A descoberta de um planeta com massa e tamanho semelhantes ao da Terra orbitando a estrela Gliese 581 – uma estrela do tipo anã vermelha –, chamado por enquanto de Gliese 581c, inspirou a pintora Karen Wehrstein a produzir a vista de como seria o novo planeta. A pintura é pura especulação, mas Karen teve uma ajudinha de colegas astrônomos, de modo que, se não passa de um chute, ao menos ele foi na direção do gol.
Devido à pequena distância, a estrela deve aparecer gigantesca no céu. Anãs vermelhas são conhecidas por terem uma intensa atividade cromosférica, isto é, um grande número de manchas estelares. O planeta deve ter uma órbita sincronizada, ou seja, ele mostra sempre a mesma face para a estrela. Isto faz com que ele tenha um lado sempre iluminado e outro sempre escuro. Segundo os modelos planetários, é bem possível que o planeta esteja coberto por um vasto oceano líquido na face iluminada, mas na face escura (e gelada) haveria uma espessa camada de gelo.
A pintura se refere a um lugar bem na fronteira claro/escuro, por isso a estrela está tão baixa no horizonte e por isso aparece um iceberg desgarrado. Gliese 581 é retratado fraco e distorcido por causa de uma atmosfera de gás carbônico cinco vezes mais espessa que a atmosfera terrestre. A imagem não passa de imaginação, o planeta em si pode ser bem diferente disso e talvez nunca saibamos como ele deve ser de verdade. Mas é uma visão das mais inspiradoras e estimulantes e o melhor é que ela é “baseada em fatos reais”. Estimulante mesmo é saber que as anãs vermelhas formam a maioria das estrelas da nossa galáxia. Para se ter uma idéia, das 100 estrelas mais próximas do Sol, 80 são anãs vermelhas! As chances de encontrarmos mais planetas como esse são bem grandes.