A partir do final da década de 70, passaram a surgir nos campos de cereais da Inglaterra figuras que, à primeira vista, pareciam “impressas” nas plantações. Os vegetais eram amassados delicadamente para formar figuras que começaram como simples círculos e anéis e foram se tornando a cada ano mais complexas, tanto do ponto de vista da dificuldade de sua realização quanto de seu conteúdo, que sugeria aos pesquisadores serem algum tipo de “mensagem”, já que apresentavam fórmulas matemáticas, equações físicas, elementos biológicos e sistemas estelares, tudo com inscrições desconhecidas, referências à geometria sagrada e grande quantidade de símbolos, religiosos ou profanos, da humanidade.
Mas toda essa riqueza de manifestações só se revela em plenitude, porém, se observada a certa altura, como as Linhas de Nazca, no Peru. O fato de não serem encontrados vestígios da passagem de pessoas que pudessem ter feito as figuras levou os estudiosos à hipótese, meio evidente, de seu autor ser alguma forma de inteligência não humana — extraterrestre para alguns. Acrescido a isso, pequenos orbs luminosos foram observados e filmados algumas vezes sobrevoando as plantações nas noites que precederam o surgimento de novas figuras. Foi assim se definindo o que entendemos hoje por “agroglifos autênticos”, ou seja, aqueles que apareceram em instantes, de dia ou de noite, sem que vestígios de qualquer atividade humana possam ser detectados nas análises periciais, reforçando uma origem extraordinária para o fenômeno.
Múltiplos significados
Todos os que se deixam tocar pela beleza e pelos múltiplos significados que os agroglifos sugerem não duvidam de que sejam obras inteligentes, e não fruto do acaso, como a ação de ventos e redemoinhos, muitas vezes evocados para explicar o aparecimento das formações. Sendo um fenômeno evidentemente instigante e portador de tudo o que é culturalmente importante para nós, humanos, passamos a considerar os agroglifos como sinais enviados ao nosso mundo por uma forma de inteligência alheia à Terra, tentando estabelecer um contato em massa inédito a partir da universalização da internet no planeta — por meio da rede mundial, todos podem ver filmes e fotos desse extraordinário fenômeno.
Jeremy Northcote, da Edith Cowan University, na Austrália, fez uma interessante pesquisa sobre a repartição espacial e geográfica dos agroglifos que apareceram em 2002, na Inglaterra. As informações que extraiu foram esclarecedoras no que concerne a uma “vontade de contato” da tal suposta inteligência não terrestre com os observadores do fenômeno. Para ele, os agroglifos tendem a surgir em lugares de média densidade demográfica, como a beira das estradas, e geralmente em lugares de fácil acesso. “O fenômeno se insere na paisagem e se deixa observar por muitos dias”, disse Northcote.
Uma primeira forma de contato com as inteligências por trás do fenômeno, relatado por muitos pesquisadores, pode ser justamente a interação que os agroglifos estabelecem com quem se interessa por eles. Por exemplo, a migração das figuras para fora da Inglaterra parece ser resultado da interação do fenômeno com a polêmica sobre sua autenticidade. Por outro lado, há sempre um intenso ceticismo quanto ao tema, que vem desde 1991, quando dois senhorzinhos, Doug Bower e Dave Chorley, colocaram em cheque as especulações sobre a fatura não humana dos agroglifos, alegando terem sido eles que começaram a onda moderna do fenômeno, em 1978, e que seriam responsáveis pela confecção de mais de 200 figuras.
Mas, como que respondendo a essas afirmações, os agroglifos começaram a se espalhar por todo o planeta, especialmente no Hemisfério Norte, evidenciando que Bower e Chorley não poderiam estar em tantos lugares distantes entre si, o que alimentou a discussão sobre as reais motivações que estes indivíduos poderiam ter para fazer essas figuras na Inglaterra, e outros em demais áreas do planeta onde os agroglifos passaram a se manifestar.
Levando o fenômeno para casa
Além disso, alguns pesquisadores estrangeiros que visitaram os agroglifos ingleses parecem ter levado o fenômeno para casa. Na opinião do ex-advogado e especialista no tema Gary King, quando alguém de outro país vai à Inglaterra conhecer o fenômeno, dependendo de sua interação com ele, os agroglifos passam a ocorrer ao redor de onde mora a pessoa em sua nação. Podemos especular que foi o que aconteceu com o editor da Revista UFO A. J. Gevaerd, que visitou os agroglifos ingleses em várias ocasiões, sendo a última em 2007, e os fenômenos brasileiros começaram a surgir em 2008, repetindo-se aqui todos os anos desde então.
Imediatamente as formações tornaram-se objeto privilegiado de pesquisa desse que é um dos maiores ufólogos do Brasil, que passou a examinar os agroglifos sistematicamente e in loco, procurando dados que possam levar ao esclarecimento de como são feitas as figuras — e com que objetivo. Diferentes abordagens e medições nelas realizadas informam a presença de radiação eletromagnética dentro das formações, demonstrando cientificamente que os agroglifos são, de fato, obra de uma inteligência cuja tecnologia incide nas plantações, deixando vestígios detectáveis no plano físico e com os equipamentos apropriados.
Em 2008, o perito policial paranaense Toni Inajar Kurowski, hoje coeditor da Revista UFO, começou a discutir cientificamente com Gevaerd os rumos a serem dados à pesquisa — Kurowski examinou pessoalmente dois agroglifos em Ipuaçu, em 2013, e novamente em Prudentópolis, em 2016. Perguntei a ele o que estaria procurando nas figuras. “Exatamente o que, ainda não sabemos. Estamos ‘tateando’ no escuro e aplicando algumas hipóteses investigativas. Refletimos sobre o significado representado por cada desenho, fazendo cálculos e correlações. Uma das hipóteses trata da possibilidade de haver alguma mensagem inserida em algum dos sinais já encontrados, na forma de radiação eletromagnética ou somente o magnetismo”, respondeu. Ele também afirma que a dupla está procurando por mais algum sinal que ainda possa não ter sido percebido. “Para isso, estamos discutindo e adquirindo novos equipamentos”, completa.
Competência científica
Como se vê, o fenômeno está, de certa forma, induzindo à produção e avanço de uma tecnologia própria para a sua investigação. Desde 20
08, o início do fenômeno dos agroglifos no Brasil, vem sendo criada uma competência científica para se determinar, primeiro, a autenticidade das figuras e, em seguida, seu significado. Mas foi somente em 2016, com o agroglifo de Prudentópolis, de 27 de setembro, que a pesquisa tomou uma orientação inesperada, trazendo algumas importantes informações científicas sobre o fenômeno.
Uma pequena equipe foi se constituindo na Revista UFO para tratar do tema com a seriedade que ele exige, contando com o engenheiro agrônomo Douglas Albrecht, o doutor Fernando Araújo Moreira, do Departamento de Física da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e renomado cientista brasileiro, a microbiologista Nadja F. G. Serrano, também reconhecida internacionalmente e pesquisadora na mesma universidade, e o especialista em física Alcides Cores, funcionário da Infraero no Aeroporto de Curitiba. Além de Gevaerd e Kurowski.
Foi assim se definindo o que entendemos hoje por ‘agroglifos autênticos’, ou seja, aqueles que apareceram em instantes, de dia ou de noite, sem que vestígios de qualquer atividade humana possam ser detectados nas análises periciais, reforçando para o fenômeno uma origem extraordinária
Na ocasião, amostras de solo e de plantas foram colhidas no agroglifo de Prudentópolis e enviadas à equipe da UFSCar, e os resultados foram surpreendentes. Albrecht fez coleta e análise paralelas do solo e de plantas da colheita onde estava a figura, igualmente chegando a resultados surpreendentes — suas amostras revelaram a presença de vermes e plantas carbonizadas. Já as submetidas a exame microbiológico pelos doutores Moreira e Nadja revelaram que o interior da figura estava esterilizado, ao contrário do ambiente fora dela. “Os nós dobrados no ‘acamamento’ das plantas também estavam marcados por algum tipo de radiação. Aí se evidencia de novo a intervenção de uma tecnologia invisível que domina as leis físicas, e que nos convida a estudar isso”, declarou Moreira, que é fundador do curso de Engenharia Física no país.
O citado especialista Gary King, de passagem pelo Brasil para palestrar no XIX Congresso Brasileiro de Ufologia, evento da Revista UFO realizado em Porto Alegre, em maio deste ano, teve a oportunidade de ser informado e se entusiasmou com os resultados da equipe brasileira, obtidos nos exames de laboratório [Veja seção Diálogo Aberto desta edição]. Assim, ficou acertado com ele que Gevaerd coordenaria a ida de um grupo da UFO à Inglaterra em agosto para iniciar um estudo comparativo dos agroglifos ingleses e brasileiros. Responderam ao convite Kurowski, o empresário paranaense Sérgio Domingues, o fotógrafo Francisco Dreux e esta autora.
Ponto proeminente
Hotel Hilton, no terminal 4 do Aeroporto de Heathrow, em Londres, foi nosso ponto de encontro em 05 de agosto. No dia seguinte à nossa chegada, o grupo rumou para Wiltshire, a região de maior incidência de agroglifos em toda a Inglaterra, que tem na cidade de Swindon um ponto proeminente da manifestação do fenômeno, por isso escolhida para ser nossa base — foram cerca de 130 km de estrada em duas horas de viagem e já estávamos na área dos agroglifos. Campos e mais campos de cereais se sucediam através da janela da van, como folhas de papel em branco prestes a receberem a “impressão” de mais uma figura, como vem acontecendo desde a década de 70 naquele país que parecia destinado a este suposto contato com outras formas de inteligência.
Foi ali que surgiram os primeiros sinais em plantações, que se multiplicaram ano após ano com a descoberta de figuras cada vez mais complexas. King crê que elas apareceram na Inglaterra, e precisamente na região de Wiltshire, por ser ela a primeira a desenvolver a agricultura intensiva de cereais no mundo, algo que ele situa em um tempo histórico muito recuado, remontando à Cultura Celta. Antes, não havia plantações, não havia agricultura. Vale lembrar a simbiose dos agroglifos com os sítios arqueológicos pré-históricos — eles aparecem frequentemente nos campos que ladeiam esses monumentos ancestrais, muito numerosos em todo o Reino Unido.
Chegamos a Swindon no entardecer daquele dia e logo tivemos a notícia, que surpreendeu a todos, de que dois agroglifos haviam sido encontrados logo quando do nosso desembarque no país. Era uma formação descoberta no dia 04 e outra no dia 05 de agosto, e isso depois de quase um mês sem nenhuma ocorrência na região. “Foi para saudar a chegada de vocês aqui”, disse King. E desde então o grupo constatou que o fenômeno realmente interage com quem se interessa por ele.
Logo na manhã do dia 06 fomos inspecionar o agroglifo de Highworth, uma linda figura em formato de Flor da Vida, detalhadamente registrado a partir do solo e do ar com os equipamentos que a equipe da UFO levou à Inglaterra, como um drone DJI Phantom 4 PRO. Pagamos duas liras por pessoa — cerca de cinco reais — para entrarmos na figura, experimentando na porteira da propriedade a tensão que existe entre os fazendeiros e os aficionados pelos agroglifos. Os fazendeiros rurais se sentem lesados financeiramente pela perda de parte da sua colheita por causa das figuras, o que não é totalmente verdade, na medida em que as plantas continuam a ser colhidas mesmo após os agroglifos, e às vezes cobram a entrada de curiosos e pesquisadores.
Nenhuma sensação diferente
Gevaerd e Kurowski, que têm bastante experiência em agroglifos, foram na frente, enquanto que os três outros pesquisadores da equipe, que nunca tinham entrado em uma figura, foram em seguida — nenhum de nós teve qualquer sensação diferente que nos chamasse a atenção. Vimos, com certa indiferença, pessoas ligadas ao lado metafísico do fenômeno deitadas sobre a figura, fazendo yoga, meditação ou qualquer outro tipo de ritual no seu interior, o que é comum na Inglaterra.
O mais impressionante mesmo foi ver in loco os detalhes técnicos que tornam os agroglifos autênticos inconfundíveis. Caminhando pelas figuras muitas vezes é impossível definir seu formato, o que se consegue a partir do alto. Desta forma, com as imagens que retornavam do drone da UFO, vimos no interior do agroglifo de Highworth um trabalho perfeitamente cuidadoso, não apenas no respeito à vida das plantas, que continuam a crescer, como pela beleza harmoniosa dos vegetais “acamados”, como diz Kurowski.
Diferentes abordagens e medições nos agroglifos informam a presença de radiação eletromagnética dentro das formações, demonstrando que eles são obra de uma inteligência cuja tecnologia incide nas plantações, deixando vestígios detect&aa
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Muito interessante também foi constatar o detalhe que torna a fatura humana bem mais difícil e complicada de ser admitida: faixas largas de trigo dobrado para a direita são acompanhadas por faixas menores, de 20 a 30 cm, de plantas dobradas para o lado oposto, em perfeita e incompreensível harmonia. É fácil imaginar a impossibilidade de realizar figuras com esses detalhes com os meios empregados pelos circlemakers, ou “fazedores de agroglifos”, que os forjam e creditam a si a origem dos agroglifos. Se fossem eles mesmos, forçosamente deixariam vestígios dessa difícil operação.
Outra característica que pudemos observar, esta a partir da análise no solo, foi a dobra das plantas com nós precisos e perto de sua base, onde, no caso do agroglifo de Prudentópolis, de 2016, o agrônomo Douglas Albrecht encontrou inúmeras anomalias. Já no centro da figura de Highworth buscamos vestígios de emissão eletromagnética, tal como o físico Alcides Côres descobriu em Prudentópolis — uma forma de energia que teria dobrado o trigo sem quebrar, informando sobre a maneira como foram feitas as figuras.
Manipulação dos cereais
A detecção de emissão eletromagnética é a demonstração científica de que existe uma tecnologia implicada na manipulação dos cereais para fazer as figuras, e não é na ação de cordas e paus dos circlemakers que está a resposta. Amostras foram colhidas do agroglifo de Highworth para análise pela equipe brasileira, no laboratório da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), o que permitirá uma abordagem comparativa das suas características com os nossos [Os resultados ainda não estão prontos].
Visitamos em seguida o segundo agroglifo descoberto quando de nossa chegada ao país, em um campo de trigo em Rollright Stones, em Oxfordshire, o condado vizinho a Wiltshire — era outra Flor da Vida, embora menos complexa e espetacular que a primeira. A 100 m do campo havia umas 30 pessoas vestidas à moda celta, dançando em torno de um círculo megalítico de pedras, um “pequeno Stonehenge”, cuja idade estimada fica em torno de 2.200 a.C. Praticavam coreografias ritmadas por guizos de mão e tambores. Era um ritual de colheita conduzido por um druida, o que nos transportou para um outro tempo da Cultura Celta, quando o maravilhoso e o sobrenatural eram dimensões que conviviam com a rotina humana, na personificação de imagens de fadas, duendes e outros espíritos elementares da natureza, que, desmistificados em sua origem, muitos supõem serem os autores das figuras nas plantações.
Em 08 de agosto, outra figura apareceu para podermos pesquisar, desta vez em Warwickshire, distante mais ou menos duas horas de nossa base em Swindon. Ao contrário dos casos anteriores, alguns obstáculos apareceram para atrapalhar nossa chegada ao local, entre eles o fato de que o agroglifo se encontrava em um campo de difícil acesso, após um canal. Apesar da dificuldade, estávamos dispostos a chegar à figura, mas, no início, o fazendeiro não permitiu nossa entrada, porém indicou-nos o local mais próximo dela para, a partir de lá, sobrevoarmos a plantação com o drone e colher imagens que, ao final, se mostraram exuberantes.
Nosso guia, Gary King, habituado e calejado com as dificuldades impostas pelos proprietários para que pesquisas sejam feitas em suas terras, custou a acreditar na tamanha boa vontade finalmente demonstrada por seu conterrâneo inglês, que foi convencido por Gevaerd de que o trabalho de reconhecimento do agroglifo era importante. Ele apenas pediu que não causássemos danos à colheita, o que não ocorreria porque apenas a sobrevoamos e não a adentramos.
O belíssimo agroglifo estava em uma plantação de trigo e quase integrando uma figura maior com uma árvore que restava solitária no meio da colheita. Conhecendo um pouco da citada milenar Cultura Celta, podemos dizer que tal árvore, única no campo, talvez seja considerada tradicionalmente sagrada e, por isso, tenha sobrevivido no meio de uma plantação — preservada por superstição pelo dono da área. E foi conectada à figura do agroglifo de Warwickshire, evidenciando mais uma vez a profunda ligação do fenômeno com a cultura ancestral.
Monumentos ancestrais
Mais do que terra de agroglifos, ou muito além deles, a Inglaterra é rica em monumentos ancestrais. Avebury é o maior sítio megalítico na Europa e revela, junto com Stonehenge, a permanência da Cultura Celta na região. Por sua inquestionável ligação com as figuras que pesquisamos, visitamos também esses lugares impressionantes, de pedras silenciosas que invocam igualmente a existência de uma sofisticada civilização, provavelmente antediluviana, da qual a celta seria um vestígio já empobrecido e incompleto.
Para mostrar a complexidade do fenômeno dos agroglifos, a holandesa Monique Klinkenbergh e alemão Andreas Müller, com a ajuda de personalidades locais, criaram um espaço espetacular ao lado do célebre pub The Barge Inn, tradicional ponto de encontro de entusiastas, estudiosos e pesquisadores dos agroglifos em Alton Barnes, uma exposição detalhada do fenômeno. Com painéis de 2,5 m de altura juntos a quase 50 m de paredes em labirinto, a amostra, uma espécie de “memorial dos agroglifos”, apresenta todas as facetas e fases do fenômeno. A visitação é pública.
Se os agroglifos são obra de uma inteligência não terrestre, então, pela primeira vez na história da Ufologia, temos algo concreto e suficientemente estável do Fenômeno UFO a ser explorado. Tal como ele, as figuras inspiram todo tipo de teorias, das abordagens mais científicas às que evocam a interferência da dimensão espiritual humana. Neste sentido, Lucy Pringle, estudiosa de primeira hora do tema, pensa que um dos objetivos da inteligência responsável pelas formações é, em suas palavras, “testar as reações humanas frente ao mistério e ao desconhecido”. O polêmico Colin Andrews acredita, por sua vez, que “existe um projeto criado pela inteligência responsável pelo fenômeno no sentido de induzir a humanid
ade a desenvolver novas capacidades mentais para compreender seu lugar no universo como consciência cósmica”.
Essa ideia fez sentido para nossa experiência de volta da terra dos agroglifos: já no Brasil, cada um de nós constatou uma notável aceleração em sua capacidade de leitura, bem como a sensação de “descompressão” dos conhecimentos adquiridos, como se até então só fosse possível acessar a superfície de um conhecimento que, na realidade, se encontrava comprimido na mente — nada espetacular, apenas sensações notáveis que persistem.
Ainda em Alton Barnes, o grupo da Revista UFO ainda teve a oportunidade de conhecer e dialogar com o homem que elaborou a teoria talvez a mais interessante sobre o objetivo dos agroglifos. Michael Glickman, um dos maiores pensadores do fenômeno, nos recebeu calorosamente em sua casa, felicíssimo de encontrar Gevaerd em sua sala de estar cheia de livros e a desordem de um espírito vivo, que habita um olhar ao mesmo tempo amoroso e direto, com o brilho da inteligência.
Para serem vistos
Pudemos observar, colados em todo o contorno de sua lareira, diferentes croquis de agroglifos, que estão ali para serem vistos, bem de acordo com sua concepção pessoal do objetivo da inteligência não terrestre que supomos ser a autora das figuras. Glickman nos explicou que, em sua opinião, o fenômeno, mesmo que alguma tecnologia tenha sido usada para fazê-lo, funciona como uma “impressão mental” que age a nível do inconsciente humano. “Essa impressão mental é estética, capaz de mudar nosso padrão vibratório e transmitir conceitos abstratos que podem reordenar nossos pensamentos”, diz. Para ele, os agroglifos se relacionam diretamente com cada indivíduo que encontra o fenômeno, “como se cada um reagisse diferentemente diante desses supostos ‘estimuladores mentais’”.
Só tivemos a ousadia de discordar de Michael Glickman quando ele disse que a pesquisa dos aspectos físicos das figuras é perda de tempo. Mas entendemos seu desencanto, já que a abordagem científica do fenômeno em seu país não trouxe nenhuma informação mais relevante para a sua compreensão. Aliás, nenhuma pesquisa física realizada pelos ingleses trouxe tantos dados inéditos como o protocolo científico aplicado pela equipe da UFO nos agroglifos daqui — a consistência científica da abordagem brasileira abre um grande leque de possibilidades de conhecimento ligadas à energia eletromagnética, que pode conter mensagens codificadas.
“Fenômeno mais intenso”
Gevaerd faz uma comparação entre as figuras inglesas e as brasileiras, destacando as diferenças naturais e a total identidade do aspecto tecnológico de cada grupo. “Acompanho os agroglifos brasileiros desde que começaram a surgir, e os europeus, principalmente na Inglaterra, já há uns 20 anos. Embora se saiba que o fenômeno é o mesmo, que tem a mesma raiz, os ingleses e os brasileiros têm algumas diferenças”. O editor garante que as nossas formações são bem mais vigorosas, cheias de vida e de energia, ocorrendo sempre em plantações viçosas e esverdeadas. “Já os agroglifos europeus, especialmente os da fase do plantio de trigo, que ocorre no final da temporada do verão inglês, quando o fenômeno é mais intenso, têm uma aparência ‘cansada’ — são antigos e medievais, como quase tudo o que a gente encontra na Inglaterra”.
Para o editor, a identidade tecnológica é o que se repete no fenômeno mundo afora. “Porém, alguns detalhes dos agroglifos de lá, que acontecem há mais de 40 anos, e os nossos, bem mais recentes, são idênticos, como confirmamos com Gary King. Por exemplo, a perfeição das dobras das plantas de fora para dentro e de dentro para fora, paralelamente, é muito interessante. Entre muitas outras coisas”.
A compreensão do que são os agroglifos, por quem são feitos e com que objetivo seguem sendo um desafio. A interação das figuras com as pessoas, como que falamos no início deste trabalho, parece ser um diálogo entre o fenômeno e o observador, tal como próprio Gevaerd expressou ao final de nossa viagem: “Fui à Inglaterra com um olhar científico quanto aos agroglifos de lá, especialmente porque participei das descobertas do agroglifo de Prudentópolis, no ano passado, e queria confirmar se o que encontramos aqui existe lá. Fomos para fazer medições, e fizemos. Para colher amostras, e colhemos. Para sobrevoar e filmar as figuras, e fizemos tudo aquilo que era cientificamente necessário fazer. Só que, a partir de algumas horas caminhando nos agroglifos ingleses, a coisa em que eu menos pensei em fazer, mas ainda assim fiz, foi uma leitura científica, porque na verdade o fenômeno chama você para uma ‘conversa’”.
E completa o editor: “Se você se permite interagir com o agroglifo, ele te absorve, te puxa para si, ‘dialoga’ com você para você ter um entendimento do fenômeno muito superior ao científico, e isso é muito relevante. Seria um entendimento transcendental, até espiritualista, na falta de uma palavra melhor”.