Ao contrário do que se pensa, hoje já existe uma grande quantidade de fotografias dos supostos Objetos Voadores Não Identificados (OVNIs ou UFOs). É claro que o problema de sua autenticidade não se resolve tanto pelo exame dos detalhes da foto e seu negativo quando pela análise do fotógrafo e do equipamento usado. Por essa razão, deve-se sempre ser extremamente minucioso e documentar completamente o caso, inclusive os detalhes aparentemente sem importância, concernentes à pessoa que tirou a foto e com que equipamento. Dados sobre a situação social do fotógrafo, informações sobre o tipo de câmera, equipamento e filme usados, o processo de revelação, reprodução e ampliação da foto e a maneira pela qual o fotógrafo chamou a atenção do pesquisador devem ser analisados com precisão. Desde que uma imagem fotográfica como a de um UFO é apenas tão digna de crédito quanto o fotógrafo que a obteve, deve-se exercer um trabalho minucioso na investigação de cada um dos aspectos acima citados.
Dentro desse ponto de vista, muitas fotos de UFO mais antigas permanecem absolutamente inúteis em relação à solução da questão ufológica, justamente porque o pesquisador da mesma, na época, não quis ou não pôde obter todas as informações importantes relativas a seu histórico. Como será visto claramente nesse artigo, procuramos considerar todos os fatores acima descritos, mas fazemos sua exposição, aqui, dentro de certos limites práticos quanto â profundidade da documentação destes fatos. Este artigo examina as várias fases da investigação de uma foto de um UFO obtida em 8 de outubro de 1981, aproximadamente às 11h00 (horário local), na ilha de Vancouver, Estado de British Columbia, no sudoeste canadense.
A evidência da foto consiste num único negativo de filme colorido de 35 mm, cuja revelação mostrava um objeto semelhante a um disco nitidamente focalizado contra um céu claro e azul, com montanhas cobertas de florestas nas proximidades. A análise do negativo original incluiu microdensitometria, ampliações computadorizadas e outros testes que visaram demonstrar, pelas vias do método científico, que a foto era falsa. Através destes testes, tentou-se descobrir se a foto poderia ser forjada a partir de um modelo preso por um fio transparente, ou se refletia tão somente distúrbios atmosféricos, ou ainda quaisquer outras evidências de fraude. No entanto, nossas análises resultaram no fato de que o UFO era realmente um objeto tridimensional, localizado a uma distância de pelo menos 10 metros da câmera e que o reflexo em sua superfície metálica era difuso e de menos luminosidade que uma nuvem ensolarada no mesmo local.
Extensas entrevistas com a fotógrafa responsável pela imagem, seu marido e filha — que não chegaram a ver o UFO naquele instante, enquanto apenas fotografavam a paisagem — e uma completa vistoria do local tendem a confirmar a narrativa completa, mas a natureza do objeto em forma de disco continua não identificada. Os pontos básicos deste trabalho de investigação cobrirão os seguintes tópicos: (a) a foto e seu negativo; (b) a câmera e lente; (c) o filme e sua revelação; (d) os resultados da análise da imagem; (e) os resultados da visita ao local onde a foto foi tirada; (f) a credibilidade do fotógrafo; (g) um breve retrospecto sobre suas características.
A FOTOGRAFIA E O NEGATIVO
Recebemos, para análise, uma tira de filme negativo colorido com duas fotos; uma delas mostrava uma montanha cujo topo estava quase centralizado na foto. Os detalhes do primeiro plano estavam num foco nítido, indicando que ou fora usada uma velocidade de exposição bem alta ou a câmera estava estabilizada — ou ambas as coisas. A Figura nº 1 do texto é uma ampliação desta foto; nela, um objeto em formato de disco nitidamente focalizado é visto acima e à direita do topo da montanha. A ponta do topo da montanha está localizada perto do centro geométrico do filme de 35 mm, o que tende a confirmar o depoimento da fotógrafa de que sua intenção era apenas fotografar as montanhas e que não vira o objeto aéreo. A presença de uma nuvem iluminada diretamente pela luz do sol, através de uma coluna de ar extremamente clara, como é o daquela região, nos fornece um útil limite de superexposição para posteriores medições densitométricas. Sombras escuras, vistas em um grupo de árvores no primeiro plano, levam-nos a concluir que a foto foi obtida em um tempo de exposição de filme mais rápido. Portanto, um máximo de 4.170,00 m-L é presumido para a luminosidade da nuvem e aproximadamente 0,33 m-L para a área sombreada. A claridade atmosférica torna quase impossível calcular a distância de separação entre a câmera e o objeto pelo processo de cálculo de coeficiente.
O negativo desta foto media 36 x 24 mm. Uma ampliação fotográfica da imagem do UFO, que fizemos para analisá-la, serviu para termos medições lineares. Seu maior eixo nesta ampliação media 5,70 cm, enquanto seu menor eixo era de 1,60 cm, dando uma proporção de altura/profundidade de 3,56. A profundidade do domo ou da cúpula protuberante na superfície superior do objeto era de 1,30 cm, e sua altura aproximada era de 0,70 cm (dando uma proporção de 1,86). Assim, podemos ver que a proporção de profundidade do domo em relação ao UFO era 4,38, e a proporção de altura do domo em relação ao disco era 2,29. Enquanto essas proporções se dão em função do ângulo de visão do UFO ou de obtenção da foto, elas também podem ser comparadas com valores correspondentes a de outros casos similares, dados por outra fonte (Referência nº 1), referentes a objetos aéreos de conformação similar e de origem desconhecida que foram relatados ao longo dos anos. Este trabalho prévio demonstra que a presente imagem fotográfica de um disco não é incomum; há um contexto maior de supostas figuras de UFOs no qual este objeto se encaixa.
Uma das medidas que mais auxilia um trabalho de análise fotográfica é chamada de distância hiperfocal. que é a distância mais próxima entre um objeto sendo fotografado e a câmera, na qual o mesmo está em foco o mais nítido possível, quando o ajuste de foco do equipamento está estabelecido “no infinito” Uma vez que a montanha se encontra, na foto, em foco nítido e a fotógrafa afirmou que teve o máximo cuidado em ajustar manualmente a câmera no Infinito, é possível d
eterminar-se a distância hiperfocal deste objeto, conhecendo-se também a extensão focal das lentes e sua abertura (Referência nº 2). Para uma lente de 50 mm de extensão focal e abertura f-11, à distância hiper-focal é de 5 metros. Distâncias correspondentes para aberturas f-8 e f-16 são, respectivamente, 6,7 e 3,3 metros. Portanto, concluímos que o UFO em questão deveria estar a uma distância no mínimo maior do que 3,3 metros e, provavelmente, também maior do que 6,7 metros em relação à câmera, uma vez que ele também se encontra em foco nítido.
O ajuste de foco verdadeiro da câmera utilizada pode ser apenas deduzido através destes cálculos. Um filme com um índice de exposição ASA 100 (como teria sido o referido) e uma lente com a qualidade óptica da indicada neste caso muito provavelmente teriam maior eficiência se a câmera estivesse pré-ajustada a uma velocidade de exposição de 1/125 de segundo, a uma abertura de f-11, para a luminosidade da cena ambiental presente (e verificada) no momento da foto. Finalmente, o negativo estava em muito boas condições e não continha arranhões visíveis, manchas aparentes ou outros defeitos. Apenas um arranhão vertical invisível foi notado em uma camada de corante, como será descrito mais tarde; no entanto, estava bem longe de ser o causador da imagem do UFO (mesmo porque estava longe dela).
A CÂMERA E AS LENTES
A câmera utilizada foi uma Mamiya, modelo 528AL, do tipo reflex (SLR), com lentes Mamiya/Sekor 48 mm permanentemente anexas com 1:2,8 de abertura. O número de série da lente era M197535. A câmera é do tipo automático, o que significa que tudo o que se precisa para tirar uma foto é colocar o filme, ajustar o número ASA correto para o filme colocado na câmera, mirar e focalizar manualmente para maior nitidez e pressionar o disparador. Tanto a velocidade quanto a abertura da câmera se ajustam automaticamente para a melhor exposição. O botão é do tipo comum, no alto da máquina e acionado com o dedo. Uma vez acionado, não é possível uma nova exposição sem que antes se avance o filme até a próxima foto. Para efeito de uma análise mais completa, tomamos emprestada uma destas câmeras e obtivemos, com ela, uma série de fotos sob condições similares às da foto analisada, com mesmo ângulo do sol, luminosidade do céu e outras, para conferirmos possíveis vícios relativos à lente e/ou ao disparador que influíssem na imagem. Nenhum problema sequer foi encontrado. Além disso, a lente deste tipo de câmera é revestida com o material anti-arranhões; assim, nenhum arranhão — nem outras marcas — pôde ser vistos nos elementos das lentes ou em sua superfície, que justificassem a imagem do UFO.
O FILME E SUA REVELAÇÃO
O filme usado pela fotógrafa era um Kodak Safety Film 5035, de 35 mm, conhecido comumente como Kodacolor II. Sua ASA é 100 e a foto em questão estava localizada no negativo sobre o número 11. A chamada curva característica (que significa exposição x densidade óptica), a função modulada de transferência, e a sensibilidade espectral deste tipo de filme são mostrados respectivamente nas Figuras na-2-A. 2-B e 2-C, como extraídos do Manual da Eastman Kodak Company, de 1980.
Os conceitos contextura e granulação de um filme fotográfico também são muito importantes aqui. A contextura é definida como a sensação subjetiva que se tem ao ver a ampliação de uma foto de um padrão qualquer, de regiões de variada textura ou cor, ou ambas as coisas, em regiões de exposição homogênea à luminosidade e à cor. Já a granulação é o resultado de uma medição objetiva do filme, usando-se um instrumento conhecido como densitômetro, que mede as variações de densidade local e dá a sensação de contextura, segundo as publicações da Kodak, edição F-20, de 1973. Os cristais de um filme fotográfico estão dispersos numa gelatina e são colocados em finas camadas sobre uma base de suporte, como papel, por exemplo. É importante notar-se que estes cristais variam em tamanho, em forma e em sensibilidade à energia luminosa; geralmente, eles também estão distribuídos ao acaso. Como diz o manual da Kodak, “dentro de uma área de exposição uniforme, alguns cristais reagirão à exposição; outros, não. A localização dos cristais que reagirão não pode ser determinada, pois eles reagem ao acaso”.
Um dos resultados desta distribuição a esmo de cristais sensitivos á luz é o fato de que podem ser reproduzidos padrões que nada têm a ver com o objeto que foi fotografado originalmente. Se estes padrões são percebidos como tendo formas reconhecíveis, é possível que se conclua que a forma represente um objeto relativo, de alguma maneira, ao objeto originalmente fotografado, quando na realidade não há nenhuma correlação. O diâmetro dos cristais do filme é também importante. O mesmo manual dos filmes da Kodak indica que um diâmetro típico de cristal varia de 0,2 a 2,0 micrômetros. A uma distância normal de visão de 25 a 35 cm, o olho humano pode apenas identificar um cristal (um grão) de 0,05 mm de diâmetro. Normalmente, a visão humana não percebe a estrutura granular em pequenas ampliações e, quanto menor for a média dos diâmetros dos cristais de um filme, maior pode ser a ampliação sem resultados visíveis de “granulação”.
A natureza não-homogênea dos cristais expostos, cada um deles possuindo uma reflexão espectral diferente à luz branca, é a condição necessária para que ocorra a aparência granulada numa foto. Da mesma forma, essa média dos diâmetros dos cristais de um filme se torna um fator significativo para que se decida que abertura usar ao se fotografar. Um diâmetro de abertura de 6,0 micrômetros foi usado nesta análise, o qual era aproximadamente 1/2 da média dos diâmetros dos cristais do filme utilizado.
O rolo de filme Kodak, usado pela fotógrafa, foi revelado comercialmente e, de acordo com a mesma, houve um atraso normal no processo (de aproximadamente uma semana e meia). Ela não pediu cópias nem ampliações especiais de nenhuma foto e um jogo de fotos reveladas (de tamanho “jumbo”) e os negativos coloridos cortados em grupos de duas fotos cada, foram recebidos pela fotógrafa por volta de 6 de outubro de 1981. A observação da foto que estava logo após a analisada, na seqüência do negativo, mostrou uma criança dentro de casa; esta criança era a filha do casal ao qual pertencia a máquina fotográfica. Foi confirmado que esta foto foi batida dentro de sua residência, em Campbell River, no mesmo Estado. Este fato corrobora a história contada pelo casal, concernente à seqüência de fatos sobre sua viagem de automóvel ao extremo norte da ilha de Vancouver, de sua volta e das fotos que eles lembram haver batido. Apenas quando o casal recebeu de volta as fotos reveladas pelo laboratório, em Vancouver, que a fotógrafa e seu marido notaram o estranho disco no céu azul claro perto do topo da montanha.
OS RESULTADOS DA ANÁLISE
A análise do negativo (e também de cópias de primeira mão, em preto-e branco e à cores) incluiu os seguintes passos: (a) medições lineares e angulares; (b) exames de microdensitometria, a fim de estabelecer-se a classificação de densidade óptica; (c) ampliações fotográficas em preto-e-branco usando-se vários papéis com diferentes sensibilidades espectrais; e (d) ampliações contrastantes computadorizadas.
(a) Medições de imagens lineares e angulares — Medições lineares selecionadas da imagem do UFO na foto ampliada foram fornecidas anteriormente (veja parágrafo A fotografia e negativo). As medições angulares mostradas na Figura nº 3 foram determinadas com base nas medições lineares da imagem, na distância focal da lente da câmera e na pesquisa de campo que será descrita adiante. Referindo-se ainda à Figura nº 3, pode ser apontado que o centro fotográfico da foto encontrava-se elevado num arco de aproximadamente 9 graus e a ponta da montanha estava muito próxima de seu centro geométrico. O UFO supunha estar num arco de 1,3 graus. Ângulos de elevação do horizonte local foram medidos com um teodolito de trânsito, de um observador para o topo da montanha, da localização do fotógrafo e da localização do Sol. Estas medições mais recentes foram obtidas à mesma hora do dia, no mesmo dia do ano e com localização idêntica à da foto original, mas dois anos depois. Estes resultados são apresentados na Figura n° 4, com o UFO mostrado de perfil. O exato contorno do UFO não é conhecido; igualmente, a protuberância em forma de domo em seu topo não está representada nesta figura.
(b) Resultados do exame de microdensitometria — Um microdensitômetro de gravação da marca Joyce Loebl, com x 20 de poder objetivo, 50:1 de média de ampliação linear, fenda de largura de 0,02 polegadas e altura vertical da fenda de 1 mm foi usado no negativo original. A densidade de calibração foi tomada usando-se uma cunha de encaixe Kodak ND, medindo as densidades no negativo. A maior densidade óptica (mais brilhante imagem positiva) foi de aproximadamente 0,65 a 0,7 log10 ND e foi encontrada na nuvem ensolarada. Isto é equivalente a aproximadamente 4.170,00 m-L de luminosidade. A Figura nº 5 é um minucioso exame vertical através das duas áreas mais brilhantes do UFO, usando-se o microdensitômetro. O ponto marcado T é a área brilhante do domo e B representa a área de menor brilho, na borda frontal do UFO. A linha que representa este exame vertical é mostrada na Figura nº 6. que é uma ampliação da imagem do mesmo. Ambos os pontos T e B possuem uma densidade óptica aproximada de 55 a 0,6.
A densidade óptica do céu azul no negativo é mostrada na Figura nº 5, e tem valor aproximado de 0,4 log10. A inclinação gradual deste traçado densitométrico é devida ao brilho progressivamente crescente do céu, do zênite ao horizonte, enquanto os menores desvios de amplitude são causados por diferentes agrupamentos de grãos do filme. Note-se que a área mais brilhante no UFO possuía menos brilho que a nuvem, numa aproximação por unidade de 0,15 logo. De acordo com manuais de física utilizados (Referência nº 31 uma superfície lisa e polida de prata reflete (dentro do espectro visível) porcentagens cada vez maiores de radiação incidente, de acordo com cumprimentos de onda ascendentes. Pois foi encontrada uma média de valor de reflexibilidade de aproximadamente 90% na foto analisada. Alumínio polido reflete aproximadamente 85%, independentemente do comprimento de onda da radiação incidente, e o mesmo se aplica ao níquel, cuja reflexibilidade aproximada é de 60%, ao silício, com aproximadamente 30%, e o aço (54%). Esta comparação das áreas escuras no negativo sugere que a superfície do UFO era não-polida e muito provavelmente não poderia ser de qualquer um dos metais mencionados acima. Se a luz solar direta tem um brilho aproximado de 250.000 m-L e uma reflexibilidade de 90%, é presumido que a superfície do UFO — em sua área de maior brilho — deva produzir um brilho aproximado de 225.000 m-L, que é bem maior do que o que foi encontrado no negativo.
Um minucioso exame horizontal da foto, usando-se o microdensitômetro mencionado, também foi executado, com vistas à alguma evidência de dupla exposição. Uma dupla exposição pode ser indicada pela presença de margens duplas, se a centralização do filme não é precisamente a mesma da primeira exposição, devido à rebobinagem
manual. No entanto, não foi encontrada qualquer evidência nesse sentido. Ainda mais, o tipo de câmera em questão não fotografa em dupla exposição devido ao seu mecanismo de bloqueio.
(c) Ampliações preto-e-branco em papéis sensitivos a diferentes comprimentos de onda — A área do UFO no negativo foi ampliada em filme pancromático, que fornece uma tradução relativamente completa e sem distorções das três cores primárias no negativo para tons de cinza; isto é mostrado na Figura nº 7-A. A protuberância em forma de domo no alto do UFO é claramente visível. Esta mesma área do negativo foi também impressa, com a mesma ampliação, usando-se papel sensível ao azul e verde, que reduz significativamente a influência do corante vermelho na camada de emulsão para a impressão preta-e-branca final, o que é mostrado na Figura nº 7-B. O papel sensível ao azul e verde aumenta a luminosidade geral do céu e faz quase desaparecer a área do domo do UFO que, aparentemente, não está emitindo nem refletindo radiação na faixa vermelha do espectro.
(d) Resultado do contraste das ampliações computadorizadas — O negativo foi digitalizado usando-se um “scanner” de marca Perkin-Elmer, com abertura de entrada ajustada para 6 microns de diâmetro. A densidade óptica foi determinada em resolução de memória de 16 bits. O negativo foi examinado e digitalizado por três vezes, sendo que cada exame era efetuado usando-se um filtro colorido e tendo-se a distribuição espectral aproximada das camadas de corante no negativo (Referência nº 4). O descarregamento magnético do sistema (“system output”) foi gravado numa fita magnética de 1 /2 polegada, à uma densidade de 1.600 bits por polegada, para processamento e exposição, por um computador digital. A região da foto estudada era apenas ligeiramente maior do que aquela total do UFO, para economia de tempo de processamento e memória. A classificação das densidades ópticas encontradas dentro da área estudada variou de 4 a 400. Desde que as densidades ópticas para a imagem do UFO variaram apenas aproximadamente de 200 a 400, a classificação computadorizada foi truncada, deixando-se de lado os 8 bits superiores; portanto, os outros 8 bits memória, variando de zero a 255 em níveis de densidade, são apresentados em todas as consecutivas ampliações computadorizadas.
As Figuras nº 8 e 9 são ampliações obtidas usando-se apenas o filtro azul, isto é: não há quase contribuição de comprimentos de onda vermelhos ou verdes para esta imagem. Uma ampliação de alto contraste de cor é mostrada na Figura nº 8, usando-se elementos azuis (“pixels”) no monitor do radiação catódica para representar densidades do filme associadas com a imagem do UFO, e elementos vermelhos e laranjas (pixels) para representar as densidades correspondentes no filme à densidade do céu azul circundante. Deve ser enfatizado que não há nenhuma relação destas cores vistas nas ampliações computadorizadas com as cores reais da foto.
A Figura nº 9 mostra uma ampliação preta-e-branca na qual foi usado um contraste não distorcido. Muitos detalhes de superfície tornam-se invisíveis nas Figuras nº 8 e 9, presumivelmente devido à classificação particular de comprimentos de onda refletidos ou emitidos pelo UFO. As duas figuras demonstram que o céu, na foto, está relativamente homogêneo, e que os cristais do filme (cada um deles possuindo uma diferente sensibilidade à luz) se acham, conforme esperado, distribuídos ao acaso. Também é demonstrado que a borda inferior do UFO está relativamente mais nítida na foto do que sua borda superior. A sombra avistada embaixo da borda inferior do UFO, na Figura nº 6, já não é tão visível na Figura nº 9. A Figura nº 10 apresenta uma ampliação obtida usando se um filtro verde, onde as cores púrpura e azul estão ajustadas para as densidades que predominam dentro da imagem do UFO, e a amarela está ajustada para densidades relativas ao fundo de céu azul. Um longo arranhão vertical encontra-se à esquerda da imagem do UFO, dentro desta camada de emulsão. Não apenas a densidade do céu está relativamente homogênea como também as duas regiões de maior brilho no UFO se tornam muito mais visíveis. A forma geral do objeto é simétrica, mas possui finais alongados, embora não seja claro o significado disto.
Foi usado, então, um filtro vermelho para gerar a ampliação mostrada na Figura nº 11. Como notado nas ampliações com filtro verde, também não aparece nesta ampliação o domo do UFO, sugerindo que a protuberância no topo do objeto está ou refletindo ou emitindo comprimentos de onda somente na faixa azul-verde do espectro. Finalmente, uma ampliação composta, incluindo comprimentos de onda azul, verde e vermelho, foi feita. A Figura nº 12 apresenta esta ampliação para ilustrar a homogeneidade do céu, assim como a imperfeição na emulsão e a claridade na imagem do UFO. Nenhuma das ampliações acima mostrou qualquer evidência de algum fio de linha no qual o objeto pudesse estar pendurado.
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A INVESTIGAÇÃO DE CAMPO
Fizemos uma visita esclarecedora ao local onde foi batida a foto nos dias 7 e 8 de Outubro de 1983; realizamos novas fotos, medições e inspeções gerais abrangendo toda a vizinhança do Parque Provincial, onde estava o casal que a obteve. A Figura nº 13 é uma carta topográfica da área, com a montanha indicada. Esta localidade encontra-se logo a teste da Rodovia 19, na ponte sobre o Rio Eve, a aproximadamente 31 quilômetros no sentido oeste/noroeste de Campbell River, na ilha de Vancouver. A área X neste mapa marca a localização aproximada da fotógrafa; este ponto está localizado a 126°14\’ oeste e 50°19.4\’ norte. A fotógrafa e sua família pararam para descansar no parque acima mencionado quando a foto foi tirada. A área retangular marcada com um C é um camping administrado pela Companhia McMillan-Bloedel Lumber, e estava desocupada quando lá estivemos. Uma clareira na área da floresta era coberta de cascalho com algumas construções, bombas de combustível, uma cabana de dinamite e veículos de vários tipos. Intensas luzes de jardim brancas iluminavam a área durante a noite. Um engenheiro civil da localidade era o guia turístico para passeios e nos informou que a fotógrafa esteve a aproximadamente 1.415 metros ao norte da Rodovia 19 (já dentro do parque Provincial), e encarou o pico da montanha a 3° 18\’ norte. A distância oblíqua ao pico da montanha era de 2.527 metros para um ângulo de elevação de 24°17\’. E a altura da montanha em relação ao horizonte local era de 1.040 metros, enquanto a elevação da posição da fotógrafa era de apenas 330 metros sobre o nível do mar.
Apesar de o Parque Provincial estar localizado dentro de uma área limpa de árvores nativas, uma área de reflorestamento se estendia desde a base da montanha até quase seu topo. Depois de inspecionarmos o local, ficou claro que havia espaço sem árvores o suficiente para se fazer decolar um aeromodelo ou para se jogar um “frisbee” ao ar (Editor: Frisbee é um brinquedo de arremesso de formato circular muito popular na América do Norte; é como um prato espesso, que pode muito bem ser confundido com um UFO, e vice-versa). Mas, nem a fotógrafa nem seu marido admitiram ter se divertido com qualquer das duas coisas; igualmente-, não há construções nem lojas em um raio de até 10 quilômetros do local da foto. A fotógrafa não se lembra de haver ultrapassado qualquer veículo na manhã em que bateu a foto, a não ser por alguns caminhões carregados de toras de madeira.
A CREDIBILIDADE DA FOTÓGRAFA
Em casos como este, é essencial estabelecer-se a credibilidade das pessoas envolvidas. A Sra. D. M., de 26 anos, foi a fotógrafa envolvida neste episódio e não quer ter seu nome publicado; ela estava acompanhada de seu marido, 30 anos, sua filhinha de 18 meses e o cão da família. Todos estavam a meio caminho da viagem que faziam para visitar uma irmã de DM na cidade de Holberg, a noroeste da ilha de Vancouver. DM é uma pessoa agradável e desembaraçada, com um interesse apenas casual pelo assunto UFO. Uma inspeção que fizemos em sua residência nos revelou que DM e sua família não têm qualquer interesse em assuntos como ocultismo, psiquismo ou temas do tipo, que pudessem levá-los a ser mais “sugestionáveis” a crer na existência dos UFOs. DM trabalhava numa madeireira em Campbell River e mesmo lá, nesta cidadezinha, não encontramos qualquer pessoa que nos contasse ter interesse por Ufologia ou ter Sido livros sobre o assunto; no entanto, para não deixarmos de ser absolutamente precisos, notificamos que o casal havia assistido ao filme “Contatos Imediato do Terceiro Grau”, já que o marido, anos atrás, tora entusiasta de ficção científica.
Quando perguntamos o que o casal fez imediatamente após notar a figura do UFO na foto (mais ou menos 18 dias depois, a 26 de outubro de 1981), DM respondeu: “Bem, nós não sabíamos o que fazer; mostramos a foto aos nossos vizinhos e a parentes de meu marido…” DM também telefonou à uma Base das Forças Armadas Canadense em Comox, em meados de novembro 1981, para informar aos oficiais o que se passara e saber se estes teriam interesse em examinar a foto. “Só queria saber se estavam interessados na foto e se saberiam algo sobre o que poderia ser o objeto”, declarou. Mas, um oficial da Base disse que não estava interessado no assunto, mesmo após ter anotado o nome e endereço da fotógrafa. Foi somente no verão de 1982 que a família viajou à capital de British Columbia, Vancouver, levando com eia uma foto de tamanho 10 x 12 cm; com a mesma na mão, visitaram o planetário da cidade e conversaram com seu diretor, David Dodge, que chamou David Powell, um interessado em Ufologia. O casal foi então convencido a emprestar-lhe o negativo original, para que mandasse fazer cópias ampliadas; o mesmo foi enviado a Powell, em junho de 1982, e devolvido somente em 28 de janeiro de 1983. Estas datas podem ser significativas na elucidação da credibilidade de DM, baseada numa eventual apreensão que poderia ter para mostrar a foto abertamente, ambas as datas sugerem que a fotógrafa não se importou em esperar por longo tempo antes de procurar uma explicação para a imagem em formato de disco em sua foto. Se este caso se constituísse de uma mistificação deliberada, é mais provável que alguma ação visando lucro houvesse sido tomada logo depois que o disco fosse descoberto — e não quase em ano depois! Mas é claro que este não é um argumento conclusivo para confirmar esta suposição (Referência nº 5).
O autor verificou que a fotógrafa e seu marido eram trabalhadores de classe média. Sua casa era bem conservada e nada foi encontrado que apontasse para uma fraude deliberada. Marido e mulher se achavam perplexos com o que poderia ter originado a imagem do UFO nas fotos. Seu depoimento não foi defensivo, nem eles procuraram esclarecer antecipadamente qualquer ponto de indagação, ou mesmo encobrir algum fato. Por exemplo, quando foi perguntado se possuíam um frisbee, DM respondeu que sim e imediatamente localizou-o para a que fizéssemos uma inspeção; era um de 22,9 cm de diâmetro, preto fosco e modelo “Fifi Profissional”. O marido de DM contou que jogava muito frisbee no passado, mas há muito tempo não o fazia mais — e também não havia nenhuma indicação de que algum tipo de estrutura em formato de domo tenha sido anexada a este frisbee. Durante toda a investigação que fizemos, houve a suspeita de que um frisbee ou objeto si
milar havia simplesmente sido jogado ao ar e fotografado, razão pela qual tomamos tanto cuidado em averiguar a credibilidade da fotógrafa. Igualmente, já que o UFO era extremamente semelhante a um frisbee, tornou-se imperativo conhecermos mais sobre suas características de vôo.
CARACTERÍSTICAS DOS FRISBEES
Vamos apresentar 3 tópicos rapidamente aqui, quanto a este brinquedo: (a) suas características de superfície; (b) seus recordes de vôo em competições; e (c) seus ângulos de vôo e distâncias relativas que alcançam , para tanto, consultamos uma pessoa que trabalha para uma conhecida fábrica de frisbees nos Estados Unidos. Esta pessoa explicou que estes objetos precisam ter uma borda frontal uniformemente circular em sua circunferência e pequenos microssulcos em sua superfície superior, com a finalidade de criar uma força ascensora em seu vôo giratório. Sua opinião foi que a adição de uma estrutura em formato de domo na superfície superior do objeto provavelmente reduziria ou destruiria por completo esta qualidade aerodinâmica do brinquedo. Pudemos provar, então, que isto era mesmo verdadeiro, através de experimentações; igualmente, inspecionamos vários modelos de frisbees e, de um total de 7 diferentes modelos estudados, todos possuíam as características descritas. Muitos tinham uma refletividade aproximada de 80% ou menos e, de 6 modelos fabricados antes de 1981, somente dois possuíam rótulos de papel: os outros continham desenhos coloridos gravados na superfície superior.
Obtivemos os recordes de arremesso de frisbees em campeonatos junto à International Frisbee-Disc Association (IFA), que já promoveu vários torneios do gênero e até Campeonatos Mundiais O recorde masculino de arremesso ao ar livre é de 166 metros, e o feminino de 122 metros. Igualmente, o recorde máximo para tempo de vôo do objeto é de 15,5 segundos. Estes recordes são mencionados aqui apenas para se ter uma noção da capacidade humana nesta atividade. A amplitude linear da imagem do UFO no negativo era de 0,98 mm; assim, como a largura da foto de 36 mm era equivalente a um ângulo horizontal de 48°. a seguinte média pode ser deduzida:
36/48 : 0,98/X
Nesta equação, X ê o ângulo subentendido pelo UFO, que é de 1,307°. Portanto Tan 1,307/2 é igual a 0,0114, que por sua vez é igual a (W/D)2, onde W é a amplitude presumida do objeto e D é a distância de separação entre a câmera e o objeto, Sendo W é igual a 22,9 cm (o diâmetro do frisbee da fotógrafa), D deverá ser igual a 11 metros, o que excede a distância hiperfocal. Assim, segundo este raciocínio, se o UFO tivesse um diâmetro 3,3 ou 16,7 metros, por exemplo, estaria 146 ou 731 metros da câmera, respectivamente. E se o disco estivesse flutuando diretamente acima da montanha, a 2.527 metros do local da fotógrafa, teria que ter, no mínimo, quase 58 metros de largura.
Assumindo que a velocidade do obturador da câmera era de 1 /125 de segundos, e que a imagem em formato de UFO tenha sido produzida por um típico frisbee à uma velocidade de aproximadamente 3,3 metros por segundo, um disco de 22,9 cm de diâmetro (como o da fotógrafa), movendo-se normalmente à linha de visão, percorreria nada menos do que 2,44 cm em seu trajeto nesta linha. Aproximadamente 9,3% do diâmetro do brinquedo apareceria na foto como um borrão, possuindo em ambas as extremidades de sua imagem fotográfica margens pouco ou nada nítidas. Mas, ao contrário, não há nenhum detalhe indistinto ou pouco nítido na foto em questão, o que é um forte argumento para afirmar que o UFO não trafegava normalmente à linha de visão, e nem era um frisbee! Se o UFO estivesse imóvel, teria sido bem mais difícil percebê-lo, particularmente se a fotógrafa estivesse (a) olhando através do visor da câmera e (b) não estivesse esperando observar qualquer coisa parada no ar.
Além de ser muito pouco provável que a foto possa ser de um frisbee, fotografado com técnicas fraudulentas e para fins comerciais, há diferenças significativas no objeto da foto e num brinquedo deste tipo: comprovamos isso através de uma comparação cuidadosa entre a foto original e outras, tiradas de um frisbee com um domo na superfície e construído em escala similar à do objeto fotografado, iluminado pela luz do sol sob condições similares às da foto original e sob as mesmas condições angulares. Os reflexos de superfície do frisbee apareceram muito diferentemente: além disso, a presença dos minúsculos e concêntricos microssulcos deste tipo de objeto não produziria um grau de contraste tão nítido como o que é visto nas Figuras nº 7-B, 8 e 9. E quando anexamos um domo com pouco peso ao brinquedo, este não conseguia voar muito rapidamente nem muito alto; não é provável que outra pessoa possa ter alcançado esta façanha.
Para corroborar ainda mais a credibilidade da fotógrafa, examinamos a foto seguinte à analisada e constatamos que fora batida em Campbell River, na continuidade de sua viagem rumo ao norte. A foto imediatamente posterior à esta também foi localizada, e mostrava DM e sua filha em pé e em frente a um pequeno tanque de água, no parque Provincial, exatamente no mesmo dia em que a foto analisada foi batida e absolutamente como afirmado pela fotógrafa. Se alguém houvesse jogado um modelo de frisbee ao ar com o intuito de fotografá-lo, esta pessoa tirou apenas uma foto — e é muito duvidoso que uma imagem tão claramente focalizada houvesse sido obtida na primeira tentativa, se assumirmos que foi este o ocorrido. Além disso, esta explicação não é plausível à luz das investigações e da pesquisa de campo que fizemos. A afirmação da fotógrafa de que estava tirando uma foto da montanha (e não de um UFO ou um frisbee) é confirmado pelo fato de o topo da montanha estar bem centralizado na mesma – o UFO é que não estava centralizado! Ainda mais, a ausência de qualquer imprecisão no foco sugere que o disco estava quase parado, p que o tornaria mais difícil de ser visto.
Resumindo, esta pesquisa indicou que uma pessoa de alta credibilidade e pouco ou nenhum interesse pelo Fenômeno UFO obteve uma única, nítida e colorida foto de um objeto voador não identificado em formato de disco. Suas reações a isso foram de surpresa e espanto, assim como foi normal seu comportamento “em busca de respostas” para o fato. Não fez ou ganhou dinheiro com a foto e ainda age um tanto embaraçada frente ao fato de haver obtido uma foto de um UFO sem tê-lo visto. Embo
ra a foto seja absolutamente real e isenta de fraude, a Ciência não conseguiu, até hoje, identificar a origem e a natureza do objeto da foto e nem suas intenções ao sobrevoar o local.
REFERÊNCIAS DO TEXTO
(1) Allen, C. W. (Ed.) — Astrophysical quantities, The Athlone Press, Londres (1963).
(2) Companhia Eastman Kodak -Especificações para o filme Kodacolor II (Publicações DS-11). Nova York (1980).
(3) Ibid referência nº 1.
(4) Nota: As camadas amarela, magenta e cyan de formação do filme tinham um ponto máximo de sensibilidade de 425, 545 e 650 mm, respectivamente. Esta técnica permitiu que se analisasse separadamente o conteúdo informativo de cada camada.
(5) Haines, R. F. (Ed.) — Desenhos de UFO feitos por testemunhas, e não-testemunhas: há algo em comum?, publicado em UFO Phenomena nº 2 (1979).
OUTRAS FONTES DE CONSULTA
(1) UFO phenomena and the behavioral scientist — The Scarecrow Press, Metuchen, Nova Jersey.
(2) Entendendo contextura e granularidade (Publicação F-20) — Companhia Kodak, Nova York.
(3) Lentes fotográficas. Publicação Morgan & Morgan, Nova York (1965).
Notas da tradutora
(a) Frisbee é o nome dado pelo inventor à uma espécie de brinquedo esportivo confeccionado em plástico ou material sintético, medindo mais ou menos 30 centímetros de diâmetro, em formato de disco, com uso similar ao de um bumerangue (a atividade recreativa consiste em arremessar o artefato ao ar para que ele “voe”). Muito em voga nos Estados Unidos já há aproximadamente vinte anos, país no qual há campeonatos de vários níveis, tanto de arremesso à distância quanto de acrobacias.
(b) Agradecimento especial da tradutora e da Equipe UFO ao Sr. William Pollard, executivo da Ford do Brasil, Divisão Eletrônica, em Guarulhos (SP), que prestou esclarecimentos sobre frisbees.
Observação: Este texto foi originalmente publicado no Journal of Scientific Exploration. Vol. 1, nº 02, páginas 129 à 147, ano 1987, e está sendo publicado com autorização do autor. A tradução é de Tereza M. de Falcão Arantes e a adaptação redatorial foi feita por A. J. Gevaerd.