Uma das mais espetaculares e prolíficas jornadas espaciais de todos os tempos iniciará sua fase final no próximo dia 22 de abril. A nave Cassini da NASA passará pela última vez pela lua Titã de Saturno, cuja gravidade a impulsionará em uma trajetória que a fará passar entre a parte inferior do anel D do planeta e as nuvens mais altas deste. A nave realizará então outras 22 órbitas passando por essa perigosa região, até que em 15 de setembro realizará um mergulho na atmosfera de Saturno onde queimará e fará parte para sempre do gigantesco planeta.
Quando o controle da missão decidiu, em 2010, utilizar cada quilograma restante de combustível para explorar o mais detalhadamente possível o sistema saturnino, o destino da Cassini foi selado. Com os tanques cada vez mais vazios, a nave ficaria impossibilitada de manobrar, e poderia eventualmente cair em Titã ou Enceladus, as duas luas do planeta que podem abrigar vida alienígena. A Cassini foi esterilizada antes de seu lançamento, em 15 de abril de 1997 a bordo de um foguete Titan IVB/Centaur, porém os cientistas não querem correr qualquer risco de que algum microrganismo remanescente possa contaminar as luas, optando pelo mergulho suicida na atmosfera saturnina.
A Cassini chegou a Saturno em 01 de julho de 2004, e o módulo Huygens da Agência Espacial Europeia foi lançado em 25 de dezembro do mesmo ano, pousando em Titã em 14 de janeiro de 2005. Os dois veículos comprovaram que a lua possui rios, lagos e mares de hidrocarbonetos. A Cassini ainda realizou a histórica descoberta dos gêiseres de Enceladus em 2005, fazendo a pequena lua um dos mais importantes candidatos a abrigar vida alienígena no Sistema Solar. Várias outras descobertas foram feitas pela missão de 3,2 bilhões de dólares, comprovando com a simplicidade dos fatos o acerto desse investimento, ao contrário do que dizem os eternos detratores da ciência e da exploração espacial. Com suas últimas 22 órbitas, a Cassini embarca em uma viagem final de descobertas, possíveis somente agora que a missão está no fim.
INÚMERAS DESCOBERTAS ATÉ O FINAL
A região entre as nuvens superiores de Saturno e a parte interna de seu anel D é aparentemente tomada por partículas que viajam entre os anéis e o planeta, podendo representar risco para a Cassini. A nave estará viajando então a 122.000 km/h, e o choque com uma partícula maior poderia causar sérios danos. Os cientistas irão posicionar a nave para proteger seus instrumentos de impactos, e estão confiantes que ela irá sobreviver incólume até o final. A Cassini irá também produzir mapas detalhados dos campos gravitacional e magnético de Saturno, auxiliando os cientistas a determinar sua estrutura interna. Além disso será a melhor oportunidade para também desvendar o mistério do hexágono de nuvens observado no polo norte de Saturno. A Cassini usará seus instrumentos para analisar os gases da atmosfera saturnina em seu mergulho, enquanto usa o combustível remanescente para manter sua antena apontada para a Terra até os instantes finais. Será um final espetacular para uma das explorações que mais descobertas realizou na Era Espacial.
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