Embora muitos pesquisadores ligados à linha científica da Ufologia torçam o nariz para o assunto, a verdade é que os aspectos psicológicos e parapsicológicos do Fenômeno UFO são tão fortes e claros que não podemos simplesmente fechar os olhos e ignorá-los. A literatura ufológica está recheada de casos que têm uma enorme quantidade de dados psicológicos relacionados a eles. Obviamente, esse é um aspecto do tema que intriga muitas pessoas, e este autor é uma delas.
Um dos pontos-chave nos qual focamos nossa pesquisa desde o início foi o tipo de eventos que podem ser catalogados ou qualificados como tendo componentes psíquicos. Alguns são simples, mas outros são bastante ambíguos, levando-nos ao ponto de salientar que algumas coisas que parecem parapsicológicas podem, na verdade, ser manifestações de uma tecnologia superior e extraordinária — e nada têm de paranormal. O que sempre chama atenção é que muitas vezes os exemplos mais notáveis de eventos psíquicos são encontrados em casos que são considerados clássicos em termos de evidências físicas.
Devido à minha formação científica em físico-química, os casos com evidências físicas, particularmente aqueles em que evidências residuais são aparentes, são os que mais me atraem. Os mais impressionantes de todos, talvez, têm sido os exemplos clássicos da presença de UFOs e a descoberta direta dos tão chamados “casos de evidências físicas”. Um dos melhores eventos desse tipo é o pouso de um UFO em plena luz do dia perto da cidade de Tully, no norte de Queensland, na Austrália, em 19 de janeiro de 1966. Notavelmente, esse também é um grande exemplo de episódio ufológico com um forte componente psíquico, que surgiu por meio de premonições ou sonhos proféticos.
O interessante Caso Tully
Quando o fazendeiro George Pedley testemunhou um UFO surgindo da direção da Lagoa Horseshoe, por volta das 09h00, na propriedade de seu vizinho e amigo Albert Pennisi, ficou chocado ao saber que este não estava surpreso com a manifestação. Pennisi era agricultor naquela região desde 1947 e conhecia as histórias locais sobre UFOs, e isso o deixava inclinado a acreditar nas observações que o pesquisador Claire Noble fizera nos meses que antecederam o dia 19 de janeiro de 1966. Além disso, o próprio Pennisi andava tendo sonhos relacionados a UFOs — para um fazendeiro rústico, ter aqueles sonhos já era problema suficiente, então ele manteve a informação para si mesmo.
George Pedley era conhecido por ser um sujeito tranquilo e bom trabalhador. Nenhum dos moradores tinha nada contra ele, mesmo aqueles que não acreditam em seu avistamento. Ele disse aos jornalistas: “Se alguém tivesse me perguntado há cinco dias se eu acreditava em discos voadores, eu teria rido e pensado que isso é loucura. Mas agora eu sei a verdade”.
O elemento estranho e desconcertante nos sonhos premonitórios no Caso Tully surgiu no início da intensa cobertura midiática dada ao avistamento de Pedley. Um jornalista do periódico Sun Herald chamado John Dickson escreveu na edição de 23 de janeiro de 1966 sobre o sonho de Pennisi, dizendo que Pedley lhe dissera o seguinte sobre a reação de seu vizinho diante do acontecido: “Ele acreditou em mim imediatamente e me disse que sonhou por uma semana que um disco voador iria pousar em sua propriedade. Ele disse que por volta das 05h50 de uma quarta-feira [Quando foi descoberto o local do pouso], seu cão de repente enlouqueceu e saltou para a lagoa”.
O próprio Pennisi falou sobre seus sonhos ao jornal The Sun em 24 de janeiro de 1966. “Eu tinha esses sonhos quase todas as noites e eles estavam começando a me preocupar. Eu não podia compreendê-los. Era sempre a mesma coisa. Aquela coisa parecida com um prato gigante saía do nada e aterrissava nas proximidades. E eu o via em meu sonho e ficava com muito medo antes de ele ir embora. No entanto, na quarta-feira de manhã, por volta das 05h50, meu cão simplesmente enlouqueceu sem que houvesse qualquer motivo para tal. Ele estava uivando muito, e correu na direção da lagoa”, disse o fazendeiro ao jornalista.
Luz laranja brilhando
Mais de uma década depois, na cidade vizinha Murray Upper, uma situação semelhante ocorreu. Uma jovem foi acordada por seu pai porque ele pensou que a casa estava pegando fogo — havia uma enorme luz laranja brilhando no exterior. Eles tentaram acordar os outros membros da família, mas sem sucesso. O medo começou a dominá-los e eles foram para o corredor da casa, longe da luz. Suas próximas lembranças eram de ambos acordando na manhã seguinte, extremamente intrigados com o que parecia ser um bizarro sonho compartilhado.
No café da manhã, ouviram no rádio relatos de avistamentos de UFOs. Eles, então, perceberam que suas memórias não eram sonhos, mas acontecimentos reais. Além disso, uma área circular achatada foi encontrada na plantação de cana-de-açúcar achatada perto da casa da família. Quando falei com a jovem, ela confirmou essas ocorrências de uma maneira bem vaga, e tinha uma história que muitos confirmariam ser de um abduzido clássico. Também falei com seu pai, mas ele não confirmou a validade do caso e não se mostrou disposto a ter mais conversas sobre o assunto.
Voltando a Pennisi, talvez ele tenha pensado que o fato de ter sonhado com um UFO fosse diminuir a credibilidade do encontro de George Pedley e de outros eventos ufológicos da região, mas a concretude física dos ninhos de UFOs, como chamamos as marcas de aterrissagem de naves na Austrália, superou tais preocupações. Os arquivos da Real Força Aérea (RAAF) descreveram o famoso Caso Tully da seguinte maneira:
Sua forma aparente foi descrita como dois pires, face a face, mas não se observou qualquer detalhe estrutural. A duração da observação foi de aproximadamente 15 segundos e o artefato desapareceu no meio do ar, enquanto voava pelo horizonte
“Por volta das 09h00 de 19 de janeiro de 1966, o senhor Pedley, um produtor de bananas de Tully, observou um objeto cinza-claro que não refletia luz, com aproximadamente oito metros de comprimento e dois metros de profundidade, subir na vertical e em seguida, em um ângulo de 45°, a partir de uma altura de cerca de nove metros acima da região pantanosa, situada a aproximadamente 22 m de distância de sua posição. Houve um ruído de assobio que diminuiu quando o objeto se elevou”.
“Sua forma aparente foi descrita como dois pires, face a face, mas não se observou qualquer detalhe estrutural. A duração da observação foi de aproximadamente 15 segundos e o artefato desapareceu no meio do ar, enquanto voava pelo horizonte. A depressão circular no chão era claramente definida e permaneceu em evidência na vegetação do pântano, no ponto em que o objeto foi visto subindo. Mede cerca de 10 m de comprimento por sete de largura. Não havia cheiro de combustão”.
Marca clara de pouso
George Pedley relatou sua experiência à polícia de Tully às 19h30 de 19 de janeiro e, às 07h30 do dia 20, George Pedley e o sargento Moylan foram ao local do incidente. Moylan contatou a base da RAAF em Townsville por telefone naquela manhã e o tenente John Wallace o aconselhou a aplicar um questionário-padrão para a conclusão do caso de Pedley. Na sexta-feira, dia 21 de janeiro, Wallace confirmou ter despachado duas cópias do question
ário por correio e também pediu a Moylan que obtivesse uma amostra da grama da área queimada. Às 15h30 do mesmo dia, Moylan voltou ao local e pegou uma amostra da grama dentro da depressão do pântano. O questionário foi preenchido por Moylan com base nas entrevistas feitas com Pedley em 26 de janeiro de 1966. O relatório e a amostra foram despachados naquele mesmo dia. A comunicação, classificada como restrita, dizia que “este escritório acredita que as depressões na grama do pântano foram causadas por pequenas trombas d’água isoladas”.
A explicação sugerida pela RAAF não resiste aos fatos. No Caso Tully estamos lidando com buracos sem explicação, um objeto em movimento rápido e uma aparente falta de vegetação na lagoa. Em outras palavras, a sugestão de que um vórtex tenha arrancado a vegetação não pode ser sustentada. Pennisi disse que o oficial da RAAF voltou ao local anos mais tarde e confessou que estava confuso quanto ao episódio de 1966 — ele havia sido enviado para verificar Pennisi e viu que o fazendeiro era um homem muito honesto. Ele mesmo examinou seus registros de serviço e ficou finalmente intrigado com o que se passou.
Outras marcas misteriosas
Tanto Pennisi quanto Pedley ficaram espantados com o ninho formado pelo UFO quando o examinaram em detalhe pela primeira vez — nunca se tinha visto algo como aquilo antes. Albert Pennisi conhecia bem sua lagoa e um efeito circular como aquele era totalmente sem precedentes em todos os seus anos de experiência. Eles entraram na massa flutuante e descobriram que era possível nadar de ambos os lados sob ela. A água estava livre de quaisquer obstruções e no chão tudo era liso e claro, livre de quaisquer raízes. Os fazendeiros se surpreenderam principalmente com uma característica particular da superfícial camada de vegetação flutuante — havia ali o que parecia ser uma impressão do UFO. O perímetro exterior da massa flutuante foi empurrado acentuadamente para baixo, como se tivesse sido forçado por um disco voador invertido, com um centro circular com cerca de dois ou três metros de diâmetro.
Pennisi correu para sua casa e voltou com uma câmera para tirar uma série de fotos. Até então as superfícies superiores da vegetação no topo do ninho tinham ficado da cor marrom e a parte inferior permaneceu verde. O escurecimento havia ocorrido no final da tarde, cerca de oito horas após o avistamento de Pedley. Cerca de dois metros ao norte, um pedaço retangular da vegetação do pântano, de cerca de um metro e meio, tinha sido cortado da superfície da água e arrancado completamente.
Outra anomalia interessante foi encontrada por Christine Rounland, cujo marido ajudou Pedley na adubação da terra para plantio. Ela encontrou um terreno cheio de marcas que se assemelhavam a faixas no solo arado, adjacente às bananeiras da propriedade. As marcas iam da direção da área da lagoa para um campo arado e tinham a forma de lágrimas — pontudas em uma extremidade e arredondadas na outra. Cada uma tinha cerca de 7,5 a 10 cm de comprimento e cerca de 5 cm de diâmetro em seu ponto mais largo. Elas estavam espaçadas de 30 em 30 cm e seguiam uma linha reta. Verificações subaquáticas subsequentes indicaram três grandes buracos no chão lamacento da lagoa sob o ninho de Pedley. Se os buracos já estavam lá no momento da observação, ninguém podia dizer, mas, para alguns, eles sugeriram a possibilidade de marcas de trem de pouso. Mais tarde, Pedley relatou ter notado a presença de um odor de enxofre na área ao redor do ninho.
Pessoas sérias envolvidas
Conversei com Albert Pennisi e George Pedley muitas vezes ao longo dos anos e sempre fiquei impressionado com seus relatos. Pedley geralmente relutava em falar amplamente sobre a sua experiência, mas Pennisi falava bastante sobre o assunto, embora mantivesse suas ideias em grande parte para si. Assistido por seus filhos Adrian e Shane, ele deu palestras públicas sobre os eventos pela primeira e última vez em outubro de 2006, em um congresso ufológico em Brisbane. Eu estava lá e fiquei contente ao vê-lo novamente. Para mim, sua palestra foi o destaque do evento.
Pennisi faleceu no dia 25 de janeiro 2009, três dias antes de seu 90º aniversário. Era um homem simples que, apesar de um começo difícil, construiu uma boa vida e uma ótima família. Ele tentou ajudar as pessoas e era realmente humilde e modesto. Shane Pennisi disse recentemente que o pai se recusou a mudar da Lagoa Horseshoe e que ele ia manter a propriedade, uma vez que compartilhava a opinião de seu pai sobre a terra. Ele apenas lamentou que, dadas as alterações feitas na área devido a drenagens e outras práticas agrícolas, e com mais casas surgindo todos os dias, a localidade que detinha tanta influência em 1966 já não é mais tão isolada e tranquila como antes.
Progresso e desenvolvimento vieram, mas, pelo menos, a lagoa ainda permanece como um testamento de Pennisi daquele momento marcante de 1966 e de muitas outras ocorrências ufológicas. O sonho do fazendeiro e o encontro em plena luz do dia de Pedley com o UFO que se levantou da lagoa são manifestações maravilhosas da estranha e dual realidade ufológica que nos persegue, e que, aparentemente, assombrou Tully durante muito tempo.
Ainda de acordo com Shane Pennisi, seu pai parecia sempre cantar enquanto trabalhava na fazenda. A tocha foi passada para a frente e se o improvável acontecer e a máquina dos sonhos do fazendeiro voltar, se mais ninhos forem encontrados e se mais UFOs forem vistos, sempre haverá uma testemunha para contar a história e pesquisadores que vão tentar ativamente encontrar respostas. O Caso Tully ainda permanece como um exemplo clássico das impressionantes dimensões físicas do Fenômeno UFO. E também se destaca como um exemplo notável de um evento impressionante por seus aspectos psíquicos.