Faz agora 14 anos que se emitiu pela primeira vez um surpreendente programa de televisão onde se afirmava que cientistas e sábios de todo o mundo estavam sendo transportados secretamente para uma colônia em Marte, para evitar que perecessem com o resto da Humanidade quando a degradação ecológica acabasse com a vida na Terra. A história – que descobrimos ser uma farsa em sua maior parte – foi mais uma que contribuiu para engrossar a já volumosa lista de temas que foram lançados para contribuir com a desinformação em Ufologia e outras áreas periféricas. Vejamos as peças deste já conhecido assunto em detalhes.
Em 1 de abril de 1977, a cadeia de TV inglesa ITV transmitiu o programa Science Report (Relatório Científico), produzido pela companhia Anglia Television, de Norwich, dedicado ao projeto que se chamou Alternativa 3, uma suposta conspiração monstruosa entre as duas superpotências e cujo objetivo era implantar um “mostruário tecnológico” e elitista da raça humana em Marte, enquanto a mesma sucumbiria na Terra, eventualmente sob o impacto da destruição ecológica e do chamado efeito estufa. Ainda que nos dias subseqüentes à sua transmissão os executivos da ITV e da Anglia qualificassem o programa como uma ficção baseada em especulação de certas tendências científicas e tecnológicas, Alternativa 3 converteu-se numa das tramas mais perduráveis do submundo das histórias de conspirações internacionais.
Alternativa 3 era uma conspiração entre as duas superpotências com o objetivo de implantar um mostruário da raça humana em Marte, enquanto a mesma sucumbiria na Terra sob o impacto da destruição ecológica e do chamado efeito estufa
Nos EUA, onde o programa nunca foi transmitido por cadeias de TV ou por cabo, o mito da Alternativa 3 cresceu assustadoramente com os anos. Uma empresa de vídeo na Califórnia vende atualmente centenas de cópias piratas deste pseudo-documentário a um considerável número de clientes, todos os meses. O livro de mesmo título, publicado pelas editoras Sphere Books, na Inglaterra (1978), e Avon Books, nos EUA (1979), encontra-se igualmente sendo vendido a um grande número de pessoas, e a um preço altíssimo, por estar esgotado durante vários anos. Cópias piratas e xerografadas das edições também circulam em grande número. Estes dados servem para dar ao leitor uma idéia da dimensão que o sucesso do programa atingiu [Editor: no Brasil, a revista Planeta publicou uma série de vários artigos, nos quais condensou toda a história da Alternativa 3].
Justamente quando a conspiração de desinformação (oficial?) representada pela Alternativa 3 começava a ser ignorada, até meados da década passada, certos aspectos significativos de sua temática – como bases subterrâneas e secretas na Lua ou viagens conjuntas e igualmente secretas dos EUA e ex-URSS a Marte – foram revividos pela nova geração conspiracionista norte-americana, bem ao estilo de John Lear e Milton William Cooper. Estes personagens do submundo da Ufologia lançaram idéias mirabolantes e fantásticas que muito se assemelhavam às da Alternativa 3. Mas examinemos primeiro qual foi a premissa do programa, concebido por David Ambrose e Christopher Miles, e do livro, escrito posteriormente por Leslie Watkins.
UM DOCUMENTÁRIO POLÊMICO – Como um suposto documentário, o programa foi produzido em 1977 por John Resemberg e John Woolf, baseado em texto escrito por David Ambrose, dirigido por Christopher Miles e narrado por Tim Briton. Ainda que o formato do programa esteja claramente baseado no estilo de um documentário de TV, o mesmo não passa de um drama de ficção ao estilo do inesquecível programa de rádio A Guerra dos Mundos, de Orson Welles, que desencadeou verdadeiro pânico em muitos lugares dos EUA na noite de 31 de outubro de 1938. Vale dizer que há um exagerado traço de fantasia no programa, especialmente quando é apresentado como um noticiário e em horário nobre. A trama da Alternativa 3, no entanto, é mais complexa do que pensamos, já que muitos dos clips cinematográficos e problemas apresentados nele são indubitavelmente reais – como por exemplo os dados referentes à seca em diversos países do mundo, terremotos, mudanças climáticas e outras catástrofes ambientais. Isso tudo além de cenas reais dos programas espaciais norte-americano e soviético, como os lançamentos das naves Apollo à Lua, o acoplamento soviético-americano da Apollo-Soyuz, as fotos de Marte tiradas pelas sondas Viking, da NASA etc.
O programa começa tratando da chamada “fuga de cérebros” e do suposto desaparecimento misterioso de três jovens cientistas, Ann Clark, Robert Patterson e Brian Pendlebury. Ann Clark, segundo o programa, era uma jovem expert em energia solar que teria desaparecido supostamente no Aeroporto Internacional Heathrow, em Londres. O único rastro que ficou dela foi seu automóvel, abandonado no estacionamento do aeroporto. Patterson e Pendlebury teriam também desaparecido sob circunstâncias igualmente misteriosas. O programa nos transporta a seguir para a morte trágica do astrônomo “Sir” William Ballantine, em um acidente automobilístico. Pouco antes de morrer, Ballantine teria enviado ao programa uma fita magnética que parecia conter somente ruídos provenientes do espaço. No transcorrer do programa, os repórteres da Anglia mostram um personagem em pânico, um astronauta da NASA que deixa entrever ao espectador que as últimas viagens à Lua foram somente um mero ato de relações públicas – pura propaganda. O que estaria por traz disso seria muito, mas muito mais impressionante.
Depois, um expert em política internacional aparece em cena e sugere a possível existência de uma operação maciça e secreta, passada no espaço extratmosférico terrestre, entre os EUA e a ex-URSS. Por fim, o professor Carl Gerstein, da Universidade de Cambridge, menciona no programa uma reunião científica ocorrida supostamente em 1957, onde se discutia o futuro ecológico do planeta. É Gerstein quem finalmente define a chamada a Alternativa 3 como uma intenção de assegurar a sobrevivência de pelo menos uma pequena porção da raça humana. “Nós éramos indivíduos teóricos, e não técnicos, mas compreendemos que estávamos falando de um tipo de viagem espacial que, há vinte anos atrás, não parecia mais que ficção científica”, declarou Gerstein em um momento da série. Após sua declaração, um repórter do programa perguntou-lhe se isso significava viajar a outro planeta, ao que Gerstein respondeu: “Pelo menos, significa sair correndo deste planeta enquanto há tempo…” E assim sucessivamente, inúmeros personagens foram aparecendo no decorrer da série, cada um representando alguma instituição ou fazendo algum tipo de declaração fantástica.
Na cena final do programa, os repórteres do Science Report mostram que obtiveram um decodificador eletrônico que per
mitiria assistir a fita enviada pelo astrônomo Ballantine. Esta mostrava fotos feitas à curta distância de um terreno desértico supostamente em Marte, com as vozes dos controladores de vôos espaciais russos e americanos ao fundo. A data da missão espacial que teria colhido tais cenas seria 22 de maio de 1962, e o programa apresenta como suas conclusões finais indicações de que aquelas cenas eram realmente marcianas, ainda que mantidas em absoluto segredo por várias décadas. Mais ainda, os repórteres do programa (lembremo-nos que o Alternativa 3 era uma espécie de noticiário de TV) afirmaram nos momentos finais da série que as condições ambientais de Marte eram apropriadas para a habitação humana. Por outro lado, mostram também que os cientistas desaparecidos foram recrutados para trabalhar num projeto maciço de reacomodação naquele planeta, enquanto que aqueles que representavam uma ameaça para a Alternativa 3 foram eliminados gradativamente.
NOVAS EVIDÊNCIAS – O livro Alternativa 3, posteriormente escrito por Leslie Watkins e publicado originalmente em 1978, expande consideravelmente a temática do pseudo-documentário. Watkins nos informa que ocorrera uma conferência governamental secreta em Huntsville, Alabama (1957), e que os participantes da mesma – autoridades das superpotências – teriam considerado duas alternativas para o problema fatal do efeito estufa terrestre. A primeira consistia em abrir buracos na extratosfera com bombas atômicas, para que parte do calor e da poluição escapasse. No entanto, o dano óbvio que isso representaria para a camada de ozônio teria decretado rapidamente o fim desta opção. A segunda alternativa considerada seria criar um novo meio ambiente em cidades subterrâneas terrestres, mas os cientistas logo compreenderam que esta opção também não apresentava uma solução ao problema do aquecimento e poluição terrestres, mas apenas adiava um fim inevitável. Como as duas alternativas falharam, uma terceira seria apresentada, e como já vimos, consistiria em habitar Marte com uma elite de nossa civilização, enquanto que bases secretas na Lua serviriam como ponto de ligação entre os dois planetas.
O estilo de Watkins adquire um caráter tipo thriller de ficção científica, com relatórios fantásticos e intermináveis de supostas (possíveis?) reuniões mensais russo-americanas a bordo de submarinos nucleares e sob a calota polar, onde se discutia a exterminação daqueles indivíduos que representassem uma ameaça ao projeto da terceira alternativa encontrada em Huntsville. O livro adquire também um caráter mais sinistro que o próprio filme, com a descrição daquilo que Troyano (uma fonte secreta de Watkins) chama de batch consignments: uma raça de escravos composta por seres humanos raptados em diversas partes do mundo, manipulados através de psicocirurgia e métodos de controle da mente para que obedecessem cegamente a seus novos “amos”. Estes, são os homens que descortinaram a nova fronteira do espaço para depois serem descartados como um produto usado.
No final do livro, Watkins descreve (uma vez mais lembramos: o autor relata dados que teria encontrado em documentos secretos recebidos de Troyano) uma catástrofe numa tal Base Arquimedes, que seria situada no Mar das Sombras, na Lua. Seria um apocalipse causado pela revolta de alguns cientistas que perceberam de imediato o horror do novo sistema para o qual eram recrutados na Terra. O desastre ocorre quando uma nave espacial cheia de escravos tentando escapar choca-se com a cúpula de metal e vidros especiais que protege essa base do mundo lunar exterior (sobre a superfície), produzindo um acidente de proporções catastróficas no qual objetos e seres humanos são lançados no vácuo produzido pelo buraco. Mas o autor nos assegura que, “sem dúvidas, o projeto Alternativa 3 continuaria intacto, apesar de \’pequenos incidentes\’ como esse”, segundo palavras do próprio Watkins.
O projeto que teria concebido a Alternativa 3 era ambicioso e consistia em colonizar (habitar) o planeta Marte com uma espécie de elite de nossa civilização, os homens e mulheres mais brilhantes da Terra. Enquanto isso, bases secretas na Lua, construidas por russos e americanos, serviriam como ponto de ligação entre os dois planetas
Tal é a história da Alternativa 3. Uma história que abalou os EUA, apesar de serem mostrados somente alguns poucos dados e imagens em programas de televisão normais, que comentavam a série inglesa. Obviamente, qualquer exame rigoroso e crítico desta história nos leva imediatamente a duvidar de sua premissa central. Parte de sua credibilidade – daí seu êxito e tamanha difusão – baseia-se em que tanto o programa de TV como o livro tratariam de uma série de temáticas reais, como o chamado efeito estufa (que na época em que foi mencionado não estava tão em voga como hoje em dia) e outros problemas ecológicos, as maquinações secretas das grandes potências, os avanços científicos em áreas não convencionais de conhecimento (tal como a Parapsicologia) etc. Igualmente, o enorme sucesso da Alternativa 3 seria produto do mistério policial sobre o desaparecimento cotidiano e gradativo de cidadãos em todas as partes do mundo, que não deixam quaisquer traços. Além de tudo isso, no entanto, ficamos maravilhados com a idéia da incrível aterrissagem em Marte em 1962, apenas um ano depois do vôo pioneiro de Yuri Gagarin, ou da construção e operação de bases na Lua e em Marte nos anos subseqüentes, segundo Watkins.
Imagine-se o tipo de esforço industrial, certamente gigantesco, que se necessitaria para realizar tal empreita na Lua e em Marte em total segredo. A perduração do mito da Alternativa 3 é, por tudo isso, algo que surpreende inclusive aos seus próprios criadores. Recentemente obtivemos uma carta de Christopher Miles, diretor e autor do roteiro original do filme, escrita a um tal de Les Charni, de Toronto, Canadá, datada de 13 de outubro de 1980 e na qual desmente totalmente o conteúdo do livro e do programa: “A idéia do filme, e posteriormente do livro, foi algo que David Ambrose e eu concebemos durante um almoço em Londres” – escreveu Miles – “e já que estávamos cansados dos dramas patéticos da televisão, queríamos provar quão fácil seria levar o público em geral até o limite máximo da imaginação. Sinto muito que o senhor tenha sido um deles, mas se o vir o filme ou ler o livro novamente, perceberá que há insinuações de sua falta de autenticidade a todo instante. Naturalmente que há um toque de verdade nele, mas o programa básico é uma fraude completa – e se o senhor pensar um pouco mais, perceberá que este é o caso”.
AFINAL, QUAL É A VERDADE? – Esta é a verdade sobre o programa, esclarecida pelo próprio Watkins, um dos criadores do mito da Alternativa 3, e sem nenhuma ambigüidade. Se analisarmos bem, como afirma Christopher Miles, o show original da Alternativa 3 oferece uma série de sinais que apontam claramente para a fic&
ccedil;ão. Para começar, o programa original foi transmitido pela ITV em um dia 1° de abril (de 1977), que nos países anglo-saxões corresponde ao April\’s Fools Day, ou ao prosaico Dia da Mentira, no Brasil. Em segundo lugar, qualquer um pode comprovar, quando se lê a lista do elenco no final do programa, que todos os personagens supostamente entrevistados, desde ex-astronauta Bob Grodin ou o cientista Carl Gerstein, são na realidade personagens fictícios interpretados por atores profissionais. Mais ainda, os próprios repórteres da Anglia são atores também. E quanto à suposta filmagem da aterrissagem russo-americana em Marte, em 1962, um olho crítico descobre facilmente que se trata com certeza de um truque com efeitos especiais. Não é surpreendente, portanto, que nem o livro ou filme reproduzam qualquer documento verdadeiro sobre a Conferência de Huntsville, em 1957, onde supostamente nasceu a idéia da Alternativa 3. Falta de espaço nos impede de analisar com detalhes, aqui, outras inconsistências e meias verdades do show de Ambrose e Miles e o livro de Watkins.
Apesar de todos os pontos apresentados acima mostrarem que a farsa está totalmente esclarecida, especialmente quando se assiste ao filme com espírito crítico, a grande maioria dos crentes na conspiração governamental proporcionada pela Alternativa 3, especialmente nos EUA, não aceita isso. Na realidade, a grande maioria desses crentes nem sequer assistiu à série, uma vez que nunca foi transmitida comercialmente pela TV americana ou mesmo canadense. O argumento destes fanáticos seguidores é de que o governo americano proibiu sua transmissão, ainda que a verdade seja que, com a exceção de uns poucos seriados e documentários da BBC, a TV americana geralmente não mostra programas ingleses… O argumento da censura, por outro lado, foi utilizado por muitos anos, antes de sair a edição americana do livro. Nessa época, surgiu também um rumor em certos círculos ufológicos e conspiracionistas de que o livro de Leslie Watkins, já publicado na Inglaterra e Canadá, tinha sido censurado e proibido nos EUA. Mas tal argumento não se sustenta, pois essa censura não se comprova, já que poucos meses depois, em junho de 1979, saiu à venda nos Estados Unidos uma edição de bolso maciça publicada pela Avon Books, uma das maiores editoras dos Estados Unidos. Mas qual seria a relação da Alternativa 3 com os UFOs?
No final da década passada, o tema do programa foi revivido pela febre conspiracionista que afetou o mundo ufológico norte-americano. Controversos personagens como John Lear e Milton William Cooper adotaram aspectos da história e os incorporaram às suas próprias teorias e desmedidas afirmações sobre bases subterrâneas alienígenas e tratados secretos entre o governo americano e uma raça malévola de extraterrestres. Em sua monografia O Governo Secreto – Origem, Identidade e Propósito do MJ-12, o ex-oficial da Marinha William Cooper, que se transformou num dos expoentes mais polêmicos das teses de conspirações políticas e ufológicas americanas, invoca as premissas fundamentais da Alternativa 3 em uma amálgama que combina tratados secretos com extraterrestres (a tal Comissão Trilateral), o assassinato do presidente Kennedy por seu próprio motorista, as operações da CIA com drogas, a criação da AIDS como arma bacteriológica etc, etc.
COOPER EXAMINA A QUESTÃO – Milton William Cooper não esqueceu de praticamente nada quando finalizou sua tese. Até as bases na Lua e a aterrissagem em Marte, segundo Cooper, são absolutamente reais. Porém, ele acrescenta ainda que tais empreendimentos incluem a participação (e provável manipulação) dos chamados alienígenas de pele cinzenta, carinhosamente apelidados de grays nos Estados Unidos, e ainda conhecidos timidamente como “cinzas”, no Brasil. É óbvio que esse detalhe da teoria de Cooper não figura na visão original inglesa do Alternativa 3. Enfim, o estilo delirante de Cooper tornou-se famoso nos EUA, onde suas conferências são assiduamente assistidas [Editor: UFO trouxe matéria completa sobre a teoria de Cooper em sua edição n° 10].
“A Alternativa 3 consistia em explorar a tecnologia alienígena e convencional com o propósito de selecionar uns poucos indivíduos que deixariam a Terra e estabeleceriam colonias no espaço exterior”, escreveu Cooper em sua monografia. A Lua, rebatizada com nome em código de Adão, seria objeto de interesse primário dos envolvidos no projeto, seguida por Marte, cujo código era Eva. Como ação retardatária mas anexa à estratégia governamental-extraterrestre, o programa todo da Alternativa 3 ainda incluiria o controle da natalidade no planeta, a esterilidade de grande quantidade de seres humanos e a introdução em seu organismo de micróbios mortais para controlar ou diminuir o crescimento demográfico na Terra. A AIDS seria, segundo Cooper, apenas um dos resultados destes planos. Existem vários outros…
Cooper adiciona, na mesma monografia, que os astronautas da Apollo filmaram uma base secreta conjunta russo-americana-alienígena na Lua e que a famosa Área S-4, situada no complexo secreto das bases aéreas de Nellis e Tonapah, seria também o código para uma base no lado escuro da Lua. [Editor: também conhecida como Área-51, a Área S-4 é uma extensa faixa de terra para treinos militares aéreos, a 100 km ao norte de Las Vegas, no Nevada]. Quanto à topografia lunar, Cooper afirma que NASA e outras agências espaciais similares estão envolvidas no acobertamento maciço da verdade. “A Lua” – afirma o ex-oficial – “tem lagos artificiais, atmosfera com núvens e até zonas onde crescem plantas…” Cooper assegura igualmente que o quartel-general da conspiração internacional está em Genebra, na Suíça, e que grupos financeiros como os Bilderburgers são parte dele. “Posso afirmar que o livro Alternativa 3 é pelo menos 70% verdadeiro, de acordo com meu próprio conhecimento e o conhecimento de minhas fontes”, continua afirmando Cooper, alegando que os outros 30% são desinformação introduzida no programa da TV inglesa para quebrar seu impacto.
Como ação anexa à estratégia governamental e extraterrestre, o programa da Alternativa 3 ainda incluiria o controle da natalidade no planeta, a esterilidade de grande quantidade de seres humanos e a introdução em seu organismo de micróbios mortais para controlar ou diminuir o crescimento demográfico na Terra. A AIDS seria apenas um dos resultados destes planos
Estas são as alegações e alterações introduzidas por Cooper
na trama original da Alternativa 3. No entanto, a credibilidade deste elemento foi seriamente questionada pela grande maioria dos ufólogos sérios dos Estados Unidos, que escreveram vários artigos sobre este indivíduo em várias publicações respeitadas, como a UFO Magazine ou o Mufon UFO Journal. Em seu último livro, Beyond the Pale Horse, publicado particularmente e que reproduz na íntegra o capítulo de O Governo Secreto junto a dezenas de outras conspirações imaginárias, Cooper foi longe demais ao incluir nos apêndices uma cópia completa dos Protocolos dos Sábios do Sião, um dos panfletos anti-semitas mais infames de nossa época (supostamente redigido pela polícia secreta do Czar Nicolau II, no começo do século). Cooper, no entanto, não é o único norte-americano a advogar em favor da Alternativa 3. Outro exemplo é o piloto de Las Vegas, John Lear, autor de vários escritos famosos sobre tratados secretos entre seu governo e os alienígenas cinzentos.
A VEZ DE JOHN LEAR SE ENVOLVER COM ALTERNATIVA 3 – Em uma conferência recente no evento UFO Expo West, de Los Angeles, no qual falou protegido por 6 guarda costas, Lear apresentou sua própria versão da Alternativa 3. Segundo ele, “…os EUA têm, na realidade, bases secretas na Lua há muitos anos. Os projetos da NASA Mercury, Gemini, Apollo, Spacelab e até o Space Shuttle são todos um acobertamento para o que realmente está acontecendo. Os EUA possuem também bases secretas em Marte há muitos anos”. Para completar, Lear afirma que, “…por mais difícil que seja acreditar, os marcianos realmente existem. São bastante parecidos conosco e um pouco mais avançados. Após um cataclisma climático ocorrido em Marte há muitos anos, os marcianos tiveram que mudar-se para o interior do planeta” [Editor: em novembro de 1992, durante o 2° Congresso Internacional de Ufologia, a Revista UFO foi recebida na casa de John Lear, nas montanhas em volta de Las Vegas. Nessa oportunidade, Lear repetiu a A. J. Gevaerd suas teorias]. Lear e Cooper, como podemos ver, basicamente incorporaram às suas teorias algo do Alternativa 3, mas também utilizaram certas idéias alheias do conceito original do programa. Suas elocubrações, no entanto, contribuíram grandemente para manter vivo o mito desta conspiração interplanetária.
O leitor compreenderá que as declarações sensacionalistas do estilo de Cooper e Lear não contribuem, por outro lado, para dar credibilidade ao assunto da Alternativa 3. Não obstante, é necessário averiguar seriamente que aspectos desta trama poderiam ser autênticos. Os problemas ecológicos e climáticos são, infelizmente, reais e ninguém mais os põem em dúvida. Claro está, também, que o panorama de destruição total do planeta por causa do efeito estufa é algo discutível. Estudos sérios, como o Relatório Global 2000, encomendado pelo presidente dos EUA Jimmy Carter, no final de sua administração, ou os famosos estudos preparados pelo Clube de Roma, entre outros, apresentam um panorama deprimente do esgotamento paulatino dos recursos naturais do planeta. Mas isso á algo bem distante do que o Alternativa 3 explora. Outros estudos efetuados pela CIA e tornados não-confidenciais em meados dos anos 70 analisam as mudanças climáticas e seu impacto altamente negativo na produção mundial de alimentos, assim como suas conseqüências geopolíticas na tomada de decisões para o governo americano. No entanto, nenhum destes estudos chegam sequer a insinuar o tipo de catástrofe apocalíptica de que fala a Alternativa 3.
MAS OS UFOs ESTÃO DE FATO NA LUA – Outro mistério bastante popular e ainda pouco analisado é o dos supostos avistamentos de UFO na Lua, por parte dos astronautas da Apollo durante o período de alunissagens entre 1969 e 1972. Muitas histórias circularam nas últimas décadas, sobre naves extraterrestres que tinham estado presentes durante a descida histórica dos astronautas Armstrong e Aldrin no Mar da Tranqüilidade, em 20 de julho de 1969, assim como outros incidentes que teriam ocorrido em missões posteriores das Apollo. Ainda que existam algumas fotos de objetos luminosos em nosso satélite natural, distribuídas ao público pela NASA, a posição oficial da agência espacial e dos próprios astronautas consiste em negar enfaticamente a existência destes incidentes. No entanto, as histórias e os rumores persistem. Um dos casos menos conhecidos foi publicado no boletim Just Cause, da organização Citizens Against UFO Secrecy (Cidadãos Contra o Segredo aos UFOs, CAUS), um dos grupos mais sérios dos Estados Unidos.
No exemplar de março de 1987, o editor Barry Greenwood [Editor: co-autor do livro Clear Intent, ainda não publicado no Brasil] reproduz uma carta escrita por um ex-inspetor de Segurança do Centro Espacial da NASA em Houston, no Texas, cujo trabalho consistia precisamente em vigiar o edifício de número 30, onde está localizada a famosa Central de Controle de Missões. O indivíduo, que usa o pseudônimo de Bob Davis, descreve como ele e um companheiro de trabalho estavam observando, durante um momento de folga, a grande tela da Central de Controle, quando viram algo extraordinário. Bob e seu colega viram na tela os astronautas da Apollo 15 que estavam na superfície da Lua, a bordo veículo lunar, filmando o ambiente da chamada Zona de Hadley Rille, quando algo de repente apareceu na tela. “Era um objeto pequeno e brilhante, voando em linha reta da esquerda para a direita”, declarou o ex-funcionário da agência. Davis pensou inicialmente que se tratasse da própria cápsula da Apollo orbitando no céu escuro da Lua, ainda que em seguida duvidasse disso. A Apollo 15 foi lançada em Cape Canaveral em 25 de julho de 1972, com os astronautas Al Worden, David Scott e James Irwin numa missão de doze dias.
“Enquanto observava a tela da Central Johnson” – lembra Davis – “vi que um dos controladores da missão perguntou-se e aos demais na sala que diabos era aquilo, e inclusive alertou os outros astronautas que estavam na Lua e não tinham visto o fato”. Quando Davis perguntou a um dos técnicos presentes do que se tratava, responderam-lhe que aquilo fora somente uma bolha de óleo na lente da câmara e que era melhor aceitar essa explicação e não comentar nada sobre o que tinha visto, caso quisesse conservar o emprego… Talvez seja por isso que Al Worden, um dos astronautas da Apollo 15 (atualmente dedicado à poesia), sempre relutasse em falar sobre sua missão, enquanto aprecia falar publica e francamente o que pensa sobre as visitas extraterrestres à Terra…
Durante uma entrevista para o documentário de TV O outro lado da Lua, transmitido por ocasião do 20º aniversário da Apollo 11, Al Worden disse o seguinte: “Penso que podemos ser uma combinação de criaturas que viviam aqui na Terra há algum tempo no passado, que houve uma visita de criaturas de alguma outra parte do Universo e que essas duas espécies se uniram e tiveram descendentes. Acredito que somos fruto dessa união, acontecida há milhares de anos”. Mesmo com pensamentos e declarações desse gênero, quando questionado sobre aquilo na Lua, Worden silencia ou muda de assunto… Aliás, o impacto psicológico da experiência no espaço e na superfície lunar levou outro dos astronautas da Apollo 15, o coronel James Irwin, a criar em 1972 a Fundação High Flight (Alto Vôo), um grupo cristão interdenominacional dedicado a espargir a mensagem de que “Deus caminhando sobre a Terra é mais importante do que o homem caminhando sobre a Lua”. Um dos projetos de Irwin após voltar da Lua foi procurar a Arca de Noé no Monte Ararat, na Turquia.
MAIS ALGUÉM VOA SOBRE A LUA – Uma das evidências mais novas e interessantes, embora menos conhecida, que pode provar algum tipo de atividade artificial sobre a órbita lunar é uma série de vídeos captados pelo e investigador japonês Yasuo Mizushima e outros astrônomos amadores. Tivemos oportunidade de conhecer pessoalmente e entrevistar o Sr. Mizushima, assim como obter cópias de seus vídeos, durante uma viagem a Tóquio em novembro do ano passado. Mizushima nos contou que, enquanto observava a Lua com um de seus telescópios Celestron, em outubro de 1983, viu como, segundo suas próprias palavras, “muitos objetos passavam através da parte sudeste da mesma. Tinham formato de grãos de arroz e eram cinco objetos a cruzar o disco lunar”. O investigador calcula que os objetos tinham um diâmetro muito grande, de aproximadamente 400 ou 500 metros. Outros astrônomos amadores japoneses, como os Srs. Nakamura e Namashima, também observaram objetos semelhantes voando sobre outras partes da Lua.
Yasuo Mizushima tem dois telescópios Celestron, modelos C-14 e C-8, o último acoplado à uma câmera de vídeo. Ele pessoalmente nos contou que tinha visto UFOs sobre a Lua por sete vezes, e que tinha obtido quatro filmagens sobre as crateras de Tycho, Platão, Copérnico e Alphonsus [Editor: alguns dos novos vídeos oferecidos pela Revista UFO no encarte das páginas centrais mostram filmagens de UFOs sobre a Lua. Alguns deles são A NASA e os UFOs (VC-60), UFOs – A Evidência Secreta (VC-71) e Estamos Sós no Universo? (VC-72)]. Segundo Mizushima, os tamanhos e formas variavam de uma para outra observação mas, em alguns casos, o que filmou eram apenas sombras passando sobre as crateras lunares, o que indica que os objetos estavam relativamente próximos à superfície.
Infelizmente, os vídeos de Mizushima, Namashima e outros ainda não foram analisados por astrônomos profissionais, razão pela qual ainda não temos uma conclusão definitiva sobre sua natureza – ainda que, certamente, os vídeos mostrem ser ela obviamente artificial. As distâncias, segundo Mizushima, são de uns 100 km sobre a superfície lunar em um caso e talvez 10.000 km de distância no outro. O Sr. Ishiguro, de Tóquio, também captou imagens similares cruzando o disco solar. Depois desses fatos, Mizushima publicou em 1983, no Japão, um livro intitulado Outra Alternativa 3, no qual discute mistérios da Lua, Marte e Vênus. Apesar da entrevista com ele não ter sido fácil de ser conseguida, contou-nos que seu livro propõe que “…talvez exista uma grande colônia de alienígenas na Lua e estes objetos podem ser parte dela ou de outras colônias alienígenas no espaço”. O autor também observou visualmente, em 1982, um UFO cilíndrico brilhante e alaranjado no céu sobre Chinasaki, no Japão, também testemunhado por várias outras testemunhas.
Até onde sabemos, seu livro especula sobre possíveis estruturas artificiais extraterrestres no Sistema Solar, mas não necessariamente sobre uma conspiração industrial das duas superpotências para “terraformar” Marte ou a Lua. Numa oportunidade, Mizushima teve chance de mostrar seus vídeos em particular ao astronauta Jim Irwin, da Apollo 15, que estava em Tóquio assistindo a um Congresso Internacional de Astronáutica. Segundo o autor japonês, Irwin disse-lhe que estes vídeos mostravam um UFO muito grande. E disse também que, durante sua viagem à Lua, tinha visto o UFO relatado pela NASA e Bob Davis, mas não podia falar disso. “O senhor deverá perguntar isso à NASA”, disse-lhe Irwin. Em todo caso, os vídeos telescópicos de Mizushima e outros amadores de Astronomia japoneses oferecem uma das evidências mais impactantes de que algo está acontecendo em nossas vizinhanças cósmicas.