Já está se tornando hábito esperar pelo surgimento de novos agroglifos no oeste catarinense, nos meses de outubro e novembro de cada ano. E essa expectativa não está sendo frustrada, porque desde 2008, quando o fenômeno teve início no Brasil, eles estão aparecendo e encantando. Mas se em anos anteriores as figuras nas plantações do estado causaram espanto, dessa vez os misteriosos autores de tais formações se superaram. Somente na cidade de Ipuaçu, onde o fenômeno teve início e parece se concentrar, foram registradas de uma só vez duas formações distintas com um total de 13 círculos e outras figuras, desenhos belos e complexos. Assim, vale a pena fazer uma retrospectiva das manifestações dos últimos anos para reforçar que o fenômeno chegou ao Brasil para ficar.
Desde o início do fenômeno em nosso país, a Revista UFO tem perseguido sua ocorrência onde quer que ela se dê, com seus integrantes comparecendo pessoalmente aos locais para levantar as circunstâncias de cada nova manifestação [Veja edições UFO 146, 161 e 182]. Foi assim quando o fenômeno teve sua inauguração aqui, em novembro de 2008, no município de Ipuaçu, cidade de 6,5 mil habitantes do oeste catarinense, distante 520 km da capital, Florianópolis. Mas, talvez, o primeiro caso de sinal em plantação em nosso território tenha se dado poucos dias antes na localidade de Quilombo, também naquela região. Lá, às 04h00 de 05 de novembro de 2008, a família do agricultor Antônio Zanella ouviu um grande estrondo seguido de um tremor durante a chuva que caía na madrugada. No dia seguinte, espantados, os Zanella descobriram que parte de sua plantação de milho estava queimada e quebrada, além da existência de estranhas ranhuras e rachaduras no chão. Mas parou por aí e nada além disso foi descoberto naquela área.
Observação de luzes misteriosas
Alguns dias depois, agora em Ipuaçu, a apenas 60 km de Quilombo e próximo a Xanxerê, na mesma região de Santa Catarina, o fenômeno chegou de vez. Na manhã do domingo, 09 de novembro, de 2008, agricultores encontraram os primeiros agroglifos autênticos brasileiros. Eram duas formações similares, cada uma delas composta de um círculo circundado por um anel, distantes poucos quilômetros uma da outra. Naquele período, de 05 a 11 de novembro, inúmeros avistamentos de luzes misteriosas — sondas ufológicas — foram informados à Revista UFO partindo de pelo menos 12 municípios catarinenses, entre os quais, no oeste do estado, Chapecó, Xanxerê, Ipuaçu, Bom Jesus, Abelardo Luz, Joaçaba e Treze Tílias. No Vale do Itajaí, região central de Santa Catarina, tivemos relatos vindos de Brusque e Rio do Sul, e no sul do estado, de Garopaba, Lajes e Palmitos.
Os agroglifos de Ipuaçu apresentavam todas as características que caracterizam esses fenômenos em outros países, como a ausência de vestígios de ação humana, a inexistência de marcas de pneus ou presença de ferramentas cortantes. Igualmente, foram constatadas mutações a nível celular nas plantas atingidas e as mesmas estavam dobradas a poucos centímetros do solo, sem morrer e em contínuo crescimento em formato espiralado, no sentido horário. Naturalmente, uma febre se abateu sobre a Ufologia Brasileira, que nunca tinha tido um único caso de agroglifo registrado em sua história, e ao passo que os pesquisadores que compareceram aos locais garantiam que eram legítimas as marcas de Ipuaçu, outros, céticos que não se deram ao trabalho de investigar os fatos, bradavam que eram falsos.
Em 2009 o fenômeno se repetiu mais uma vez em Ipuaçu, mas agora bem mais complexo. Em 30 de outubro, o relato de um novo agroglifo eclodiu nas listas de debate da Ufologia Brasileira — porém dessa vez não eram círculos e aneis, mas a forma elaborada de uma seta composta por três triângulos e um círculo. Naquele dia, no meio da manhã, a comerciante Bernardete Trevisan observou algo estranho em uma plantação de trigo e chamou a atenção de seu marido, que trabalhava na propriedade em questão e viu que os sinais não eram naturais. Autoridades foram chamadas para investigar o que era e realmente se constatou que se tratava de um agroglifo que ocupava uma vasta área sobre uma plantação de trigo, tendo a forma de uma lança ou seta — um desenho simétrico e elaborado. O caso foi imediatamente investigado pela Equipe UFO [Veja edições UFO 146, 161 e 182].
A Polícia Militar foi chamada
Passou-se um ano e em 2010 não houve, pelo menos até meados de novembro, nenhuma notícia de nova formação no estado de Santa Catarina. Até que fotos do que seria um agroglifo circular foram enviadas à Revista UFO pelo senhor Jorge Dal Zot, funcionário da prefeitura de Ipuaçu. O caso teria sido registrado em 01 de novembro, quando um morador da cidade estava passando pela localidade de Toldo Velho, não distante do centro de Ipuaçu, e fotografou em uma plantação uma formação geométrica representada por círculos concêntricos. Em 03 de novembro, em diversas ligações feitas para moradores e autoridades do município, descobriu-se que a Polícia Militar havia ido ao local, a pedido do proprietário da fazenda onde o suposto agroglifo apareceu — e os policiais alegaram que se tratava de uma fraude.
Eram três círculos concêntricos em uma colina íngreme, cuja técnica de confecção foi aparentemente diferente da utilizada com os agroglifos de 2008 e 2009. Já em 04 de novembro, o prefeito de Ipuaçu, Denilso Casal, em entrevista a uma rádio local, teria confirmado a fraude, segundo a assessora de imprensa da prefeitura, Alexandra Gregianin. Porém, alguns dias depois, em 07 de novembro, por volta das 15h00, vários moradores do bairro Sufiatti, em Xanxerê, observaram durante 20 minutos quatro objetos em forma de bacia fazendo movimentos horizontais e verticais. Em uma surpreendente reviravolta no caso do “falso agroglifo”, em 10 de novembro um professor aposentado residente no município de Galvão, próximo a Ipuaçu, foi a Toldo Velho e constatou que a formação era autêntica — a impressão de ter sido falsa se deu porque, na época de sua descoberta, ela já estava bem desgastada por pelo menos 15 dias de chuva, Sol e crescimento da plantação.
Características de autenticidade
No quarto ano consecutivo da manifestação de agroglifos em Santa Catarina, 2011, novamente eles voltaram ao est
ado e aparecem inicialmente em dois municípios. Na tarde do dia 31 de outubro surgiu o primeiro relato de duas novas formações no município de Bom Jesus, também próximo a Ipuaçu — as figuras eram visíveis a partir da rodovia SC 467, a não mais do que uns 500 m da pista. Eram dois círculos de 14 m de diâmetro cada com aneis externos, distantes uns 300 m um do outro [Veja artigo nesta edição]. “Naquelas formações o trigo estava deitado e já quebrado, provavelmente como resultado de pessoas visitando o local e, devido ao crescimento da plantação, deveriam ter sido feitos uns 15 dias antes”, avaliou o repórter e ufólogo Ivo Luis Dohl, de Xanxerê.
Em 04 de novembro, um novo agroglifo circular surgiu a apenas três quilômetros da prefeitura de Ouro Verde, pequena cidade igualmente próxima de Ipuaçu e vizinha de Bom Jesus. Também com uns 14 m de diâmetro, essa nova formação era composta de um círculo central e um anel externo, com plantas dobradas em sentido anti-horário — características típicas de um autêntico agroglifo. O editor da Revista UFO A. J. Gevaerd estava presente na região para investigar o primeiro agroglifo, de Bom Jesus, quando foi surpreendido pela notícia da segunda figura, recém-descoberta, dirigindo-se para lá e sendo uma das primeiras pessoas a adentrá-la. Após análises iniciais, Gevaerd constatou que não somente a recente formação de Ouro Verde, mas também as de Bom Jesus eram autênticas. Porém, o melhor ainda estava por vir…
Apenas alguns dias após a descoberta de agroglifos naquela região, novas e complexas formações apareceram em Ipuaçu, fazendo com que o fenômeno retornasse ao seu ponto de origem. Dessa vez o fato ocorreu no domingo 06 de novembro, mas seria descoberto no dia seguinte. Eram dois conjuntos, os mais complexos jamais vistos no Brasil desde o primeiro caso, em 2008. No fim da manhã da segunda-feira, 07 de novembro, o site da Rádio Porto Feliz, de Mondaí, na região, divulgou a descoberta de um intricado agroglifo em Ipuaçu. Mas a notícia não levava em conta que, a pouca distância dessa figura, outra ainda mais elaborada estava presente em uma plantação de trigo.
A Equipe UFO entrou imediatamente em contato com moradores da região e obteve imagens impressionantes e em alta definição de ambas as figuras — sendo que uma delas seria posteriormente também registrada por via aérea. As informações iniciais do primeiro agroglifo de Ipuaçu de 2011 davam conta de um conjunto de quatro círculos, um maior e três menores, ligados entre si por “tubos” na plantação. Em seu interior, o trigo mais uma vez estava dobrado em sentido circular e os pontos de contato entre as plantas dobradas e as intactas era preciso — mais uma forte indicação de autenticidade do fenômeno. Mas se esse conjunto já impressionou os pesquisadores, o que seria descoberto em seguida, a partir do avião que sobrevoava Ipuaçu para registrar o primeiro caso, surpreenderia ainda mais.
Evolução do fenômeno no Brasil
Era uma formação ainda mais complexa, não distante da primeira, descoberta por volta das 16h30 daquela mesma segunda-feira, 07 de novembro. Na manhã seguinte, fotos aéreas feitas desse novo conjunto foram publicadas em um site da internet e reproduzidas pelo Portal da Ufologia Brasileira [ufo.com.br], o site da Revista UFO, mostrando o quanto eram impressionantes.
Nesse novo conjunto, evidenciando uma rápida evolução do fenômeno no Brasil — até então de manifestação tímida, se comparada a de países europeus —, vários círculos com tamanhos diversos estabeleciam relações de distância e escalas entre si e um setor cônico que se projetava a partir do círculo maior, descrito pelas testemunhas como um “cálice”. Pela primeira vez desde que o fenômeno foi iniciado em nosso território tínhamos um agroglifo semelhante, em complexidade, aos crop circles ingleses, onde tudo começou há três décadas. Mas, apesar do significado da descoberta, a receptividade da imprensa para o fenômeno foi impressionantemente desestimulante, ao contrário do que ocorreu nos anos anteriores.
Mesmo com o apoio da Prefeitura de Ipuaçu, que cedeu o avião para fazer fotos aéreas, notícias sobre os novos agroglifos foram saindo apenas esporadicamente em poucos registros jornalísticos, insuficientes para despertar a necessária atenção de mais testemunhas e de pesquisadores para o fenômeno — além, é claro, do público em geral. A grande apatia e descaso da mídia com o fenômeno ficou incompreendida pelos ufólogos. Nos dias seguintes à descoberta, uma ou outra matéria surgiu aqui e ali em jornais ou noticiários da TV, sem que os acontecimentos fossem abordados em detalhes — a imprensa tratou do assunto com desinteresse raramente visto antes em ocorrências ufológicas.
Isso, no entanto, não desestimulou os pesquisadores, que colheram amostras das plantas em 09 de novembro, já encaminhadas ao cientista atmosférico Ricardo Varela Correa, conselheiro especial da Revista UFO e professor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), onde os exames estão sendo realizados — os resultados serão anunciados quando estiverem prontos. Já dos agroglifos de Bom Jesus e Ouro Verde, visitados pelo editor Gevaerd, não foram colhidas amostras para exames. “Em vez disso preferi, em entrevista que concedi à imprensa local, conclamar técnicos e engenheiros agrícolas das várias instituições que lidam com o campo em Santa Catarina, para que averiguassem os fatos e analisassem as plantas e o solo”, disse Gevaerd.
Sinais de pegadas no solo
Novas manifestações de supostos agroglifos também foram registradas dias depois, mas dessa vez não eram autênticas. Os dois novos relatos surgiram em 15 de novembro, quando moradores encontraram um círculo de aproximadamente 20 m de diâmetro em um milharal da cidade de Nova Itaberaba, no sudoeste catarinense e distante 85 km de Ipuaçu. Nesse caso, a plantação de milho estava quebrada e havia pegadas no solo por toda a extensão do círculo, denunciando a fraude. Em reportagem a uma emissora de TV, o agricultor Iuri de Conto afirmou que as plantas estavam dobradas na mesma altura e disse acreditar que aquilo não tenha sido feito por seres humanos. Mas a análise do local por especialistas apontou que a formação não é um autêntico agroglifo — embora não necessariamente seja uma fraude deliberada.
Por fim, em 18 de novemb
ro, outro suposto agroglifo foi encontrado em uma plantação de trigo próxima do bairro Nações, em Fraiburgo, no meio-oeste catarinense, distante 240 km de Ipuaçu. O morador Dirceu Pereira, que descobriu o círculo, disse ter ouvido um barulho bem diferente do habitualmente emitido por maquinário agrícola, às 02h00, e encontrou a formação circular no trigal. Pereira comentou que essa seria a segunda vez que marcas semelhantes são encontradas em plantações locais, sendo a primeira em 2009, mas do outro lado da rodovia SC 453, que corta a propriedade. Uma análise preliminar das fotos mostrou que o trigo foi quebrado de forma irregular, apresentando características bem diferentes de formações autênticas.
Analisando todos os casos legítimos desse fenômeno no Brasil, de 2008 a 2011, percebe-se que, além daquela região particular de Santa Catarina ser a única do país escolhida para abrigar os agroglifos, o período de sua incidência vai de 15 de outubro a 15 de novembro — com maior probabilidade de manifestações em torno no início do mês de novembro de cada ano. Dessa forma, resta-nos aguardar uma confirmação dessa hipótese em novembro de 2012. Até lá, apesar dos falsos alarmes, a complexidade das formações que apareceram na região de Ipuaçu nessa safra de 2011 oferece bastante material para se estudar o significado de tais impactantes obras de arte de origem misteriosa.