O sinal vem de um sistema estelar chamado LS 5039, formado por uma estrela com 20 vezes a massa do Sol e um objeto desconhecido, talvez um buraco negro Utilizando o complexo de telescópios Hess, baseado na Namíbia, astrônomos descobriram o primeiro sinal modulado vindo do espaço na freqüência de raios gama de energia muito alta. Trata-se do sinal regular mais energético já detectado. Sinais vindos do espaço que se repetem a intervalos regulares são conhecidos desde os anos 60, quando o primeiro deles foi encontrado e, a princípio, confundido com o produto de uma fonte artificial, por conta do intervalo preciso de tempo entre um pulso e o seguinte. Esta é, no entanto, a primeira vez em que um sinal é visto com uma energia tão alta, 100 mil vezes superior que os registros anteriores do mesmo tipo.
O trabalho que descreve a descoberta aprece na edição de 24 de novembro do periódico Journal Astronomy and Astrophysics. O sinal vem de um sistema estelar chamado LS 5039, descoberto pela equipe do Hess em 2005. LS5039 é um sistema binário, formado por uma estrela azul com 20 vezes a massa do Sol e um objeto desconhecido, possivelmente um buraco negro. Os dois objetos giram um em torno do outro a uma distância muito menor que a que separa a Terra do Sul, completando uma órbita a cada quatro dias. Diversos mecanismos parecem afetar o sinal de raios gama que chega à Terra. Ao se aproximar a estrela gigante, o companheiro misterioso é exposto ao vento estelar e á luz intensa emitida pelo astro.
Esse banho de radiação, por um lado, permite que as partículas sejam aceleradas a altíssimas energias mas, pelo outro, dificulta a fuga dos raios gama produzidos pelas partículas na nossa direção, dependendo da orientação do sistema em relação à Terra. A interação desses dois fatores está na raiz do padrão de modulação dos pulsos de raios gama detectados pelos astrônomos. O sinal dos raios gama é mais forte quando o objeto misterioso está entre a estrela e a Terra, e mais fraco quando a estrela fica na frente do objeto. Acredita-se que os raios gama sejam produzidos quando partículas, aceleradas na atmosfera da estrela, interagem com o possível buraco negro.