“Parecia um homem mas não era. Tinha pele marrom, olhos vermelhos arregalados, veias saltadas, pés enormes e três protuberâncias na cabeça”. Esta é a descrição feita pelas três testemunhas que viram um estranho ser em Varginha, sul de Minas Gerais. As protagonistas deste caso são as irmãs Liliane de Fátima Silva, de 16 anos, e Valquíria Aparecida Silva, 14, além da amiga Kátia de Andrade Xavier, 22. Elas foram surpreendidas pelo suposto extraterrestre quando, pouco depois das 15h do dia 20 de janeiro, voltavam para casa e passavam por um terreno baldio.
Assustadas, as moças não olharam detidamente para o ser e trataram de sair logo do local. A notícia se espalhou com rapidez: em questão de minutos, dezenas de moradores correram ao terreno baldio, mas não viram nada. A partir daí, uma estranha movimentação começou a ocorrer na cidade. Alguns moradores das redondezas dizem ter visto um caminhão do Corpo de Bombeiros parado em um outro terreno próximo recolhendo algo desconhecido. O ser recolhido teria sido levado para um hospital local.
Assim, começou a tomar forma um complexo quebra-cabeças, cheio de contradições e desencontros. As testemunhas afirmam ter visto um ET e, ao que tudo indica, seus relatos são verdadeiros. Mas se este ser realmente esteve lá, para onde teria ido depois? E até que ponto as informações conseguidas sobre seu paradeiro são realidade? Como distinguir os boatos das verdades? Sem dúvida, é um caso muito complicado e merece a devida atenção da mídia, do governo e dos ufólogos.
CASO É REAL – O Corpo de Bombeiros afirma que não foi comunicado de nenhuma ocorrência desse tipo naquele dia. O capitão Alvarenga, através de um edital, reiterou que a instituição, no dia 20 de janeiro, não foi informada sobre nenhum caso de extraterrestre e, tampouco, acionado para capturá-lo. “Nós só lidamos com coisas físicas, da Terra. Se tivesse aparecido um extraterrestre aqui seria muito incomum. O Corpo de Bombeiros nem teria condições de cuidar de um caso como esse”, diz o capitão.
Apesar de todas as contradições que circundam o caso Varginha, uma coisa é certa, o relato das meninas é verdadeiro. Para o ufólogo Ubirajara Franco Rodrigues, que foi o primeiro a investigar o caso, não há dúvidas quanto a isso: “As testemunhas são sinceras. Existem, inclusive, sintomas de distúrbio emocional que nos levam a crer que elas viram a criatura”.
A mãe das meninas, Luísa Silva, acredita no relato das filhas e está muito preocupada. Em fevereiro, ela bloqueou o acesso da imprensa às filhas, permitindo somente que os ufólogos continuassem a entrevistá-las. Ubirajara Rodrigues concorda com a mãe: “A pressão sobre elas é muito grande. No colégio, os colegas de aula não param de perguntar sobre o ET e muitos fazem chacota. Vou pedir à direção da escola para dar palestra sobre o assunto e tentar aliviar essa pressão”.
Outro aspecto que tem contribuído para isso é a grande importância que os meios de comunicação deram (e estão dando) ao caso. Primeiro foram os jornais locais, depois toda a mídia nacional, incluindo jornais, TVs, rádios e revistas de grande circulação. Nunca um fato na Ufologia Nacional foi tão comentado na mídia. Diante de toda essa difusão, a reação do povo, como era de se esperar, foi diversa: muitos não acreditam no que ouvem e dizem que o ET visto pelas três moças pode ter sido um animal ou até mesmo algo satânico, enquanto outra parcela da população aceita a possibilidade alienígena.
CADÊ O ET? – Para a mãe das testemunhas, o caso é absolutamente autêntico. Luísa, que antes disso nunca havia tido contato com o assunto, acha que o ET não foi capturado e que estava, sim, rondando pela cidade. Ela faz um apelo às autoridades e aos ufólogos para que o caso seja solucionado o quanto antes. Hoje, praticamente dois meses após o fato, há diversas versões sobre o paradeiro do enigmático extraterrestre.
A primeira informação a respeito da captura do ET surgiu de uma testemunha ocular: Henrique José da Silva, pedreiro, viu um caminhão do Corpo de Bombeiros parar num terreno e demorar-se, sem identificar o que estava fazendo. Ele também teria ouvido alguns curiosos que se aglomeraram no local dizerem que “os bombeiros capturam um ser estranho”. Existem, contudo, outras testemunhas chaves que, por uma questão de segurança pessoal, não se identificam.
Atualmente, o caso está sendo pesquisado pelos ufólogos Ubirajara Rodrigues, de Varginha, e Vitório Pacaccini, de Belo Horizonte. Eles concordam que as fontes devem ser preservadas, pois realmente correm perigo se declararem abertamente o que presenciaram. Uma das testemunhas que não pode se identificar afirma que o ser foi levado para um dos hospitais da cidade (Hospital Regional) e mantido em cativeiro sob o mais absoluto sigilo dos profissionais envolvidos.
Porém, o diretor do hospital, Adilson Husier, afirmou à imprensa e aos pesquisadores que não houve nenhuma entrada anormal naqueles dias. Também mostrou as instalações da instituição para a televisão, “comprovando” que não havia nenhum paciente estranho no local. “Nós não poderíamos abrigar um extraterrestre aqui, pois não podemos tratar de nada que esteja acima de um ser humano”, afirmou Adilson em entrevista ao programa Fantástico.
Outra testemunha chave – e que também não pode se identificar – diz que na época em que as meninas viram o ser, dois caminhões do Exército rondaram a cidade. Os veículos eram provenientes da Escola de Sargentos das Armas (EsSA), de Três Corações (MG). Porém, como já era de se esperar, a imprensa foi barrada ao tentar conseguir informações no local. Havia ordem de que ninguém poderia fotografar ou filmar lá dentro. Diante disso, não houve meios de investigar mais a fundo esta denúncia.
MOVIMENTAÇÃO ESTRANHA — De qualquer forma, é explícito que houve uma movimentação no mínimo estranha em Varginha na semana de 20 de janeiro deste ano. Entre os boatos que correm, está a história de dois americanos que teriam chegado à cidade com um estranho equipamento no Hospital Humaitas, um dos mais desenvolvidos da região. O comerciante Roberto Chaim, que mora ao lado do hospital, diz ter visto dois ou três carros de polícia vindos de Belo Horizonte chegando misteriosamente ao local.
Já no Hospital
Regional, onde o clima é mais tenso, o assunto é proibido entre os funcionários. “Tenho um monte de pacientes para cuidar e não posso perder meu tempo com essas bobagens”, diz a supervisora Eliete Ferreira Soares, de 24 anos. Mas a copeira Sueli Fátima, de 30 anos, não tem medo de dizer o que pensa: “Eu não acredito, mas amigas minhas disseram que viram ele aqui”.
DOIS EXTRATERRESTRES — Uma das versões diz que, na realidade, existiram dois extraterrestres, possivelmente um macho e uma fêmea. Segundo alguns moradores, os seres estavam machucados, foram levados para um hospital local e, em seguida, removidos para a Universidade de São Paulo (USP) em um carro da instituição. Há confirmações de que realmente um carro oficial da USP circulou pela cidade, levando dois homens que se hospedaram em um hotel perto do Hospital Regional.
No hospital, as criaturas teriam sido atendidas por um ortopedista, o doutor Rogério que, ao ser entrevistado por Castor Borgonovi, da Agência Estado, negou tudo: “Não sei como vocês perdem esse tempo todo ligando para cá por causa de uma bobagem. Quem poderia acreditar nessa história de extraterrestre? Isso não existe”. Contudo, o mesmo doutor Rogério teria confidenciado a um repórter da Gazeta de Varginha, uma informação diferente: “Não sei o que é, pode até ser uma aberração da natureza, mas eu nunca vi…”
O fato é que se o caso do ET de Varginha fosse apenas mais um boato, fruto da imaginação fértil de três jovens, autoridades como Exército, governo e hospitais não estariam dando tanta importância para isso, fugindo de qualquer declaração esclarecedora a respeito. Equipes de vários jornais e TVs que estiveram na cidade confirmaram o fato. Para Paulo Vitor Freire, prefeito em exercício na época do caso, a prefeitura está de mãos atadas: “Não temos nenhum dado concreto e, portanto, nada a fazer”.
Região já era visitada por UFOs
Economicamente, Varginha é uma cidade pólo no sul de Minas Gerais. Abriga diversas indústrias e grandes empresas de capital estrangeiro. É heterogênea culturalmente, conhecida também como um porto seco de café (a cotação mundial de café passa a ser feita lá a partir deste mês) e tem cerca de 180 mil habitantes. A cidade também tem outras características – que entusiasmam, principalmente, os ufólogos: está localizada num ponto estratégico de atividades ufológicas, onde existem avistamentos constantes e casos de contatos de vários graus.
O sul de Minas é conhecido internacionalmente como uma região propensa a atividades extraterrenas. Cidades próximas a Varginha, como São Tomé das Letras, Três Corações, Conselheiro Lafaiete, Pouso Alegre e outras, também apresentam inúmeros registros, demonstrando que os ETs estão lá há mais tempo do que se imagina. Nos últimos meses, a casuística tem aumentado assustadoramente. Em praticamente todas as cidades da região as pessoas estão vendo discos voadores. Os objetos aparecem publicamente, sendo vistos por muitas testemunhas ao mesmo tempo. Em alguns casos eles até se deixam filmar e fotografar.
Na mesma rota dos UFOs, estão algumas cidades do interior de São Paulo que fazem fronteira com Minas Gerais. Nos últimos dias, esferas luminosas têm aparecido com constância em cidades como Rio Claro, Capivari, Sumaré, Limeira e Santa Bárbara d’Oeste. Os ufólogos, por enquanto, são unânimes em afirmar que os objetos vistos são UFOs. Será que esta onda de avistamentos tem alguma coisa a ver com o caso do ET de Varginha?