A concepção que temos sobre Ufologia, hoje, está intrinsecamente ligada a aparatos tecnológicos, uma vez que somos fruto de uma sociedade na qual a ciência dita as regras e o modo de vida. Para nós — pessoas da era dos computadores e da comunicação instantânea — é quase um sacrilégio tentar compreender a interação com alienígenas em outras bases que não as científicas. Porém, nem sempre foi assim.
Muito antes de nós, os povos que habitaram este planeta seguiam outros ditames e ritmos de vida. Havia entre aquelas pessoas e a Terra uma união e entendimento tácitos, um girar nos mesmos ciclos, uma dança perfeita ditada pelas estações, pelas necessidades e pela percepção das mudanças naturais. O homem de então não combatia ou enfrentava a natureza, mas integrava-se a ela. E por fazê-lo, integrava-se também aos fenômenos celestes, ao misterioso, aos espíritos sagrados e aos visitantes de outros mundos. A tarefa de ler, entender e explicar os mistérios para os demais cabia aos xamãs, criaturas especiais dotadas do que hoje chamamos de percepção extrassensorial, muitas vezes induzida por ervas e infusões alucinógenas.
Ainda que pareça um insulto à ortodoxia unir Ufologia e xamanismo, este artigo não menospreza a ciência. Pelo contrário, se baseia nela para desenvolver seu raciocínio. Tampouco é uma ode à chamada Ufologia Mística, termo que não atrai esta autora, já que nada há de místico no estudo ou no contato com extraplanetários. O que há são contatos psíquicos, paranormais ou mediúnicos, conforme a palavra que se prefira. O Fenômeno UFO tem a amplidão do universo e é assim que deve ser estudado e investigado. Esta é a razão do presente artigo.
Xamanismo e Ufologia
Os fenômenos de contato e abdução são muito complexos e têm, certamente, importantes componentes ligados à psiquê humana — e é justamente na abdução, o mais controverso e polêmico assunto ufológico, o ponto onde o xamanismo e Ufologia se encontram. Essa intersecção foi percebida por ninguém menos do que doutor John E. Mack, psiquiatra e professor da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, que se notabilizou por seu trabalho com abduzidos.
Mack foi o criador, em 1993, do Programa de Pesquisas de Experiências Extraordinárias (PPEE), sob a chancela do Centro para Mudanças Sociais e Psicológicas, em Massachusetts, cuja função era aprofundar o conhecimento sobre os encontros com inteligências não humanas e sobre o fenômeno da abdução. Em seu segundo livro sobre o tema, Passport to the Cosmos: Human Transformation and Alien Encounters [Passaporte para o Cosmos: Transformações Humanas e Encontros Alienígenas, Crown, 1999], Mack dedicou o capítulo Xamãs, Símbolos e Arquétipos ao assunto, ressaltando a similaridade entre as viagens das iniciações xamânicas e as narrativas de abduzidos.
O psiquiatra, porém, não foi o único a cogitar sobre o paralelismo entre abduções e xamanismo. Em 1990, o ufólogo australiano Bill Chalker publicou um artigo no qual descrevia as similaridades entre as abduções e as iniciações xamânicas. Também Kenneth Ring, professor de psicologia da Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos, fez a relação entre as abduções, experiências de quase morte e cerimônias xamânicas. Thomas E. Bullard, folclorista da Universidade de Indiana, por sua vez, também realizou um estudo comparativo com abduzidos de 17 países, encontrando inúmeras congruências entre os relatos — ele afirmou que a estrutura das abduções típicas é como “imagens em espelho” e remete às iniciações xamânicas. O tema pede que discutamos, antes de adentrarmos às comparações e correlações entre Ufologia e xamanismo, a definição deste último, os mecanismos mentais envolvidos e as descobertas científicas sobre a mente e o cérebro de xamãs, abduzidos, contatados, paranormais e médiuns.
O princípio de tudo
O termo xamã tem origem na palavra siberiana saman, do dialeto tungus, que significa “inspirado pelos espíritos”. Essa mesma definição é usada pelos aborígenes australianos em suas lendas sobre as estrelas e seus enviados à Terra. Há uma crença de que o povo da Oceania tenha grande importância para a vida planetária. Seriam os guardiões da Terra e estão em contato contínuo com deuses do céu. No dizer de antropólogos de todo o mundo, o xamanismo surgiu há cerca de 40 mil anos na Sibéria e na Ásia Central. Mas o que nos interessa aqui é que esses mesmos estudiosos, por meio de suas pesquisas, afirmam que, respeitadas as diferenças regionais, o xamanismo é praticado em todo mundo sobre as mesmas bases de crença e que foi assim desde o início. Mas como, há 40 mil anos, um mesmo conjunto de crenças poderia ter uma difusão global?
Podemos definir xamanismo como a integração do homem ao planeta, utilizando-se dele para realizar curas físicas, mentais e espirituais. O xamanismo praticado na Sibéria, na Austrália, na América do Norte, na América Central e na América do Sul tem por base a capacidade que certos homens e mulheres possuem para transpor os limites de nossas quatro dimensões. Projetando-se em outros níveis, os xamãs mantêm contato com diferentes seres, alguns dos quais têm forma animal e capacidade de cura — eles aprendem com entidades diferentes de nós, passam por experiências absolutamente inexplicáveis e até mesmo contam sobre as abduções das quais foram “vítimas”.
Há uma lenda da nação Lakota, dos índios Sioux, contada há cerca de 2.000 anos, que mostra exatamente aquilo a que esta autora se referiu ao falar sobre o ponto onde Ufologia e xamanismo se encontram. Ouvi essa história pela primeira vez de um xamã urbano aqui no Brasil, quando fiz o curso para me tornar uma xamã. Mas a versão que me foi contada por um índio Lakota, descendente dos bravos e sábios Sioux anos atrás, é a minha preferida por ter forte conotação ufológica.
Lenda da mulher búfalo branco
Conta a lenda que os Lakota haviam perdido a capacidade de se comunicar com o Criador — a poderosa nação que tinha na fraternidade entre seus membros a sua principal força, via os homens preguiçosos, os
caçadores incapazes de alimentar a tribo, os anciãos doentes e as crianças sem lideres a quem seguir. Em um verão, sete líderes do conselho sagrado da tribo se reuniram e acamparam. Todos os dias, eles enviavam batedores para procurar alguma caça, mas nada achavam e o povo já estava faminto e doente.
Um dia, o chefe Chifre Oco de Pé, da etnia Itazipcho, enviou dois guerreiros para as Montanhas Negras do estado de Dakota do Sul. Os homens andaram por todos os lugares e nada viram. Decidiram, então, subir a colina mais alta, para ver mais longe. Foi quando uma luz no céu lhes chamou a atenção. Os guerreiros ficaram a um só tempo assustados e fascinados. De repente, da luz surgiu um clarão e uma mulher vestida com pele de gamo apareceu. Mas ela não andava, parecia flutuar. Ao se aproximarem, eles viram que seu traje estava bordado com desenhos das estrelas do céu, de tamanha beleza e brilho que índia alguma poderia tê-lo feito.
A beleza da mulher os encantou. Seus cabelos negros estavam soltos, exceto por uma trança no lado esquerdo. Mas foram seus olhos, grandes, negros e brilhantes o que mais chamou a atenção dos guerreiros, que tiveram dificuldade para desviar o olhar. Um dos caçadores baixou a cabeça, sentindo que a mulher era uma Wakan [Espírito sagrado feminino] enviada por Wakatanka [Grande Espírito]. Mas o outro, deslumbrado com a aparência diferente da mulher, aproximou-se dela com desejo nos olhos. Estendeu o braço para tocá-la e, imediatamente, um raio vindo da luz no céu o fulminou — dele restaram apenas ossos. O primeiro caçador manteve a cabeça baixa, por medo e respeito à Wakan.
Ela, então, dirigiu-se a ele na voz da sagrada águia, sendo ouvida por seu coração e não por seus ouvidos [Telepatia]. Disse-lhe que não temesse. “Existem dois tipos de homens. O que antes olha para a beleza do espírito e o que olha para a beleza da superfície. O primeiro conhece ao Grande Espírito porque o percebe em seu coração. O segundo demorará muito mais para ver a perfeição porque é cego. Você alcançará o que deseja porque sua mente procurou, antes, ver meu espírito. Seu povo sente fome porque se afastou da verdade. Eu sou o ‘Espírito da Verdade’”, explicou.
As explicações da Wakan
Neste ponto, vale a pena lembrar que na codificação da Doutrina Espírita Allan Kardec recebeu as orientações do que também chamou de “Espírito da Verdade”. Dezenove séculos separam os dois momentos. E continuou Wakan: “Quem se afastar da verdade padecerá muitas vezes, até que desperte do sonho que nada revela. Mas aquele que procurar em seu coração e encontrar o Grande Espírito, tudo terá da Terra e das estrelas do céu. Trago boas notícias para sua nação. Volte à sua tribo e diga ao seu povo para se preparar para minha chegada. Diga ao seu chefe para acender um fogo sagrado na tenda medicinal e aguardar”.
Então, o jovem caçador viu a moça subir de encontro à luz que brilhava no céu e que sumiu tão rápido que o tonteou. Com o coração disparado, ele correu de volta à tribo e tudo contou ao chefe e ao povo. Chifre Oco de Pé consultou aos anciãos e ordenou que fosse feito um pedido pela estranha mulher. Depois de quatro dias, eles viram a Mulher Búfalo Branco se aproximar, trazendo um fardo diante dela. Com seu lindo traje bordado, ela veio entoando uma canção sagrada: “Com um sopro visível eu caminho. Uma voz eu envio, enquanto caminho. De maneira sagrada, eu caminho. Com pegadas visíveis, eu caminho. De um jeito sagrado, eu caminho”.
Os fenômenos de contato e abdução são muito complexos e têm importantes componentes ligados à psiquê humana. E é justamente na abdução, o mais controverso e polêmico assunto ufológico, o ponto onde o xamanismo e Ufologia se encontram
O chefe Chifre Oco de Pé convidou-a para entrar na tenda medicinal. Ela aceitou e circulou o local no sentido do Sol, por sete vezes. Todos sentiam que ela orava enquanto andava, em profunda reverência à Terra. O chefe, humildemente, lhe disse: “Irmã, nós estamos felizes que você tenha vindo nos instruir”. Ela lhe disse que o fogo simbolizava o amor que arde para sempre no coração do Grande Espírito. “Cada coração tem este mesmo fogo. Cada um é um ser único. A tenda é feita de muitas peles. São os muitos corpos de cada um de vocês. A tenda é o corpo e o fogo, o coração. Há coisas mais preciosas do que a carne e a água. Vocês se esqueceram disso. Afastaram-se da verdade. Eu venho lhes recordar o princípio, de antes de virem para cá. Eu lhes trago a memória que os fortalecerá para os tempos que estão por vir. Eu vim como o fogo do céu que os fez nascer nesta terra”, explicou Wakan.
A mulher lhes ensinou como usar o cachimbo sagrado, mais uma vez andando ao redor da tenda do mesmo jeito que o Sol circula no céu — “isso representa o círculo sem fim, a volta sagrada e a estrada da vida”, disse. Acendeu o cachimbo com uma lasca seca e aquele foi o fogo sagrado, a chama a ser passada de geração a geração. Ensinou ao povo o modo certo de falar com o Grande Espírito, com canções de palavras sagradas [Mantras]. Disse a eles: “Com este cachimbo sagrado, vocês caminharão como uma prece viva. Com seus pés descansando sobre a terra e a haste do cachimbo alcançando os céus, os seus corpos formam uma ponte viva entre o ‘Sagrado Abaixo’ e o ‘Sagrado Acima’. O Grande Espírito sorri para vocês porque, agora, somos um: terra, céu, todas as coisas vivas, os seres de duas pernas, os de quatro pernas, os de asas, as árvores e as ervas”.
“Antes de as estrelas colidirem”
E continuo, segundo a milenar lenda: “O cachimbo manterá todos juntos. Olhem para o bojo. Sua pedra representa o búfalo, mas também a carne e o sangue do homem de pele vermelha, que veio para este solo descendo das estrelas longínquas. O búfalo representa o universo e as quatro direções porque ele se apoia nas quatro patas, para as quatro eras da criação. O Grande Espírito colocou o búfalo à oeste para reter as águas. Todo ano ele perde um fio de pelo e, em cada uma das eras, ele perde uma perna. O ciclo sagrado chegará ao fim quando todo o pelo e as pernas do grande búfalo tiverem ido e a água voltar a cobrir toda a terra. Assim era antes de as estrelas colidirem. Assim tornar&a
acute; a ser”.
Lembro aos leitores que os sumérios, na epopeia Enuma Elich, falam da colisão de uma lua com um grande planeta aquático que ficava entre Marte e Vênus. Obviamente era impossível aos nativos norte-americanos, sem domínio da astronomia ou de outra ciência, saberem que as águas tudo cobriam no início do planeta. Voltando à lenda, continuou a mulher: “A haste representa tudo o que cresce na Terra. As 12 penas, a águia manchada, o pássaro sagrado que é o mensageiro do Grande Espírito. Vocês estão se unindo a todas as coisas do universo, pois todos clamam pelo Grande Espírito. Quando vocês viverem em harmonia com ele, sua chama de amor será vivida sempre por aqueles ventos espirituais. Vocês serão tomados de amor pela própria razão da vida. Acenderão o fogo do amor em todos os que encontrarem. Conhecerão o propósito de sua travessia por este mundo e saberão que o Grande Espírito deu uma chama da vida a todos. Não para guardarem sua pequenina chama somente para si, amando apenas aquilo que é necessário às suas vidas, mas para distribuírem esse amor para a Terra”.
A mulher se afastou do povo que a cercava e uma forte luz apareceu no céu. Uma nave alienígena? O povo recuou assustado. “Nada temam. Nenhum mal iremos lhes fazer. Quando o terceiro búfalo branco nascer, este ciclo de sangue findará e um ciclo de fraternidade envolverá ao mundo”. Ela se ergueu em um faixo da luz e dentro dele desapareceu, nunca mais sendo vista, como em um caso típico de retorno ao seu veículo espacial. A bonança retornou e o povo foi alimentado e cuidado outra vez. O fogo sagrado nunca se apagou de suas mentes e corações, até que os invasores chegaram e tomaram a vida e o conhecimento daquele povo. Mas os lakota usam a cerimônia do cachimbo sagrado até os dias atuais, repassando-a a todos os xamãs de sua etnia.
Sheldrake e campos morfogenéticos
Não precisamos de qualquer esforço para conectar a lenda dos Lakota à Ufologia, pois é inegável que ela contém diversos pontos de convergência com fatos ufológicos e com mensagens recebidas por diversos contatados e abduzidos em todo o mundo. Mas, mesmo aceitando a narrativa como sendo um contato extraterrestre, isso não explica como, em uma mesma época, todo um corpo de conhecimento se espalhou pelo planeta. Talvez a ciência possa nos auxiliar a entender. A teoria dos campos morfogenéticos do biólogo inglês Rupert Sheldrake diz que, pelo princípio da ressonância, cada espécie tem a tendência de harmonizar a vibração de seus átomos. Assim, os campos mórficos são estruturas sem limite de espaço e tempo, que acabam por moldar a forma de comportamento inconsciente de uma espécie, seja ela qual for, agindo tal qual age o campo magnético sobre partículas de ferro em torno de um ímã. Contudo, os campos morfogenéticos não são formados ou mantidos por emissões de energia, como o ímã — seu combustível é a informação.
Sheldrake, doutorado em biologia pela Universidade de Cambridge, não se deixou inquietar pelas críticas da comunidade científica e ampliou suas pesquisas sobre a ressonância mórfica. Teorizou que quando a repetição de qualquer ação dentro de uma espécie atinge a massa crítica, toda esta espécie assimila esse conhecimento em nível atômico e passa a executá-lo inconscientemente, como se fosse seu criador.
É já célebre a história das duas tribos de macacos que se desconheciam, morando em ilhas diferentes e distantes. Um dia, um dos macacos da tribo A quebrou um coco, podendo comer melhor o fruto e beber sua água. Quando o centésimo macaco dessa tribo assimilou o conhecimento e o colocou em prática, os macacos da tribo B, longe dali, passaram a repetir o mesmo gesto. Ou seja, atingiu-se o campo morfogenético. Quanto tempo se passou? Depende do tempo levado para a tribo A atingir seu centésimo membro. Poderíamos usar a mesma explicação para a prática do xamanismo há 40 mil anos atrás?
Os deuses do céu
Infelizmente, a resposta é não. As provas arqueológicas levantadas derrubam essa tese. Aparentemente, o xamanismo passou a ser praticado sob as mesmas crenças em diferentes continentes e de modo concomitante. Além disso, a prática xamânica depende de homens e mulheres dotados de um dom. Então, para que fosse atingida a massa crítica necessária para estabelecer o campo mórfico, teríamos milênios decorridos entre o primeiro saman siberiano e os xamãs das Américas. E tal período de tempo não se deu. Pelo contrário, tudo parece ter sido simultâneo. Então, não é ilusionismo pensar que o xamanismo pode ter sido trazido a este planeta por raças extraterrestres que o praticavam.
Se os Lakota, na lenda da Mulher Búfalo Branco, falam em origem extraplanetária de sua raça, os índios brasileiros Kariris-Xocós, cuja reserva está em Alagoas, têm em suas histórias a mesma origem. Por exemplo, o cacique Kayrrá e seu filho Rayká usam, em seus nomes, a seguinte origem: “Aquele que anda com as estrelas” e “Aquele que veio das estrelas”, respectivamente. A palavra jacitata, em tupi-guarani, significa o planeta Vênus e houve uma tribo, já extinta, que se dizia filha de jacitata.
Paul Davies, em seu livro Are We Alone? Philosophical Implications of the Discovery of Extraterrestrial Life [Estamos Sós? Implicações Filosóficas da Descoberta da Vida Extraterrestre, Basic Books, 1996], disse que “a descoberta de vida fora da Terra poderia transformar não somente nossa ciência, mas também nossas religiões, crenças e visão do mundo. Por isso, a busca por vida extraterrestre é, na verdade, uma busca por nós mesmos. Quem somos e qual nosso lugar na vastidão cósmica”.
Estado de choque
Devemos nos lembrar de que os relatos de avistamentos de naves e as notícias sobre abduções ganharam um vulto significativamente maior a partir da Segunda Guerra Mundial, quando a humanidade ainda estava em estado de choque com os terríveis eventos acontecidos e o medo predominava no mundo — a situação ficou pior devido à Guerra Fria, quando então era real a ameaça de uma guerra nuclear.
Carl Gustav Jung, extraordinário psiquiatra e filósofo alemão, criador da psicologia analítica, analisa em seu livro Um Mito Moderno Sobre Coisas Vistas no C&
eacute;u [Minotauro, 1958] os avistamentos como sendo um arquétipo do pós-guerra, quando a humanidade trocou anjos e santos por naves e seres extraterrestres. Em momento algum Jung posiciona-se contra a existência real de naves. Ele as analisa como uma expressão apropriada — para a era atômica e espacial da atual humanidade — das crenças anciãs no sobrenatural, muitas delas presente no folclore de todas as culturas. Baseando-se em seu princípio da sincronicidade, Jung acreditava que, porque a humanidade estava em busca de esperança e novos paradigmas, criou-se a massa crítica que permitiu que os olhos passassem a ver o que antes não era percebido.
A prática xamânica depende de homens e mulheres dotados de um dom. Para que seja atingida a massa crítica necessária para estabelecer o campo mórfico, teríamos milênios decorridos entre o primeiro saman siberiano e os xamãs das Américas
Ainda que negada pela ciência, não referendada pelas religiões e ironizada pela mídia, a Ufologia já faz parte do inconsciente coletivo da atual humanidade. No ano 2000, a revista norte-americana Life fez uma matéria de capa sobre a crença em vida extraplanetária. Foram entrevistadas 1.564 pessoas maiores de 18 anos, de todas as classes sociais e em diferentes estados daquele país. O resultado foi surpreendente: 30% acreditavam em extraterrestres visitando a Terra, 43% acreditavam em UFOs, 49% que o governo norte-americano oculta informações. Mais do que isso, 1% declarou ter tido algum tipo de contato (de avistamento à abdução) e 6% disseram conhecer alguém que teve contato.
Se projetarmos este valor estatístico à população norte-americana da época, teremos o incrível número de cerca de 2,5 milhões de pessoas afirmando terem tido algum tipo de contato. É bastante significativo. A matéria da revista também sugeriu haver um componente religioso na crença sobre a vida extraterrestre, fato que é apoiado por diversos pesquisadores do assunto. Afinal, somos educados desde a infância para crer em Deus e ensinados que os anjos estão no céu. O mesmo céu de onde vêm as naves. Seriam os anjos extraterrestres?
Estados alterados de consciência
Da mesma forma como a Ufologia vem ganhando corpo desde o fim dos anos 40 e se tornando cada vez mais conhecida, já integrando o que poderíamos chamar de consciência coletiva, o xamanismo também ressurgiu das cinzas tribais. A prática ganha cada vez mais adeptos em todo mundo, dentro do chamado xamanismo urbano, que cresce consideravelmente no Ocidente, notadamente nos Estados Unidos, Canadá, Brasil e na Austrália.
A antropóloga Joan Halifax diz em seu livro Shaman, the Wounded Healer [Xamã, O Curador dos Feridos, Thames & Hudson, 1988], que “um conceito comum parece conectar todos os xamãs ao redor do planeta. O despertar para outras realidades, as experiências do êxtase e uma abertura para realidades visionárias formam a essência da missão xamânica”. É de parecer comum a antropólogos de todo mundo que os xamãs compartilham das mesmas crenças, usam as mesmas ferramentas e fazem os mesmos rituais, ainda que respeitadas as diferenças regionais.
Sobre isso há um livro clássico do xamanismo escrito por Mircea Eliade, Xamanismo, Técnicas Arcaicas de Êxtase [Martins fontes, 1951], onde tal fato é exaustivamente discutido. Pode-se dizer com certeza que, em transe, todos os xamãs projetam-se para além do corpo físico, entrando em contato direto com espíritos que podem ser bons ou maus — com eles, os xamãs aprendem as técnicas para curar.
O xamanismo notabiliza-se pelo trabalho em estado alterado de consciência, ou seja, condição em que a mente está expandida, o que lhe permite acessar outras dimensões da existência. O grau de consciência varia de xamã para xamã e de pessoa para pessoa. O estado alterado de consciência é atingido por meio de músicas com cantos repetidos, sons de chocalhos, danças, percussão em tambores, privação sensorial, isolamento, respiração profunda e ritmada e chás como ayahuasca ou peyote, bebidas usadas no xamanismo para produzir estados alterados da consciência. Todos estes métodos baseiam-se na regra de “adormecimento” dos lobos frontais através da repetição, o que faz com que o cérebro passe a ignorar o estímulo já aprendido. Nesse momento, as quatro dimensões — comprimento, altura, profundidade e tempo — deixam de exercer o comando e a alma está livre para acessar outros planos de vida, projetando-se livremente de acordo com seu grau de afinidade.
Este é o processo da “economia da mente” descrito por Freud. Ou seja, a mente, já liberta do estímulo repetido, libera o hemisfério direito e, sob a ação de neurotransmissores e da melatonina, hormônio produzido pela pineal, altera seu padrão de frequência cerebral, atingindo as ondas alfa. Nesse estágio, ocorre o predomínio de campos vibracionais mais rápidos, tornando possível a integração com outras dimensões. Esse é o princípio da mediunidade, ou paranormalidade, e da projeção astral.
O que diz a ciência
Atualmente, pesquisadores de muitos países estão se dedicando ao estudo da relação mente-cérebro, ou almacorpo, e centenas de trabalhos podem ser encontrados sobre o assunto. Estudos realizados pelo psiquiatra e mestre em ciências pela Universidade de São Paulo (USP) Sérgio Felipe de Oliveira demonstram que a glândula pineal é o órgão de contato do cérebro com outras dimensões e seres. Através de estudos bioquímicos e de imagens via ressonância magnética, Oliveira demonstrou que dentro da pineal existem cristais de um mineral chamado apatita, sendo que, em médiuns, eles são mais numerosos e obedecem a um arranjo espacial diferenciado para cada pessoa.
Os cristais de apatita funcionam como receptores de ondas provenientes de outras dimensões e mentes — elas, ao atingirem os diferentes cristais da pineal, têm sua vibração reduzida até que a informação nelas contida se torne compreensível para os neurônios da pessoa receptora. A partir daí dá-se a comunicação mediúnica. Estudos recentes descartam a existência do chamado “Ponto de Deus”, a área do cérebro que seria responsável pelas experiências espirituais, postulado após pesquisa com imagens c
erebrais.
A descoberta de vida fora da Terra poderia transformar nossa ciência, nossas religiões, crenças e visão do mundo. Por isso, a busca por vida extraterrestre é, na verdade, uma busca por nós mesmos. Quem somos e qual nosso lugar na vastidão cósmica
Atualmente se acredita que o contato com o sagrado esteja relacionado com o córtex frontal e pré-frontal, que possuem estreita ligação com as áreas cognitivas e o sistema límbico, sede de nossas memórias e manifestação das emoções. O médico Júlio F. Peres realiza contínuos estudos de imagem com médiuns, religiosos de todas as denominações e pessoas sob o efeito da ayahuasca, evidenciando que diferentes áreas do cérebro são ativadas ou desativadas durante orações, meditações, atos mediúnicos e projeção astral. Ou seja, em estados alterados da consciência.
Peres demonstrou que as áreas cerebrais relacionadas com a faculdade ativa sofrem ação da melatonina, ficando como que distanciadas da vontade da pessoa por meio da qual o fenômeno mediúnico está ocorrendo. Em um estudo, feito a partir de tomografias computadorizadas por emissão de fóton único (Spect) com médiuns de psicografia, as imagens mostram que há diminuição da atividade cerebral justamente nas áreas relacionadas com a escrita. Em outras palavras, isso quer dizer que, mesmo que o médium esteja escrevendo, suas estruturas cerebrais responsáveis pela escrita estão inativas — ou seja, há um agente externo promovendo a ação. A mediunidade é um estado alterado de consciência. Xamãs trabalham em estado alterado de consciência e induzem o mesmo nas pessoas de que tratam. No caso de quem toma a ayahuasca, existe um aumento da atividade cerebral nas áreas occipital, temporal e frontal.
Abduzidos e contatados
De acordo com Charles T. Tart, psicólogo e pesquisador norte-americano, podemos definir o estado alterado de consciência em um determinado indivíduo quando “se sente claramente uma mudança qualitativa em seu padrão de funcionamento mental. Isso se passa não só quantitativamente, mas as qualidades de seu processo mental também são diferentes”. Os ufólogos Jacques Vallée e Jenny Randles observaram que muitos abduzidos e contatados entravam facilmente em estados alterados de consciência. Com base nessa observação, a psicóloga Gilda Moura, respeitada pesquisadora brasileira e consultora da Revista UFO, juntamente com Norman Don e Sidney Greenfield, da Universidade de Wiscosin, nos Estados Unidos, realizou um estudo com abduzidos e pessoas sob a ação do Santo Daime, outra substância capaz de induzir estados alterados de consciência. O resultado foi a descoberta de ondas cerebrais anômalas, mormente nos lobos frontais dos pesquisados.
Estudos realizados feitos com xamãs no Instituto Monroe, fundado por Robert Monroe para o desenvolvimento da capacidade mental humana, encontraram ondas acima de 40 hertz, beta ou gama. Sabe-se que ondas com frequências entre 15 e 40 hertz indicam estado de atenção, ou seja, quando estamos despertos. Já ondas de 60 hertz chegaram a ser encontradas na pesquisa do Instituto Monroe feita com xamãs. As mesmas ondas foram encontradas no estudo de Gilda Moura tanto em médiuns como em pessoas em estado alterado de consciência e em abduzidos e contatados. Ora, essas ondas elevadas são consideradas presentes em psicóticos. Ou seja, pessoas em estado alterado de consciência compartilham uma atividade cerebral peculiar que lhes confere uma expansão da capacidade de atenção, mas não apresentam distúrbios psiquiátricos, como bem demonstraram Mack, Gilda e outros pesquisadores de abduzidos e contatados.
Semelhança entre os escolhidos
Existe, portanto, um elo entre paranormais, médiuns, xamãs, abduzidos e contatados: ondas cerebrais similares ao estado de êxtase yogui, de “iluminação da consciência” por meio da meditação transcendental. As pesquisas realizadas por Mack, Gilda, Vallée e outros mostram que abduzidos e contatados entram em estado alterado de consciência com extrema facilidade, da mesma forma que os paranormais, médiuns e xamãs. Por que eu? Esta é, sem dúvida, a pergunta feita por 100% dos abduzidos. Afinal, o processo da abdução é traumático, constrangedor e altera de maneira definitiva a vida de quem passou por ele. Os abduzidos não se lembram de que são voluntários para tal. Tudo o que sabemos é que o processo nos faz sofrer dores físicas, mentais e morais, e que nada podemos fazer para evitar que ele aconteça — os seres responsáveis pelas abduções são superiores, tanto mental quanto tecnologicamente.
Nas sociedades tribais, onde o xamanismo é prática ancestral, os jovens passam por processos iniciáticos difíceis, durante os quais sofrem dores físicas, mentais e morais. São ritos de passagem da infância para a idade adulta. Contudo, dentre esses jovens há aqueles que são escolhidos para serem os futuros xamãs da tribo. Suas iniciações são mais árduas e a dedicação que lhes é exigida os constrange e lhes altera a vida. Segundo o chefe Navajo Grande Montanha, muitos desses jovens perguntam a ele e ao Grande Espírito justamente a mesma coisa: por que eu? A resposta que recebem os informa que são escolhidos porque têm, no mais íntimo do corpo, um dom único.
Tanto abduzidos quanto escolhidos para serem xamãs rejeitam e lutam contra o processo que lhes mudará a vida de forma irreversível. Após o primeiro evento, nada mais será o mesmo. Ambos trilharão caminhos solitários, sentir-se-ão traídos por aqueles que consideravam seus protetores e terão dificuldade para compartilhar o que a mente expandida traz de informação. Ambos serão ridicularizados e ficarão sem chão por tempo indeterminado, até que aceitem o processo e parem de lutar. O momento da aceitação, tanto para abduzidos quanto para xamãs, representa o corte da dor.
As abduções, como já se sabe, começam na infância. Os extraterrestres utilizam-se do imaginário infantil para enlaçar a criança sem que o medo lhes ofereça um obstáculo, mesmo que não impeça o evento. No meu caso, usaram a imagem de Gasparzinho, o Fantasminha Camarada. Com uma jovem abduzida, cujo caso que estamos acompanhando, foi o Querido Pônei Rosa. A criança é inocente e se deixa conduzir por eles porque acredita e
star brincando. Quando uma criança é definida como tendo o dom, ela é testada pelo xamã da tribo. O escolhido é levado à tenda, onde é orientado a olhar fixamente para o fogo sagrado. O xamã usa o toque ritmado do tambor para induzir a criança a um estado alterado de consciência próximo ao sono. Se existe o dom, ela vê bichinhos da floresta ou ancestrais que já se foram — a visão agradável afasta o medo e a criança adentra o mundo multidimensional sem resistir.
A abdução é traumática, constrangedora e altera a vida de quem passou por ela. Os abduzidos não se lembram de que são voluntários. Sabemos que o processo nos causa dores físicas, mentais e morais, e que nada podemos fazer para evitar que ele aconteça
Sabemos também que as abduções são DNA-dependentes, uma vez que ocorrem em várias gerações de uma mesma família. Não são poucos os casos que confirmam esta certeza. Podemos inferir que a motivação seja o material genético, mas se ampliarmos nosso campo de visão perceberemos que, além dele, existem capacitações genéticas que atraem os extraterrestres para determinado indivíduo. O dom xamânico também é genético, uma vez que a paranormalidade ou mediunidade são DNA-dependentes. Os xamãs costumam ser de uma mesma família ou linhagem. Hoje, a ciência de ponta denominada epigenética, ou seja, o estudo das modificações genéticas transmitidas durante a divisão celular, sem alteração do DNA primário, aponta na direção de que genes ativados ou desativados podem ser os responsáveis até mesmo pela compulsão por doces. Assim, naturalmente, podemos imaginar que o número de cristais de apatita e seu arranjo na pineal, que define a paranormalidade ou mediunidade, também é de decorrência genética.
Da mesma forma que hoje se estuda a relação mente-cérebro e a espiritualidade passa a ser analisada cientificamente, cresce o número de profissionais da área de saúde mental que recebe pessoas com sinais e sintomas da abdução. É, a meu ver, questão de tempo até que esse fenômeno também seja investigado cientificamente e em escala mundial. Afinal, são milhões de humanos já abduzidos.
O controle dos processos
As abduções são processos invasivos e violentos. Como já dissemos, as pessoas que passam por elas sentem-se vítimas de algo que não conseguem explicar — o que mais aterroriza em uma abdução é a percepção de que não se tem controle sobre si. Quando estamos deitados sobre uma mesa dentro de uma nave alienígena, podemos somente mover os olhos e mesmo isso só até o momento em que o abdutor, normalmente um gray [Cinza], começa seu escaneamento mental.
Impotentes, chegamos ao desespero e à desesperança quando compreendemos que nada podemos fazer para evitar que nos levem de novo e de novo. Mas o sofrimento só dura até aprendermos que isso está longe de ser verdade. Quando adquirimos consciência de nossa participação voluntária no processo, passamos a ser respeitados em nossas vontades e podemos dizer: “Querido amiguinho, hoje não quero ir”.
Da mesma forma, quando uma iniciação xamânica tem seu curso, ainda que seja com ayahuasca ou peyote, o iniciado sabe de onde parte, mas nunca onde irá chegar. Não se pode controlar o processo mental de acesso às informações extrafísicas — a projeção astral nos leva onde nossa afinidade está, expondo-nos ao nosso mundo vibracional mais profundo e aos seres que nele vivem. Já o xamã experiente se projeta de modo lúcido e conduz sua experiência de maneira a receber as respostas que busca para ajudar a quem lhe pediu socorro. Em ambas as experiências, embarcamos inicialmente como passageiros, mas, na medida em que nos tornamos conscientes, podemos alterar o rumo do processo e obter resultados que sejam-nos favoráveis. Mais uma vez, quando vencemos o medo, perdemos a imobilidade e ganhamos controle dos acontecimentos, o que nos torna mais fortes e seguros.
O papel das crenças
As crenças de uma pessoa que foi abduzida são muito importantes para a análise posterior do evento, uma vez que o estudo se baseará na racionalidade do processo de abdução. Os abduzidos podem crer ou não em eventos paranormais e ufológicos, pois isso não impede e nem interfere no fato de serem capturados pelos agentes do fenômeno. A religião do abduzido pouco importa para seres tão racionais quanto os extraterrestres têm se mostrado ser.
Boa parte dos ufólogos rejeita o caráter paranormal da abdução e do contato, chegando a combater seus representantes. Contudo, definir experiências anômalas como estando além da pesquisa científica é um pensamento reducionista. É inegável, porém, que as abduções ampliam a capacidade paranormal do indivíduo e que nele despertam um sentido espiritualista que nada tem a ver com o nome do dogma. No trabalho que fazemos com abduzidos e contatados na Casa do Consolador, em São Paulo, encontramos espiritualistas, espíritas, umbandistas, católicos, budistas, evangélicos e agnósticos.
Naturalmente, a crença mais liberal torna a compreensão do fenômeno mais simples e amena. Os xamãs escolhidos têm a cultura ancestral a lhes respaldar a aceitação dos rituais de formação. Assim, entregam-se ao processo de modo menos rígido. Os abduzidos podem ter dificuldade para definir se os seres envolvidos no processo são extraterrestres ou espíritos, principalmente quando os alienígenas são humanoides, como nós.
De acordo com a crença da pessoa, os grays podem vir a ser entendidos e descritos como demônios. Mas o contato com seres insetoides ou reptilianos, por exemplo, causam tanto estresse que o abduzido bloqueia de modo sistemático suas lembranças — já os xamãs aceitam conversar com seres de forma animal porque, para eles, é da Terra e de todos os seres que nela habitam que vêm os ensinamentos. A cultura ajuda na compreensão. Sabemos que mais de 90% das abduções se dão em projeção astral e, nesse ponto, a intersecção com o xamanismo ganha sua maior área porque os processos xamânicos também ocorrem neste estado. O processo pode ser descrito como uma forma de interação espiritual com seres de outros mundos, e a abduç&a
tilde;o é essa interação levada à milésima potência.
John Mack, no citado livro Passaporte para os Cosmos, compara a jornada xamânica a muitas imagens descritas pelos abduzidos, como se fossem arquétipos das experiências vividas. Ele entrevistou xamãs que se diziam abduzidos por alienígenas e que consideravam tais experiências como parte integral de suas tradições espirituais. Por gerações, conclui Mack, “os xamãs consideram os extraterrestres como outras manifestações da realidade espiritual a qual estão acostumados”.
Heróis transformadores
Xamãs também são conhecidos por terem sensibilidade aumentada para a percepção de campos magnéticos, por terem aumento da capacidade de processar informações e por desenvolverem capacidades paranormais. O mesmo pode ser dito sobre os abduzidos e contatados. Os xamãs amam a natureza e nutrem grande respeito pela Terra, sentindo-se aliados do planeta em sua sobrevivência. Veem-se como responsáveis por outros seres vivos. São autocentrados e desenvolvem uma discreta “síndrome do herói”.
Os abduzidos, que adquirem a capacidade de expansão de consciência após seus contatos com extraterrestres e passam a ver a vida de modo mais espiritualizado, sentem amor pela Terra a quem querem salvar da insanidade humana e sentem-se responsáveis por executar feitos notáveis. Ou seja, também são autocentrados e desenvolvem igualmente uma palpável “síndrome do herói” — é comum que abduzidos, contatados e xamãs tenham que comprar lâmpadas elétricas com frequência e que seus aparelhos eletrônicos apresentem distúrbios funcionais constantes.
A maioria dos rituais xamânicos conhecidos implica em estresse físico como meio de expansão do espírito — o iniciado recolhe-se em si mesmo para metabolizar tudo o que aconteceu. É muito difícil continuar sendo a mesma pessoa após uma iniciação
Mas é no campo das percepções extrafísicas que mais se aproximam os dois grupos. Principalmente no desenvolvimento de paranormalidade de cura. Abduzidos e contatados frequentemente relatam que os extraterrestres lhes mostram futuros possíveis para a Terra. A visão do que está por vir na maioria dos casos é trágica. Francamente, nós humanos temos tanta consciência de que somos destruidores que alimentamos a certeza de que nosso fim será terrível. A dor é nossa crença maior.
Os xamãs têm na premonição uma de suas maiores características. Costumam ter a visão de acontecimentos futuros e esses são, normalmente, dolorosos. Os abduzidos e os contatados sabem que o pior pode ser evitado, mas uma considerável mudança de atitude deve ocorrer antes. Os xamãs procuram induzir a mudança necessária em seus seguidores e em si mesmos.
A abdução é como uma iniciação
O xamanismo é iniciático. Quem quer seguir o caminho sagrado deve passar por uma série de experiências que prepararão o iniciado para a projeção astral e para o acesso a outras realidades existenciais, outras formas de vida, outras dimensões. Rituais como o da chamada “tenda de suor” têm por base libertar a alma da limitação do corpo físico, como meio para atingirmos o autoconhecimento. Assim, vendo-nos de modo mais racional e menos reacional, podemos eliminar dores emocionais que nos mantém reféns de situações penosas e que se repetem.
A maioria dos rituais xamânicos implica em estresse físico como meio de expansão do espírito — o iniciado recolhe-se em si mesmo para metabolizar tudo o que aconteceu. É muito difícil continuar sendo a mesma pessoa após uma iniciação. Os paradigmas e as crenças se transformam e nascem novos ideais. Despertam-se sentimentos para com o todo. Expande-se a consciência extrafísica e a sensibilidade paranormal. A memória fica alterada e o processamento de informações é mais rápido, já que os mecanismos de bloqueio mentais desaparecem.
Após as abduções, notadamente na fase adulta, o indivíduo retorna com a necessidade, ainda que inconsciente, de silêncio. Mesmo que de nada se recorde, uma vontade interior lhe pede isso. E, embora o fenômeno do qual tenha participado não lhe seja acessível de forma consciente, ele tem efeitos no supraconsciente, que lhe induz a questionamentos — mudam os paradigmas, as crenças, os gostos. Nasce a necessidade de se fazer alguma coisa, embora não se saiba bem o quê. Surgem sentimentos de maior abrangência em relação à vida. Expande-se a consciência e desenvolve-se a paranormalidade. Qualquer semelhança entre os dois grupos não é mera coincidência, mas pura realidade.
Estamos ainda nos primórdios do conhecimento sobre os seres que visitam a Terra há milhões de anos. Hoje, temos imagens de suas naves, os governos de muitos países, como o do Brasil começam a liberar documentos que comprovam essa presença em nosso planeta, há melhores estudos sobre o fenômeno do contato, suas implicações e possíveis explicações para ele. Hoje, abduzidos passam a se lembrar espontaneamente do que lhes aconteceu, talvez porque o campo morfogenético da humanidade esteja atingindo a massa crítica, talvez porque nossos visitantes assim o desejem. Ou, mais provavelmente, por ambas as razões. Estaremos, então, nos aproximando da consciência coletiva que permitirá a visualização desses seres entre nós?
Precisamos ter em mente que nossos visitantes são seres multidimensionais e que por isso podem escapar aos órgãos físicos, mas não aos sentidos extrafísicos. Temos, na paranormalidade, um caminho amplo a ser estudado, pesquisado e percorrido. Penso, porém, que talvez seja através do xamanismo que tenhamos encontrado o elo que explique todos esses mistérios. O citado Bullard escreveu um artigo, em 1991, em que dizia “que o Fenômeno UFO mais complica do que simplifica, com suas perguntas mais profundas. Se nada mais fosse, seria uma parábola no céu a ensinar que os fenômenos alegados, ou da vida real, precisam ser investigados por muitas perspectivas”.