Casos ufológicos normalmente são investigados por várias equipes atuando ou não em conjunto, e nem sempre as conclusões são coincidentes. É natural que seja assim, uma vez que isso só enriquece a pesquisa e levanta novas possibilidades de explicação. Conheça tudo abaixo.
Às 05h00 do dia 30 de setembro de 2020, Lucas Fragoso, morador do bairro Esplanada, na cidade gaúcha de Caxias do Sul, fez três vídeos se uma forte luz alaranjada que parecia mudar de forma no céu.
Os vídeos foram examinados pela equipe de análise de imagens da Revista UFO que os classificou como sendo a Lua.
Posteriormente, o conselheiro especial da Revista UFO David Vanzin, morador da cidade de Caxias do Sul, esteve na residência de Fragoso, fotografou o local e entrevistou a testemunha.
No dia 21 de outubro nós publicamos a pesquisa feita por Vanzin, pode ser lida aqui. Mas o caso também foi investigado pela Rede de Ufólogos Gaúchos (RUG), que nos enviou seu relatório sobre os eventos, que publicamos abaixo, apenas suprimindo a introdução.
Avião
A primeira hipótese levantada pelo pesquisador da RUG Rafael Amorim foi a de um avião indo em direção à testemunha, com seus faróis de pouso ligados. Mas a luz se apagou e voltou a se acender.
Em primeira mão foram conferidas as rotas de aviões na região entre as 05h00 e 05h45.
Segundo o app Flightradar houve apenas um voo naquela madrugada. Um cargueiro da empresa Lufthansa, voo LH8266, que saiu do Aeroporto de Guarulhos em direção ao Aeroporto de Buenos Aires – Ezeiza – na Argentina. A princípio ele teria rota na via aérea que cruza Caxias do Sul.
Com uma diferença grande, o Flightradar apresentou que o voo teria passado por Caxias entre as 05h00 e 05h30, porém esse seria o horário internacional conhecido como UTC.
Nosso colega José Nussbaun Jr. conferiu posteriormente que o voo em questão teria saído às 00h59 e passado por Caxias por volta 02h00, chegando em seu destino as 03h30, horário de pouso.
O voo foi acompanhado pelo CINDACT II de Curitiba devido à sua altitude considerável, indicando assim que ele não teria passado baixo em Caxias, ou taxiado, como sugeriram alguns interessados no caso. Não houve pouso em Caxias.
A investigação do tráfego aéreo foi exaustiva. Em nossos registos não obtivemos nenhum dado que nos afirmasse que a luz filmada por Fragoso fosse um avião.
A Lua
Imagem do Stellarium mostrando a posição da Lua
Crédito: RUG
Outra hipótese que nos surgiu foi a de a Lua estar por ali e encoberta sob uma nebulosidade espessa. Conferido pelo colega Dirceu Kiper, a Lua realmente estava na direção oeste com visto no vídeo. Mas a luz filmada por Fragoso estava acima da posição em que se encontrava a da Lua.
Pelo Whatsapp, a testemunha afirmou que não era a Lua e que não havia nuvens fortes naquele momento. As nuvens estavam vindo da direção d e Porto Alegre, ou seja, pelo sudeste.
Nosso colega José Nussbawn Jr., da cidade de Pelotas, conferiu que havia sim uma certa nebulosidade, vinda pelo litoral. A ideia de a Lua estar sendo vista através do “rasgo” das nuvens, encontrou certa resistência a pós analisarmos o vídeo.
Colocamos no simulador Stellarium a posição e horários da filmagem e constatamos que a Lua poderia já estar baixa o suficiente para não aparecer no vídeo de Fragoso. Mesmo assim, a hipóteses ficara em aberto, afinal a Lua estava apontando no simulador as 05h00 da manhã de 30 de setembro.
Nosso colega Márcio Márcio Cunha Parussini pesquisou a topografia do local onde estava a testemunha e também a direção em que estava o objeto.
O pesquisador David Vanzin, nos informou sobre a presença de uma garagem de ônibus na localidade e se inteirou, em sua pesquisa de campo, sobre o que poderiam ter visto os funcionários da empresa, os quais estavam transitando por ali naquele horário. Fica o registro. Todos os dados levantados por Marcio conferem com o vídeo e com o que a testemunha nos informou.
O vídeo
Análise do vídeo feito pela testemunha Crédito: RUG
Ao chegarem às mãos de Rafael Amorim, os originais dos vídeos eram muito ruins como de fato são os vídeos feitos à noite por smartphones, há granulações e apresentam muitas distorções.
Por outro, o pesquisador pôde ter uma profundidade melhor do objeto, e analisar sua luminosidade a qual converge na umidade do ar naquela altitude, e ver que vez ou outra parece haver pequenas luzes que piscam em sua volta.
Nesse meio tempo, um vídeo feito pelo canal APAISS, do YouTube, foi apresentado como sendo a prova definitiva sobre o caso.
O canal fez um apanhado de simulações, três ao total, onde mostrava por meio de dados inseridos em programas simuladores do firmamento a presença da Lua a 7,5° de elevação em relação à linha do horizonte, no horário de 05h00 e 05h30.
Porém, em nossa opinião o canal APAISS e o pesquisador David Vanzin não contaram com a diferença de altitude da cidade de Caxias do Sul em relação à linha do horizonte calculada pelos simuladores. Nem levaram em conta a elevação do bairro e rua que aparecem no vídeo.
A Lua em 30 de outubro Crédito: RUG
Isso nos fez crer que a nossa simulação não estaria correta tanto quanto o que acreditávamos, apresentando o gráfico com árvores e casas os quais, no simulador, fazem com que a Lua esteja mais próxima do seu pôr as 05h00, do que as simulações apresentadas pelo citado canal.
Como não estávamos satisfeitos com as simulações e comparativos feitos pelos vídeos e pelas fotos feitas no local dias após o início de nossa pesquisa, nós aguardamos o dia 30 de outubro para fazermos uma última comparação.
Clima ao Vivo
Comparativo entre imagem da testemunha e da câmera do Clima ao Vivo
Crédito: RUG
Então surgiu mais uma evidência da possibilidade de registro da passagem da Lua na madrugada de 30 de setembro, por trás das formações de nuvens. Dando assim a entender que o caso poderia estar encerrado. O registro é de uma câmera do site Clima ao Vivo, instalada no alto de um prédio no centro de Caxias.
O que a filmagem do site mostra é que no momento em que Lucas Fragoso fez seus vídeos, a Lua não estava visível nem mesmo no vídeo do monitoramento de clima. Pelo menos não a partir das 05h00.
Aqui vale ressaltar que o vídeo do site mostra frames feitos de 10 em 10 minutos e que a primeira imagem de Fragoso foi feita foi as 05h08.
De qualquer forma, ao compararmos a imagem de Fragoso com a da câmera de monitoramento vemos que são totalmente diferentes. Vemos uma Lua que ilumina as nuvens de maneira mais evidente.
Conclusão prévia
Crédito RUG
Diante de todas as evidências mostradas, na opinião da Rede de Ufólogos Gaúchos, por hora, o caso ainda está em aberto. A Rede de Ufólogos Gaúcha presa pela seriedade e ética nas suas investigações.
Foram cerca de 15 horas entre ligações, discussões comparativas de
evidências, simulações e busca de informações junto à testemunha, que desde o dia 03 de outubro tem estado em contato direto conosco, nos passando todas as informações possíveis e colaborando ao máximo para que juntos pudéssemos dar um esclarecimento com 100% de certeza sobre a luz que ele filmou.
Mais de um mês depois, temos mais perguntas do que respostas, mas continuaremos até esgotarmos as possibilidades. Mas, aqui cabe a pergunta: se não era a Lua, o que seria?
O fato é que esse tipo de aparição já foi registrado aqui nos céus do Rio Grande do Sul. Foi na cidade de Lajeado, filmado pelo senhor Jacir Martini, na madrugada do dia 24 de abril de 2019. Igualmente silencioso, apresentando três luzes que se juntaram em uma só, na cor alaranjada. O caso foi extensamente investigado e permanece sem conclusão.
Colaboraram com essa investigação os ufólogos Márcio Parussini (GEUC), José Nussbawn Jr. (APEU). A testemunha Lucas Fragoso, Dirceu Kipper (CEUVA), a senhorita Anna Sabyra Seefeldt de Mello (EEAR – Escola De Especialistas De Aeronáutica ), CINDACTA II, Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), além de os membros da equipe da Revista UFO citados no texto.
Relatório enviado por Rafael Amorim – NEUS – Núcleo de Estudos Ufológicos de Santa Cruz do Sul, CBU – Comissão Brasileira de Ufológos, RUG – Rede de Ufólogos Gaúchos, Consultor da Revista UFO.