Em O Evangelho Segundo o Espiritismo há um capítulo primoroso, intitulado, “Meu reino não é deste mundo” (frase dita por Jesus a Pilatos). Segundo os espíritos, a idéia dada por Jesus naquela frase era de uma vida futura, que é infinda em lugares celestiais, enquanto a corpórea é apenas passageira. O “outro reino”, a que ele se refere, é o da vida espiritual, aquele que nos aguarda após a morte. É desse reino que Jesus falava e é nesse local que ele reina, segundo o Espiritismo. Jesus tinha um corpo humano, de carne e osso, o divino nele era sua alma. Seu corpo precisava de alimento, sentia dor e sangrava como sangrou na cruz. Allan Kardec deixou um estudo sobre a natureza de Cristo, publicado no livro Obras Póstumas, que vale a pena ler e refletir sobre o tema. Em síntese, pode-se dizer que a melhoria corporal no homem se deve ao seu evolucionismo espiritual, obtido no decorrer das eras. Trata-se de questão evolutiva. A interpretação espírita dessas passagens não deixa dúvida quanto a Jesus ter um corpo de carne. Por isso, quem não as interpreta assim, fica fora dos postulados espíritas. Entretanto, vale ressaltar que se no futuro for feito contato com alguma civilização cósmica, então as coisas podem mudar. Se o ET visitante nos mostrar como se faz para eclodir vida da matéria inerte, como produzir-se do espécime primeiro o macho e a fêmea, como derivar a espécie inicial em várias outras e evolucioná-las até uma delas culminar na criatura inteligente, então todas as Escrituras Sagradas ficariam revogadas e teríamos de admitir outras verdades: o Deus delas poderia ser diferente do anteriormente idealizado. E sendo Jesus seu filho, com ele mesmo disse, a sua condição hibrida teria de ser repensada.
Não obstante a inexistência hoje de um contato desse tipo, não é prudente descartar a possibilidade de que entidades alienígenas, em estado evolutivo avançado (conforme a Bíblia nos sugere com os seus anjos de forma humana), estiveram aqui em alguma fase da pré-história, servindo de instrumentos aos Espíritos Geneticistas, estes sim, responsáveis pela fixação da espécie humana na Terra, conforme postula o Espiritismo. Quanto à encarnação de Jesus, distante dois milênios de nossa época, por certo ela não será decifrada pelo saber humano atual. Contudo, temos outro evento a considerar hoje: a sua volta. Ele mesmo prometeu retornar. E não são poucos os que o aguardam. O Espiritismo tem a sua maneira de interpretar essa volta. Em A Gênese, no capítulo intitulado “Segunda vinda de Cristo”, Kardec registra que os espíritos codificadores confirmam que Jesus falou numa segunda vinda, quando então voltará à Terra, não num corpo de carne, mas em espírito, na glória de seu Pai. Em nenhum momento Kardec fala de nave espacial. Mas observa que quando os tempos forem chegados, Jesus irá julgar o mérito e o demérito dos espíritos, as obras de cada um, separando o joio do trigo, para elevar a Terra a outro patamar de evolução. Nessa providência, os espíritos bons herdarão a Terra, os demais irão encarnar em outros orbes do infinito, segundo os seus méritos individuais. A geração atual desaparecerá gradualmente e “A nova geração” (outro capítulo do livro A Gênese) lhe sucederá sem nada mudar na ordem natural das coisas. O Espiritismo registrou isso em seu início, permanecendo válido nos dias atuais, sem nenhum sinal dos tempos que lhe viesse opor a interpretação.
Contudo, principalmente fora das lides espíritas, mas dentro da Ufologia Mística, proliferam inúmeras manifestações enganosas, dentro de seitas particulares. São anseios íntimos da “volta de Cristo”, que não se traduzem em fatos. Recentemente, menos grave, ocorreu no Brasil aquilo que ficou conhecido na Ufologia como “O dia em que Jesus não veio”. A prestigiosa Revista UFO trouxe o Caso Ellam em quatro de seus números [UFO 126 a 129]. E o fez de modo apenas jornalístico. Segundo a divulgação, Jesus não iria retornar sozinho, mas se faria acompanhar de outros seres que já teriam atuado na Terra no passado. Fazia-se alusão de que as várias correntes religiosas seriam satisfeitas. Com o anúncio, muitos foram às lágrimas, plenos de alegria (antes do dia marcado), depois, por certo, choraram mais ainda pelo engano, pela decepção e pela vergonha da previsão feita por Jan Val Ellam. Inúmeros outros casos de Ufolatria, alguns dos quais graves, ocorreram no mundo. Por isso, os contatos psíquicos são vistos hoje com desconfiança e descrédito. Afinal, será que vale a pena, antes, ter cinco minutos de glória nos noticiários e a vida inteira, depois, para se arrepender?
A cinqüentenária “Teoria Jesus ET” até hoje não vingou. Por isso, cada qual deve refletir bem quando ela voltar à baila, porque esses arroubos da mente se mostram repetitivos. A Ufologia Científica tem aversão e combate previsões como essas, e não sem motivo. A seu turno, as pessoas equilibradas da Ufologia Holística (as que juntam ciência e espiritualidade) ficam preocupadas com os defensores dessa profecia, pois sabem que mensagens desse tipo nunca deram certo. Elas costumam ser típicas de manifestações espirituais pseudo-sábias, de mistificações, de animismo pessoal ou apenas mais uma fraude plantada na internet. Isso apenas atrapalha o entendimento público das coisas espirituais e dos fatos ufológicos, desgastando pessoas sérias. Estas considerações não são criticas, mas constatação de fatos. Elas apenas recordam a história, vislumbrando o futuro com bom senso, como ensina Kardec: “Se existem verdadeiros profetas, são ainda em maior número os falsos, que tomam os sonhos de sua imaginação por revelações, quando não são embusteiros que se fazem passar por profetas, apenas por ambição”. Isso não significa que uma divulgação exata não possa existir, mas a história mostra o que tem acontecido. Muita coisa nós escutamos, mas devemos estar alertas com os chamados falsos profetas: “A verdade é como o Sol, dissipa os mais densos nevoeiros”, como registra O Evangelho Segundo o Espiritismo, XXI:5. A suposta vinda de naves extraterrestres à Terra, anunciando a volta de Jesus, sempre que divulgada, nunca vingou. O livro A Gênese XVII:51, reproduzindo as escrituras de Marcos 13:32, que fala sobre a segunda vinda de Cristo e registra: “A respeito desse dia ou dessa hora, ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, mas somente o Pai”. Portanto, seria inútil fazer qualquer profecia sobre a volta de Jesus.