O fantástico Caso Pascagoula, referente à abdução de dois amigos em 11 de outubro de 1973, é um dos fatos mais icônicos da Ufologia Mundial. Como jovem pesquisador, já iniciado nas sendas da causa ufológica desde adolescente, eu o acompanhei com profundo interesse e assisti a todos os seus desenvolvimentos. Tinha 14 anos em 1973 e minha família assinava dois jornais diários, o Minneapolis Tribune e um jornal de Dakota Norte chamado Grand Forks Herald. Em meados de outubro daquele ano, ambos os jornais trouxeram em suas capas uma história sensacional sobre dois homens do Mississipi que haviam sido sequestrados por extraterrestres semelhantes a robôs, com garras idênticas às de caranguejos e pele de couro enrugado. Os homens flutuaram para um UFO oval, foram submetidos a exames e liberados após cerca de 30 minutos.
As histórias nos jornais estavam acompanhadas de estranhos desenhos de criaturas alienígenas bizarras e também de um esboço de um UFO azul brilhante. Mesmo adolescente, fiquei profundamente chocado com o fato de um relato tão assombroso ter sido apresentado por dois grandes jornais. Isso dava à história um choque adicional de legitimidade — ou pelo menos era o que pensava minha mente jovem. Hoje, 45 anos depois, esse sentimento ainda permanece.
Normalmente, histórias sensacionais como essa aparecem somente no tabloide sensacionalista National Enquirer ou em revistas especializadas sobre UFOs, mas o Caso Pascagoula — como ficou conhecido o incidente —, de alguma forma transcendeu os padrões normais de jornalismo. É quase como se o evento carregasse consigo um senso intuitivo de que alguma coisa real deve ter acontecido. A história girou o mundo nos principais jornais e foi difundida pela mídia mundial. E essa é apenas uma das razões pelas quais a abdução de dois homens que pescavam no Rio Mississipi permaneceu sempre entre os mais incômodos e icônicos incidentes com UFOs de todos os tempos. Além disso, muitos céticos, como por exemplo Philip Klass e Joe Nickel, atiraram todas as pedras que podiam na história dos abduzidos Charles Hickson e Calvin Parker. Mas seus ataques foram vazios e fracassaram, com uma tensão desesperada caracterizando as tentativas de desmascaramento.
O mistério de Pascagoula
Outro aspecto fascinante desse caso foi a diferença na maneira com que os dois homens lidaram com o que havia lhes acontecido. O mais velho, Hickson, veterano de combate na Guerra da Coreia, capataz de estaleiro e trabalhador honesto, passou o resto de sua vida falando sobre o assunto, concedendo centenas de entrevistas e até escreveu um livro [Que será publicado em outubro desse ano pela Biblioteca UFO]. Ocasionalmente, realizou algumas palestras. Porém o jovem soldador naval Parker, na época com apenas 19 anos, não quis nada disso — ele sofreu um colapso nervoso uma semana após a abdução e se escondeu. A impressão geral foi a de que Parker colocou a si mesmo em um sistema de proteção a testemunhas, e isso criou uma aura de mistério sobre ele, o que apenas reforçou a grande estranheza dos fatos e o legado do evento de abdução de Pascagoula.
Assim, quando há alguns meses escutei que Parker não somente havia ressurgido, mas que também estava lançando um livro para contar seu lado da história, mesmo após décadas, minha expectativa foi ao limite. O que ele teria a dizer? Melhor ainda, será que revelaria novos detalhes sobre um dos maiores casos de abdução de todos os tempos? Bem, após a leitura de Pascagoula: The Closest Encounter [Pascagoula: O Contato Mais Imediato. Publicação independente, 2018], não fiquei desapontado. Mesmo com algumas desvantagens agonizantes para o livro, por ser produção independente, seu relato direto como abduzido e testemunha trouxe informações adicionais para fazerem da obra uma das mais importantes contribuições para a Ufologia dos últimos anos.
Isso porque, mesmo com a influência duradoura do evento de Pascagoula, o caso esfriou há mais de 40 anos. Diferentemente de outros incidentes famosos, como o Caso Roswell ou da Floresta Rendleshan — nos quais novas dúvidas e evidências continuaram a surgir através dos anos —, o incidente em Pascagoula foi essencialmente um acontecimento único que apresentou pouca oportunidade de maiores investigações. O livro de Calvin Parker mudou isso. Ele traz os depoimentos de vários moradores locais que estavam próximos da área onde a abdução ocorreu. Estas testemunhas oferecem relatos críveis e objetivos sobre terem visto um UFO como o que foi descrito por Hickson e Parker no local, em um período de tempo antes e depois do evento. Mas a bomba do livro é a revelação de que Parker passou por uma regressão hipnótica de 90 minutos com ninguém menos do que Budd Hopkins, em 1993, vinte anos após o ocorrido. Mas Parker nunca recebeu uma cópia da fita que Hopkins fez da sessão. E o pior é que Hopkins morreu em 2011. O destino da fita da regressão de Parker parecia estar perdido.
Caso ainda vivo
Mas agora, graças ao trabalho do investigador britânico Philip Mantle, a gravação foi encontrada e sua transcrição está completa no livro. A maneira como a fita foi encontrada por si só é um caso interessante — ela estava em posse de outro venerável da Ufologia o doutor David Jacobs [Consultor da Revista UFO]. Após a morte de Hopkins, seus documentos e materiais foram confiados a Jacobs, e ele concordou em fornecer a gravação para o livro de Parker. A regressão hipnótica sugere que muito mais coisas aconteceram durante o evento original de Pascagoula — e não apenas pelo acontecimento em si, mas provavelmente por meio de uma série de visitas alienígenas a Parker, que começaram quando ele tinha seis anos de idade e continuaram ao longo de sua vida. Além disso, a narrativa inclui focos de tempo incertos e instáveis, interações violentas e brutais com seres alienígenas e esboços chocantes de imagens que aumentam o mistério e o drama.
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