A literatura ufológica mundial registra poucos casos de terráqueos que foram convidados a realizar passeios em objetos não identificados de natureza voadora e submarina, e que foram tratados com dignidade e respeito por seus anfitriões. Normalmente, os seres extraterrestres abduzem suas vítimas à força e lhes dão uma ordem hipnótica para que esqueçam as humilhações e exames que sofreram em terra e a bordo de suas naves. Um dos privilegiados a receber tratamento amistoso foi João de Freitas Guimarães, que viveu uma inusitada experiência dentro de uma nave nos anos 50. O caso é clássico da Ufologia Brasileira e Mundial, e agora volta a ser tratado com novos detalhes apurados ao longo dos últimos anos.
O doutor Freitas Guimarães tinha 47 anos na ocasião e muitas atividades. Era poeta, poliglota e literato, e na época de sua experiência atuava como advogado, professor de Direito Romano e juiz do trabalho substituto em Santos. Nascido em São Paulo em 27 de janeiro de 1909, foi casado com Graziela Marques de Freitas Guimarães e tiveram quatro filhos. Abandonou o curso de medicina no Rio de Janeiro e graduou bacharel em direito pela Universidade de São Paulo (USP), em 1948. Começou a advogar na capital paulista, mas foi pouco depois para a cidade de Santos, onde exerceu a profissão em boa parte de sua vida. Ele fora efetivado como juiz do trabalho em concurso, chegando a juiz titular presidente da 2ª Junta de Conciliação e Julgamento de Santos, cargo no qual se aposentou em 1977.
João de Freitas Guimarães viveu 40 anos depois de sua experiência, sempre progredindo e lecionando outras matérias — era muito querido por alunos, colegas e parentes. Pela relevância de seu trabalho, após seu falecimento, seu nome foi dado ao edifício do Fórum Trabalhista de Praia Grande, no litoral de São Paulo, inaugurado em 03 de dezembro de 2003. Sua dedicação à área era tamanha que apresentou tese sobre Direito Romano em Congresso na Universidade de Perúgia, na Itália, como convidado de honra. Em 1995 foi homenageado pela Ordem dos Advogados do Brasil, seção de Santos, cidade em que faleceu aos 87 anos, em 23 de julho de 1996.
Encontro com extraterrestres
O doutor Freitas Guimarães havia contado o episódio que viveu a pouquíssimas pessoas, pedindo total sigilo a respeito. Quase um ano após o fato, no entanto, um político traiu sua confiança e revelou-o à imprensa, provocando enorme interesse jornalístico. Isso resultou em muitas entrevistas concedidas a jornais, revistas e ao ufólogo Walter Karl Bühler, da extinta Sociedade Brasileira de Estudos de Discos Voadores (SBEDV), além de apresentações em programas de televisão e palestras sobre o ocorrido. Infelizmente, no entanto, também sofreu críticas. Adeptos da potencial Associação de Céticos Amadores e Profissionais, Detratores e Infiltrados (Acaprodi) passaram a atacar o magistrado e sua família, criando situações bastante embaraçosas — a ponto de, após sua morte, a viúva jogar fora toda a documentação a respeito do caso, incluindo recortes de jornais e vasta correspondência recebida do Brasil e exterior, incluindo cartas de pessoas que também tinham estado dentro de discos voadores.
Ouça e leia a transcrição na íntegra clicando aqui.
Em palestra gravada que fez em 1980 na já extinta Loja Maçônica Amphora Lucis, unidade das Grandes Lojas Maçônicas do Estado de São Paulo (GLESP), o doutor Freitas Guimarães queixou-se dos ataques que sofreu ao ter seu caso revelado pelo tal político e fez um relato completo do evento, de onde tirei muitas das informações para compor este texto [A transcrição está disponível na íntegra em ufo.com.br].
O fato se deu em 16 de julho de 1956*, durante o governo do presidente Juscelino Kubitschek. João de Freitas Guimarães saiu da cidade de Santos, no litoral de São Paulo, onde morava, e dirigiu-se em seu carro para a cidade praiana de São Sebastião, cerca de 130 km ao norte, onde chegou ao entardecer. Como a estrada tinha muitas curvas e ele não gostava de correr, demorou de 7 a 8 horas para chegar, encontrando o fórum local já fechado. Ele então se hospedou no Praia Hotel, localizado na Avenida doutor Altino Arantes, chamada Rua da Praia, para tratar no dia seguinte de um caso envolvendo terras de um cliente de seu escritório de advocacia. Como se sabe através de seu próprio relato, pediu uma sopa para jantar, que não conseguiu tomar porque estava péssima.
São Sebastião recebeu este nome do navegador Américo Vespúcio, em 20 de janeiro de 1502, por ser o dia de São Sebastião. Para os índios tupinambás e tupiniquins que viviam na região, as caravelas que chegavam ao litoral deveriam ser tão estranhas como os discos voadores são hoje para o homem moderno. Após o jantar, o doutor Freitas Guimarães saiu para um passeio a pé e num monumento próximo leu a placa alusiva à fundação da cidade, e andou um pequeno trecho em direção à vizinha Caraguatatuba. Após a breve caminhada, o advogado sentou-se e ficou olhando e ouvindo o mar, tendo a praia à sua frente e Ilhabela ao fundo — seu carro ficara estacionado na frente do hotel. A mesma praia seria aterrada anos depois para a criação de um imenso parque com muitas áreas de lazer para o público. Aquele foi o cenário do contato.
Vultos semelhantes a seres humanos
De repente, João de Freitas Guimarães viu um clarão seguido de um jato de água e algo estranho saindo do mar, que pensou ser uma baleia. Mas aquilo voou em sua direção e pousou a uma pequena distância à sua frente, apoiando-se em esferas no final de hastes metálicas que encostaram na praia e no mar. Que distância esse aparelho teria navegado submerso? O advogado calculou que o veículo, de natureza ao mesmo tempo submarina e voadora — como a de alguns UFOs —, deveria ter cerca de 20 m de diâmetro por 6 m de altura. Tinha uma tarja no meio e exalava um cheiro ácido e desagradável. Uma escada foi baixada do objeto e de seu interior desceram dois vultos que, no escuro, pareciam seres humanos. Eles caminharam em sua direção. Quando se aproximaram, o doutor Freitas Guimarães viu que eram altos, claros e pareciam jovens. Não tinham barba, seus cabelos eram loiros, até os ombros e os olhos, claros. Os seres vestiam macacões de cor verde cana sem enfeites e se estreitavam na altura do pescoço, punhos e tornozelos, e usavam botas parecendo ser de napa.
tilde;o à força
Diante dos estranhos, e imaginando serem estrangeiros, João de Freitas Guimarães perguntou em português se poderia ajudar em algo ou dar alguma informação, mas não obteve resposta. Como era poliglota, perguntou o mesmo também em francês, inglês, italiano e espanhol, igualmente sem sucesso — ele também era fluente em latim, alemão, russo, grego e esperanto. No entanto, ele entendeu em sua mente que os forasteiros lhe diziam: “Se quiser conhecer nosso aparelho e fazer uma pequena viagem nele, venha”. O advogado achou que estava imaginando essa proposta e continuou a perguntar se poderia ser útil, novamente recebendo a mesma frase em sua cabeça — foi quando se deu conta de que era uma comunicação telepática. Quando decidiu que aceitaria o convite, o ser que estava à sua frente captou seu pensamento telepaticamente, virou-se e foi para a nave, subindo a escada flexível com facilidade, apoiando-se com uma das mãos.
No interior da nave
O doutor Freitas Guimarães o acompanhou, mas subiu a escada com dificuldade, apoiando-se com as duas mãos. A outra entidade veio a seguir. Na entrada da nave havia um terceiro ser e, lá dentro, mais dois — eram cinco seres extraterrestres no total. Em seguida, com todos a bordo, fechou-se a escotilha do disco voador e o mesmo decolou. Neste ponto da narrativa, quero reiterar às autoridades municipais de São Sebastião a sugestão de que coloquem um marco no local do encontro, como já foi feito em outros países, que servirá de atrativo aos turistas que visitarem o município. Afinal, ali se deu um dos mais importantes casos de contatos diretos entre humanos e ETs já documentado — e para João de Freitas Guimarães ir ao espaço sideral, não foi preciso nem rampa de lançamento.
O advogado descreveu o interior da nave como sendo meio ovalado e com um cilindro ao centro que ia do chão ao teto. Encostado nele havia um sofá flexível, macio, parecendo ser feito de napa, sobre o qual o sentou. Sobre seu espaldar havia um instrumento luminoso que continha dois círculos concêntricos, com uma área toda iluminada e quadriculada. Nele havia muitos sinais e anotações, e três agulhas de diferentes tamanhos se movimentavam. Daquele cilindro central saíam paredes que separavam compartimentos quase triangulares, que João de Freitas Guimarães não conheceu, e na parte próxima ao exterior havia vigias ao alto com vista para fora. A nave era feericamente iluminada, mas não se viam lâmpadas.
Em sua palestra na referida loja maçônica, o doutor Freitas Guimarães deu muitas informações técnicas sobre o vôo que fez naquele disco voador. Logo que sentou no sofá, o aparelho fez um ronco surdo e um ligeiro movimento, quando então se viu cair água pelas vigias. O advogado perguntou aos seus anfitriões se estava chovendo e foi informado de que não, que a água era formada pelo rotor do veículo. O vôo se deu, inicialmente, com o advogado vendo o escuro da noite e, em seguida, o que descreveu como um “espetáculo fantástico, extraordinariamente fantástico”. A escuridão deu lugar à claridade e ficou dia, e o viajante viu que havia blocos de nuvens de vários tamanhos dispersos, com o Sol dourado nelas batendo e criando lindas cores. A impressão era de que a nave estava parada e as nuvens é que se moviam a grande velocidade.
A seguir, o aparelho se aproximou de uma zona azul escuro, cheia de astros luminosos, e a nave trepidou levemente, o que causou um pouco de medo ao doutor Freitas Guimarães. Mas, antes de perguntar o que se passava, recebeu a informação telepaticamente: “Não tenha receio. Acabamos de deixar a atmosfera de seu planeta e mudamos o regime de navegabilidade”. Ele não entendeu o que isso significava, mas, a partir daí, João de Freitas Guimarães poderia ser considerado o primeiro astronauta terrestre — Yuri Gagarin foi ao espaço em 12 de abril de 1961, e o brasileiro Marcos Pontes só chegou a essa altitude em 29 de março de 2006. O advogado então se lembrou de que tinha deixado seu carro na rua, na frente do hotel, e ficou com medo de que pudesse ser roubado. Mas a viagem continuou com uma sucessão de dia e noite no exterior da nave, quando ele calculou que já estariam voltando para São Sebastião.
O retorno a São Sebastião
O relógio de João de Freitas Guimarães havia parado às 19h40. Durante toda a viagem o magistrado conversou telepaticamente sempre com o mesmo ser, tendo obtido respostas a muitas de suas perguntas, porém uma não foi respondida: de onde eles vinham? Quando a nave finalmente pousou no mesmo local de onde tinha decolado, abriu-se uma escotilha e o professor desceu sozinho — a viagem tinha demorado cerca de 40 minutos. Ele teve vontade de correr, mas se conteve para não demonstrar medo e também porque no local havia uma gramínea na qual poderia tropeçar e cair. Então foi até o hotel, acertou seu relógio e verificou que seu carro estava perfeito. Em seguida, pagou sua conta e voltou para sua casa, em Santos, enfrentando mais uma longa viagem em estrada de más condições, agora ainda mais perigosa porque era noite. Conseqüentemente, o trabalho que teria que fazer no dia seguinte no fórum ficou para outra ocasião.
Ao chegar à sua residência em Santos, de madrugada, João de Freitas Guimarães contou o ocorrido à sua esposa e, nos dias seguintes, a poucos amigos nos quais confiava, pedindo sigilo a todos. Relatou também um dado inusitado: que havia marcado um encontro com os seres extraterrestres para um ano depois, no mesmo local e horário do primeiro contato. Pouco tempo antes desta data, no entanto, seu amigo político revelou a experiência à imprensa, que deu a notícia com grande destaque. Como resultado, tanto o doutor Freitas Guimarães como sua família começaram a ser perturbados por incrédulos inconvenientes e às vezes grosseiros. O caso tomou grande repercussão e o possível segundo encontro causou preocupação a algumas autoridades, como o coronel aviador Coqueiro [Nome completo ignorado], que procurou o professor e sugeriu que não fosse,
pois a Força Aérea Brasileira (FAB) teria lá dois esquadrões de caças a jato à espera dos visitantes. Naturalmente, o noticiário a respeito também levaria ao local mais jornalistas e curiosos.
Um estranho radar extraterrestre
João de Freitas Guimarães atendeu à sugestão do militar e não compareceu, mas o disco voador foi visto na área determinada, no dia e hora marcados, por grande número de pessoas — isso também foi amplamente divulgado pela imprensa. Lógico que, para confirmar esta informação e ter mais detalhes sobre ela, seria importante ter acesso aos registros dos radares daquela data. Após sua experiência e sua popularização, o advogado recebeu grande quantidade de cartas de pessoas do país e do exterior, inclusive civis e militares que também afirmavam ter viajado em discos voadores. Ele foi igualmente procurado pelo comandante do Navio Escola Almirante Saldanha, da Marinha, a famosa embarcação envolvida em outro episódio clássico da Ufologia Brasileira, o Caso Ilha da Trindade.
Como se sabe, foi a partir do Almirante Saldanha, enquanto fundeado ao largo da Ilha da Trindade, que 48 tripulantes e passageiros viram um disco voador em 16 de janeiro de 1958 — fotografado na ocasião por Almiro Baraúna [Veja edições UFO 082, 115 e 170, agora disponíveis na íntegra em ufo.com.br]. Foi seu comandante quem informou ao doutor Freitas Guimarães que o instrumento que havia sobre o espaldar do sofá na nave em que ele viajou era o “mostrador de um radar altamente qualificado”. Na palestra em que revelou este fato, entretanto, o advogado não mencionou em que se baseou o militar para dar tal informação. Segundo fui informado, o Posto Oceanográfico da Ilha de Trindade tem um livro histórico onde podem estar registrados diversos casos de UFOs sobrevoando o local, conforme reportagem feita em 1999 pelo jornalista Ernesto Paglia para o programa Globo Repórter. O livro seria administrado pelo 1º Distrito Naval, no Rio de Janeiro.
Registro de UFOs pelo radar
Em 16 de janeiro de 2002, foi gravada uma edição sobre Ufologia do programa Circuito Night & Day, no qual fui entrevistado pelo apresentador, o deputado federal Celso Russomanno, junto com o engenheiro Ozires Silva, que é oficial da Reserva da Aeronáutica e chegou a ministro de Estado. Em sua carreira, acumulou posições de respeito, como fundador e presidente da Embraer, presidente da Varig e da Petrobras. De relevante para a Ufologia foi sua participação na chamada Noite Oficial dos UFOs no Brasil, de 19 de maio de 1986. Na ocasião, ele estava em um avião Xingu quando, a pedido da torre de controle do Aeroporto de Brasília, procurou, viu e relatou a presença de UFOs em seu trajeto [Veja edição UFO 140, agora disponível na íntegra em ufo.com.br].
O programa Circuito Night & Day foi levado ao ar em 19 de janeiro de 2002, quando reprisou a histórica entrevista de Russomanno com o brigadeiro José Carlos Pereira, então presidente do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), membro da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) e atualmente conferencista em congressos de Ufologia. Naquela ocasião, Pereira mostrou ao entrevistador um dos livros do órgão com ocorrências ufológicas registradas em radares sobre o Território Nacional [Veja edição UFO 111 agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. Este dado é importante para ser citado aqui porque, em 16 de julho de 1956, quando se deu o encontro entre João de Freitas Guimarães e extraterrestres em São Sebastião, com a respectiva viagem na nave, já havia cobertura de radar sobre a área onde o fato ocorreu, que fica na mais importante e movimentada rota aérea do Brasil, entre São Paulo a Rio de Janeiro.
Pedido oficial de informações
Levando-se isso em consideração, é de se supor que nossas autoridades tenham a documentação da “invasão”, naquela data, do espaço aéreo brasileiro por uma nave possivelmente armada de uma potência extraterrestre desconhecida — que, neste caso, se deu tanto no solo quanto em nossas águas territoriais. Tal documentação precisa ser guardada eternamente e espera-se que seja colocada à disposição do público e estudiosos com a maior brevidade.
A Lei 11.111/2005, que serviu de base para a campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, promovida pela Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), regulamenta novos prazos que o Governo deve seguir para manter sob resguardo documentação de caráter sigiloso, como são os arquivos referindo-se à manifestação ufológica no país [Veja edição UFO 160, agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. O mesmo instrumento permite a qualquer cidadão ou entidade requerer tais informações à Comissão de Averiguação e Análise de Informações Sigilosas (CAAIS), ligada à Casa Civil da Presidência da República e criada para este fim. Assim, usando meu direito constitucional, em 30 de março de 2009 — mais de 50 anos após o evento —, requeri certidão ou reprodução de documento informando a que horas um UFO teria aterrissado por duas vezes em São Sebastião, em 16 de julho de 1956.
Esta informação é indispensável para que a história saiba com precisão a duração da viagem de um professor de Direito Romano paulista ao espaço, muito antes do que Yuri Gagarin, o primeiro homem terrestre a ir em órbita. Para os filhos, netos, bisnetos e futuros descendentes de João de Freitas Guimarães, bem como para as muitas entidades às quais ele esteve relacionado, essa informação será também a arma definitiva par
a contestar céticos. Em resposta ao meu requerimento, no entanto, a FAB enviou ofícios muito cordiais, mas não atendeu ao pedido e não forneceu qualquer documentação com os registros dos radares daquela data.
Como considero tais dados de grande importância, aproveito a oportunidade para reiterar publicamente o requerimento inicial e solicitar que a coleção completa dos registros seja enviada ao Arquivo Nacional, como tem ocorrido com as pastas ufológicas liberadas. Dessa maneira se conhecerá os horários da experiência do doutor Freitas Guimarães. Ao mesmo tempo, os pesquisadores Cícero Buark e Jeannis Michail Platon, autores de obras sobre avistamentos no entorno de Ilhabela, no litoral norte paulista, poderão confirmar a autenticidade de que naves costumam mergulhar no mar na localidade.