Conforme temos relatado, desde que a campanha UFOs: Liberdade de Informação Já aumentou as cobranças junto ao Governo Federal, a Força Aérea Brasileira (FAB) tem assumido significativo papel de vanguarda na abertura de informações referentes à presença alienígena no espaço aéreo brasileiro em recente passado. Das mais de 5.000 páginas de documentos que estão no Arquivo Nacional, em Brasília, pelo menos 80% vieram da Aeronáutica. E com a chegada de mais um lote de papéis, agora relativo aos casos de 2010 — encerrando a década passada —, o comandante da Arma, tenente-brigadeiro-do-ar Juniti Saito, mais uma vez confirma sua inquestionável liderança, em um processo de abertura de informações desse tipo que jamais havia sido registrada no nosso país.
Mas antes de discorrermos rapidamente sobre o conteúdo do recente lote liberado pelo Centro de Documentação e Histórico da Aeronáutica (CENDOC) ao Arquivo Nacional, ainda considerando-se o inédito e significativo acervo da FAB, ainda persistem indagações sobre seu tamanho e se o que está sendo liberado é realmente tudo o que a Arma possui. Além de documentos e outras informações em vários formatos resultantes da Operação Prato, que até hoje não se sabe onde foram parar, outros importantes papéis ainda não foram para as prateleiras do Arquivo Nacional, como deveriam.
Dentre esses documentos estão alguns enviados em resposta ao Requerimento de Informações da Câmara número 679/2011 [Veja artigo]. São cinco despachos que circularam internamente entre o Gabinete de Comando da Aeronáutica (GC3), o Estado-Maior da Aeronáutica (EMGAR) e o Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra). Trocados entre 01 de março e 03 de julho de 2010, os despachos foram inicialmente classificados como reservados e contêm as diretrizes que resultaram na Portaria 551/GC3 [Veja edição UFO 170, agora disponível na íntegra em ufo.com.br].
Um novo SIOANI à vista?
Conforme consta nos carimbos dos documentos, os papéis permaneceram classificados até o dia 25 de julho de 2011, mais de um ano depois de sua geração. Provavelmente foram desclassificados por força do pedido do deputado Chico Alencar em seu RIC. Nos mesmos, percebe-se calorosa discussão sobre as atribuições dos órgãos envolvidos na criação de farta documentação, bem como os fins que deveriam ser dados a todo o acervo daquela Arma referente ao assunto UFOs.
A mais interessante diretriz que surgiu desses despachos não foi contemplada na referida portaria de agosto de 2010, mas pode ainda ser adotada caso o brigadeiro Saito resolva seguir a sugestão do seu colega e vice-chefe do EMGAR, o major-brigadeiro-do-ar Louis Jackson Josuá Costa, tornando as ações da Força Aérea Brasileira (FAB) mais transparentes e explicativas possíveis, no trato da questão ufológica.
Nas palavras do brigadeiro Costa, é proposto ao comandante Saito “a criação de um setor dentro do Ministério da Defesa, ou incentivar a sua criação em outro órgão do Governo, ou mesmo de uma ONG, com a participação de estudiosos do assunto, destinado a receber todos os registros do meio aeronáutico coletados pelo Comdabra, assim como os por ventura originados em qualquer outra instituição ou de cidadãos comuns, visando o seu tratamento de forma científica”. Sem dúvida, essa é a proposta oficial mais sensata no trato do assunto que vimos surgir desde o encerramento das atividades do antigo Sistema de Investigação de Objetos Aéreos não Identificados (SIOANI), em 1972 [Veja edição UFO].
E não é sem motivos que vemos com bons olhos a ideia do brigadeiro Costa, uma vez que foi mais ou menos isto que a CBU propôs no Manifesto da Ufologia, entregue à FAB em meados 2005, e no Dossiê UFO Brasil, protocolado no Ministério da Defesa no início de 2008. Ou seja, a criação de uma comissão mista formada por ufólogos e militares para estudar e dar ciência à população do Fenômeno UFO.
Casos de Tráfego Hotel de 2010
Mas nem tudo foi decepção nas respostas ao RIC 679/2011. A Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) ficou gratamente surpresa quando encontrou entre as informações do Ministério da Defesa referências a um ofício inédito de encaminhamento de material em 2011 do Centro de Documentação e Histórico da Aeronáutica (Cendoc) ao Arquivo Nacional. Embora os documentos tragam muito material repetido, com carimbos de revisão e desclassificação, dessa vez foram englobados relatórios de “Ocorrência de Tráfego Hotel” — como os militares se referem a registros ufológicos — desde o
ano 2000 até 2010. Algumas novidades puderam ser notadas, e que novidades!
Existem relatórios de testemunhos das mais variadas profissões, como estudantes, donas de casa, professores, médicos e, principalmente, controladores de voos, pilotos comerciais e militares. Da mesma forma, são relatados inúmeros tipos de UFOs, com formatos e velocidades tão intrigantes que, por suas peculiaridades, não deixam dúvidas sobre sua origem não terrestre. Os arquivos, com toda sua riqueza de detalhes, podem ser acessados no site da Revista UFO [Veja endereço na legenda acima].