Em artigo publicado em seu site, a Agência Central de Inteligência (CIA) aponta dez passos para investigar casos ufológicos. A agência começa exemplificando com o Caso Zamora, clássico da Ufologia Mundial acontecido em 24 de abril de 1964. Lonnie Zamora era um oficial de polícia em perseguição a um fugitivo nos arredores da cidade de Socorro, no Novo México, quando observou uma grande chama subir ao céu próxima da estrada que percorria. Ele abandonou a perseguição e foi investigar, conseguindo parar seu carro sobre uma elevação do terreno.
No terreno mais baixo adiante, a uma distância de aproximadamente 180 m, Zamora observou um objeto oval do tamanho de um carro. Ele avançou mais um pouco com seu veículo e informou pelo rádio que iria fazer uma investigação. Depois prosseguiu a pé, quando subitamente ouviu um ruído muito alto e observou chamas saindo da parte de baixo do objeto. Da versão apresentada pela CIA não consta a descrição feita pelo policial de duas figuras aproximadamente humanas, de roupas claras, próximas do UFO pousado. Zamora correu para longe do objeto, abaixou-se para se proteger e olhou novamente para o UFO, que era da cor do alumínio, com um estranho símbolo em vermelho em um lado, mas sem outras marcas, janelas ou portas visíveis. O UFO, iniciando sua decolagem, estava apoiado em um trem de pouso com pernas metálicas.
Lonnie Zamora correu até seu carro e observou o UFO ganhar altura enquanto se protegia, pois havia um depósito de dinamite ali perto. Nada aconteceu e o policial observou o objeto ainda ganhando altura e voando na direção sudoeste, desaparecendo por trás das montanhas do deserto. O caso foi investigado pelo Projeto Blue Book da Força Aérea norte-americana (USAF) e o encarregado foi seu último chefe, Hector Quintanilla. Sua equipe ficou convencida de que Zamora falava a verdade e Quintanilla escreveu em um artigo para o periódico Studies In Intelligence que o avistamento de Lonnie Zamora era o melhor e mais bem documentado caso em seus arquivos, permanecendo não resolvido até os dias de hoje. O Projeto Blue Book, ou Livro Azul, era sediado na Base Aérea Wright Patterson, próxima a Dayton, Ohio, e funcionou entre 1947 e 1969, investigando 12.618 casos, dos quais 701 permanecem não identificados. A CIA oficialmente não estava ligada ao Blue Book, mas teve um papel em diversas investigações.
DEZ PASSOS DE COMO INVESTIGAR OS UFOS, DE ACORDO COM A CIA
O antigo historiador chefe da agência, Gerald K. haines, escreveu um artigo intitulado CIA’s Role in the Study of UFOs, 1947-90 (O Papel da CIA no Estudo dos UFOs, 1647-90), dizendo que a preocupação da CIA quanto ao fenômeno era substancial nos anos 50, mas somente deu limitada atenção ao mesmo. A agência aponta, no texto publicado em seu site, que ao lado da USAF obteve muitas experiências em como investigar casos ufológicos e afirma que embora a posição oficial seja desprezar o assunto, ainda há muito a aprender da história e da metodologia do que chama de Inteligência dos Discos Voadores. Os passos sugeridos pela agência são:
1- Estabelecer um grupo para investigar e avaliar avistamentos
Antes de dezembro de 1947 não havia uma organização de investigação ufológica oficial. Tampouco existiam padrões e métodos de pesquisa, ou formas de avaliar informações. Assim, o general Natham Twinning estabeleceu em 1948 o Projeto Sign, anteriormente intitulado Saucer, para coletar, avaliar e distribuir dentro do governo toda informação sobre avistamentos, sob a premissa de que os UFOs eram reais, mas não necessariamente extraterrestres. O Projeto SIGN deu lugar ao Grudge, que posteriormente em 1952 foi reformulado no Projeto Blue Book.
2- Determinar os objetivos da investigação
A preocupação da CIA quanto aos UFOs era grande no começo dos anos 50 devido à possível ameaça quanto à segurança nacional. Muitos oficiais não acreditavam que fossem alienígenas, mas sim que pudessem ser novas armas da União Soviética. De acordo com Quintanilla, havia três objetivos principais: determinar se os UFos eram uma ameaça à segurança nacional; determinar se o fenômeno exibia algum avanço tecnológico que poderia ser utilizado pelos Estados Unidos para pesquisa e desenvolvimento; e explicar ou identificar os estímulos que provocam o observador a relatar um avistamento de UFO. O Blue Book oficialmente não negava a possibilidade de fenômeno extraterrestre, porém sua pesquisa e investigação focavam primariamente em implicações de segurança nacional, especialmente possíveis avanços tecnológicos soviéticos.
3- Consulta a especialistas
Nas décadas de 50 e 60 foram organizados muitos painéis, projetos e outros estudos com participação do governo dos Estados Unidos, a fim de investigar o Fenômeno UFO. O mais conhecido aconteceu em 1953, o Painel de Aconselhamento Científico sobre Objetos Voadores Não Identificados, patrocinado pela CIA. Este ficou mais conhecido como Painel Robertson por seu principal participante, o importante físico H. P. Robertson, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, que auxiliou na reunião de notáveis cientistas civis para estudar o assunto dos UFOs. Da lista de consultores do Blue Book estavam astrofísicos, oficiais da Agência Federal de Aviação, meteorologistas, a NASA, a Kodark para análises de fotos, e diversos laboratórios. O saudoso divulgador científico Carl Sagan participou de um painel de revisão dos achados do Blue Book na metade dos anos 1960. Embora esse painel tenha concluído que nenhum caso ufológico representava avanços científicos ou tecnológicos além do conhecimento de então, recomendava que o assunto continuasse a ser pesquisado intensamente.
4- Criar um sistema para organizar casos recebidos
O Centro de Inteligência Técnica Aérea da USAF (ATIC) desenvolveu questionários para serem usados em informes de casos de UFOs, que foram utilizados ao longo de toda a duração do Projeto Blue Book. Esses formulários apresentavam informações aos investigadores a fim de determinar possíveis explicações e entre os dados a serem preenchidos estavam duração d
o avistamento, data, localização, condições atmosféricas e descrição do fenômeno, fornecendo pistas para os investigadores avaliarem os avistamentos. O Blue Book dividia os casos em categorias, conforme a suspeita dos investigadores quanto a uma possível explicação, em astronômicos; aeronaves; balões, satélites e outros; dados insuficientes; e por fim, não identificados. Quintanilla escreveu a respeito: “Um avistamento é considerado não identificado quando um informe contém aparentemente todos os dados necessários para sugerir uma hipótese válida, mas sua descrição não pode ser relacionada a qualquer objeto ou fenômeno conhecido”.
5- Eliminar falsos positivos
Consiste em eliminar cada causa conhecida e provável para um avistamento, deixando somente uma pequena porção de casos inexplicados. Eliminando casos facilmente explicáveis, os investigadores podem se concentrar naqueles de fato misteriosos. Muitas dessas explicações comuns descobertas nas primeiras investigações são atribuídas pelos oficiais e incluem aeronaves mal identificadas, de acordo com a CIA se tratam de voos das aeronaves U-2, A-12 e SR-71, que seriam mais da metade de todos os casos entre o final dos anos 50 e boa parte dos 60, eventos celestes, histeria em massa e alucinações, histeria de guerra, farsas, eventos de publicidade, e objetos conhecidos mal interpretados. O Painel Robertson chegou a tratar dos misteriosos foo-fighters, objetos luminosos observados por pilotos durante a Segunda Guerra Mundial. Uma possível explicação oficial seriam a de fenômenos eletrostáticos ou eletromagnéticos, mas o próprio Painel não determinou sua natureza, e ainda aponta que se o termo disco voador já existisse em 1943 ou 45, esses objetos teriam sido assim chamados.
6- Desenvolver metodologia para identificar aeronaves comuns e outros fenômenos aéreos frequentemente confundidos com UFOs
É importante conhecer as características de diferentes aeronaves e fenômenos aéreos para avaliá-los diante de cada avistamento. O Projeto Blue Book desenvolveu uma metodologia para determinar se casos ufológicos poderiam ser atribuídos a alguma dessas explicações, estando disponíveis descrições detalhadas de tipos de aeronaves e de fenômenos atmosféricos que são frequentemente confundidos com UFOs.
7- Examinar a documentação das testemunhas
Fotografias, vídeos e gravações em áudio auxiliam a avaliar avistamentos de UFOs. Um caso famoso examinado pelo Painel Robertson foi o avistamento ocorrido em Termonton, Utah, em 1952, quando um casal e duas crianças viajando na Auto Estrada 30, próximo a Tremonton, observaram entre 10 a 12 objetos brilhantes movendo-se no sentido oeste em formação. O homem conseguiu obter fotografias, que foram analisadas no Laboratório de Interpretação de Fotos da Marina Norte-Americana (USN). O caso é considerado muito significativo devido à excelente excelente evidência documental das fotos. O Painel examinou o caso, a interpretação do ATIC e o relatório da USN, indicando que não se tratavam de aves, balões, aeronaves ou reflexos.
8- Conduzir experimentos controlados
Uma sugestão do Painel Robertson sobre o caso em Tremonton apontava que experimentos controlados poderiam ser realizados para tentar replicar o fenômeno observado. A sugestão envolvia fotografar balões em diferentes distâncias nas mesmas condições descritas pelas testemunhas, porém o custo de tais experimentos não permitiu que a ideia fosse colocada em prática.
9- Colher e testar evidências físicas e forenses
A respeito do Caso Zamora, Quintanilla escreveu que na investigação tudo que era humanamente possível investigar e foi, utilizando contadores Geiger, para verificar a radiação do local do avistamento, enviar amostras de solo para o Laboratório de Materiais da Força Aéres e outros. A análise dessas amostras não encontrou qualquer material estranho e a radiação no local era normal. Amostras dos arbustos queimados da área não mostraram vestígios de compostos químicos resultantes da propulsão do objeto e todas as análises foram negativas. Nenhuma explicação convencional pôde ser apresentada para o misterioso evento.
10- Desencorajar falsos relatos
O Painel Robertson descobriu que a USAF tinha um canal para receber relatos sobre qualquer coisa que alguém observasse no céu e não conseguisse explicar. De acordo com o Painel, esse é um clássico exemplo da necessidade de separar o sinal do ruído. Se existem muitos casos falsos ou de pouco valor, torna-se cada vez mais difícil encontrar os poucos que valem a pena serem investigados. A grande preocupação da CIA era a possibilidade, dentro do contexto da Guerra Fria, que os soviéticos usassem relatos de UFOs para iniciar uma onda de pânico e histeria em massa. Além disso, temia-se que a União Soviética pudesse usar avistamentos de UFOs para sobrecarregar os sistemas de defesa aérea dos Estados Unidos, de forma que alvos reais não pudessem ser distinguidos de supostos UFOs. A fim de diminuir os informes de falsos positivos, o Painel Robertson sugeriu que uma campanha de educação fosse feita com militares, pesquisadores e o público em geral, a fim de ensiná-los a identificar objetos ou fenômenos normalmente confundidos com UFOs. Assim, os investigadores poderiam eliminar facilmente falsos relatos e se concentrar em identificar os avistamentos realmente significativos e inexplicáveis.
Leia o artigo sobre investigação de UFOs de Hector Quintanilla
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Livro: Terra Vigiada
Terra Vigiada não é um livro comum, mas um verdadeiro dossiê fartamente documentado que comprova que inteligências extraterrestres observam e monitoram nossos arsenais atômicos. O livro contém dezenas de depoimentos prestados por militares norte-americanos que testemunharam a manifestação de discos voadores sobre áreas de testes nucleares, nas décadas de 40 a 70, comprovando que outras espécies cósmicas mantêm nossas atividades bélicas sob severa e contínua vigilância. Hastings vai mais além e mostra em Terra Vigiada que não é incomum discos voadores interferirem nos experimentos de lançamento, muitas vezes inutilizando as ogivas nucleares a serem detonadas, ou sobrevoarem silos de mísseis armados.