Grande parte da Comunidade Ufológica Brasileira e Mundial é atormentada pela sensação de que a Ufologia se encontra estagnada e não apresenta explicações para a presença alienígena na Terra. Por que não decola?, perguntam os ufólogos. E a resposta não poderia ser mais simples: porque o homem ainda não aprendeu a voar! Pelo menos não com as asas da ciência, que já se abrem para voos cada vez maiores rumo ao infinito das possibilidades humanas. E muito menos com o recurso que nos aproximaria de um melhor entendimento da questão ufológica: as asas da percepção consciente do mundo em que vivemos, de quem somos e o que seremos.
Precisamos aprender a alçar voo a planos mais sutis, que há muito permanecem adormecidos e esquecidos, por estarmos ainda imersos na enevoada vida material — que nos impede de vislumbrar novas formas de perceber os dois mundos, interior e exterior, para muito além do massificado cotidiano limitador. Com a ciência se aprimorando cada vez mais na descoberta do invisível, reverenciando um preceito fundamental da natureza — que diz que a energia não pode ser criada nem destruída, apenas muda de forma —, os grandes cavaleiros alados, exploradores de vanguarda, começaram a conquistar cada vez mais novos territórios, com as benevolentes armas da pesquisa, da criação e do desenvolvimento. E perceberam que teriam que fazer do próprio mundo a meta maior a ser conquistada. E assim está sendo feita, dia após dia, sempre uma inovadora surpresa.
Magnífico espetáculo
Com suas asas já cruzaram o espaço e, hoje, já podemos desvendar em parte os segredos do Sol, das estrelas, supernovas, galáxias etc. Através da fusão e fissão atômicas, o invisível se manifesta como fótons, neutrinos, raios X. No calor, na luz e nas cores, as partículas vão delineando um magnífico espetáculo, que poderia ser somente beleza e evolução se não fosse o advento da bomba atômica, fruto dessa eficiente descoberta. Como o homem também é um complexo dual, a poética visão tem seu lugar e vem se ampliando gradativamente, tornando visível o que nem pensávamos existir, nos fazendo vislumbrar novas paragens em nossa aventura telescópica pelo espaço, através das lentes de nossa paradoxal tecnologia — é como a evolução de uma criança, que só percebe inicialmente o seio materno, vai se desenvolvendo e se direcionando para outros objetos e pessoas, engatinhando até aprender a andar.
Assim é a nossa consciência evolutiva, que inicialmente percebe a mãe-terra e, gradativamente, vai se expandindo para um mundo ilimitado, como a nossa visão do cosmos, dos planetas, dos bilhões de galáxias, dos inventos, das sondas espaciais, naves e satélites, rumo a novas aventuras e descobertas. Mas esta crescente difusão tecnológica não é proporcional à expansão consciencial na maioria dos seres humanos. Sabemos que o meio em que vivemos nos influencia na construção de nossa personalidade, na maneira pela qual reagimos aos estímulos internos e externos e atuamos no nosso universo psicofísico. Esse próprio meio nos confunde e nos separa de nossa verdadeira identidade primordial, aquela na qual reside a semente a ser desenvolvida apesar de todas as intempéries, das secas e dos temporais que permeiam os nossos caminhos — parece como orbitar em torno do próprio eixo, sem perder a rota pessoal.
Barreiras da própria ciência
Enfim, podemos ter a noção de como é importante resgatar a verdadeira identidade, saber separar o que é nosso e o que foi posto em nós, que é dos outros. Temos a capacidade de nos olhar no espelho e reconhecer a verdadeira face que temos. Tudo isto para estarmos bem com nossa consciência, explorando potencialidades inerentes, crescendo e evoluindo de forma produtiva. Podemos usar nossa capacidade mental para termos acesso a outros ângulos, a outras visões do que chamamos realidade. Sabemos que nossa mente é ainda um grande território a ser explorado, e temos feito com ela verdadeiras maravilhas. Ela é criadora, dá corpo e substância às ideias. A mente é um portal para a expansão além dos cinco sentidos. Quando acreditamos em algo, somos capazes de realizá-lo, como exemplifica o aumento dos recordes esportivos no decorrer dos anos. Isso ocorre porque se a mente de um atleta reconhecer e se conscientizar do feito do outro, certamente o realizará também e mais ainda. E por aí vai se expandindo a crescente e ilimitada criação humana.
Da mesma forma, é necessário que tenhamos a mente receptiva para novas descobertas, novas experiências, novas constatações — como a da presença e realidade alienígena na Terra. Só assim poderemos estar aptos a investir na pesquisa ufológica, sem preconceitos e escutando mais nossa intuição, que ocasionalmente se encontra embarreirada pela própria ciência, que caminha em grande velocidade, enquanto os sentidos, as emoções e o autoconhecimento permanecem em visível desvantagem. É preciso ver para crer? Ou será preciso crer para ver? Para muitos, não tem importância a existência ou não de vida inteligente em outros planetas — porque a vida dessas pessoas é restrita às suas casas, filhos, trabalho, religião, sociedade, cidade e país em que vivem. A maioria delas se esquece de que o planeta também é a sua casa e que a Terra é mais que um globo flutuante no espaço, dentro de uma galáxia, com satélites, estrelas e corpos celestes de todas as espécies, coexistindo com outros sistemas.
Esta falta de visão ampliada do universo influencia nossa consciência e, consequentemente, nossos sentimentos e pensamentos. Se pudéssemos ter esta visão internalizada, com certeza a humanidade tomaria outros rumos a partir da constatação desta realidade. “A Terra é um planeta redondo e azul que gira em torno dela mesma e do Sol”, rezam todos os livros escolares sobre o tema. Mas saber e ter consciência são coisas muito distintas — isso faz a diferença. Da mesma forma, podemos saber que existe vida inteligente em outros sistemas, mas ter consciência dela seria uma mudança de 360° em nossos paradigmas e na visão da realidade.
A sensação de fascínio que a Ufologiaexerce sobre as pessoas tem muito a ver coma competitividadehumana desde seus primórdios.Vence sempre quem estiver em alguma posição superior, seja física, social, intelectual ou financeira. Infelizmente, a espécie humana ainda não se libertou de sua animosidade ancestral e seu comportamento mais elementar ainda gira em função do ataque e da defesa, poisos homens aindatravam batalhas de poderentre sua própria espécie. É fascinante se intitular de extraterrestre ou amigo de um. “A mais profunda emoção que podemos experimentar é inspirada pelo senso de mistério”, já dizia Albert Einstein. Endeusar o diferente, o inatingível e o desconhecido sempre será, por enqu
anto, uma atitude do ego humano — talvez ainda, em sua maioria.
Autoestima e amor próprio
Podemos perceber esta peculiaridade no relacionamento dos fãs com seus ídolos. Não dos apreciadores, mas os dos identificadores. A televisão, o teatro e o cinema ainda promovem o fascínio aos meros e simples mortais, que se encantam e veneram seus deuses e deusas, muitas vezes construídos e coroados como verdadeiros frankensteins pela mídia criadora e marqueteira — são fruto das projeções e transferências dos desejos mais comuns e efêmeros da espécie humana. O poder encanta pela liberdade de ser e fazer o que se deseja, por estar acima do comum e exercer o direito de ser livre e inigualável. Sim, pois o comum, o que está ao lado, não tem o mesmo valor do que está longe de suas possibilidades. Nesse aspecto, poderíamos descrever inúmeros exemplos da personalidade e comportamento humanos que, em sua maioria, desvalorizam seu igual sempre em função do mágico, do diferente.
Este é um dos atrasos mais significativos da humanidade, paradoxalmente comparado ao avanço tecnológico quase inacreditável que ocorreu no início do século XX. Podemos perceber esta desvalorização, principalmente, nos países de raça mestiça, que teimam em não encontrar identidade própria, destacando mais uma vez suas origens estrangeiras, que nessas nações serão sempre mais valorizadas, interessantes e importantes — excetuando-se os xenófobos, que são patologicamente radicais. A própria desvalorização da vida, imperando a violência, retratando toda essa falta de autoestima, de autoconhecimento, de amor próprio e, consequentemente, ao semelhante.
Mas imagine se o leitor tivesse acesso a um ser extraterrestre, dotado de grande conhecimento tecnológico e geral sobre a vida no universo, que lhe incumbisse de compartilhar essas informações com toda a humanidade. Ele o esconderia das demais pessoas ou o apresentaria a um grupo restrito? Talvez aos governantes de seu país? Ou então, faria acordos secretos com o ET e tentaria ser o mais próximo dele entre os terrestres, uma espécie de porta-voz do cosmos, um primeiro-ministro da confederação intergaláctica? Em outro extremo das possibilidades, o leitor o aniquilaria, fugindo do compromisso inicial para a detenção deste poder só para você? Ou seria humilde, com a honesta pretensão de ser um semeador da luz, do progresso tecnológico e humano, compartilhando as informações com todas as pessoas e nações, irrestritamente, sem medo de como os outros poderiam se utilizar delas? Por fim, talvez o leitor não desse importância ao seu novo amigo e tentaria esquecer do acontecido.
“Por que não mandam seu recado?”
Qual seria, enfim, a atitude e comportamento do leitor? Com a resposta subliminar em mente, vamos agora nos reportar à pergunta mais popular feita pelos ufófilos neófitos, por alguns ufólogos veteranos e mesmo pelos céticos questionadores: por que os extraterrestres não aparecem em rede mundial de televisão e mandam logo seu recado? Para chegar a uma resposta, imaginemos o que aconteceria com o psiquismo das pessoas diante do caos que uma revelação desta poderia proporcionar inicialmente. A disputa, a guerra entre os povos ou a união definitiva de todos eles? A sensação de impotência e a perda do imperialismo religioso, ao constatarmos que a Terra não é mais o único planeta habitado. Nossa imagem e semelhança com o Criador ficariam perdidas, distorcidas?
As perguntas não cessam aí. Será que nos sentiríamos enriquecidos por aumentar a nossa “família cósmica”? Seríamos dominados e escravizados ou apenas bons vizinhos com um produtivo intercâmbio? Será que a humanidade já está preparada para um possível contato? Ou será que os diretores Spielberg e Iain Softley — de Contatos Imediatos [1977] e K-Pax [2001], respectivamente —, estão preparados para refazer suas obras? Justamente eles que, com tamanha sensibilidade e poesia, conseguiram povoar nosso imaginário com ideias pacifistas de amor entre os povos. Pense e analise com seus próprios valores. Encerradas estas reflexões filosóficas, psicológicas e lúdicas, vamos partir para as razões mais práticas e concretas sobre a inviabilidade desse contato na atualidade. Para isso, vamos novamente recorrer a Einstein.
A sensação será de impotência e a de perda do imperialismo religioso ao constatarmos que a Terra não é mais o único planeta habitado, nem o centro do universo. Nossa imagem e semelhança com o Criador ficariam perdidas, distorcidas?
Ele diz: “Não devemos exigir que a ciência nos revele a verdade. Em um sentido corrente, a palavra verdade é uma concepção muito vasta e indefinida. Devemos compreender que só podemos visar a descoberta de realidades relativas. Além disso, no pensamento científico existe sempre um elemento poético. A compreensão de uma ciência, assim como apreciar uma boa música, requer em certa medida processos mentais idênticos. Mas a ciência não pode, é evidente, significar o mesmo para todo mundo. Para nós, ela é em si mesma um fim, pois seus homens são espíritos inquisidores”.
Ferramentas tridimensionais
A partir disso, notamos de imediato que existem preconceitos e separatividade, que, aplicados à Ufologia, geram aos segmentos místicos e científicos — já queainda não é uma ciência. Portanto, tem totalliberdade paraa pesquisa de casos restritos a consultórios e experiências reservadas de certos grupos ou pessoas, sejam elas empiricamente aprovadas através dos meios de investigação pessoal ou meramente alucinados — um bom ufólogo não deve desprezar absolutamente nada. Com a tentativa de rotular a Ufologia como ciência, perde-se a chance de vislumbrar novos conceitos originários da própriacasuística, pois os mesmos não se podem medir com ferramentas meramente tridimensionais. Mais uma vez, se perderia muito de seu contexto, pois a ciência terrestre certamente é obsoleta para os fenômenos ufológicos.
Por outro lado, para o homem não imbuído dosentimento de evolução e crescimento, o tema será sempre uma faca de dois gumes — o pesquisador que possua informações importantes nesta área pode sofrer a tentação do suposto saber e descambar para as mais diversas psicopatologias relacionadas ao poder, se não contiver o ímpeto de encará-las como algo meramen
te circunstancial e importante que deve ser compartilhado com todos os interessados. É claro que esta é apenas uma síntese do óbvio, mas sempre é bom parar para pensar nela, pois são estas armadilhas que nos fazem muitas vezes deixar de expandir nossa consciência para um mundo muito além das rápidas, faiscantese efêmeras luzes que riscam nosso enigmático e fascinante céu.