Muita coisa ainda está para ser esclarecida sobre os avistamentos e ataques a pessoas ocorridos no Pará, entre os anos de 1974 e 1978, especialmente na ilha de Colares, onde foi mais intensa a manifestação do fenômeno que assustou toda a população daquela vasta região, o chupa-chupa. Como se sabe, em 1977, a situação ficou insuportável para os moradores das áreas atingidas e a Força Aérea Brasileira (FAB) decidiu então lançar uma ofensiva para investigação dos ataques, a chamada Operação Prato, que começou em setembro e acabou em dezembro do mesmo ano.
A onda do chupa-chupa ou “luz vampira”, como era muitas vezes chamada pelos ribeirinhos do Pará e do vizinho Maranhão, foi detectada inicialmente na região do Rio Gurupi, que corta ambos os estados e onde mais tarde se concentrariam os casos de maior gravidade que já se viu na casuística ufológica brasileira. A Operação Prato foi lançada num momento em que, felizmente, os ataques começaram a diminuir de intensidade. Mas a vida dos moradores daquelas áreas não foi fácil até que isso ocorresse, e centenas de casos de agressões pelas luzes foram registrados, dos quais pelo menos quatro resultaram em óbitos. A missão militar foi a maior iniciativa de que se tem conhecimento para investigação oficial do Fenômeno UFO no Brasil, e foi classificada como confidencial dentro das normas do Regulamento para Salvaguarda de Assuntos Sigilosos.
Na maioria das vezes os avistamentos eram noturnos, quando os UFOs sobrevoavam as pequenas comunidades litorâneas e rurais, levando pânico e terror. Segundo relatos da época, os objetos tinham formato geralmente esférico, seguidos dos de aparência cilíndrica e uns raros em forma de peixe. Muitas testemunhas dão conta de que transportavam em seu interior criaturas semelhantes a seres humanos de estatura média. As vítimas do chupa-chupa eram em geral adultas e de ambos os sexos. Os incidentes ocorriam normalmente de forma casual, quando estavam em suas casas, nas ruas, igrejas e escolas. Segundo a doutora Wellaide Cecim Carvalho, médica enviada pela Secretaria de Saúde do Pará para tratar das vítimas, que dava expediente na pequena unidade sanitária de Colares, cerca de 60 a 70% dos ataques da luz vampira eram dirigidos a mulheres [Veja UFO 114 a 117].
Sugando a força vital — A doutora Wellaide ainda explicou à Revista UFO que as lesões nos atingidos configuravam-se em queimaduras de primeiro a segundo graus, não superiores a 15 ou 20 cm de extensão e eram localizadas, na maioria das vezes, sobre a região torácica. O que mais a impressionou foi que a pele das vítimas parecia necrosada, como se os ataques tivessem ocorrido há dias, embora tivesse acontecido há poucas horas. Os que eram atacados pelo chupa-chupa também se queixavam de vertigem, dores no corpo, tremores, falta de ânimo, sonolência, fraqueza, rouquidão, queda de pêlos, descamação da pele lesada e freqüentes dores de cabeça. “Parecia que aquela luz retirava não apenas sangue das vítimas, como se constatou, mas também sua energia vital, porque elas não tinham mais forças para nada”, diz a médica.
Toda essa situação já foi longamente exposta e documentada pela Revista UFO e outras publicações, inclusive os resultados obtidos durante a Operação Prato, embora nossos governantes tenham preferido manter silêncio sobre a missão militar, mesmo passadas três décadas [Veja seção Mensagem do Editor]. Assim, na falta de uma manifestação oficial de nossas autoridades, a Comunidade Ufológica Brasileira tem se valido de investigações constantes na região onde ocorreram os fenômenos e da cooperação de alguns poucos militares que resolveram revelar o que sabiam. Entre eles, evidentemente, o que mais contribuições deu para denunciar os fatos foi o coronel Uyrangê Hollanda, que comandou a operação e, 20 anos depois de encerrada, concedeu uma bombástica entrevista à UFO, revelando detalhes dos procedimentos da missão na selva e como ele e seus homens estiveram frente a frente com os seres extraterrestres que pilotavam as naves na Amazônia.
Agora, 10 anos após a histórica entrevista de Hollanda, surge um novo militar também disposto a revelar o que sabe sobre as ações secretas da FAB no Pará. O tenente-coronel Gabriel Brasil, aposentado da Aeronáutica e ainda residente em Belém, é este homem. Embora inicialmente reservado e indeciso quanto até que ponto poderia chegar em suas declarações, o militar decidiu contar muita coisa que vinha guardando para si após uma rápida intervenção do editor da Revista UFO, A. J. Gevaerd. Apesar de não ter participado diretamente da Operação Prato, ele estava na ativa no I Comando Aéreo Regional (COMAR I) durante sua realização, e compartilhou informações com os homens que a conduziram, em especial o coronel Uyrangê Hollanda, de quem foi muito amigo. Como também se sabe, o I COMAR foi a instituição que controlou as atividades da operação. Já reformado, Gabriel Brasil ainda guarda em seu arquivo pessoal cópias das fotos de UFOs tiradas na ocasião por Hollanda e seus homens em Colares.
Ele as apresentou a este autor, mas a maioria delas já era conhecida pela Comunidade Ufológica Brasileira, por terem sido várias vezes publicadas na UFO. Em sua entrevista, o militar também descreveu avistamentos de naves que teve pessoalmente nas décadas de 50 e 70, testemunhando que considera o Fenômeno UFO uma coisa séria e inquestionável. Durante o período em que esteve na ativa, ainda na década de 1980, o tenente-coronel foi chefe do extinto Serviço Regional de Proteção ao Vôo de Belém (SRPV-BE). Além disso, na mesma época, foi professor de teoria de propagação ionosférica na Universidade Federal do Pará (UFPA), quando teve um dos avistamentos mais marcantes de vida.
UFO no meio da noite — “Eu dava aula à noite e naquela época os funcionários da UFPA estavam em estado de greve. De repente as luzes do campus se apagaram e eu pensei que fossem representantes da categoria impedindo que déssemos aula. Saí da sala junto dos alunos para ver o que era e exatamente em cima da Ilha do Combu havia uma luz amarela com 300 a 500 m de diâmetro”, declarou o militar, referindo-se à ilha localizada na foz do Rio Guamá, bem em frente da universidade e ponto turístico de referência de Belém. A luz observada, segundo Gabriel Brasil, era muito intensa e permaneceu por vários segundos no ar. “De repente, aquilo desapareceu como se tivesse se teletransportado para algum lugar. Simplesmente desapareceu na nossa frente”. Depois de Hollanda, ele é o militar que mais contribuiu com a revelação de informações sobre a Operação Prato. Vejamos a entrevista exclusiva que concedeu.
O senhor tem em seu acervo algumas fotos que mostram os UFOs observados durante a Operação Prato, e disse ter visto muitas outras e ainda assistido a filmes feitos pelos militares em Colares. O que este material todo contém? As fotos são retiradas dos filmes feitos pelos militares da Aeronáutica durante aquela missão na selva. Num deles aparece uma sonda ufológica com 80 cm de diâmetro, que foi fotografada e filmada à noite ao lado de um coqueiro pela equipe do coronel Uyrangê Hollanda. Aquela sonda circulava por Colares e era ela que imobilizava as vítimas e recolhia materiais [Sangue de pessoas e amostras orgânicas e minerais do meio ambiente], segundo as informações da equipe que esteve lá. Além disso, eu assisti a um filme, que os colegas conseguiram, em que se vê a aproximação de uma nave. Ela tinha descido do céu e arriado uma escada para seus tripulantes saírem do objeto. Mas quando eles perceberam a chegada da equipe do Hollanda, subiram de volta no aparelho e decolaram, deixando um rastro de luz bastante intenso e permitindo que fosse feito bastante material fotográfico. As imagens mostravam também como era o funcionamento das tais naves, que aparentemente operavam através da variação da luz [Tese defendida por certos militares que atuaram na Operação Prato]. Agora, o que tinha dentro delas para se fazer essa avaliação, ninguém sabe.
Algumas fotos da Operação Prato acabaram vazando, mas infelizmente os filmes nunca saíram dos quartéis. O que o senhor, que os assistiu, poderia nos falar sobre eles? O que eles mostravam? O que eu posso informar sobre a operação militar que aconteceu em Colares é que os registros resultaram principalmente em quatro filmes, que tinham duração de oito a 10 minutos cada. Naquela época, quem comandava o I Comando Aéreo Regional (COMAR I) era o brigadeiro João Camarão Telles Ribeiro, que reuniu representantes da sociedade e autoridades locais para mostrar o material obtido. Também vieram para aquela reunião militares do Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial, de São José dos Campos (SP). Além deles, acredito, estavam representantes da NASA. Os filmes foram apresentados durante o encontro, mas depois disso nunca mais se soube deles. Eu sempre tive uma forte relação de amizade com o saudoso coronel Uyrangê Hollanda, principalmente por causa de assuntos relacionados a discos voadores, pois ambos apreciávamos o tema. Ele me informou que os filmes obtidos por sua equipe foram enviados a Brasília, e creio que devem estar lá até hoje [Segundo fontes, estariam no Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), na capital do país]. Naquele acervo era possível ver atividades dos objetos voadores não identificados sobrevoando a área, pousando, decolando e até entrando na água direto, sem reduzirem sua velocidade. Os filmes também apresentavam naves pequenas entrando em outras maiores. E ainda mostravam as operações das sondas, que coletavam material.
O senhor sabe onde foram parar essas fotografias e filmes? Devido a toda a amizade que eu tinha com o Hollanda, várias cópias das fotos vieram parar em minhas mãos, e as mantenho até hoje. Ele também me mostrou duas imagens obtidas no município de Tomé-Açú, bem no interior do Pará. Em uma delas aparecia uma nave pousando em determinado local, o que fica claro porque aparecem as marcas das sapatas da nave [Trem de pouso]. Eu também vi outra foto na qual é possível perceber que houve a coleta de material do solo a uma relativa altitude. Atualmente, eu não sei aonde essas duas imagens foram parar [Ao fim da Operação Prato, Hollanda entregou todas as fotos e filmes ao comando do I COMAR e não reteve nada para si].
outro ponto de vigília usado pelos oficiais
No período em que foi realizada a Operação Prato, em 1977, o país sofria com a ditadura. Existem teorias que afirmam ter havido a presença de militares norte-americanos em Colares, e que eles teriam influenciado os brasileiros para que todo o material obtido na missão fosse apreendido e enviado a Brasília. O que o senhor sabe sobre isto? Eu desconheço completamente esta versão. Não havia nenhum norte-americano aqui. Na época, eu trabalhava diretamente com o brigadeiro Camarão e com certeza eu teria sabido disso. A realidade é que ele recebeu uma determinação lá de Brasília para que fossem feitas investigações sobre o chupa-chupa, quando então foi montado um grupo de trabalho que passou vários meses em Colares. Era a Operação Prato. Muito material foi coletado pelos militares, que também fizeram os avistamentos. Mas tudo foi apresentado para a sociedade e apenas os filmes foram encaminhados a Brasília. Daí eu nunca mais ouvi falar deles. É possível que ainda existam, mas sabe-se lá onde…
Na Região Amazônica existem muitos casos de avistamentos de discos voadores e até de contatos com seres extraterrestres. O senhor saberia dizer que locais exatamente eles acontecem? Além da ilha de Colares, outra região em que os fenômenos eram e ainda são constantes é a que está compreendida no delta do Rio Amazonas, indo de lá até a divisa do Pará com o Maranhão. Outro local onde ocorrem vários avistamentos de naves é a região próxima do Rio Tapajós, onde eles são tão constantes que se tornaram comuns entre os ribeirinhos, fazendo parte de seu cotidiano.
Além de acompanhar o desenvolvimento da Operação Prato e de constatar seus resultados em fotos e filmes, o senhor também teve experiências pessoais de avistamentos de naves. Como elas ocorreram? Sim, tive um avistamento na década de 50, quando estudava na Escola da Aeronáutica, que funcionava no Campo dos Afonsos, na Ilha do Governador [Área militar onde está a Base Aérea dos Afonsos, no Rio de Janeiro]. Eram 02h00 e eu estava de serviço na pista de pouso e decolagem da base, quando observei uma luz descendo na vertical a uma velocidade incrível. Tinha uma cor amarelada, tipo lâmpada de sódio. Quando se aproximou um pouco solo, mudou de direção em 90 graus e manteve aparentemente a mesma velocidade, quando a luz então mudou para a cor verde. Isso para mim foi incrível, porque entre as leis que nós conhecemos, da Mecânica de Newt
on e até a Mecânica Quântica, aqueles movimentos eram impossíveis. Qualquer corpo mudando de direção sofre os efeitos de massa e velocidade, e assim haveria uma autodestruição do mesmo. Mas aquele objeto que eu vi não sofria a força da gravidade e nem a mudança de direção. Esse foi um dos avistamentos.
O senhor teve mais algum avistamento? Poderia nos contar? O outro caso aconteceu na década de 70, quando eu ainda lecionava teoria de propagação ionosférica na Universidade Federal do Pará (UFPA), à noite. Numa determinada época, os funcionários públicos estavam em estado de greve e o movimento também atingia a universidade. Numa ocasião, estava dando aulas quando de repente as luzes se apagaram. Eu pensei que fossem alguns representantes da categoria impedindo que déssemos aula, e saí junto com alguns alunos para ver o que se passava. Estudantes de outras turmas fizeram o mesmo, resultando num aglomerado de gente no pátio do campus. Então, exatamente em cima da Ilha do Combu, que fica bem na frente da UFPA, havia uma luz amarela muito intensa, com tamanho entre 300 e 500 m de diâmetro. Aquela luz permaneceu ali parada por vários segundos, quando de repente desapareceu como se tivesse se teletransportado para algum lugar. Simplesmente desapareceu na nossa frente. Além desse caso, eu também tive outro avistamento na década de 70, em cima das instalações da Embratel, em Belém. Era por volta das 23h00 quando surgiu uma luz branca muito intensa, passando a média altitude e com uma velocidade incrível. Como piloto e acostumado com as velocidades das aeronaves, estranhei muito aquilo. Porque naquela década não havia, como ainda hoje não há, nenhuma aeronave que pudesse voar àquela velocidade, cruzando o horizonte tão rapidamente. Eu estimo que a luz estava em torno de seis a 10 mil quilômetros por hora. Tentei fotografar, mas foi tecnicamente impossível.