SÃO LUÍS – A Força Aérea Brasileira (FAB) e a Agência Espacial Brasileira (AEB) retomarão o programa de lançamento de foguetes de sondagem. Este ano estão agendados dois lançamentos – um no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), em Alcântara, no Maranhão, e outro no Centro de Lançamento de Barreira do Inferno (CLBI), em Natal, no Rio Grande do Norte.
A primeira missão – marcada para junho, no CLA – já está em andamento, mas a segunda operação, que está prevista para o CLBI, ainda não tem data para acontecer. A missão de Alcântara foi batizada de operação Cumã II e deverá começar entre 6 e 11 de junho. Ela já havia sido marcada para 2005, porém acabou não acontecendo.
Esta será a primeira missão de lançamento de um foguete de sondagem em cosmódromos brasileiros desde novembro de 2004, quando a AEB e a Agência Espacial Alemã (DLR-Moraba) lançaram o protótipo do VSB-30 a partir do CLA. Na ocasião, alemães e brasileiros executaram o vôo de certificação do veículo espacial, que foi oferecido à Agência Espacial Européia como substituto dos foguetes Skylark-7, que saíram de fabricação.
Na missão que acontecerá em junho, os cientistas e militares brasileiros vão lançar outro foguete VSB-30 de Alcântara, levando a bordo uma carga útil com oito experimentos de seis universidades brasileiras, uma alemã e do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), instituição militar que é responsável pelo desenvolvimento e construção dos foguetes brasileiros.
Esta missão também ganha importância porque tira o CLA da condição de mera estação de rastreamento remoto para satélites e foguetes franceses Ariane V lançados de Kourou, na Guiana Francesa, e o devolve ao status de centro lançamento. O mesmo deverá acontecer ainda este ano com o CLBI, o primeiro cosmódromo brasileiro a entrar em operação – em 1965 – e que hoje está literalmente sufocado pelo crescimento urbano de Natal.
Além disso, a missão Cumã II dá um novo alento ao programa de desenvolvimento de foguetes, que foi seriamente abalado pelo acidente de agosto de 2003, em Alcântara. Na época, 21 pessoas morreram e a torre móvel de integração (TMI), onde era montado o foguete de lançamento de satélites VLS-1, foi perdida. Até hoje, a estrutura não foi reconstruída, por causa de problemas com licitações – duas delas foram canceladas, neste ano, pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Outro projeto que poderia colocar em operação no Brasil um lançador de satélites – a parceria Alcantara Cyclone Space, com o governo da Ucrânia – também está atrasado e, até 2009, não há perspectivas de se operar, no Brasil, com um veículo espacial deste tipo – nem nacional, nem estrangeiro.