Há muitos anos os astrônomos se deparam com um problema: não existe massa suficiente nos aglomerados e superaglomerados de galáxias distantes para mantê-los coesos. Da mesma forma, estrelas orbitando a periferia de suas galáxias em altíssimas velocidades deveriam rumar para o vazio intergaláctico, já que as medições sobre a massa das galáxias mostram que não existe matéria suficiente para produzir a gravidade necessária para a ocorrência desses eventos.
O astrônomo Fritz Zwicky fez as primeiras descobertas nesse sentido em 1933 e hoje, por meio dos mais avançados instrumentos astronômicos, a ciência estabeleceu que o universo tem uma composição muito diferente do que se pensava anteriormente. Cerca de 68,3% desta é formada por energia escura, um ainda mais misterioso componente que parece estar acelerando a expansão do universo. Outros 26,8% são a matéria escura e a matéria normal de que são feitas galáxias, estrelas, planetas e nós mesmos, que corresponde somente a 4,9% do total.
A existência da matéria escura é indicada por meio de sua interação gravitacional com a matéria comum, pois como o próprio nome indica ela não produz nem reflete luz. Algumas fontes a descrevem como a estrutura que sustenta aos corpos da matéria normal e a teoria mais aceita postula ser ela formada por Partículas Massivas que Interagem Fracamente (WIMPS). E tais partículas, da mesma forma que a matéria comum em relação à antomatéria, teriam suas antipartículas. Mútuas eliminações entre os dois tipos de WIMPS resultariam em um elétron e um pósitron [de massa idêntica a do elétron mas com carga elétrica positiva].
Em maio de 2001 o ônibus espacial Endeavour levou para a Estação Espacial Internacional (ISS) o instrumento Espectrômetro Magnético Alpha 2 (AMS), construído para detectar partículas de raios cósmicos. No último dia 03 de abril foram anunciados os resultados de um ano e meio de trabalho do detector, que localizou cerca de 400.000 pósitrons de alta energia, exatamente na faixa de 10 a 250 GeV (giga elétron-volt), prevista na teoria da matéria escura. Contudo, os cientistas estão cautelosos por ainda não poderem afirmar com certeza que essas partículas comprovam a existência da matéria escura.
Existem outros projetos para a detecção dessa misteriosa substância, como o Grande Colisor de Hádrons (o acelerador de partículas LHC), que entretanto, até agora, não conseguiu sucesso, além de detectores construídos no subsolo que buscam encontrar fraquíssimas interações entre átomos da matéria normal e as partículas da energia escura. Outras teorias foram propostas para explicar o mistério, por meio da análise de experimentos a baixas temperaturas em que nêutrons parecem desaparecer para reaparecer notamente. Alguns cientistas afirmam que essas partículas poderiam estar transitando entre nossa realidade e universos paralelos próximos. Portanto, a matéria escura poderia ser na verdade o efeito gravitacional de um universo paralelo próximo ao nosso.
Imagens dos efeitos da matéria escura no universo
Infográfico explicando a matéria escura
Saiba mais:
Livro: Contatados