Em uma única noite, mais de 21 objetos voadores não identificados (OVNIs) – alguns afirmam que foram mais objetos – foram avistados por diversos radares civis e militares, perseguidos por caças da Força Aérea Brasileira (FAB) e testemunhados por pilotos experientes, controladores de voo e autoridades militares. O evento, que ficou conhecido como a “Noite Oficial dos OVNIs”, é até hoje um dos casos mais documentados e estudados da casuística ufológica nacional — e permanece sem explicação satisfatória.
O Início da Noite: Luzes Misteriosas no Céu
O relógio marcava aproximadamente 20h quando os primeiros relatos começaram a chegar aos centros de controle aéreo no sudeste do Brasil. Objetos luminosos não identificados foram avistados nos céus de São José dos Campos (SP), Rio de Janeiro, São Paulo, e Goiás. Esses objetos eram descritos como luzes intensas que mudavam de cor — do vermelho ao branco, passando pelo amarelo e verde — e realizavam manobras impossíveis para qualquer aeronave conhecida da época.
Nos radares do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA), sinais anômalos começaram a surgir. As leituras confirmavam a presença de objetos que voavam a velocidades superiores a 1.000 km/h, paravam subitamente no ar e, em seguida, disparavam em altíssima velocidade ou mudavam de direção em ângulos retos — algo inviável para a aviação convencional.
A Reação Militar: Caças decolam para interceptação
Diante da crescente atividade aérea não identificada, a Força Aérea Brasileira decidiu agir. Entre 21h e 23h, o Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA) determinou a decolagem de cinco aeronaves de combate F-5E e Mirage das bases aéreas de Santa Cruz (RJ), Anápolis (GO) e São Paulo. A missão era clara: identificar, interceptar e, se possível, obter evidências visuais dos objetos.
Os pilotos relataram experiências fora do comum. Alguns chegaram a travar perseguições por mais de 30 minutos, mas não conseguiram se aproximar dos alvos. Os objetos simplesmente desapareciam ou aceleravam de forma abrupta. Um dos pilotos, o então tenente-aviador Armindo Sousa Viriato, relatou que o objeto que perseguia simplesmente “sumiu” do radar e do campo visual, após uma manobra que desafia os limites da física conhecida.
O então ministro da Aeronáutica, Brigadeiro Octávio Júlio Moreira Lima, acompanhava os acontecimentos em tempo real e foi informado de que, em determinado momento, 21 objetos estavam sendo monitorados simultaneamente. Ao final da noite, os caças retornaram às suas bases sem conseguir qualquer tipo de contato físico com os alvos.
A Imprensa e a Repercussão Imediata
O caso tomou proporções nacionais já na manhã seguinte. Jornais como o O Globo, Folha de S. Paulo e Jornal do Brasil publicaram manchetes sobre o fenômeno, baseando-se em entrevistas com os pilotos e notas oficiais da Aeronáutica. A imprensa apelidou o caso de “A Invasão dos Discos Voadores”, e a cobertura teve repercussão internacional, com destaque em veículos europeus e norte-americanos.
No dia 23 de maio de 1986, apenas quatro dias após o incidente, o Brigadeiro Moreira Lima convocou uma coletiva de imprensa inédita, onde confirmou oficialmente a presença de objetos voadores não identificados sobre o território brasileiro. Ele afirmou: “É claro que, como não se tratava de um avião comum, nenhum tipo de avião conhecido, logicamente, é um objeto voador não identificado.”
Essa declaração foi histórica: foi a primeira vez que o governo brasileiro reconheceu publicamente a presença de OVNIs em espaço aéreo nacional, sem qualquer tentativa de encobrimento ou deboche.
O Relatório Oficial e o Reconhecimento em 2009
Apesar da transparência inicial, a Aeronáutica demorou anos para liberar os documentos oficiais sobre o caso. Somente em 2009, graças à campanha “UFOs: Liberdade de Informação Já”, da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) e com o apoio da Revista UFO, além da de jornalistas, o relatório foi finalmente desclassificado e tornou-se público através do Arquivo Nacional.
O Relatório da Aeronáutica sobre os OVNIs de 19 de maio de 1986, assinado pelo brigadeiro José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, comandante do IV Comando Aéreo Regional, conclui que:
“Os fenômenos observados são sólidos e refletem, de certa forma, inteligência, devido à capacidade de acompanhar e manter distância dos observadores, bem como voar em formação.”
Hoje no Arquivo Nacional encontram-se também as muitas horas das comunicações entre as torres de controle e os pilotos durante os avistamentos.
Essa admissão reforça o caráter inteligente e não convencional dos objetos, descartando possibilidades como balões meteorológicos, ilusões ópticas ou fenômenos atmosféricos.
Hipóteses e Mistérios Não Resolvidos
Diversas teorias foram levantadas para explicar o que aconteceu naquela noite. Especialistas civis e militares analisaram possibilidades como:
- Aeronaves espiãs de outros países (como os EUA ou a URSS, em plena Guerra Fria);
- Satélites artificiais reentrando na atmosfera;
- Erros de leitura de radar (hipótese descartada devido à confirmação visual dos pilotos);
- Testes secretos de tecnologia avançada.
Contudo, nenhuma dessas hipóteses se sustentou frente à robustez das evidências. Os objetos exibiam comportamentos incompatíveis com qualquer tecnologia terrestre conhecida em 1986 — e mesmo hoje, quase 40 anos depois, esses padrões continuam desafiando explicações convencionais.
Impacto na Ufologia Brasileira e Mundial
A “Noite Oficial dos OVNIs” consolidou o Brasil como um dos países com maior relevância no cenário ufológico global. A seriedade com que o caso foi tratado pelas autoridades brasileiras — em contraste com o habitual negacionismo de outros países — inspirou gerações de pesquisadores, incentivou a criação de centros de estudos ufológicos e abriu caminho para uma relação mais transparente entre militares e civis no debate sobre vida extraterrestre.
Além disso, o caso é citado em diversos livros, documentários e produções internacionais sobre o fenômeno ufológico, como exemplo de evento múltiplo, corroborado por radares, testemunhos qualificados e documentação oficial.
O Legado de 19 de Maio
Todos os anos, o dia 19 de maio é lembrado pelos ufólogos como a data mais importante da ufologia brasileira.
A Noite Oficial dos OVNIs permanece como um marco que, mesmo décadas depois, continua provocando perguntas que desafiam nosso conhecimento sobre tecnologia, física e, sobretudo, sobre nossa posição no universo. O que — ou quem — estava nos céus do Brasil naquela noite? Qual era o propósito daquelas incursões aéreas? Por que nenhuma tentativa de comunicação foi feita?
Essas questões seguem sem resposta. Mas uma coisa é certa: na noite de 19 de maio de 1986, o Brasil não esteve sozinho.