Um novo artigo de pesquisa do SETI Post Detection Hub da Universidade de St. Andrews aborda essa questão, descrevendo como a NASA e a comunidade científica global devem se preparar para o momento em que a humanidade detectar sinais de inteligência extraterrestre.
O artigo, escrito por 14 pesquisadores representando instituições da Universidade de York à Universidade de Cambridge, enfatiza que “a detecção de uma tecnoassinatura desencadeará um processo global complexo moldado pela incerteza, desinformação e múltiplos atores ideológicos”. Ao contrário da busca por vida microbiana simples, a descoberta de assinaturas tecnológicas de civilizações alienígenas remodelaria fundamentalmente nossa compreensão do nosso lugar no universo e criaria desafios sem precedentes.

Os pesquisadores, liderados por Kate Genevieve, da Astro Ecologies Institution, argumentam que os esforços de preparação anteriores, incluindo as diretrizes de 1989, estão lamentavelmente desatualizados para a nossa era da internet. Os primeiros protocolos são anteriores à internet e não conseguiam dar conta da complexidade da rápida disseminação da mídia global. Em uma era de desinformação viral e comunicação global instantânea, a descoberta de tecnologia alienígena provavelmente criaria uma tempestade midiática sem precedentes na humanidade.
A equipe propõe seis áreas críticas nas quais a NASA deve investir agora, antes que qualquer descoberta aconteça. Elas vão desde o avanço das tecnologias de detecção até o estudo de como diferentes culturas podem interpretar as notícias de descobertas extraterrestres.
Um aspecto fascinante da pesquisa envolve o desenvolvimento de paradigmas de “Outras Mentes”, essencialmente preparando-nos para reconhecer inteligências que não pensam como nós. O artigo sugere que técnicas de bioacústica, aprendizado de máquina e computação quântica oferecem insights significativos, incluindo o estudo do canto das baleias e da navegação das aves para compreender padrões de comunicação não humanos.
Essa abordagem desafia os pesquisadores a irem além das premissas centradas na Terra. Se os alienígenas se comunicam por métodos que nunca imaginamos, talvez usando entrelaçamento quântico ou padrões que não reconhecemos, nossos métodos de detecção atuais podem ignorá-los completamente.

Surpreendentemente, grande parte do trabalho de preparação não se concentra na tecnologia alienígena, mas na psicologia e interação humana. Os pesquisadores enfatizam a integração das ciências humanas e sociais, reconhecendo que os maiores desafios podem advir da forma como as pessoas reagem às notícias, e não dos próprios alienígenas.
O artigo recomenda o financiamento de pesquisas sobre as dinâmicas psicológicas, sociais e globais dos cenários pós-detecção e até sugere a análise de histórias de ficção científica para entender como diferentes culturas visualizam o primeiro contato. Esses cenários fictícios, argumentam os pesquisadores, fornecem insights valiosos sobre as expectativas e os medos humanos.

Talvez o mais prático seja que a equipe defende a criação de sistemas de coordenação internacional robustos antes que sejam necessários. Eles alertam que, sem um Centro SETI Pós-Detecção, a NASA corre o risco de criar uma lacuna no sistema, semelhante a um pouso na Lua sem a recuperação de astronautas. Assim como a NASA desenvolveu protocolos detalhados para as missões Apollo, incluindo procedimentos de quarentena, a agência espacial precisa de planos abrangentes para gerenciar uma descoberta SETI.

Os pesquisadores não afirmam, no entanto, que a descoberta de inteligência extraterrestre seja iminente, mas argumentam que a preparação agora é essencial. Com telescópios avançados como o Telescópio Espacial James Webb já em operação e instrumentos como o Observatório Vera C. Rubin entrando em operação, uma descoberta de tecnoassinatura pode surgir em qualquer área da pesquisa astronômica.
A mensagem deles é clara: a questão não é se algum dia detectaremos sinais de tecnologia alienígena, mas se estaremos prontos quando isso acontecer. Ao investir em pesquisa, cooperação internacional e estratégias de comunicação agora, a NASA pode ajudar a garantir que a maior descoberta da humanidade se torne um momento de união e admiração, em vez de caos e confusão.
Fonte: Universe Today