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O físico inglês Michael Faraday, cujos trabalhos são a base de grande parte da tecnologia que conhecemos e usamos hoje, disse uma vez que “temos uma tentação poderosa de procurar as evidências e aparências que estão a favor de nossos desejos, e a desconsiderar as que lhes fazem oposição. Acolhemos com boa vontade o que concorda com nossas ideias, assim como resistimos com desgosto ao que se opõe a nós, enquanto todo preceito de bom senso exige exatamente o oposto”.
Em outras palavras, Faraday estava dizendo que a ciência é impessoal e apura aquilo que existe, independentemente de crenças e vontades pessoais e, justamente por isso, algumas pessoas o consideram O físico inglês Michael Faraday, cujos trabalhos são a base de grande parte da tecnologia que conhecemos e usamos hoje, disse uma vez que “temos uma tentação poderosa de procurar as evidências e aparências que estão a favor de nossos desejos, e a desconsiderar as que lhes fazem oposição. Acolhemos com boa vontade o que concorda com nossas ideias, assim como resistimos com desgosto ao que se opõe a nós, enquanto todo preceito de bom senso exige exatamente o oposto”.
Arrogante. Isso ocorre especialmente quando as descobertas científicas rebatem opiniões arraigadas ou introduzem conceitos estranhos ao senso comum. Como um terremoto que confunde a nossa confiança no próprio solo que estamos pisando, pode ser profundamente perturbador ter nossas crenças habituais desafiadas e ver estremecer as doutrinas nas quais aprendemos a confiar.
Nós ansiamos pela certeza absoluta e aspiramos alcançá-la, fingindo, como fazem os fanáticos de toda ordem, que a atingimos ou atingiremos. Porém, a história da ciência ensina que o máximo que podemos esperar é um aperfeiçoamento sucessivo de nosso entendimento, um aprendizado por meio de nossos erros, uma abordagem que por fim nos mostre que a certeza absoluta sempre nos escapará.
Confrontado com o insólito
Por outro lado, as divulgações escassas, insatisfatórias e por vezes tediosas da ciência deixam nichos abandonados que a pseudociência preenche com rapidez. Um exemplo disso é a Ufologia. Ela, assim como algumas áreas relacionadas, ainda é considerada uma pseudociência e, como tal, pode ser mais facilmente apresentada ao público em geral do que a ciência tradicional.
Nosso entrevistado desta edição é um cientista. Um homem acostumado ao raciocínio lógico, que passou por uma experiência fora do ordinário que o fez questionar conceitos profundamente arraigados sobre a vida e o mundo que nos rodeia. Reinerio (Rey) Hernandez graduou-se com honras no Rutgers College, em New Brunswick, Nova Jersey, fez seu mestrado na Universidade Cornell, em Ithaca, Nova York, e é doutorando em planejamento regional e urbano pela Universidade de Berkeley, na Califórnia. Atualmente, Hernandez trabalha como advogado no Departamento do Tesouro dos Estados Unidos. Durante seis anos, foi professor adjunto na New School for Social Research, na City University, também em Nova York.
Por toda sua vida, Hernandez teve interesse zero em temas incomuns, como extraconsciência, UFOs, paranormalidade ou inteligências não humanas. Mas tudo mudou na manhã do dia 04 de maio de 2012, quando ele, sua esposa e sua filha passaram a manter contato físico e consciente com uma dessas inteligências dentro da sua própria casa. Eles tiveram experiências paranormais e avistaram UFOs em diversas ocasiões, sendo que em uma das vezes o avistamento durou mais de 45 minutos e foi a curta distância, cerca de 90 m.
“Essas experiências explodiram como uma bomba atômica em meu cérebro e eu entrei em um estado de choque e confusão. Sendo uma pessoa lógica, que não tinha nenhum conhecimento sobre o que havia ocorrido, comecei a pesquisar paranormalidade na internet”, explica o cientista. A partir de então, Hernandez passou a devotar uma expressiva parte da sua vida ao entendimento da verdadeira natureza de nossa realidade. “Eu não conseguia encontrar nenhuma resposta para a minha questão: o que aconteceu conosco?”, pergunta ele.
Paralelamente, nosso entrevistado tem escrito artigos acadêmicos para a The Doctor Edgar Mitchell Foundation for Research into Extraterrestrial and Extraordinary Encounters [Fundação Doutor Edgar Mitchell para Pesquisa de Encontros Extraterrestres e Extraordinários, FREE], além de publicar textos científicos no Journal of Scientific Exploration [Jornal de Exploração Científica] e no Journal of Consciousness [Jornal da Consciência]. Ele também é conferencista internacional sobre temas como contatos extraterrestres, experiência de quase morte (EQM), experiência fora do corpo (EFC) e sobre a complexa Teoria da Consciência do Holograma Quântico.
Pesquisando o mistério
Finalmente, em maio de 2013, em apenas dois dias, foi lançada a pedra fundamental da FREE, uma fundação hoje mundialmente conhecida de pesquisa acadêmica sem fins lucrativos. A instituição foi cofundada pelo falecido astronauta da missão Apollo 14, doutor Edgar Mitchell, pelo doutor Rudy Schild, professor emérito de astrofísica da Universidade de Harvard, pela pesquisadora australiana Mary Rodwell, uma grande pesquisadora de abduções alienígenas, e por nosso entrevistado, Rey Hernandez.
A FREE chegou a ter em seus quadros nove professores acadêmicos aposentados com sólidas credenciais: três doutores em física, quatro em psicologia, um neurocientista, um doutor em estatística e mais 20 investigadores leigos, todos eles pesquisando o fenômeno dos contatos com seres extraterrestres e outras entidades anômalas. O atual diretor executivo da FREE é o professor Schild, que foi amigo próximo de outro conhecido pesquisador, o falecido doutor John Mack. Enfim, a elite da Ufologia Mundial.
Há cinco anos a fundação vem conduzindo um estudo acadêmico multicêntrico, multilíngue, qualitativo e quantitativo, sobre indivíduos que tiveram experiências de contato relacionadas com UFOs e inteligências não humanas — chamados genericamente de “experienciadores”. O estudo pode ser encontrado no livro Beyond UFOs: The Science of Consciousness and Contact with non Human Intelligence [Além dos UFOs: A Ciência da Consciência e do Contato com Inteligências Não Humanas, Create Space, 2018].
Trata-se de um trabalho de enorme envergadura e sem precedentes na história da pesquisa da fenomenologia ufológica e anômala, que muitas vezes também é vista como sendo de origem extraterrestre. Trata-se de uma verdadeira aula sobre como fazer ciência, tendo como objeto de estudo algo tão intangível quanto o ar. A fase inicial do estudo consumiu nove meses de preparação da metodologia de pesquisa, composta por uma série de questionários, abordando aspectos quantitativos e qualitativos das experiências individuais.
Os números impressionam e serão sucintamente descritos, para melhor compreensão da entrevista que virá a seguir. Na fase 1 foram feitas 700 perguntas de caráter quantitativo e na fase 3 foram obtidas respostas escritas a 70 questões abertas, que somaram mais de 10 mil páginas, vindas de quase 1.400 participantes. Para a pesquisa realizada na língua inglesa, os acadêmicos e os pesquisadores leigos receberam mais de 4.200 respostas oriundas de mais de 110 países. Na pesquisa em espanhol, foram 770, cujos dados foram analisados por um comitê em separado especialmente designado para avaliação de respostas naquele idioma.
Uma visão diferente
Diversamente dos trabalhos de pesquisa anteriores, o trabalho da FREE excluiu variáveis consideradas polêmicas e não consensuais, como as memórias resgatadas por meio de hipnose regressiva, canalizações e os sonhos vívidos. Apenas foram admitidas as memórias obtidas de lembranças conscientes explícitas. Em razão dessa abordagem, a metodologia de pesquisa foi completamente diferente daquela utilizada por pesquisadores do passado e os atuais, que coletaram informações unicamente de pequenos grupos de indivíduos previamente selecionados e que se autoproclamavam abduzidos, sendo que a maior parte deles resgatou suas memórias por meio de regressão hipnótica.
Em razão desta rigorosa metodologia, os pesquisadores da FREE chegaram a conclusões absolutamente contrárias àquilo que os ditos especialistas apresentam em suas palestras sobre UFOs, paranormalidade, extraconsciência e contatos com inteligências não humanas ao estilo new age [Nova era]. Isso representa, sem dúvida, uma quebra de paradigma. Rey Hernandes afirma que “a maioria dos membros do conselho diretor da FREE, incluindo o falecido doutor Edgard Mitchell, acredita que a Ufologia representa um paradigma muito limitado, que procura decifrar o que está ocorrendo nos casos de contato apenas pelo foco rudimentar e materialista de ‘porcas e parafusos’”.
A maior dádiva da ciência talvez seja nos ensinar, de um modo ainda não superado por nenhum outro empenho humano, alguma coisa sobre nosso contexto cósmico, sobre o ponto do espaço e do tempo em que estamos, e sobre quem nós somos. Ela é um meio de desmascarar aqueles que apenas fingem conhecer — descobrir uma gota de verdade no meio do oceano de confusão e mistificação requer vigilância, dedicação e coragem. Se a Ufologia não praticar hábitos rigorosos de pensar e agir, podemos perder a esperança de solucionar os enigmas verdadeiramente sérios com que nos defrontamos todos os dias e nós, ufólogos, nos arriscamos a ser, para sempre, os tolos da sociedade.
O falecido doutor Edgard Mitchell declarou que um evento dramático, como o avistamento de um UFO ou o contato com uma inteligência não humana, pode ser o gatilho para alguém se tornar uma pessoa mais evoluída. Qual sua opinião sobre isso?
O doutor Kenneth Ring é professor emérito de psicologia na Universidade de Connecticut. Ele é o principal pesquisador acadêmico do mundo em experiências de quase morte (EQM). Ring é também o fundador da Associação Internacional de Estudos de Quase Morte e publicou vários livros sobre o assunto. Em 1986, ele lançou um livro intitulado The Omega Project [O Projeto Ômega, Willian Morrow & Company, 1992], que é um estudo quantitativo entre 85 EQM e 85 abduzidos. Uma das 60 perguntas que ele fez foi como esses dois grupos mudaram como resultado de cada uma dessas experiências. O que Ring concluiu foi que ambos passaram por uma mudança completa para melhor em seu perfil: 85% de ambos os grupos passaram por uma transformação de suas visões de mundo e perspectivas psicológicas. Em nossa pesquisa, fizemos as mesmas perguntas, mas desta vez com vários milhares de experienciadores. Nossas respostas identificaram idênticas porcentagens e as mesmas respostas.
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