Em pleno Dia Mundial da Ufologia, 24 de junho passado, quando o estudo sistematizado do Fenômeno UFO completava 59 anos, faleceu no Brasil um dos grandes pioneiros dessa atividade e que deu grande impulso à prática da investigação ufológica, justamente através da codificação de sistemas de estudo e análise da manifestação ufológica. Deixou-nos o professor Húlvio Brant Aleixo, fundador do Centro de Investigação Civil dos Objetos Aéreos Não Identificados (Cicoani), a primeira instituição organizada de pesquisas ufológicas do país, criada em 1954, em Belo Horizonte (MG), e pioneira em coletar e divulgar casos de contatos diretos com ETs no Brasil.
Aleixo passou seus últimos anos recluso em sua residência, onde mantinha um gigantesco acervo de material ufológico. Professor de psicologia da Universidade Católica de Minas Gerais, foi também piloto civil, autor de vários trabalhos e consultor de assuntos ufológicos para a própria Força Aérea Brasileira (FAB). “Sua enorme e inestimável contribuição ao estudo dos objetos voadores não identificados rendeu-lhe citação em trabalho elaborado pela bibliotecária Lynn Catoe, da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, contendo a primeira bibliografia sobre o assunto da instituição”, relata o também mineiro Alberto Francisco do Carmo, responsável pela comunicação do falecimento à Comunidade Ufológica Brasileira.
O pesquisador foi pioneiro na chamada investigação de campo, de forma direta?e em primeira mão, estabelecendo padrões para coleta de dados junto a pessoas do meio rural brasileiro. De tal forma, Aleixo rompeu com o elitismo que predominava na Ufologia e ressaltou a importância da cultura popular como fonte de dados de relevância para o estudo do Fenômeno UFO. O ufólogo mineiro também recebeu o reconhecimento por seu trabalho de ícones da Ufologia Mundial, como o inglês Gordon Creighton, da revista Flying Saucer Review, do autor norte-americano John G.Fuller, do astrofísico J. Allen Hynek e do repórter carioca João Martins, entre muitos outros. “Foi um dos poucos ufólogos a quem a FAB recorreu quando teve suas mãos casos de grande envergadura, contatos ufológicos mais expressivas, a partir da década de 60”, descreve Carmo. Em sua homenagem, publicamos a seguir um texto que o professor Húlvio Brant Aleixo distribuiu durante uma de suas raras conferências, realizada em evento ufológico na capital mineira, em 1998.
Ciência e preconceitos
Um fenômeno extraordinário não é necessariamente fantasioso ou miraculoso e não deveria ser julgado impossível simplesmente por ser fora do comum ou não condizer com as estruturas cognitivas da cultura vigente. O caminho correto é estudá-lo e investigá-lo, em busca de explicação. No entanto, a atitude que prevalece em grande parte das pessoas, incluindo muitos cientistas, é a negativa quanto às evidências que não se coadunam com suas expectativas. Esses indivíduos, no dizer do filósofo Alfred Hill, aferram-se aos seus preconceitos, além de “sua educação e experiência, para não falar de seu atavismo mental, que os levam a reforçar a crença de que certos fenômenos, mesmo confirmados pelas testemunhas mais dignas de crédito, são impossíveis”.
Cada passo adiante da ciência revela um outro mundo sob um dia novo. O estudioso deve continuamente se adaptar às mudanças de pontos de vista, formular hipóteses para tomar conhecimento de fatos recentes. Se lhe fosse possível formular uma teoria final e verdadeira, a ciência deixaria de existir. Lembra-nos Sertillanges que “…as bases definitivas hão de faltar sempre à ciência. Felizmente para a ciência”. No conceito do naturalista alemão Alexander von Humboldt, “um ceticismo presunçoso, que rejeita os fenômenos sem os examinar e admitir que eles possam ser reais, é mais repreensível, sob certos aspectos, do que uma credibilidade irracional”.