No dia 12 de agosto de 1983, às 23h10, no bairro de Maraponga, Fortaleza (CE), quatro jovens tiveram o privilégio de viver uma aventura desejada por milhares de pessoas no mundo: um contato imediato de 2o e 3o graus, ou seja, viram um UFO e seus tripulantes, sendo que talvez um dos contatados tenha sido levado pelos ufonautas, sofrendo alguma interferência física.
A noite era fria e o vento batia fortemente no rosto de João de Lira Pessoa Neto, que dirigia a sua moto Yamaha, levando na garupa o amigo Plínio Couto de Alencar Júnior. Eles tinham ido apanhar um disco a fim de participarem de uma festa na casa de Rejane, cunhada de João Lira. A casa dela ficava a algumas quadras da residência de ambos, no bairro Maraponga.
Um dos mais bem pesquisados casos de rapto por alienígenas no Brasil, ocorrido com o jovem João Lira Neto, em Fortaleza (CE), passa por uma criteriosa reavaliação. Segundo os estudiosos do Centro de Pesquisas Ufológicas (CPU), o caso apresenta características típicas da atividade obscura de seres extraterrestres em operações sinistras na Terra, em processo de aproximação de nossa Humanidade
Tudo corria bem quando, em dado momento, a moto apresentou um defeito, parando de funcionar. Apesar de várias tentativas por parte dos dois amigos, não foi possível fazê-la andar novamente e foram obrigados a empurrá-la de volta para casa e seguir a pé para a festa. No percurso, logo após os trilhos do trem, passaram pela fábrica de postes Cavan, quando tiveram a atenção despertada para um transformador instalado em frente à fábrica que não estava funcionando. Notaram a falta daquele zunido característico que, à noite, era bastante forte por causa do silêncio das ruas da cidade.
Outro fato curioso, que chamou a atenção dos rapazes, diz respeito aos cães vadios que sempre ladravam quando alguma pessoa ou veículo passava e que, naquele momento, estavam calados. O silêncio era quase fúnebre, ouvindo-se apenas os passos dos dois amigos e o coaxar de alguns sapos às margens do terreno enlameado da lagoa de Mondubim. As luzes dos postes piscavam intermitentemente, o que os fez olhar para os lados, pressentindo alguma coisa de anormal.
Realmente algo estava acontecendo: uma luz bastante forte piscava a poucos metros do local em que se encontravam. Era algo estranho que os levou a se aproximarem, sentiram-se compelidos a esclarecer o que poderia ser. Pasmos, viram um objeto a aproximadamente 100m acima da lagoa, refletindo na água escura a sua forma discoidal. Em dado momento, o objeto se movimentou dando a impressão de que iria se aproximar deles, fazendo com que Plínio, nervoso, pedisse a João Lira que se afastassem dali o mais rápido possível e, correndo, seguiram para o apartamento de Rejane.
VENTO PARADO — Lá encontraram, além da dona da casa, Roberto, irmão de João, uma irmã de Rejane e o marinheiro Carlos, conhecido como Cal, que os esperavam para a festa. Ao tomarem conhecimento dos fatos, resolveram voltar todos juntos ao local onde estava o objeto mas, lá chegando, nada mais encontraram, tudo era silencioso, até mesmo o vento havia parado. O ar parecia sufocar, estava pesado, impossível de ser respirado normalmente, fazendo com que dilatassem seus tórax ao máximo para, ainda assim, inspirarem incomodamente.
Ao tentarem mais uma vez localizar o objeto estranho, viram que ele estava aterrissado às margens do lago, sobre uma vegetação escassa, a mais ou menos 150m do local de onde observavam. Era algo em forma de disco, metálico, com janelas grandes e redondas, deixando-se notar seu interior muito iluminado. Dentro, viam-se figuras de pessoas ou algo de aspecto humano, movimentando-se e olhando pelas janelas.
Muito nervosos, pensaram em chamar outras testemunhas e já se preparavam para sair quando Roberto mostrou ao lado do objeto 3 figuras humanóides que pareciam estar apanhando algo ou arrancando arbustos. “Eram como pessoas cobertas com um manto plástico. Tinham um andar bamboleante”, informou Roberto Vasconcelos Lima – irmão de João Lira. “A nave piscava muito. Desaparecia e reaparecia como uma miragem. A certa altura, dando 2 piscadas fortes, desapareceu misteriosamente ou, sei lá, não a vimos mais”, conta Plínio.
Não se sabe ainda se os seres, que pareciam robôs, entraram na nave ou não. As testemunhas, apavoradas, resolveram aproveitar o desaparecimento do objeto para correr quando, repentinamente, outro UFO (ou talvez o mesmo) apareceu sobre eles, provocando uma ventania e, mais uma vez, desaparecendo misteriosamente. Tudo então voltou ao normal. Os cães começaram a latir, sentiram novamente o vento fresco bater em suas faces, as luzes se normalizaram e o transformador voltou a emitir seu zunido constante, enquanto os cinco festeiros corriam apavorados para as suas casas.
MUDANÇA DE COMPORTAMENTO – Mais tarde, em casa, João Lira, sem conseguir dormir, sentia um desejo inexplicável de voltar à lagoa. Pulou a janela sorrateiramente, para que seus pais não o vissem sair e foi até o local do avistamento. Lá chegando, para sua surpresa, viu que o objeto estava de volta e, procurando não ser visto, sentindo ao mesmo tempo medo e uma vontade incontrolável de ir ao encontro dele, tentou pular a cerca de arame farpado que circundava o terreno. Ao subir numa estaca, sentiu-se mal, ficando tonto, com náuseas e as vistas escurecidas. Sentiu que ia desmaiar, caindo em seguida e perdendo os sentidos.
Quando voltou a si, já havia passado mais de duas horas e ele estava sentado ao lado do muro de um campo de futebol. Estava suado, sem camisa e não conseguia se lembrar de como tinha sido levado até lá. Havia em sua mente um incômodo lapso de memória de duas horas aproximadamente. Voltou para a sua casa e contou à sua família que, àquela altura, já havia sentido sua falta, mas ninguém acreditou em sua história. Com o passar do tempo, no entanto, João Lira continuou a contar a mesma versão dos fatos e a história se espalhou pela redondeza, tornando-o centro de curiosidade por parte de amigos e estranhos.
Os UFOs Mudam o Comportamento Social de suas Vítimas
Depois de tudo o que lhe aconteceu, João Lira mudou seu comportamento. Brincalhão que era, passou a ser taciturno, grosseiro, sempre reclamando das coisas e inconformado com tudo, chegando até mesmo a se desentender com a família e com a própria namorada, que já não compreendia o procedimento dele e, por isso, passara a acreditar que algo realmente fora do comum havia acontecido.
A amnésia parcial o deixava perturbado. Não podia viver com aquela dúvida const
ante, tinha que saber o que acontecera com ele naquelas duas horas que tanto o afligiam. Ao contatar o Centro de Pesquisas Ufológicas (CPU), o aconselhamos a fazer uma hipnose regressiva, o que, infelizmente, não foi possível, pois era difícil encontrar em Fortaleza alguém apto para tal, além do fato de que ele temia não regressar do estado hipnótico, não aceitando bem a idéia. Foi a São Paulo, tencionando fazer a regressão mas não chegou a realizá-la.
REGRESSO A FORTALEZA – Não encontrando paz de espírito em São Paulo, João Lira resolveu voltar para Fortaleza quando, então, telefonou-nos solicitando ajuda, pois necessitava urgentemente esclarecer o que acontecera. Àquela altura, tinha pesadelos horríveis, vendo em seus sonhos cidades estranhas, ouvindo sons esquisitos e vozes falando idiomas desconhecidos. Parecia estar monitorado. Não podia continuar vivendo com aquela confusão mental e havia ocasiões em que não sabia o que estava se passando, como se viajasse no tempo e no espaço. Ele não encontrava sossego.
Estava pensando em viver longe, num lugar calmo, no interior, como sempre idealizara. Tentamos fazê-lo ver que deveria procurar um psicólogo ou um psiquiatra, mas ele não aceitou e, segurando um medalhão dourado que sempre trazia no pescoço, fez-nos sentir que não estava louco e, portanto, não precisava de analistas ou médicos. Solicitamos que nos telefonasse na próxima semana, quando então iríamos tentar uma solução para o seu caso mas ele não o fez e não mais tivemos notícias suas.
Numa fria manhã de maio de 1989, Roberto, irmão de João Lira, uma das testemunhas oculares do contato acontecido em Maraponga, agora residindo em São Paulo, acordou sobressaltado, aos gritos. Saltou da cama e, ainda atordoado, procurava esclarecer o que havia acontecido.
Ele sonhou que uma forte chuva estava caindo na cidade e que um sobrinho seu, Eric Lima Chaves, de dois anos de idade, encontrava-se num pequeno barco que era levado pela correnteza, caindo num bueiro de esgoto, desaparecendo e causando a morte da criança. Contou aos pais e, por mais que se esforçasse, não conseguia esquecer aqueles momentos angustiantes que pareciam reais e que o deixavam transtornado. Tinha certeza de que alguma coisa iria acontecer com o sobrinho, pois aquilo foi mais do que um pesadelo, parecia sim um aviso.
Quando Roberto ligou para Plínio, contando o que acontecera, verificou que o amigo, ainda residente em Fortaleza, sonhara com algo parecido. Vira nitidamente alguém sendo levado para o fundo de uma lagoa, o que não o impressionara, pois ultimamente sonhava constantemente com marés, rios, lagos e cidades estranhas. No entanto, achou muito esquisita a coincidência quando Roberto narrou sua angustiante experiência.
A MORTE DE JOÃO LIRA – No dia 21 de maio de 1989, poucos dias após os sonhos acontecidos com os dois outros contatados, às 11h da manhã, João Lira Neto morreu afogado numa lagoa bem longe de São Paulo e Fortaleza, na cidade de Uruoca (CE), em circunstâncias anormais. O contatado havia comprado um pequeno sítio à beira de um açude em Uruoca, onde plantava frutas, verduras e criava alguns animais. Dessa forma, João Lira se isolou, após tantos problemas que lhe foram causados em virtude do contato imediato de 3º grau.
No entanto, apesar de estar longe do ambiente ufológico, não conseguia livrar-se do passado e sempre – como em filmes de alta rotação – vinha à sua mente tudo o que lhe aconteceu naquela noite de agosto de 1983, com exceção das 2 horas que haviam sido roubadas da sua mente. O açude, conforme dados fornecidos por Roberto, tinha aproximadamente 500m de diâmetro e profundidade de 6m, sendo um caminho que servia para encurtar o trajeto entre a propriedade de João Lira e a cidade. Indo por terra, margeando-o, tinha-se que andar cerca de 2 horas, sendo que de barco levava-se apenas 10 minutos para atravessá-lo.
Naquele 21 de maio, um casal amigo encontrava-se na margem oposta à sua casa e acenavam, chamando-o para buscá-los de canoa para atravessarem o açude. Como de costume, João Lira lançou o bote na água, saindo para apanhá-los. Na volta, o pequeno barco começou a encher de água, deixando o casal amedrontado. João Lira saltou e, nadando, passou a empurrar a canoa para a margem até que o bote virou, jogando os passageiros dentro da água.
O rapaz, bom nadador, seguiu para a praia, deixando a companheira, Regina, debatendo-se, prestes a se afogar. João Lira pegou a moça pelas costas, levando-a até uns arbustos a poucos metros da margem, local já praticamente raso, pois não tinha mais que um metro de profundidade. A jovem, sentindo-se segura, em pé, voltou-se para agradecer ao seu herói mas, para sua surpresa, viu que ele não estava ali e virando-se para os outros lados, procurava em vão localizá-lo. Apavorada, gritou por socorro mas seu companheiro, em terra firme, também não fazia idéia de onde estaria o amigo que os ajudara.
A única explicação era que ele teria se afogado. Desesperados, correram em busca de ajuda e por mais que o corpo fosse procurado, não conseguiram localizá-lo, sendo necessário apelar para mergulhadores profissionais do Corpo de Bombeiros de Fortaleza. Depois de 24 horas, ele foi encontrado numa profundidade maior e no centro do açude. Pasmos, os mergulhadores verificaram que ele não apresentava os sinais comuns de afogamento. O rosto não estava roxo, como sempre acontece quando alguém se afoga. Não tinha água nos pulmões e nem havia sido mordido por peixes, o que também é normal em tais circunstâncias.
João Lira parecia, simplesmente, dormir. Suas feições eram tranqüilas. O rosto suave, deixava transparecer uma calma impressionante, enquanto esboçava um leve sorriso existente somente naqueles que realmente encontram a paz ao morrer. Seus braços, pernas, dedos, tudo se mexia normalmente quando flexionado, não havendo a rigidez cadavérica. Os mergulhadores, impressionados com o caso, declararam que jamais haviam presenciado algo assim, pois ele parecia não estar morto. Tudo isto foi informado ao Centro de Pesquisas Ufológicas (CPU) por Roberto.
No pescoço da vítima, um medalhão místico pendurado por um grosso cordão testemunhara tudo que realmente aconteceu e quem sabe, talvez até tenha sido um dos responsáveis pelo que vinha acontecendo na vida atribulada daquele contatado. João Lira tivera o privilégio de manter contato com enigmáticos seres que nos fazem imaginar que, bem distante daqui, alguém com uma inteligência muito superior à nossa, esteja monitorando aqueles que foram escolhidos para serem recrutados para missões impossívei
s de prevermos, aqui ou fora do nosso planeta.
POSSÍVEL IDENTIFICAÇÃO – João Lira ganhou o medalhão de um amigo ioga, cujo nome ignoramos, no qual havia inscrições místicas desconhecidas dos familiares. Ele, seguindo orientação deste amigo, jamais o tirava do pescoço, mantendo-o permanentemente colado ao peito. Talvez tivesse a esperança de que aquele amuleto o ajudasse, um dia, a lembrar o que realmente lhe acontecera ao perder o sentido à frente do UFO, na lagoa de Mondubim. Depois de sua morte, a família deu o medalhão a Roberto, pedindo-lhe que também o usasse sempre, pois ali estava a imagem viva do filho querido.
Alguns dias depois, Roberto, agora morando em Belém (PA), foi em companhia de amigos banhar-se num dos rios daquela cidade e lá, quando voltou à tona depois do primeiro mergulho, notou que o medalhão havia desaparecido misteriosamente. No pescoço estava apenas o cordão que o pendurava. Angustiados, mergulharam várias vezes tentando localizar aquela relíquia que tanto significava para a família mas jamais a encontraram. O que mais os deixou perplexos, foi o fato de o cordão permanecer intacto, pois era praticamente impossível que o medalhão se quebrasse sem levar o cordão junto.
A família, cansada de tanto sofrimento, acredita que, na realidade, aquele misterioso amuleto seria um elo de identificação. Pensam ainda que eles, aqueles misteriosos passageiros do UFO que o contataram, tiraram o medalhão do peito de Roberto, por ele ser desmerecedor de conduzi-lo ou porque seu verdadeiro dono, o recrutado J. Lira, encontrava-se bem longe, cumprindo uma missão qualquer no enigmático e impressionante mundo dos discos voadores.
COINCIDÊNCIAS DEMAIS – As coisas não acontecem como a gente pensa ou acha que deveriam acontecer. O destino, guiado por mãos invisíveis e dominantes, vai nos levando através dos atos do teatro da vida, fazendo-nos ser, ora o artista principal, ora o vilão que sofre na pele os horrores da peça, da qual somos protagonistas. Depois da morte do filho, a família, organizando seus objetos pessoais, encontrou uma foto de João Lira aos dois anos de idade e verificou que a semelhança com o sobrinho Eric, residente em São Paulo, era muito grande.
Outro fato digno de destaque é que, exatamente no dia em que a vítima perecia em Uruoca, senti uma vontade incontrolável de buscar nos arquivos a pasta contendo todos os dados sobre o caso pois pressentia que alguma coisa estava faltando e, portanto, deveria ser revisado, completado e divulgado. Sem saber o que poderia ser adicionado na conclusão da pesquisa, deixei o relatório em cima do móvel.
Sem conseguir guardá-lo, fui, num domingo, até a casa onde João Lira morava e a encontrei fechada. Um vizinho informou que a família estava morando em Belém há algum tempo e que, infelizmente, não possuíam o endereço, fazendo-nos imaginar que o caso se encerraria por aí. Passados oito dias, o ufólogo e amigo Raimundo Nonato Alves, residente em Maraponga, nos procurou para informar da morte de João Lira, dando-nos o endereço da família em Belém e se desculpando por não haver comunicado o CPU antes, apesar de sentir-se impelido por uma necessidade urgente de nos procurar.
Assim chegamos à triste conclusão de que o que faltava nos arquivos do caso era, infelizmente, a morte de João Lira. Ao procurarmos a família, obtivemos todos os detalhes já mencionados anteriormente, que dão um tom cada vez mais místico ao enigmático Caso João Lira Neto.