O chupa-chupa ou “luz vampira”, como era comumente chamado pelos ribeirinhos do Pará e Maranhão, foi detectado inicialmente na região do Rio Gurupi, que corta ambos os Estados. A denominação é originada do fato de que os objetos atacavam as vítimas com raios paralisantes e delas extraíam sangue, deixando-as anêmicas. Tais raios de luz também eram conhecidos como “desvitalizadores”. “Todo o fenômeno estava claramente direcionado a atingir seus próprios objetivos”, declarou o ufólogo e biomédico Daniel Rebisso Giese, autor do livro Vampiros Extraterrestres na Amazônia [Edição particular, ano 1991]. Na opinião de outros pesquisadores, tratou-se de uma missão alienígena muito bem planejada. Em seu ápice, em 1977, a manifestação evoluiu da Baía de São Marcos, no Maranhão, em direção ao estuário do Rio Amazonas.
Nos meses de outubro a dezembro de 1977, os fatos deslocaram-se para a Baía do Sol, atingindo os municípios de Vigia, Colares, Santo Antônio do Tauá e Belém. Foram detectados ainda focos esparsos sobre a região de Santarém e Monte Alegre. Ao longo da segunda semana de julho de 1977, não apenas Viseu passou a ser o centro das observações, mas também os municípios de Pinheiros, São Bento, São Vicente de Ferrer e Bequidão – todos na Baixada Maranhense. Nessa região, os contatos eram principalmente o aparecimento de objetos luminosos emitindo raios paralisantes. As primeiras notícias tornaram-se manchetes de O Estado do Maranhão, que deu grande destaque aos fatos e estimulou, mais tarde, a criação da Operação Prato. O Estado, em sua edição de 20 de julho de 1977, já dimensionava a gravidade do assunto ao publicar que o aparecimento nos céus de Pinheiro (MA) de um objeto voador não identificado estava causando suspense e pânico na população. “As pessoas chegam ao ponto de afirmar que o aparelho não identificado aproxima-se delas para estonteá-las com um jato de luz e retirar-lhes o sangue”. O jornal assinalava que o UFO visto por milhares de pessoas da região tinha a estranha forma semelhante a um Y e emitia uma chama na parte inferior. O ambiente na região era de temor generalizado e as pessoas não ousavam sair de casa à noite, com medo de serem atacadas. Tal sensação se confirmaria com o aumento dos episódios.
Movimentos neutralizados
A partir de documentos da Força Aérea Brasileira (FAB), de 1977, foi possível compor uma idéia das lesões causadas pela luz vampira junto aos moradores da Baixada Maranhense. As vítimas do “aparelho” – outra designação popular – confessaram que, ao serem atingidas pela luz, sentiam que seus movimentos eram neutralizados. Em seguida, tinham uma sensação de intenso calor e podiam chegar ao desfalecimento. Os objetos voadores não identificados optavam pelas pequenas comunidades rurais, atingindo pessoas isoladas ou grupos restritos. As lesões, na sua totalidade, eram pequenas queimaduras superficiais, cujas conseqüências orgânicas e psicológicas só puderam ser avaliadas mais tarde.
O Estado do Maranhão é ainda uma boa fonte para se avaliar o impacto do chupa-chupa sobre a população. “Quem viu o objeto misterioso foi o lavrador Vicente Gomes, às 03h00 do dia 14 de julho de 1977, quando transitava por uma estrada de carroça no lugarejo Guarapiranga, município de São Bento (MA)”, publicava o periódico. Montando em seu cavalo, Gomes viu surgir repentinamente em sua direção uma luz misteriosa com formato de uma pipa. “A luz era tão forte que me encadeou e desmaiei”, declarou. Às 12h00 do dia 08 daquele mês, o empregado da Fazenda Ariquipa, Raimundo Corrêa, foi queimado por uma misteriosa tocha, que causou lesões em seu corpo. “O objeto tinha a forma de uma grande bola”, disse.
Outro caso grave aconteceu à senhora Coucima Gonçalves da Silva, residente em Bom Jardim (MA). Ela avistou uma estranha bola de fogo, de cujo interior surgiu um raio que a lançou por terra. “Daí para frente não sei de mais nada do que aconteceu”, declarou. Foram seus familiares que explicaram que a encontraram desmaiada e a conduziram para o interior da casa. Quando ela voltou a si, pronunciava coisas desconexas. Dona Coucima foi internada na Casa de Saúde Santo Antônio, em Santa Inês, e graças aos cuidados do médico Pedro Guimarães, recuperou a saúde. Não houve descrição de queimaduras, apenas o registro de comprometimento psicológico e amnésia.
Entre os adultos atingidos pelas radiações dos UFOs estavam lavradores, donas de casa, caçadores e pescadores. O medo e o pânico causados pelo aparecimento incessante dessas naves sob o espaço aéreo maranhense e, depois, paraense, determinou a mobilização da FAB e de autoridades municipais, especialmente prefeitos e delegados de polícia, que pediram formalmente ao I Comando Aéreo Regional (COMAR), de Belém, a abertura de investigações. Foi isso que fez a Aeronáutica constituir a Operação Prato. Uma patrulha da própria polícia militar maranhense, em julho de 1977, foi perseguida por um UFO quando efetuava o percurso entre o vilarejo de Paca e a sede do município de Pinheiro. No veículo, estavam o soldado Mário Pontes Filho e vários outros, que chegaram a trocar sinais luminosos com o artefato. Isso teria levado o tenente Amujacy Araújo Silva, então delegado de Pinheiro, a destacar uma diligência para o local, na esperança de detectar novamente o UFO. O prefeito do município, Manoel Paiva, também confirmou a existência do aparelho, do qual foi testemunha ocular.
Já os casos de seres humanóides eram raros em meio à onda de 1977. O Estado relata a experiência do senhor João Batista Souza, proprietário da Fazenda Nova Meliá, no interior do Maranhão. Segundo Souza, na madrugada de 17 de julho de 1977, ao perder o sono, resolveu dar uma volta em sua propriedade. A certa altura do passeio observou uma bola de fogo que sobrevoava o terreno, à 200 m de distância. Assustado, se escondeu atrás de uma moita, de onde observou o pouso da esfera. Souza pôde notar que o objeto tinha a forma de um chapéu de palha. Do seu interior, através de uma porta, saiu uma pequena criatura de aproximadamente um metro de altura. Trazia na mão esquerda uma espécie de lanterna, da qual era emitida uma luz arroxeada. Na outra mão, conduzia um equipamento não identificado pelo fazendeiro. Não foi possível ver a face do humanóide, apenas um capacete com antenas, sendo o restante do corpo totalmente peludo.