Por quase todo o período da Era Moderna dos Discos Voadores, cujo ponto inicial é o avistamento de Kenneth Arnold em 24 de junho de 1947, tem sido comum considerar que, para um astrônomo, dedicar-se a esse estudo se constitui em suicídio profissional. Não faltam casos, inclusive no Brasil, de profissionais dessa categoria combatendo de maneira acirrada os ufólogos.
Entretanto, existem notáveis exceções a essa regra, e que podem na verdade demonstrar que um número considerável desses cientistas tem um interesse genuíno na Ufologia. Não se pode jamais esquecer, afinal, que um dos pioneiros máximos da disciplina, J. Allen Hynek, quando foi recrutado ao final dos anos 40 como consultor científico do Projeto Blue Book da Força Aérea Norte-Americana, era astrônomo e cético quanto ao fenômeno. Hynek, motivado pelas evidências a respeito de casos autênticos e pelo acobertamento que já se fazia perceber, mudou de atitude e passou a defender o estudo sério dos discos voadores.
Ele preparou um documento, intitulado Informe Especial de Conferências com Astrônomos sobre Objetos Voadores Não Identificados, que incluía a participação de 45 cientistas. De acordo com Hynek: “Existe um sentimento geral de que, se aos astrônomos fosse prometido o anonimato, e se pudessem reportar seus próprios avistamentos a um grupo sério de cientistas respeitados que tratariam do problema de maneira científica, então eles estariam dispostos a cooperar integralmente com esse estudo”.
Hynek, que a seguir elaborou a classificação de contatos imediatos de primeiro, segundo e terceiro grau, foi diretor do Centro de Estudos sobre UFOs (CUFOs) e também consultor do filme Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977) de Steven Spielberg, fazendo inclusive uma rápida aparição em uma das cenas. Em 1978, o pioneiro esteve nas Nações Unidas, na histórica reunião do Comitê Político Especial onde o assunto UFo foi discutido. “Existe um fenômeno global cuja extensão não é reconhecida. É algo tão estranho ao nosso pensamento do dia a dia que frequentemente é ridicularizado e motivo de escárnio por pessoas e organizações que não conhecem os fatos”, ele discursou.
Hynek foi além: “Sim, o fenômeno persiste. Ele não foi esquecido como muitos esperavam anos atrás, quando foi considerado um modismo passageiro. Ao invés disso, tocou as vidas de um número crescente de pessoas ao redor do mundo”. Ao lado dele nas Nações Unidas esteve o também astrônomo Jacques Vallee (e que inspirou o personagem vivido por François Truffaut em Contatos Imediatos). Vallee disse aos delegados: “Estamos pagando o preço das negações e do preconceito com os quais nossas instituições científicas trataram testemunhas sinceras do Fenômeno UFO. Falta de seriedade e de pesquisas com a mente aberta levaram essas pessoas a acreditar que a ciência é incapaz de lidar com o fenômeno. Essa atitude levou muitas delas a buscar respostas fora da busca de conhecimento racional, a qual a ciência é devotada. Somente uma troca de informações aberta nesse assunto pode corrigir essa tendência perigosa”.
Vallee finalizou dizendo: “Todas as grandes nações do mundo estão representadas neste comitê. Temos que entender que o Fenômeno UFO talvez represente uma realidade muito maior. Depende de nossa escolha tratá-lo como uma ameaça ou uma oportunidade para o conhecimento humano”. Agora, outro astrônomo faz afirmações surpreendentes, defendendo o estudo científico dos UFOs. Derrick Pitts é cientista sênior e astrônomo chefe do Museu de Ciência do Instituto Franklin da Filadélfia, além de Embaixador do sistema Solar da NASA.
“Se você diz \’Vamos investigar os UFOs para que possamos determinar de onde essas naves alienígenas estão vindo\’, as pessoas irão dizer \’O quê? Não vou chegar perto disso\’. Mas se você oferece \’Vamos analisar as possibilidades de que existem ambientes onde a vida possivelmente se desenvolveu em Marte\’, então cientistas dirão \’Sim, essa é uma pesquisa da qual quero participar\'”, disse Pitts.
Ele prossegue, comentando sobre a pouca credibilidade da Ufologia perante os astrônomos, destacando que muitos diriam nunca ter visto nada de estranho, e que nunca poderiam afirmar que os cinco por cento de casos inexplicáveis, como a própria Comunidade Ufológica Mundial aponta, poderiam ser naves extraterrestres. Mas Pitts comenta: “Se oferecermos a astrônomos a oportunidade de participar de uma pesquisa séria para determinar do que se tratam esses cinco por cento, não posso dizer quais seriam as respostas”.
Pitts vai além: “Eu diria que devemos realizar esse estudo, porque temos um fenômeno que atrai um enorme interesse público. Por que não tentar entendê-lo?”. O astrônomo ainda comenta a respeito do que seria necessário para trazer mais credibilidade ao ponto de cientistas estarem dispostos a estudarem os UFOs: “Há duas maneiras. A primeira seria se um UFO pousasse no jardim diante da Casa Branca em Washington. A outra seria se alguma instituição científica reconhecida iniciasse uma pesquisa a respeito. E também ajudaria se fosse mudado o nome pelo qual tratamos esse assunto, pois é sempre causa de problemas. Se isso auxiliasse a dar legitimidade e tornar esse estudo aceitável, de forma a comprometer as pessoas a resolver a questão, então seria uma coisa muito boa”.
Assista a um vídeo com J. Allen Hynek comentando avistamentos de UFOs por astrônomos
Confira Jacques Vallee falando no Fórum de Competitividade Global na Arábia Saudita em 2011
Saiba mais:
Livro: Dossiê Cometa