Nas profundezas da atmosfera infernal de Vênus, uma camada de névoa misteriosa pode ser o lar da vida, ao menos é o que diz um novo estudo. Saiba mais.
Vênus é o planeta mais quente do Sistema Solar, um mundo escaldante onde as temperaturas podem chegar a 465° C, quente o suficiente para derreter o chumbo. E esse calor abrasador faz com que a água da superfície do planeta ferva, deixando a rocha extraordinariamente seca.
Pesquisas anteriores sugeriram que Vênus pode ter sido um deserto habitável até um bilhão de anos atrás. Mas com o tempo, a escalada das temperaturas fez com que o vapor se acumulasse na atmosfera, o que reteve o calor que vaporizou ainda mais água, levando a um efeito estufa descontrolado que ferveu todos os oceanos do planeta.
Hoje, a atmosfera venusiana é cerca de 50 vezes mais árida do que o lugar mais seco da Terra, que é o o Deserto do Atacama, ao meio-dia no verão, observaram os pesquisadores.
Vida nas nuvens
Crédito: Revista UFO
Se alguma vida em Vênus sobreviveu a esse efeito estufa descontrolado, um possível refúgio para ela pode ser as nuvens do planeta, uma região que mede entre 48 e 60 km de altitude, de acordo com a nova pesquisa.
Embora tal possibilidade possa parecer rebuscada, “a própria Terra tem uma biosfera aérea”, disse a autora do estudo Sara Seager, cientista planetária do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, ao Space.com.
“A vida microbiana não fica lá permanentemente, mas pode ser transportada para cima e ficar uma ou duas semanas antes de voltar a descer”.
Nos céus de Vênus, os pesquisadores determinaram que a vida provavelmente precisaria se abrigar dentro de gotículas de nuvem. Mas essas gotículas repetidamente se fundem e crescem, eventualmente ficando grandes o suficiente para cair da atmosfera.
E embora tal queda raramente seja um problema para micróbios aerotransportados na Terra, provavelmente seria mortal para a vida venusiana.
Névoa misteriosa
Vênus. Crédito: NASA
Agora Seager e seus colegas descobriram um cenário no qual micróbios hipotéticos poderiam sobreviver nos céus de Vênus, escapando de um destino em que choveriam sobre a superfície do planeta para morrer.
Trabalhos anteriores descobriram que abaixo das nuvens mais baixas de Vênus, em altitudes entre 47,5 a 33 km, existe uma camada de névoa misteriosa.
Os cientistas não sabem quais partículas compõem a névoa, apenas que medem entre 0,4 a 4 mícrons de largura. Em comparação, o cabelo humano médio tem cerca de 100 mícrons de largura. “As pessoas realmente não sabem por que essa camada de névoa está lá”, disse Seager. “Há muito que não sabemos sobre Vênus”.
Os pesquisadores sugeriram que os micróbios venusianos poderiam cair nesta camada de névoa e ficar lá, suspensos no ar, assim como as partículas de névoa de tamanho semelhante.
Para sobreviver ao calor da baixa atmosfera, os micróbios teriam que ficar dormentes, tornando-se esporos inativos e ressecados que poderiam resistir melhor ao ambiente perigoso.
Correntes ascendentes de ar poderiam puxar esporos desse depósito de neblina para camadas mais temperadas da atmosfera. Os esporos poderiam, então, atrair gotículas de fluido ao seu redor, assim como a poeira e potencialmente os micróbios fazem na atmosfera da Terra, e retornar à vida ativa.
Durante seu tempo no ar, os micróbios podem crescer e se reproduzir, vivendo potencialmente nessas gotículas por horas, meses ou até anos. Eventualmente, as gotas se tornariam muito grandes e cairiam na baixa atmosfera, reiniciando o ciclo.
“As pessoas falaram antes sobre a vida na atmosfera de Vênus, mas nunca pensaram no que isso significaria”, disse Seager.
Este artigo é baseado em uma publicação do site Space.com. Por favor, clique aqui para ler o artigo original.
Assista, abaixo, um vídeo sobre Vênus: