A cidade de Mucugê, na Chapada Diamantina, interior da Bahia, está localizada próxima a uma das reservas florestais mais bonitas de nosso país. Mas tem outro atrativo também bastante interessante para ufólogos e ufófilos. Até algum tempo atrás Mucugê foi alvo de uma das mais ativas ondas ufológicas de que se teve notícia no Brasil, cujo ápice deu-se no final de 1994. Para a pacata localidade dirigiram-se inúmeros pesquisadores brasileiros e estrangeiros, com a pretensão de observarem as misteriosas luzes que “invadiam” toda a serra, realizando vigílias ufológicas. A Imprensa ajudava a fervilhar o sonho de muita gente, que esperava ter um contato com os seres que estivessem por trás dos fenômenos. Este autor e um acompanhante estiveram entre aqueles que venceram as inúmeras dificuldades e os mais de 1.300 km de estradas esburacadas, a partir de Brasília, para chegar à remota cidade e investigar o que lá se passava.
A viagem se revestiu de dois propósitos: entrevistar moradores da área, descobrir o que estavam observando – o que nos pareceu uma espécie de caça às bruxas moderna – e tentar manter um contato visual com o fenômeno, documentando-o com o equipamento que portávamos. O volume de relatos era surpreendente e misturava-se com a tradição do local. Em Mucugê não se falava em outra coisa a não ser os objetos que eram vistos em quase toda a extensão da Chapada Diamantina, às vezes aproximando-se demasiadamente dos curiosos observadores. Chegando à cidade, nossa primeira entrevistada foi a senhora Rosa, que trabalha na agência local do Banco do Brasil e com a qual já havíamos conversado por telefone a respeito da morte de outro funcionário da empresa, Júlio Antonio de Souza Bastos, então com 38 anos. Ele estava realizando filmagens em VHS de UFOs sobre a Serra do Capabode, nos arredores da cidade, quando teve um ataque cardíaco e faleceu. Rosa nos levou à sua esposa, que não quer ser identificada [Veja UFO Especial 05]. As imagens colhidas por seu falecido marido mostram algo parecido com uma pequena sonda deslocando-se à noite.
Tratava-se de uma pequena bola luminosa e branca que fazia movimentos retos de um lado para o outro na região. Este tipo de manifestação é bastante comum em toda a área e também em diversos locais do Brasil. Na mesma filmagem feita por Júlio foi possível também perceber o momento em que caiu ao chão, devido ao ataque cardíaco que sofreu. O bancário tinha doença coronariana há tempos e sua saúde vinha se agravando a cada ano. Seu falecimento, portanto, nada teve a ver com o objeto voador não identificado em si, mas sim com o excesso de emoção em vê-lo. Nas gravações que produziu, ouve-se a voz de alguém pedindo ajuda para socorrê-lo. O ex-funcionário faleceu no local, não cabendo qualquer recurso para salvar sua vida.
Colar de Diamantes – Mucugê vista à noite, do alto da Serra do Capabode, mais parece um pequeno colar de diamantes incrustado entre as Serras Gerais e a Chapada Diamantina. Sua pequena população – cerca de 1.500 habitantes – vive em casas coloniais, trabalhando no cultivo de café, batata, cebola, feijão, arroz e ainda em algum garimpo de diamante e ouro que restou da intensa atividade de décadas atrás. A cidade tem duas igrejas, mas nenhum padre. Possui uns três bares, que no auge da onda ufológica serviam de pontos de encontro para troca de experiências. Restaurante só existe um, e pequeno, para acolher tantos curiosos que foram a Mucugê em busca de experiências ufológicas. Toda a região ainda guarda algumas cachoeiras, grutas, lagos e uma imensa paisagem rochosa com formações variadas, berçário de dezenas de espécies de orquídeas e outras flores exóticas.
Todos esses fatores fazem da região um local propício à prática de uma espécie de atividade cada vez mais em alta no país – pelo menos para ufólogos e ufófilos: o Ufoecoturismo, que associa Ufologia, Ecologia e turismo propriamente dito. A idéia de se explorar esta atividade de forma profissional é velha, mas começou amadurecer em 1994, quando um poderoso grupo anunciou a construção de um hotel de cinco estrelas na Serrado Capabode. Na época em que isso foi decidido, o governo do Estado da Bahia, em convênio com as cidades ali localizadas, passou a asfaltar as estradas que dão acesso às mesmas, facilitando desta forma a visita dos turistas e pesquisadores. Hoje, tais obras já se encontram finalizadas, permitindo um fluxo maior de pessoas àquela belíssima região.
Durante as investigações que realizamos na área, conversamos com várias pessoas que viram ou foram perseguidas por estranhas bolas de fogo, geralmente quando estavam viajando em seus veículos durante o período noturno. Esses acontecimentos tornaram-se comuns durante a onda ufológica que acometeu a Chapada, mas também já vinha acontecendo antes disso, ainda que em menor intensidade – e continua se verificando até hoje. Um caso interessante ocorreu na Fazenda Paraguassu, no dia 7 de dezembro daquele mesmo ano, quando quatro empregados observaram por mais de uma hora os movimentos de uma dessas esferas luminosas ao redor de uma formação rochosa alta, situada dentro da referida propriedade. O acontecimento agitou a pequena Mucugê quando a notícia se espalhou no dia seguinte.
O administrador da fazenda, José Alves, tinha o hábito de zombar de pessoas que alegavam ver estranhos fenômenos, até o dia em que um UFO o seguiu. Ele estava distante aproximadamente 5 km da propriedade quando o fato aconteceu, por volta das 22:00 h daquela noite, no momento em que retornava à fazenda. Alves foi perseguido pela inusitada bola luminosa, que chegou a estar por cima de seu carro por cerca de dois minutos. O administrador acelerou o veículo e tentou fugir, mas o objeto disparou em sua frente, indo desaparecer por entre as montanhas. “Hoje sei que a coisa existe e não gozo mais de quem me conta ter passado por este tipo de experiência,” conforma-se.
Luz que Esquenta – De todos os avistamentos ou contatos mais próximos ocorridos na região destaca-se o caso dos irmãos Luiz Carlos e Antonio Carlos, caminhoneiros que viajam muito por todo o Estado, geralmente à noite, transportando produtos locais para Salvador e outras cidades. Uma semana antes do acontecido na Fazenda Paraguassu, Luiz Carlos foi acompanhado por uma grande bola luminosa de cor branca, na subida da Serra do Capabode, durante aproximadamente cinco minutos. Ele sentiu esquentar a cabine de seu caminhão, mas nada conseguiu fazer para sair daquela situação, pois estava a uma velocidade inferior a 30 km/h, devido a uma íngreme subida. Seu veículo não teve os faróis apagados nem apresentou qualquer outro problema por causa da enigmática aproximação, como sempre acontece. “Mas foram momentos de grande angústia por que passei,” informou Luiz Carlos. Em nenhum momento da experiência, nem mesmo posteriormente, o caminhoneiro sentiu formigamento, náuseas ou dor de cabeça. Enfim, seu estado físico em geral n&atild
e;o apresentou qualquer alteração ou danos, mesmo sendo essa a quarta vez por que passou por um contato desse tipo em apenas três meses.
Luiz Carlos se apresenta mais destemido do que seu irmão. Ele passou a pesquisar com freqüência a Serra do Capabode, atrás de novos fenômenos. Foi com ele que este autor conseguiu filmar as evoluções de uma outra sonda no local, numa outra noite. Já Antonio Carlos, mais tranqüilo, nos contou um fato acontecido há dezesseis anos. Ele estava fazendo uma de suas rotineiras viagens quando deparou-se com dezenas de cabeças de gado na estrada. Era de madrugada e, para afastar o rebanho, começou a acender e apagar os faróis do caminhão. “De repente, uma grande bola de fogo branca desceu sobre mim. Na hora só pensei em não deixar que o veículo tombasse. A cabine esquentou e a esfera me seguiu durante quase cinco minutos. Fiquei muito nervoso, e quando aquilo foi embora, tratei logo de chegar à cidade,” descreveu ainda assustado pela experiência vivida. “Na época me chamaram de mentiroso, mas agora está todo mundo vendo!,” conforma-se. Ele também contou que, ultimamente, pressente o instante em que a luz vai se aproximar. “Fico todo arrepiado,” descreve assustado.
São muitos os testemunhos de pessoas de Mucugê – e também de cidades vizinhas, como Andaraí, Taietê, Lençóis, Boninal, etc – que viram objetos não identificados no céu. Um exemplo é o caso do agricultor Natalino Rodrigues de Oliveira, morador do distrito de Guiné, no município de Mucugê, que sofreu o ataque de uma sonda no dia 8 de dezembro de 1994. Ele dirigia seu carro do tipo Corcel por volta das 20:00 h quando sentiu uma espécie de pancada no teto do veículo. Era um objeto voador que se posicionou à sua frente e seguiu em linha reta, em alta velocidade. Oliveira disse que, no momento do ocorrido, estava com o braço apoiado na porta do carro e sentiu forte calor. “Antes de desaparecer, a sonda fez algumas manobras a cerca de 200 m e sumiu na direção do espaço,” contou a este autor. A testemunha disse ainda que perdeu o controle do veículo, indo parar no acostamento, pois ficou muito assustado. Posteriormente, o agricultor não apresentou nenhuma seqüela. Já o automóvel adquiriu um amassado no teto…
Dois dias antes desse episódio uma esfera de luz vermelha surgiu na frente do marceneiro Claudionor Ramos Trindade. O fato ocorreu por volta das 20:00 h quando Trindade seguia a pé por uma estrada com destino à Fazenda Santo Antonio. Ele relatou que carregava um guarda-chuvas e tentou bater com o acessório no objeto, mas não conseguiu porque o calor era muito intenso. Nesse instante, sentiu também que seus olhos doiam. O marceneiro disse que o avistamento durou cerca de três minutos e o aparelho se afastou de repente, em grande velocidade. Outra sonda de cor vermelha apareceu no mesmo mês para o vaqueiro Silvino de Sousa Ramos. De acordo com seu depoimento, ele seguia de bicicleta para a Fazenda Três Morros, às 20:30 h de uma noite, quando o objeto se posicionou a seu lado, a menos de 20 m de distância. Ramos disse que tentou pedalar mais rápido, na intenção de fugir, mas a sonda o acompanhou por cinco minutos. Depois, adquiriu alta velocidade e subiu na direção do espaço.
Sonda Ufológica – Apesar de todos esses depoimentos, somente no dia 17 de dezembro de 1994 é que este autor pôde constatar pessoalmente a realidade dos UFOs na região. Junto de seu acompanhante, o funcionário da Infraero Anvalglês Linhares, e na companhia do Luiz Carlos, após seis vigílias noturnas, conseguimos filmar uma sonda ufológica. Naquele dia, dirigimos-nos para a região chamada de Cascalheira, localizada na Serra do Capabode, onde chegamos antes das 19:00 h. Uma hora depois de montado acampamento, começamos a emitir sinais de farol de milha em direção ao horizonte – este é instrumento que costumamos levar em pesquisas. Do alto da serra pode-se vislumbrar algumas pequenas cidades. Taietê é uma delas, distante uns 60 km dali em linha reta. O cenário naquela exata localidade é bastante belo e a visibilidade quase ilimitada, propiciando grandes chances de um avistamento.
Ficamos sinalizando o farol de milha em intervalos regulares até às 23:20 h. Já um pouco desanimados, pensando ter que voltar à Brasília sem nada ver, comentamos uns com os outros, em tom de ironia, que os “extraterrestres estavam com medo de nós,” pois há seis dias, desde que chegamos à cidade, estariam fugindo… “Parece que não têm coragem de aparecer,” disse humoradamente aos companheiros de vigília. Coincidência ou não, imediatamente após isso, bem na direção de Taietê, vi perfeitamente três flashes grandes e nítidos de uma inexplicada luz branca. Luiz Carlos e Linhares não tinham visto no mesmo momento, pois estavam de costas. Mas chamei-os em seguida e, juntos, apreciamos as três piscadas do objeto, e depois mais três. Instantaneamente, a luz se deslocou em nossa direção, ficando a menos de 100 m de distância. A esfera luminosa – que não era maior do que uma bola de futebol – acendia e apagava em velocidade extraordinária, indo da direita para a esquerda e vice-versa. Parecia que estava desfilando. Sua luz branca, semelhante à uma solda elétrica, era muito intensa. O avistamento durou de três a cinco minutos, sendo possível registrar o fenômeno em vídeo.
Em nenhum momento sentimos medo ou qualquer outra sensação ruim. Pelo contrário, estávamos bem calmos, felizes e preparados caso a luz visitante resolvesse chegar mais perto de nós. Nossa máquina fotográfica também estava pronta para o momento em que a sonda desse uma pequena parada em seu movimento. Mas, infelizmente, isso não aconteceu. O objeto não parava de se movimentar, irrequieta e velozmente, indo-se de um lado para outro e por vezes sumindo e reaparecendo mais adiante. A Lua só veio a surgir aos 15 minutos do dia 18, horas mais tarde deste espetáculo. Ainda permanecemos no local até a 01:30 h, quando retornamos satisfeitos por ter conseguido ver e – melhor ainda – documentar uma manifestação do Fenômeno UFO na Chapada Diamantina.
No dia seguinte, voltamos ao local para conhecer melhor o cenário daquela região e nos certificar de que nada havia de natural que pudesse explicar o acontecimento. O saudoso general Alfredo Moacyr Uchôa costumava chamar o local de uma ocorrência ufológica como aquela de “teatro das operações”. Examinando a área onde se manifestara aquele pequeno objeto de comportamento tão peculiar, não nos restara qualquer dúvida qua
nto à sua origem extraterrestre. Não só devido às nossas experiências anteriores relativas a avistamentos semelhantes, especialmente na Fazenda Chapadinha, em Alexânia (GO), como também sabemos que não existe ainda tecnologia tão avançada em nenhum país que justificasse uma observação como aquela.
Fotografamos a região onde aconteceu o fato e, não satisfeitos, descemos por uma trilha até chegarmos ao pé de uma das pequenas elevações rochosas – local em que presumivelmente a sonda teria se aproximado, passando por uma velha casa abandonada. Depois de uns 15 minutos de caminhada notamos uma pequena saliência na beira daquela rocha e descobrimos um local que mais nos pareceu um verdadeiro “camarote,” de onde se podia visualizar 180º daquele vale. Em vista das novas possibilidades, preparamos o ambiente para nos instalarmos naquele lugar durante a próxima vigília, naquela noite. Retornamos às 19:00 h providos de todo material de pesquisa necessário – máquina fotográfica no tripé, filmadora da mesma forma e binóculos ao pescoço. Levamos nova bateria para sinalizar com o farol de milha, na tentativa de atrair novamente a bola de luz. Estávamos dispostos a conseguir um contato mais íntimo, mas no entanto nada aconteceu.
Museu Ufológico – Nos dias seguintes, continuamos a infindável coleta de depoimentos de outros tantos avistamentos acontecidos nos arredores de Mucugê, constatando mais uma vez a espantosa variedade e quantidade de fenômenos que se manifestam naquela área. Antes de deixarmos a pequena cidade em direção a Brasília, sugerimos a alguns moradores mais influentes que se organizassem em um grupo ufológico, criando uma espécie de Museu Ufológico na cidade, com o apoio da prefeitura – o que certamente iria atrair mais turistas e interessados no assunto. Voltamos à cidade, no entanto, algum meses mais tarde, para continuar o trabalho de coleta de dados e fazer novas tentativas de observação de sondas ufológicas.
Em 25 de janeiro de 1995, novamente em Mucugê, demos início a uma nova fase nas investigações. No período de festas de final de ano, muitos fatos novos haviam sido acrescidos ao longo repertório de intermináveis ocorrências que lá se verificam. Entre os novos acontecimentos estava um que se deu com técnicos de manutenção de torres de retransmissão da empresa energética do Estado, a Telebahia, poucos minutos antes de os encontrarmos no restaurante da cidade. Eles haviam visto as evoluções de uma estranha bola de luz branca, com comportamento semelhante a que havíamos filmado no mês anterior. Segundo as testemunhas, a esfera realizou manobras extraordinárias em ângulos retos, circulares e em altíssima velocidade – impossíveis de serem feitas por qualquer máquina conhecida ou fabricada pelo homem. Informaram ainda que o fenômeno começou às 20:00 h e que eles haviam saído do local uma hora depois. Como eram 21:30 h, apenas uma hora e meia do acontecido, interrompemos a refeição e nos dirigimos ao local para averiguar os fatos, mas novamente nada aconteceu.
Nos dias que se seguiram gravamos vários outros depoimentos e pudemos avistar novamente manifestações de bolas de luz brancas, mas nessas oportunidades não houve uma aproximação ideal para que pudéssemos registrá-las com qualidade visual adequada. Uma informação que obtivemos, no entanto, é merecedora de registro. Foi-nos revelado por moradores idosos da região que os fenômenos que lá se verificam até hoje já freqüentam o local há mais de 50 anos, sempre com maior intensidade entre os meses de agosto e janeiro. Outro dado interessante é que a maioria das queimadas na vegetação que ocorrem na Chapada podem ser causadas pelos objetos. “O fogo aparece de repente, sem nenhuma causa aparente, e logo se vê as evoluções das luzes nos céus,” disseram algumas das testemunhas com quem conversamos.
Pudemos constatar esse inusitado fato em uma das últimas vigílias na Serra do Capabode. Era uma noite amena, límpida e bem escura. De repente, uma labareda surgiu no mato a quase 500 m de onde estávamos e, em seguida, uma luz voou em direção oposta, sumindo no horizonte. O fogo alastrou-se atingindo boa parte do cerrado ali existente. A Chapada Diamantina, sem sombra de dúvidas, esconde ainda muitos enigmas. Para nós que gostamos e nos dedicamos a esse tipo de pesquisa, vale muito à pena desfrutar de boas e merecidas férias naquelas paragens misteriosas.