A ufologia vem enfrentando uma crise existencial não é de hoje. A medida que o tempo passa e comprovação científica de que não estamos sós no universo e que estamos sendo visitados por seres de outros planetas não acontece, cresce o descrédito na pesquisa ufológica como também nos casos que no passado seriam provas cabais. O que mudou na ufologia do passado para hoje e o que ela será amanhã?
Para mim, o auge dos casos ufológicos vem das décadas de 40, 50, 60, 70 e 80 do século passado, quando encontros incríveis entre seres humanos e extraterrestres pipocavam nas páginas da mídia impressa e televisiva.
Essas décadas nos brindaram com algumas das mais icônicas fotografias de naves espaciais já feitas, como por exemplo as fotos de McMinville, quando Evelyn e Paul Trent tiraram seis fotos de um objeto discóide sobre a sua fazenda em 1950. Essas fotos são consideradas um dos registros mais claros de que alguma coisa está nos visitando.
Outra fotografia que atravessa o tempo sem ter sido explicada pelos céticos é a foto tirada em no dia 3 de julho de 1960, em Yacanto, na Argentina, pelo capitão da força aérea argentina, Hugo Niotti.
Há também nessas décadas passadas de um “longínquo” século XX, os casos de contatos entre seres extraterrestres e seres humanos ou mesmo de avistamento desses seres. O Caso Vila Santina é um exemplo desse tipo de contato, apesar de não ter sido tão amistoso. Há também os casos Higgins no Brasil, Jesse Lang nos EUA, Antônio Vilas-Boas, a “Noite Oficial dos OVNIs”, Caso Varginha e etc.
E falando em caso Varginha, ocorrido em 1996, se não me engano foi o último registro, com grande repercussão, do contato com um ser não humano – possivelmente extraterrestre, na minha opinião.
Mas e agora? O que temos? O que faz a ufologia ainda atrair o interesse das pessoas? Duas coisas: o passado e o presente!
O passado é o que eu já disse anteriormente. Foi um período de ouro para a ufologia. Dali surgiram teorias, análises, fraudes, afirmações e tudo mais.
E o presente? O que estamos vivenciando? Estamos vendo surgir a Era das Filmagens “Oficiais”. E o que eu quero dizer com isso? As evidências estão vindo de forma oficial, apesar de vazadas, de fontes militares. São aviões, drones, pilotos com seus celulares filmando UAPs (OVNIs). São militares que perseguiram ou foram perseguidos por OVNIs. São tripulantes de navios que testemunharam enxames de objetos voadores não identificados sobre navios de guerra. E são congressistas dos EUA que querem respostas para, até agora, mais de 600 registros de UAPs por militares dos Estados Unidos.
Tudo bem, temos então essa nova Era baseada em filmagens. Mas, e quanto aos encontros com seres de outros planetas? Seres de pele cinza, olhos negros; seres com pele escamosa e cara de lagarto; seres com antenas, vestindo botas e macacão; seres com um olho, dois olhos, três olhos. Cadê esses casos na ufologia atual? Raros, muito raros – aqueles que se tem um mínimo de confiabilidade no relato e na testemunha.
Tudo essa leva a questão que fiz no início desse texto que é a credibilidade da pesquisa ufológica e a atração que ela exerce sobre as pessoas. Muita gente “vive” do passado de casos da ufologia, sem buscar respostas para o que está acontecendo hoje. A falta da comprovação, da evidência científica, faz com que cada vez mais pessoas desacreditem nesses casos antigos ou mesmo que se esses seres estiveram em nosso planeta alguma vez, já não estão mais vindo, seja porque é muito longe ou porque não têm mais interesse. Seria isso?
Mas o que o futuro da ufologia nos reserva? Uma abertura de total de todos os segredos? Uma abertura parcial? Uma abertura enganosa? Não sabemos. O que temos hoje são meios de comunicação e informação cada vez mais rápidos, dinâmicos e com um alcance de milhões. Imagine se alguém consegue filmar um ET ou um disco voador no Parque do Ibirapuera? As imagens rodariam o mundo em questão de segundos – e as autoridades não teriam como tapar o sol com a peneira.
Mas enquanto isso não vem, os militares e governos continuam utilizando de sua arma mais poderosa – e antiga – que é o acobertamento e o sigilo de informações. E isso dificilmente vai mudar.
Manter o assunto debaixo de sete chaves até onde for possível é o objetivo daqueles que detém as informações. Informação é poder, muito mais do que armas de destruição em massa. Você iria preferir “reinar” num mundo destruído por uma guerra nuclear ou ter as informações que movem bilhões de dólares e pessoas ao seu bel prazer?
Com a ufologia é a mesma coisa. Uma vez que uma nação detenha a informação e onde esses seres vem, quais seus objetivos, como chegam até aqui, qual o combustível/energia que possibilita esses objetos voarem da forma que voam. Quem tiver essas respostas terá a “Manopla do Infinito”.
Ao ufólogo sério e honesto, cabe continuar sua investigação em busca de respostas e da liberdade de informação para toda a sociedade. Alguns desses “colegas” ficaram pelo meio do caminho, outros se desvirtuaram e só querem saber de likes e curtidas em redes sociais. Mas os sérios, aqueles com compromisso consigo mesmo e com a sociedade, ah, esses continuarão.
O futuro da ufologia será escrito por todos nós seres humanos.
Thiago Luiz Ticchetti é coeditor da Revista UFO, Diretor Nacional da MUFON no Brasil, Presidente da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), Representante do Brasil na International Coalition for Extraterrestrial Research (ICER) – Brasil.