Uma das obras apócrifas mais impressionantes é o Livro de Enoque, que remonta ao século I d.C. e é atribuído a um judeu helenizado de Alexandria. Considerado um dos mais relevantes à pesquisa ufológica, devido à sua constituição e perfeição na descrição dos fatos, o documento é tido também como uma ferramenta fundamental no entendimento de algumas passagens obscuras dos evangelhos canônicos – sua influência sobre os escritores do Novo Testamento é incontestável. Mostraremos a seguir alguns trechos da obra mais relevantes ao entendimento da milenar presença alienígena na Terra, apenas minimamente editados para melhor compreensão e apresentação:
A chegada de estranhos gigantes
[Capítulo I] Naquele tempo, quando completei 165 anos, gerei meu filho Matusalém. Depois disso, vivi 200 anos e, ao todo, minha vida foi de 365 anos. No primeiro dia do primeiro mês, estava eu sozinho em minha casa descansando no meu leito, quando adormeci. E quando estava adormecido, uma grande tristeza tomou conta de meu coração. Chorei durante o sono e não podia entender que tristeza era aquela, ou o que iria acontecer-me. E então apareceram dois homens, extraordinariamente grandes, como eu nunca vira antes na Terra. Suas faces resplandeciam como o Sol, seus olhos eram como uma chama e de seus lábios saía um canto e um fogo, variados, de cor violeta na aparência. Suas asas eram mais brilhantes que o ouro, suas mãos, mais brancas que a neve. Eles estavam em pé, na cabeceira de meu leito, e puseram-se a me chamar pelo nome. Acordei e vi claramente aqueles dois homens, de pé, na minha frente. Saudei-os e fui tomado de medo. Meu semblante transformou-se pelo terror, e os homens disseram: “Tem coragem, Enoque, não temas. O Deus eterno nos mandou a ti e, vê! Tu hoje deverás subir aos céus conosco, e deverás dizer a teus filhos e aos da tua família tudo o que deverão fazer na casa durante tua ausência na Terra. Não os deixes procurar-te até que o Senhor te devolva a eles”. E não me demorei em obedecê-los. Saí de minha casa, como me foi ordenado, chamei meus filhos Matusalém, Regim e Gaidad, e contei-lhe todas as maravilhas que me haviam dito aqueles homens.
Viagem ao primeiro céu
[Capítulos III a VII] Aconteceu que, depois de Enoque ter falado com os filhos, os anjos o levaram em suas asas ao primeiro céu e o puseram nas nuvens. “E aí eu olhei, e olhei outra vez mais para o alto e vi o éter. Eles me puseram no primeiro céu e me mostraram um grande mar, maior que o mar da Terra”. Trouxeram até mim os anciãos e os dirigentes das ordens estelares, e mostraram-me 200 anjos que dirigiam as estrelas e suas funções nos céus. Voaram com suas asas e apareceram todos que navegam. E aí eu olhei para baixo e via as tesourarias da neve, e os anjos que mantêm seus terríveis depósitos. Vi as nuvens que dali saem e para onde vão elas. Eles me mostraram a tesouraria do orvalho, tal qual azeite de oliva, e sua forma, assim como todas as flores da terra. Além disso, os muitos anjos que guardavam a tesouraria dessas coisas, e como fazem para abrir e fechar. E aqueles homens me tomaram e me conduziram ao segundo céu, e me mostraram as trevas, mais escuras que as da Terra. Eu vi prisioneiros atados, vigiados, que aguardavam o grande e infinito julgamento, e esses anjos eram escuros, mais escuros que a escuridão da terra. Os faziam chorar incessantemente, o tempo todo.
Rio de fogo e armas terríveis
[Capítulo X a XII] Aqueles dois homens me tomaram e me conduziram ao norte, e me mostraram um lugar terrível onde havia todas as maneiras de torturas, trevas e escuridão sufocantes. Nenhuma luz havia lá, mas um fogo escuro constantemente ardia no alto. E havia um rio de fogo que corria, e por todo o lugar havia fogo. Por todo lugar havia geada e gelo, sede e tremores, enquanto que as penas eram muito cruéis. Os anjos temíveis e impiedosos portavam armas terríveis e infligiram torturas tenebrosas. Aqueles homens me tomaram, conduziram-me ao quarto céu e me mostraram os sucessivos acontecimentos e todos os raios da luz do Sol e da Lua. Eu medi seus movimentos e comparei suas luzes, e vi que a do Sol é maior que a da Lua. Seu ciclo e suas órbitas, nos quais eles sempre se movimentam, como um vento de uma velocidade maravilhosa, e o dia e a noite têm um rápido trânsito. Sua passagem e seu retorno são acompanhados por quatro grandes estrelas e quatro à esquerda. Cada estrela tem sob seu controle mil outras estrelas, ao todo oito mil, seguindo continuamente o Sol. De dia, 15 miríades de anjos o assistem e à noite, mil. Seis alados seguem diante da órbita do Sol em suas chamas flamejantes, e cem anjos acendem o Sol. Olhei e vi outros elementos voadores do Sol, cujos nomes são Fênix e Chalkydri, maravilhosos e magníficos, com pés e caudas na forma de leão, cabeça de crocodilo. Sua aparência escarlate é como o arco-íris, seu tamanho é de novecentas medidas, suas asas são como as dos anjos, cada um tem doze. Atendem e acompanham o Sol dando calor e orvalho tal como lhes foi ordenado por Deus. Então os elementos do Sol, chamados Fênix e Chalkydri, irromperam em uma canção. Conseqüentemente, cada pássaro bateu suas asas.
Cânticos que assombram
[Capítulo XVII a XIX] No meio dos céus eu vi soldados armados, servindo ao Senhor, com tímpanos e órgãos, com vozes incessantes, doces vozes, doces e incessantes vozes e vários cânticos, que são impossíveis de descrever. Que assombram qualquer inteligência, de tão magnífico e maravilhoso que é o cântico daqueles anjos, e eu estava encantado ouvindo-o. Os homens levaram-me ao quinto céu e lá me puseram. Vi muitos e incontáveis soldados, chamados Grigori, de aparência humana. Eram maiores que os maiores gigantes, suas faces eram sem viço e, o silêncio de suas bocas, perpétuo. Não havia qualquer serviço no quinto céu, e eu disse aos homens que estavam comigo: “Por que eles são tão sem viço e suas faces melancólicas, suas bocas silenciosas? E por que não há serviço neste céu?” Eles me disseram: “Estes são os Grigori, que com seu príncipe Satanail rejeitaram o Senhor da Luz. E atrás deles estão os que são mantidos nas grandes trevas do segundo céu. Três deles foram à Terra vindos do trono do Senhor, para o Ermon, e quebraram seus votos nas encostas da colina do Ermon. E viram como eram bonitas as filhas dos homens e tomaram-nas por esposas. Sujaram o mundo com suas obras e durante todo o tempo de sua estrada cometeram ilegalidade e promiscuidade. E nasceram gigantes e impressionantes homens grandes e com grandes inimizades”. E então, aqueles homens tomaram-me e me puseram no sexto céu, e lá vi sete grupos de anjos, muito brilhantes e gloriosos. Suas faces brilhavam mais que o Sol resplandecendo, e não havia diferenças em suas faces, comportamento ou maneira de vestir-se. Eles fazem as ordens e
aprendem o movimento das estrelas, a alteração da Lua, a revolução do Sol e o bom governo do mundo.
Frutos da Terra
[Capítulo XIX a XXIII] E quando eles vêem coisas ruins, fazem os mandamentos e dão instruções e cânticos doces e altos, e todos são cânticos de louvor. Esses são os arcanjos, que estão acima dos anjos, e eles avaliam toda a vida no céu e na Terra. Os anjos que estão designados para as estações do ano, os anjos que cuidam dos rios e dos mares e os que cuidam dos frutos da terra. Há os que cuidam de toda a vegetação, dando comida para todos, e os anjos que anotam todas as almas dos homens, todos os seus feitos e todas as suas vidas diante da face do Senhor. Em meio deles estão seis Fênix e seis querubins com seis asas, continuamente com uma voz cantante. Não é possível descrever seus cânticos e seu júbilo diante do Senhor, aos pés Dele. Aqueles dois homens levaram-me até o sétimo céu, e lá vi uma grande luz e as flamejantes hostes dos grandes arcanjos, milícias incorpóreas e dominações, ordens e governos, querubins e serafins, tronos e alguns de muitos olhos. Vi nove regimentos, as estações de luz Ioanitas e tive medo. Comecei a tremer com grande terror, e aqueles homens tomaram-me e me conduziram e me disseram: “Tem coragem, Enoque, não temas”. E mostraram-me o Senhor ao longe, sentado em seu trono muito alto. Pois o que haverá no décimo céu, se o Senhor aqui habita?
No décimo céu, Aravoth, vi como era a face do Senhor, como o ferro que arde no fogo que, ao sair, emite faíscas e queima. E o Senhor disse a Micael: “Vai e despoja Enoque de suas vestes terrestres e unge-o com meu doce bálsamo, e veste-o com os vestidos de minha glória”. E Micael assim o fez, tal qual o Senhor lhe ordenara. Ele me ungiu, vestiu-me, e o aspecto daquele bálsamo é mais que a grande luz. É como o doce orvalho e seu perfume, suave e brilhante como um raio de Sol. E o senhor convocou um de seus arcanjos, chamado Pravuil, mais forte em sabedoria do que qualquer outro arcanjo, que escrevera todas as obras do Senhor. E o Senhor disse a Pravuil: “Traz aqueles livros de meus depósitos e uma pena de escrita rápida, e dá-os a Enoque e incube-o da escolha dos livros”. E Pravuil disse-me: “Todas as coisas que te disse, temo-las por escrito. Senta-te e relaciona todas as almas da humanidade, ainda que muitas delas já tenham nascido, e os lugares preparados para elas na eternidade. Pois que todas as almas são preparadas para a eternidade, antes mesmo da formação do mundo”. E tudo se repetiu por 30 dias e 30 noites, e eu escrevi todas as coisas com exatidão. Escrevi 366 livros.
Nota do autor
Dos capítulos 24 a 33, Enoque cita o conteúdo dos livros que lhes foram passados, relatando a criação do mundo nos seis dias, conforme reza a cartilha bíblica. Em seguida, Deus incube a Samuil e Raguil, os dois seres que conduziram Enoque à sua presença, para o levarem de volta com os livros. Após a entrega das obras e sua divulgação ao povo da Terra, Enoque parte, dessa vez definitivamente, novamente elevado aos céus.