Não é a primeira vez que um fenômeno que tenha surgido na América Central acabe migrando para a América do Sul, e eventualmente chegue ao Brasil. Na década de 90 tivemos a explosão do famoso chupacabras, surgido em Porto Rico e no México, e em apenas alguns anos o fenômeno chegou com toda intensidade ao Território Brasileiro. Desta vez o fato se repete com as chamadas flotillas, esquadrilhas de dezenas e até centenas de objetos voadores geralmente esféricos e não identificados, que logo após terem aparecido com grande atividade no México, parecem ter vindo para abaixo do Equador, passando pelo Chile, Peru, Bolívia e chegando finalmente ao Brasil.
Quando foram registradas pela primeira vez, sobre cidades importantes e populosas do México, inclusive a capital, as flotillas foram ao mesmo motivo de euforia e de muita polêmica na comunidade ufológica local [A Revista UFO fez ampla cobertura dos fatos nas edições 109, 110 e 112]. Apesar de horas de filmes e centenas de fotografias dessas esquadrilhas, elas dividem em campos opostos os ufólogos mais radicais e céticos, que atribuem sua origem a meros balões de gás, e os que se envolveram diretamente na investigação dos casos, que garantem que se tratam de formações de objetos de origem não terrestre. A polêmica também chegou ao Brasil, em meados de 2005.
Aqui, um dos locais em que as flotillas parecem ter se concentrado é justamente o litoral sul de São Paulo, uma área que se destaca no mapa da Ufologia Brasileira pela imensa quantidade de registros e ocorrências documentadas. A intensa casuística da região já foi amplamente descrita pelo Grupo de Estudos Ufológicos da Baixada Santista (GEUBS) na edição 43 da revista UFO Especial, que teve o título Aliens no Litoral Paulista. Nela são apresentados casos de sobrevôo de naves a baixa altitude, perseguição de pessoas e veículos, aterrissagens e até contatos com tripulantes. E agora, como ingrediente adicional, temos também as esquadrilhas de UFOs.
As flotillas já têm pelo menos três ocorrências significantes verificadas na área litorânea de São Paulo, especificamente sobre as cidades de Santos e São Vicente. Os casos apresentam um forte ponto a favor de sua veracidade, que é o fato de terem sido testemunhadas e registradas por um grupo de instrutores de vôo livre com grande experiência e conhecimento de áreas como meteorologia, física atmosférica, navegação, condições de vôo etc. Ao observarem a revoada das estranhas esferas, as testemunhas atestaram que não pareciam em absolutamente nada com simples balões de gás que estivessem sendo levados aleatoriamente pelo vento, como sustentam os estudiosos que não aceitam que as flotillas tenham qualquer relação com o Fenômeno UFO.
Observação surpreendente — O primeiro avistamento registrado pelo GEUBS deu-se em 08 de julho de 2006, exatamente às 15h30. Na ocasião, o grupo de instrutores de vôo livre, que tem sua sede no alto do Morro do Voturuá, localizado na divisa entre Santos e São Vicente, viu uma formação aérea com dezenas de esferas brancas que simplesmente surgiram do nada no céu. O caso, no entanto, só foi comunicado aos pesquisadores meses depois, sendo investigado logo em seguida. O Morro do Voturuá é um ponto de grande visitação por turistas, que têm acesso ao local de carro ou através de teleférico que parte da praia de São Vicente até o cume, onde os praticantes de vôo livre saltam de asa-delta e paraglider. Já foram registrados UFOs também a partir daquela área.
A primeira aparição foi registrada em vídeo pelo instrutor de vôo duplo Tuffy Elias Júnior, 47 anos, piloto de grande experiência e certificado pela Associação Brasileira de Vôo Livre (ABVL), além de recordista sul-americano de vôo em distância. Elias estava equipado com a filmadora que utiliza para registrar os treinos de seus alunose saltos de turistas econseguiu fazer duas gravações da flotilla, nas quais se pode ver diversas esferas. “O curioso é que a olho nu não se podia ver tantas bolas. Mas através do zoom da filmadora consegui observar que existiam centenas daqueles estranhos objetos no céu”, declarou. A parte mais interessante das filmagens é exatamente a que mostra três esferas fazendo evoluções no céu. Num dado instante elas se aproximam umas da outras e formam um triângulo perfeito no ar, desfazendo-se logo em seguida para ficarem precisamente uma ao lado da outra, formando uma linha reta. “Esses são movimentos que jamais poderiam ser resultantes da ação do vento, pois, enquanto aconteciam, as outras esferas permaneciam estáticas”, disse Elias.
Ele ainda afirmou que se tivesse naquele momento um trike [Uma asa com motor], teria decolado e tentado se aproximar das esferas, que permaneceram no céu por mais alguns minutos até desaparecerem de vista. Esta não foi a primeira vez que o professor teve um avistamento: ele também relatou que, em outras duas vezes, pôde ver algo inusitado. A primeira foi em 1973, quando viu uma pequena luz no céu noturno, que começou a se locomover parecendo uma estrela cadente. Pouco depois ela passou a fazer evoluções no ar e deslocamentos diferentes de qualquer fenômeno natural. “Ela se movia e logo em seguida parava. Depois voltava a andar de um ponto para outro numa velocidade impressionante”. A outra experiência foi em 1980, quando estava no alto da Ilha Porchat, em São Vicente. Elias observou uma bola muito luminosa que se deslocava pelo horizonte. “Várias pessoas viram aquilo. Até os garçons de um restaurante pararam de atender os clientes e ficaram olhando aquela bola, que em seguida jogou um raio de luz azulada em direção ao mar, como se tivesse soltado algo”, afirmou. Ele se lembra ainda de ter visto naquela mesma semana uma matéria no programa Fantástico, que tratou de um estranho objeto visto no Rio de Janeiro, rumando para o sul do país. Seria o mesmo?
Esferas movimentando-se no ar — O segundo caso de flotillas que se conhece até o momento no país ocorreu em dezembro de 2006, por volta das 13h30, com céu claro e na mesma região já citada. O episódio envolve a observação de um número bem menor de esferas, mas mantém seu significado para a pesquisa ufológica. Desta vez, o instrutor de vôo Eládio Manoel do Nascimento, 51 anos, que também estava presente e testemunhou o primeiro caso, observou abaixo das nuvens, algo entre 1.500 a 2.000 m de altitude, segundo sua estimativa, duas enormes esferas, cada
uma do tamanho de um carro. “Elas eram brancas e giravam uma em torno da outra, simetricamente. E permaneceram fazendo aquele movimento por cerca de uns cinco minutos, até entrarem em uma nuvem e desaparecerem do campo de visão”, declarou Nascimento. Ele acrescentou que a ocorrência foi muito rápida e não deu tempo de registrá-la em foto ou vídeo, como no caso anterior. Mesmo assim, foi o suficiente para que a testemunha, com seus olhos treinados, avaliasse que não se tratava de qualquer fenômeno natural.
A terceira ocorrência aconteceu mais recentemente, em janeiro deste ano, e apenas agora chegou ao conhecimento dos ufólogos. “Essa aparição realmente parecia uma invasão. Os objetos formaram três nuvens de esferas no céu. Era um domingo e o morro estava repleto de turistas na rampa [De decolagem], e todos testemunharam aquilo”, afirmou Nascimento, mais uma vez seguro de ter testemunhado um fato extraordinário. Ele contou aos ufólogos do GEUBS que tentou contar quantas esferas havia no ar junto dos colegas de vôo. “Mas acabamos nos perdendo porque havia mais de 500 delas no céu. Elas foram aparecendo aos poucos e se juntando, até formarem os três grupos”. Outra testemunha dessa ocorrência foi Wagner Rodrigues Lopes, 29 anos, técnico em telecomunicações. “Eu vi no Youtube a filmagem daquela frota de objetos no Peru, e ela era exatamente igual a que apareceu por aqui”, garantiu. Ele estava se referindo a uma flotilla vista por multidões durante quase duas horas no bairro San Isidro, de Lima, em 20 de maio, e filmada por mais de 30 minutos por uma equipe da TVA Andina [Veja UFO 135].
Apesar de não saberem precisar o dia desta ocorrência, as testemunhas do avistamento na Baixada Santista descreveram detalhadamente o fenômeno. Disseram que as esferas pareciam subir até ficar bem pequenas, alto no céu, quando então voltavam para locais mais baixos e depois tornavam a subir. Durante a observação, Nascimento tentou relatar o fato por telefone à equipe de operações do Helicóptero Águia da Policia Militar de São Paulo, que fica pousado na Base de Praia Grande. Foi atendido pelo tenente Rodrigues, que o informou que nada podia ser visto a partir daquele destacamento militar. Em seguida, ligou também para a Base Aérea de Santos e falou com o oficial de plantão, que levantou a hipótese de se tratarem de balões meteorológicos. Ao ser informado pelo instrutor de vôo quehavia no céu centenas deesferas de cor alumínio, e ao saber que a testemunha tinha conhecimento de meteorologia, o oficial voltou atrás. Nascimento declarou ao plantonista da base que naquele momento o vento soprava na direção sul, o que foi confirmado pelos equipamentos militares, mas que os objetos estavam indo em direção norte, voando contra o vento.
“Não é coisa desse mundo” — Enquanto falava com Nascimento, o oficial de plantão da Base Aérea de Santos chegou a entrar em contato com os funcionários de uma torre de controle de vôo próxima, a quem perguntou se estavam sendo registrados objetos estranhos pelo radar. A detecção foi negada, conforme o instrutor ouviu o oficial repetir o que lhe falavam ao telefone. Mediante a negativa, ele disse ainda ao militar que aquilo que estava acontecendo “não era desse mundo”. Espantosamente, o plantonista concordou: “não deve ser mesmo”. O avistamento durou cerca de 30 minutos, período em que a maioria das esferas foi subindo até desaparecer. Restaram apenas quatro, que começaram a formar no céu a letra Z e logo depois um V. A testemunha, de cabelos brancos e barba grisalha – razão pela qual é apelidado de “vovô” pelos garotos que freqüentam o Voturuá –, foi gozado pelos presentes que acompanhavam as evoluções dos objetos quando se formou a letra V. “Olha lá, essa é para você, vovô”. Nascimento ainda ligou para a repórter Solange Freitas, da TV Tribuna, afiliada da Rede Globo na Baixada Santista, mas quando a van da equipe chegou ao topo do morro, as quatro esferas já haviam desaparecido. À repórter restou ver os registros em vídeos e fotos feitas pelas testemunhas.
Misteriosa quebra da asa — Os instrutores de vôo livre do Morro do Voturuá jamais irão esquecer a observação das estranhas esferas brancas naquela tarde ensolarada, que surgiram misteriosamente no céu e depois partiram. Eles acreditam que o fato voltará a acontecer e continuam com olhos atentos e à espera de novas flotillas. Mas que fenômeno será aquele? Frotas de UFOs, como sustentam os ufólogos, ou um acontecimento natural? Para os estudiosos, seriam grandes concentrações das tão conhecidas sondas ufológicas, pequenos objetos que sairiam das naves maiores para realizar pesquisas em nosso planeta. Vale ressaltar que exatamente naquela região do litoral paulista, em novembro de 1996, uma estranha esfera foi registrada próxima a um avião Tucano da Esquadrilha da Fumaça, que, por coincidência ou não, após a passagem do artefato pelo avião, este teve sua asa cortada, fazendo com que a aeronave caísse no mar durante uma festa. Foi algo absolutamente inédito para os experientes pilotos da decana esquadrilha, e que até hoje é um grande mistério que a Ufologia Brasileira não decifrou.