toda esta polêmica está centrada nas Plêiades, talvez seja bom falarmos um pouco mais delas. Este grupo estelar é formado por astros muito jovens, de apenas 150 milhões de anos, o que é muito pouco numa escala de vida estelar. Para se ter idéia, quando as Plêiades se formaram, os dinossauros já existiam na Terra. Assim, como seria possível em tão pouco tempo uma suposta civilização pleiadiana se desenvolver ao ponto extraordinário testemunhado nos aludidos contatos com ETs e canalizações recebidas, quando os “interlocutores espaciais” – na visão de quem passa por tais experiências – afirmam aquela procedência? Provavelmente, se existe uma civilização pleiadiana, pode-se presumir que seria composta de seres que lá se estabeleceram, porém vindos de outras regiões do cosmos e de outros tempos.
O centro da nossa galáxia se situa na visada Constelação de Sagitário. Com seu bojo magnífico e compactado de estrelas, ele deveria ser o ponto mais brilhante visto da Terra depois do Sol e da Lua. Mas por que não é? Porque entre a Terra e o centro da galáxia existem nebulosas de absorção de luz – à semelhança da Saco de Carvão, no Cruzeiro do Sul – que literalmente sugam toda a luminosidade das estrelas, não nos permitindo sua visão. Sagitário está ao lado das estrelas de Escorpião, quando vistas da Terra, ou seja, quase na mesma direção. A constelação oposta à de Escorpião é Touro, que assim, na verdade, está mais externa em relação ao centro galáctico do que a Terra. Nós nos situamos próximos da borda da galáxia, e quase ao nosso lado, 425 anos-luz mais além, estão as Plêiades. Isso significa que, assim como nos deslocamos em torno do centro galáctico juntamente com todo o restante da Via Láctea, as Plêiades também o fazem. E como estamos 425 anos-luz mais “internos”, as Plêiades se afastam mais do que se aproximam de nós.
De forma alguma estamos contestando, aqui, a existência do Cinturão de Fótons ou dos pleiadianos. Ao contrário,
sua própria existência e atuação estão engendradas numa lógica, embora nem sempre compreensível à nossa primeira vista, mas, com toda a certeza, substancial e atuante. Sabemos que nossa realidade física, material e tridimensional é apenas um reflexo do que se manifesta em realidades superiores, de cima para baixo. Guardadas suas devidas proporções, todas estão inseridas num mesmo princípio, numa mesma ordem que se reflete pelo universo numa reação em cadeia. Como consta da segunda Lei do Caibalion [Kybalion], proposta por Hermes Trismegistus com base nos 42 livros de Toth sobre o antigo Egito e sua possível raiz atlante, “assim como está em cima, está embaixo, de forma semelhante e análoga”.
Redefinindo a idade das pirâmides
Um pequeno exemplo do que se quer expor está no fato de que, por mais que a egiptologia oficial ainda afirme que as pirâmides egípcias foram construídas nos reinados dos faraós Quéops [Khufu], da IV Dinastia, há cerca de 2.500 a.C., Quéfren [Kheph-Ra] e Miquerinos [Men-Kau-Ra], estes um pouco mais recentes, já se comprovou que seus ápices se alinhavam perfeitamente com as estrelas do Cinturão de Órion, conhecidas por nós com “Três Marias”, algo em 10.500 a.C. Mas como? Além destas informações, outros dados de origem estelar sugerem algo diferente não somente para as pirâmides, mas também para todo o Egito. Ou seja, não há como contrariar estrelas e suas posições. Não há como alterar leis universais, como a própria mecânica celeste, tão aviltada ultimamente com a aludida órbita do Sol em torno de Alcione, e pior, com Nibiru. Apresentamos um rápido texto abaixo, dentre tantos alusivos ao assunto, tratando dos disparates a que nos referimos:
“O Sistema Solar gira em torno de Alcione, estrela central da Constelação de Plêiades. Esta foi a conclusão dos astrônomos Freidrich Wilhelm Bessel, Paul Otto Hesse, José Comas Solá e Edmund Halley, depois de estudos e cálculos minuciosos. O Sol é, portanto, a oitava estrela da constelação – localizada a aproximadamente 28 graus de Touro – e leva 26 mil anos para completar uma órbita ao redor de Alcione. A divisão desta órbita por 12 resulta em 2.160, tempo de cada era”.
Apesar de constar de diversos livros e principalmente de muitos sites da internet, além de ser apresentado em conferências e exposições, quase sempre com esta mesma redação, o que se vê acima é um grande absurdo. Os três primeiros astrônomos estiveram envolvidos em trabalhos discretos relativos ao tema e nunca afirmaram oficialmente tal situação. Edmund Halley [Às vezes tratado como Edmond] viveu nos séculos XVII e XVIII, mais precisamente de 1656 a 1742. Portanto, sem condições de efetuar os cálculos minuciosos mencionados para um sistema de estrelas tão longínquo, mesmo considerando sua genialidade. Foi responsável, sim, pela descoberta da peridiocidade dos cometas e suas órbitas elípticas de alta excentricidade, e o que mais acontece com as órbitas dos cometas, parabólicas e hiperbólicas. O Sol, ao contrário do que é afirmado acima, não é a oitava estrela de nada! E o texto continua:
“Descobriu-se também que Alcione tem à sua volta um gigantesco anel ou disco de radiação em posição transversal ao plano das órbitas de seus sistemas (incluindo o nosso), que foi chamado de Cinturão de Fótons. Um fóton consiste na decomposição ou divisão do elétron, sendo a mais ínfima partícula de energia eletromagnética, algo que ainda se desconhece na Terra. Detectado pela primeira vez em 1961, através de satélites, a descoberta do Cinturão de Fótons marca o início de uma expansão de consciência além da terceira dimensão. A ida do homem à Lua nos anos 60 simbolizou esta expansão, já que antes das viagens interplanetárias era impossível perceber o cinturão. A cada 10 mil anos o Sistema Solar penetra por dois mil anos no anel de Fótons, ficando mais próximo de Alcione. A última vez que a Terra passou por ele foi durante a Era de Leão, há cerca de 12 mil anos. Na Era de Aquário, que está se iniciando, ficaremos outros dois mil anos dentro deste disco de radiação”.
Sob suposta influência de fótons
Continuando o festival de absurdos, ainda é dito em tal texto – inúmeras vezes copiado de site para site – que todas as moléculas e átomos de nosso planeta passam por uma transformação sob a influência dos fótons, precisando se readaptar a novos parâmetros. “A excitação molecular cria um tipo de luz constante, permanente, que não é quente, uma luz sem temperatura, que não produz sombra ou escuridão. Talvez por isso os hinduístas chamem de Era da Luz os tempos que estão por vir”. O texto ainda diz que, desde 1972, o Sistema Solar vem entrando no Cinturão de Fótons, e que desde 1998 sua metade já estaria dentro dele. Afirma ainda que a Terra começou a penetrá-lo em 1987 e está gradativamente avançando, até 2012, quando estará totalmente imerso em sua luz. “De acordo com as cosmologias maia e asteca, 2012 é o final de um ciclo de 104 mil anos, composto de quatro grandes ciclos maias e de quatro grandes eras astecas”.
Como descrito, não existe evidência alguma da existência do Cinturão de Fótons. Em 1961 não existiam radiotelescópios e a medição de radiações cósmicas de fundo, principalmente por espectrômetros, era muito rudimentar para se descobrir algo assim. Detectar tal cinturão de radiação a 425 anos-luz daqui, dentro da natureza descrita acima, seria um feito considerável. Atualmente, mesmo com uma tecnologia tão avançada em comparação com a disponível em 1961, seria detectado com certeza um fluxo oscilatório alterando o magnetismo e o espaço ao redor das Plêiades, tal como é descrita a natureza do cinturão, nada além. Tudo se encontra, nas Plêiades e no restante do universo, sem alteração. Mas a cada dia uma nova descoberta se apresenta, e é perfeitamente possível a existência de tal radiação num nível dimensional ainda não pesquisado. É mais provável ainda que este cinturão seja de natureza multidimensional e de escala galá
ctica, como feixes de onda adaptadora a partir do centro galáctico inundando as estrelas em sua trajetória em torno do mesmo. Mas isso ainda é uma especulação!
A cada 10 ou 14 mil anos o Sol comprovadamente apresenta um pico magnético de tal intensidade, que acelera o “biocampo” da Terra, a chamada Ressonância Schumann, um conjunto de picos na banda de freqüências extremamente baixas [Extremely low frequency ou ELF] do espectro do campo eletromagnético do planeta, previsto matematicamente pelo físico alemão Winfried Otto Schumann, em 1952. Isso provocaria, dentre outros fenômenos, a inversão de pólos magnéticos no planeta. Pelo levantamento feito em amostras de rochas de diversas estratificações geológicas, estas apresentam inversão magnética preservada à sua época. É bem provável que o Sol esteja apresentando neste momento tais picos magnéticos, influenciados não somente pelo seu próprio processo evolutivo, mas também isso associado aos influxos que recebe do espaço exterior e do centro galáctico – embora eles ocorram numa fração mínima, mas presente.
O texto a que nos referimos continua com fatos ainda mais surpreendentes. Seu autor pretende que as supostas revelações que contém tratem das transformações que estão ocorrendo em nosso planeta e na preparação a que precisaríamos nos submeter para realizarmos uma mudança dimensional. “Segundo as canalizações, as respostas sobre a vida e a morte não estão mais sendo encontradas na terceira dimensão. Um novo campo de percepção está disponível para aqueles que aprenderam a ver as coisas de outra forma”. E termina afirmando que desde a década de 80, quando a Terra começou a penetrar no Cinturão de Fótons, estaríamos nos sintonizando com a quarta dimensão e nos preparando para receber a radiação de Alcione, estrela da quinta dimensão. Ora, Alcione também se apresenta na terceira dimensão, assim como o Sol também existe na quinta. Se assim não fosse, Alcione jamais seria observada e muito menos fotografada. E as Plêiades estariam “capengas”, carentes de uma de suas principais estrelas.
Mas os absurdos não param por aí. Espalhar na população o medo de uma destruição global pregada em textos falaciosos, como este e como se fez com o eclipse de 1999, com as profecias de Nostradamus e agora com o Cinturão de Fótons e a órbita do Sol nas Plêiades, além das alusões ao Calendário Maia e a Nibiru, é simplesmente lamentável. Embora o referido material não seja enfático quanto a vaticinar acontecimentos cataclísmicos, este autor testemunhou várias exposições em que seus autores se aproveitaram dele e de outros textos semelhantes. É muito simples admitir que tudo isso é relativo a um processo de “purificação planetária”, assim como é fácil dizer que precisamos abandonar nossas moradias em áreas próximas do mar, que seriam inundadas no processo. Mais difícil e complicado é estudar essas informações e verificar o que têm fundamentado, o que nos trazem de útil e construtivo.
Somos capazes de nosso extermínio
Não precisamos que cataclismos, que o Cinturão de Fótons ou que Nibiru acordem Shiva, o “destruidor”. Nós mesmos estamos fazendo isso! Ele se levanta agora com seu trisula [Tridente] em riste enquanto a deusa Kali se esvai. Tomemos apenas um exemplo disso: pessoas que presenciaram o drama das chuvas vivido pelos catarinenses, testemunharam colinas e morros inteiros se desmanchando e soterrando vilas completas. E, no entanto, os atingidos estavam longe do mar. O que isso significa? Teria esta tragédia alguma coisa a ver com o Cinturão de Fótons, com Nibiru ou com seja lá o que for? Certamente, não.
Assim, existindo o Cinturão de Fótons, provavelmente estará numa consciência de dimensão superior à nossa tridimensionalidade – talvez na quinta dimensão. Para alcançarmos sua vibração, assim como qualquer proposta evolutiva real e séria, precisamos dominar a terceira e a quarta dimensão e tudo o que elas significam, ou seja, controlar e treinar os seis requisitos básicos para a existência, que são o amor, o perdão e o controle, com disciplina, persistência, fé e autovigilância constante. Também devemos praticar o não julgamento e a eliminação do medo, da dúvida, da culpa e da insegurança. Por fim, devemos cultuar o pensamento como onda viva, cultivando apenas pensamentos positivos, não como aspecto de sugestionamento, mas sim como transformador e transmutador de nossas próprias freqüências vibracionais aliadas à pró-ação em vez da reação.
A situação geral do planeta está felizmente mudando no que diz respeito à iniciativa de unir pensamentos e conceitos científicos, além de suas pesquisas, com o estudo e aceitação como fonte de saber de tudo o que não é material e ainda hoje se classifica como metafísico e espiritual. Mas ainda existem antigas barreiras, tanto de um lado como de outro. Ao mesmo tempo em que determinada ala ortodoxa da ciência não pode sequer ouvir falar de conceitos de natureza dita espiritual, quanto mais estudá-los, taxando os que se dedicam a isso e os que vivenciam tais fenômenos como um bando de loucos, há o contrário. Há também aqueles que se dizem sensitivos, e que a partir de um delírio ou devaneio qualquer não somente assumem isso como verdade absoluta, como desmerecem o trabalho daqueles que passam anos em laboratórios, desqualificando as pesquisas já realizadas. Isso é inadmissível e está na hora da ciência e da espiritualidade – ou que nome for dado a ela – caminharem juntas.
Precisamos ter muito cuidado para que o bom senso e o equilíbrio não sejam comprometidos. Assim como a astronomia, a Ufologia, pesquisada e vivenciada com equilíbrio e pela busca de nossas próprias raízes cósmicas, são talvez os únicos ramos do conhecimento que realmente podem moldar o caráter e ensinar a humildade seu caminho. Pois olhar para o firmamento salpicado de infinitas estrelas, sabendo que fazemos parte das incontáveis humanidades existentes no universo, nos dá a certeza de que é questão de tempo interagirmos novamente numa escala que já esquecemos. Isso é, de fato, uma ação moldadora do caráter e da humildade, especialmente quando nos vemos apenas como uma pequena parte de uma imensa cri
ação, vivendo num planeta maravilhoso, mas nada além de poeira num imenso oceano cósmico.
Assim como exposto na posição de meditação das milenares estátuas faraônicas do Egito, uma civilização que conheceu como nenhuma outra a verdade sobre a interação do homem com a natureza e com o universo, além de procedência dos “deuses” vindos das estrelas, tenhamos os pés no chão, os olhos no horizonte e a mente no infinito.