Parece que os agroglífos – como são chamados os misteriosos sinais em plantações do mundo inteiro – chegaram em definitivo à América do Sul. Após as marcas deixadas por um objeto voador cilíndrico em canaviais de Riolândia, no interior de São Paulo [Veja edição UFO 139], que se repetiram em diversas cidades brasileiras em 2008, e os círculos no oeste de Santa Catarina, em especial em Ipuaçu, investigados pelo editor da Revista UFO A. J. Gevaerd, marcas passaram a surgir também em plantações de trigo na província de Salta, extremo norte da Argentina. Antes dos casos brasileiros e deste novo fato no país vizinho, os agroglífos ainda não haviam se manifestado no continente.
Salta está localizada quase na fronteira da Argentina com a Bolívia e é conhecida pela beleza de suas paisagens, compostas de cânions e montanhas. É neste cenário que tem sido relatados inúmeros avistamentos de UFOs, que vão desde sondas ufológicas a naves maiores e estruturadas. Há casos que remontam aos primórdios da fundação da província, no ano de 1582. É normal naquelas paragens o surgimento de luzes no céu, que deixam a população intrigada. Mas desde 23 de outubro o que acontece em Salta é mais que simples manifestações luminosas. Episódios registrados a partir desta data se referem a manobras impossíveis de serem reproduzidas por aparelhos conhecidos. Agora, além do surgimento das luzes, foram encontradas marcas em três campos, semelhantes às deixadas nos famosos círculos nas plantações inglesas e, mais recentemente, no Brasil.
Os agroglífos apareceram após o surgimento das luzes não identificadas, que se movimentaram em diferentes direções sobre lavouras de trigo da cidade de Chicoana, daí a associação dos eventos e a conclusão de que inteligências extraterrestres estariam por trás do fenômeno, assim como em Ipuaçu [Veja edição UFO 149]. Os sinais nas plantações argentinas não chamariam tanto a atenção se não fosse pela grande quantidade de pessoas que testemunharam as manifestações luminosas. Na pequena Chicoana, cidade no centro da província, distante 35 km da capital, o movimento das misteriosas luzes foi intenso, e lá estavam os agroglífos na manhã seguinte. O caso atraiu a atenção de pesquisadores de todo o país e inclusive do exterior. A evolução das luzes foi acompanhada por dezenas de pessoas que tentaram, em vão, filmá-las e fotografá-las – mas suas câmeras simplesmente deixaram de funcionar, assim como os celulares e telefones fixos, o que lhes impediu de ligarem para a polícia.
Mais de 80 testemunhas
Um dos observadores é o diretor de uma escola-albergue da região, José Silva, que assistiu ao espetáculo aéreo junto de 80 dos mais de 100 alunos do estabelecimento. Ao ver as marcas no trigal, na manhã seguinte, ficou espantado. “Estou aqui há 10 anos e jamais havia visto algo deste tipo na plantação. Descarto que o desenho tenha sido produzido pela natureza ou que alguém o tenha feito. São marcas estranhas, muito estranhas”, disse Silva. Entre os estudiosos que levantaram os fatos estão Luis Alberto Reinoso, do grupo Estudio de los OVNIs (Edovni), da cidade de Rosário, o radialista e pioneiro da Ufologia Argentina Guillermo Aldunati, que comanda o programa de rádio Más Allá del Limite, os investigadores Daniel Brusco e Néstor Indelangelo, que produziram um completo relatório do caso, e o famoso investigador peruano, Anthony Choy, correspondente internacional da Revista UFO em seu país. Enfim, um time de peso investigou o primeiro caso argentino de círculos nas plantações.
Os ufólogos colheram vários relatos de testemunhas da observação, entre eles o de Raúl Martinez, proprietário de um trailer de cachorro-quente localizado a dois quilômetros do ponto onde apareceram as marcas. Martinez conta que “eram aproximadamente três da madrugada quando observei, junto do meu filho, luzes e flashes multicolores que logo pararam de se mexer e formaram um conjunto, uma grande estrutura única”. A manifestação toda teria durando cerca de cinco minutos e Martinez tentou filmar o fenômeno, mas, curiosamente, seu aparelho celular parou de funcionar como se não tivesse bateria. Depois, o UFO, que parecia pousado sobre o campo e ainda soltando flashes coloridos, elevou-se e se afastou a uma velocidade assombrosa. Logo após isso o celular do comerciante voltou a funcionar.
“Luzes que dançavam sobre o campo”
Ele acrescentou que “eram estranhas luzes que dançavam sobre o campo de trigo e que em algum momento cessaram seus movimentos erráticos e permaneceram a pouca altura do solo, durante um tempo considerável. Logo depois se elevaram e sumiram no horizonte”. Vale lembrar que tem sido comum em todo o mundo a observação de objetos voadores não identificados, geralmente luminosos e estáticos ou a baixa velocidade, sobre os campos onde, nas manhãs seguintes, são encontradas as marcas. No caso de Ipuaçu, Gevaerd colheu inúmeros depoimentos de pessoas de toda a região que viram objetos de vários tamanhos, formatos e cores sobre as plantações de triticale e trigo Inézio Trentin e Nilson Biazzotto, nas quais foram encontrados os primeiros agroglífos desta temporada – os primeiros do Brasil –, em 09 de novembro.
Outra testemunha de UFOs em Salta é Julio Benítez, que reside a 80 m da escola-albergue, na Vila Fanny de Chicoana. Ele diz que eram quatro horas da manhã quando sua esposa levantou da cama e viu as luzes sobre os trigais, chamando-o para que pudesse vê-las também. “Era espantoso”, declarou. Federico Arnaldo Gutierrez, técnico do canal de televisão Nortevisión Satelital, da região, foi um dos poucos que atravessou a cerca que separa o campo plantado e andou pelas marcas logo após seu surgimento, na mesma madrugada. “Era muito estranho. Parecia que algo bem pesado havia pousado sobre o trigal, que estava amassado, mas não cortado. Não havia sinais de queimaduras nem nada. Somente estes rastros em formato geométrico&rdq
uo;, disse Gutierrez.
Depoimentos
Declarações como esta foram colhidas à exaustão em Salta, confirmando que o modus operandi das inteligências por trás do fenômeno atuaram de maneira semelhante tanto em Ipuaçu quanto na Argentina.
Uma das ufólogas mais respeitadas da província de Salta é Mercedes Casas, que investigou os acontecimentos imediatamente após tomar conhecimento dos fatos, e relata que “a região conta com casos muito interessantes de avistamentos, dignos de serem pesquisados a fundo”. Mercedes afirma também que a notícia sobre as marcas encontradas só apareceu nos jornais em 28 de outubro, mas que desde a quinta-feira, 23 de outubro de 2008, UFOs rondavam a localidade. “Os sinais no campo de trigo têm vários formatos, alguns são circulares e outros retangulares, e todos com aproximadamente de um metro de profundidade”, diz a estudiosa. Ela também entrevistou muitas testemunhas que observaram as manobras e movimentos de luzes e diz que há casos registrados até 22 de novembro, quase um mês após o início da onda ufológica em Salta.
Mercedes garantiu que a população daquela localidade, predominantemente rural, continua relatando o aparecimento de objetos luminosos. E lembrou que os moradores de lá conhecem bem o céu e sabem distinguir as luzes que viram de satélites e fenômenos meteorológicos. “Os UFOs observados tinham características marcantes e únicas, que ninguém confundiria com Vênus, satélites, estrelas cadentes ou mesmo aviões. O que me contam as testemunhas é que são luzes que nunca tinham visto antes e objetos que se movimentam sobre a cidade e os campos a altitude bem baixa”. Há casos em que observadores declararam ter visto os artefatos não identificados a 50 ou 100 m do solo. A multiplicidade dos acontecimentos daquela noite leva os estudiosos a acreditarem que a região foi sobrevoada por inúmeros artefatos. Há relatos vindos também da vizinha cidade de Metán, que fica do outro lado da Represa Cabra Corral, na Cordilheira de Metán. Mas nestes casos não foram registradas marcas em plantações.
Mensagem não decifrada
São três os campos onde apareceram os sinais, todos em Chicoana. Os pés de trigo estavam amassados formando interessante desenho. O prefeito da cidade, Diego Ricardo Tarcaya, pediu aos bombeiros – que possuem uma escada de 44 m – para irem até o campo e tirar fotografias desta altura, para se estimar se poderia ser um sinal com uma mensagem inteligente ou apenas um efeito da natureza. “Descartamos esta possibilidade assim que vimos as fotos e fomos ao local. Não é possível que algo natural tenha provocado aquele efeito”, disse o prefeito. O campo onde as marcas foram mais preservadas, justamente o que foi fotografado, é o que está em frente da escola-albergue, cujo dono impediu a entrada de curiosos e permitiu apenas a dos especialistas. “Nas fotografias podemos ver bem a existência de um desenho, que tem linhas e círculos, mas não conseguimos decifrar o que significa”, completou
Após o fenômeno dos círculos surgir na Inglaterra, há quase 30 anos [Veja edição UFO 146], hoje ele está presente em muitos países do mundo e agora também na América do Sul, onde nunca um havia sido registrado. Conforme disse a ufóloga Mercedes Casas, “sabemos que os desenhos têm um significado, mas não sabemos qual é e precisamos nos concentrar neles para chegarmos a uma conclusão definitiva”. Ela lembra que é importante que os ufólogos se unam trabalhem em conjunto, cada um com sua especialidade, junto de agrônomos, biólogos, técnicos agrícolas etc. “Todas as áreas do conhecimento são necessárias para analisarmos este mistério. Somente assim, aceitando abertamente que algo está acontecendo e unindo esforços, é que se chegará a decifrar o que estes desenhos no mundo todo querem nos dizer”. Este pode muito bem ser um recado também para os ufólogos brasileiros que criticaram – sem investigar – os círculos de Santa Catarina.