No dia 17 de agosto de 1966, os técnicos em eletrônica Miguel José Viana, 34 anos, e Manuel Pereira da Cruz, 32 anos, desembarcaram na Rodoviária de Niterói (RJ) no início da tarde. Moradores de Campos, no mesmo estado, os dois – especialistas em instalação de transmissores e repetidores de sinal de televisão – haviam dito à familiares que estavam viajando para São Paulo a fim de comprar um carro e equipamentos eletrônicos. Miguel e Manuel saíram de Campos levando a quantia de dois milhões e trezentos mil cruzeiros (cerca de mil dólares) e fizeram o seguinte percurso: visitaram o dono da loja de eletrônicos Fluscop; compraram as capas de chuva e depois entraram em um bar, nas proximidades do Morro do Vintém, para comprar uma garrafa de água. Miguel e Manoel foram encontrados mortos no alto do morro no dia 18 de agosto. Sem marcas de tiros ou facadas, os dois traziam nas mãos estranhas máscaras de chumbo e o seguinte bilhete cifrado: “16h30 está no local determinado; 18h30 ingerir cápsula; após efeito proteger metais aguardar sinal máscara”. Foi o início de um mistério que persiste até hoje. Os corpos foram resgatados no dia 21 de agosto pelos bombeiros e levados para exame de necrópsia e toxicológico no Instituto Médico Legal de Niterói. O laudo saiu quase dois meses depois indicando causa indeterminada para as mortes. A polícia descobriu então que a dona de casa Gracinda Barbosa Coutinho de Souza dirigia seu carro no alto da Avenida Vinte e dois de novembro, em Niterói, no mesmo dia em que os técnicos subiram o Morro do Vintém, e viu um estranho objeto, com luzes azul e laranja, no local. Em Campos, a polícia descobriu que Miguel e Manuel haviam feito diversas experiências espirituais na cidade e estavam lendo livros sobre contatos extraterrestres. O caso ocupou então as manchetes dos jornais e revistas do país. A imprensa divulgou que os dois teriam sido mortos durante contato com extraterrestres e a morte dos técnicos ganhou o interesse dos estudiosos de Ufologia de outros países, como o francês Jacques Valleé. Um detalhe serviu para aumentar o suspense: a maior parte do dinheiro das vítimas desapareceu. Várias hipóteses foram levantadas, desde suicídio involuntário, roubo seguido de assassinato até morte por contato com extraterrestres. Mas a polícia nunca esclareceu o caso, que foi arquivado após três anos e ficou conhecido como “O Mistério das Máscaras de Chumbo”. Hoje, 38 anos depois, autoridades revelam que, na verdade, o exame toxicológico nunca foi feito porque as vísceras apodreceram no IML de Niterói. As famílias das vítimas nunca conseguiram saber o motivo das mortes e apontam falhas na investigação do caso. Até hoje várias perguntas ficaram sem respostas: o que Manuel e Miguel foram fazer no Morro do Vintém? Que tipo de cápsula teriam ingerido? Onde foi parar o dinheiro que levavam? O que teria sido o objeto luminoso visto pela dona de casa sobrevoando o local? O que teria causado a morte dos técnicos em eletrônica? O site da Globo realizou a seguinte enquête a respeito do caso: Em relação ao mistério das máscaras de chumbo, são muitas perguntas e poucas respostas. Miguel e Manuel subiram o morro sozinhos ou com alguém? Quem teria ido com eles? Por que eles foram até lá? Por que usavam máscaras de chumbo? Do quê eles estavam se protegendo? Aonde foi parar o dinheiro das vítimas? Linha Direta ? Justiça quer saber: na sua opinião, o que provocou a morte dos dois amigos? Resultado parcial da enquete: 44,3% – pacto de morte 11,8% – roubo com assassinato (latrocínio) 17,5% – contato com extraterrestres 15,7% – envenenamento durante ritual místico 10,7% – nenhuma das hipóteses acima