Logo mais estaremos de volta à Lua. A NASA e outras agências espaciais (públicas e privadas) estão preparando voos para o nosso satélite natural, e muitos fatores são decisivos para o sucesso dos planos futuros de exploração espacial. Um dos principais é a existência de água na Lua, que pode servir de combustível para viagens mais longas. Mas de onde ela veio?
Antes da Era Apollo, a Lua era considerada um deserto. Mas muitos estudos posteriores encontraram gelo em crateras polares, água presa em rochas vulcânicas e até depósitos de ferro enferrujado no solo lunar. Apesar dessas descobertas, ainda não há uma confirmação verdadeira da extensão ou origem da água na Lua. A teoria mais difundida é que íons de hidrogênio carregados positivamente impulsionados pelos ventos solares bombardearam a superfície lunar, provocando reações que criaram a água que encontramos hoje. Porém, um novo estudo publicado no Astrophysical Journal Letters propõe que o vento solar pode não ser a única fonte de íons neste processo.
De acordo com os pesquisadores, partículas da Terra podem semear a Lua com moléculas de água, e o mesmo pode acontecer com outros planetas e seus satélites. Da superfície de Marte às luas de Júpiter, passando pelos anéis de Saturno, cometas, asteroides e Plutão – todos esses lugares possuem moléculas de água. Supunha-se anteriormente que a água tenha sido incorporada a esses corpos celestes durante a formação do sistema solar, mas há evidências de que sua dispersão pelo espaço é muito mais dinâmica.
Embora o vento solar seja uma fonte provável, modelos computacionais indicam que até metade da água deveria evaporar e desaparecer em regiões de alta latitude da Lua, quando o satélite está sob a influência do campo magnético da Terra. Mas isso não acontece. A partir de dados coletados pelo Mapeador de Mineralogia da Lua do satélite Chandrayaan-1, os cientistas sugerem que a água lunar pode ser reabastecida por fluxos de íons magnetosféricos, também conhecidos como “vento da Terra”.
Imagem de uma parte da superfície lunar. Há maior concentração de água nas partes coloridas, sobretudo nos depósitos piroclásticos, em vermelho e amarelo.
Fonte: Milliken lab/Brown University
O campo magnético da Terra impede que o vento solar chegue à Lua, então a água não poderia ser regenerada mais rápido do que foi perdida. Mas o que ocorre na realidade é que a Lua é bombardeada por isótopos de oxigênio que vazam da nossa camada de ozônio. Essas moléculas se incrustam no solo lunar, junto com íons de hidrogênio. Essa “ponte de água” pode reabastecer a Lua com novas moléculas e manter a quantidade de água na superfície.
Os pesquisadores acreditam que estudos futuros do vento solar e dos ventos planetários possam revelar mais sobre a evolução da água em nosso sistema solar e os efeitos potenciais da atividade solar e da magnetosfera em outras luas e corpos planetários. Com esse conhecimento, cientistas poderão prever as melhores regiões para exploração futura, mineração e eventual assentamento na Lua.