Uma equipe de cientistas desenvolveu um dispositivo portátil capaz de detectar formas de vida em Marte e em outros planetas, independente da iluminação do dia e de forma rápida e eficaz.
“Se o Biofinder fosse montado em um rover em Marte ou em outro planeta, seríamos capazes de escanear rapidamente grandes áreas para detectar evidências de vida passada, mesmo que o organismo fosse pequeno, difícil de ver com nossos olhos e estivesse morto por muitos milhões de anos. Prevemos que as imagens de fluorescência serão críticas em futuras missões da NASA para detectar orgânicos e a existência de vida em outros corpos planetários”, disse o anúncio da equipe.
A busca por inteligência extraterrestre pode ter dado um salto quântico com o anúncio do Compact Color Biofinder, um dispositivo desenvolvido por uma equipe de pesquisadores da Universidade do Havaí em Manoa, que seus inventores afirmam ser o primeiro instrumento capaz de detectar pequenas quantidades de bio-resíduos em uma rocha durante o dia. Se referir à “hora do dia” é crítico porque a maioria das pesquisas por resíduos biológicos em rochas antigas depende do fato de que materiais biológicos – aminoácidos, fósseis, rochas sedimentares, plantas, micróbios, proteínas, lipídios e afins – têm forte sinais de fluorescência que só podem ser detectados por câmeras de varredura especializadas operando no escuro.
O Compact Color Biofinder quebra o molde com sua tecnologia extremamente sensível que pode captar esses sinais fluorescentes em luz brilhante. Além disso, seus instrumentos permitem que ele execute essa função de detetive a uma distância de vários metros, e opera tão rápido que pode acompanhar um scanner se movendo sobre grandes áreas de terreno. Finalmente, o Compact Color Biofinder é pequeno o suficiente para caber em um rover planetário – a nova ferramenta perfeita para procurar vida em outros planetas, luas e asteroides.
Acima, exemplos de como o novo detector de biomarcadores atua, em um fóssil de peixe e em seu corte transversal diminuto.
Fonte: MISRA, et al., 2022
E funciona! De acordo com Anupam Misra, desenvolvedor líder de instrumentos e pesquisador do Instituto Havaí de Geofísica e Planetologia da Escola UH Manoa de Ciências e Tecnologia do Oceano e da Terra (SOEST), a equipe o testou em sedimentos da formação do Rio Verde – os restos de um grupo de lagos entre montanhas em três bacias no Colorado, Wyoming e Utah – e detectou com sucesso o bio-resíduo de fósseis de peixes de 34 a 56 milhões de anos.
Sonia J. Rowley, bióloga da equipe e coautora do estudo publicado na Scientific Reports, descreveu o que isso significa para a NASA e outras agências que buscam formas de vida extraterrestres: “As capacidades do Biofinder seriam críticas para o programa de Proteção Planetária da NASA, para a detecção precisa e não invasiva de contaminantes, como micróbios ou riscos biológicos extraterrestres de ou para o planeta Terra.” Misra foi mais animado em sua avaliação: “A detecção de tais biomarcadores constituiria uma evidência inovadora para a vida fora do planeta Terra.”