É fato para todos nós que os UFOs são uma realidade no dia-a-dia do ser humano. Só não vê isso quem não quer! Desde tempos imemoráveis o homem se depara com esses enigmáticos objetos voadores e seus tripulantes, e como faz com tudo aquilo que de alguma forma interfere em sua vida, expressa esses encontros cósmicos em sua arte, por mais primitiva que ela seja ou tenha sido. Muito antes de inventar a escrita ou mesmo depois de possuir uma linguagem articulada, o homem já retratava os UFOs e seres extraterrestres em seus desenhos. A prova disso está espalhada pelo mundo afora, em rochas e paredes de cavernas [Figuras ou pinturas rupestres, algumas com mais de 125 mil anos de idade].
Com o passar do tempo, o homem foi evoluindo e sua arte foi se refinando, mas os UFOs continuaram sendo observados, contemplados e registrados. Eram representados em bonecos de barro ou em placas de argila produzidas por nossos antepassados. Mesmo depois de se organizar como sociedade, o homem continuou a inserir os UFOs em suas obras, fato que podemos constatar nos livros sagrados dos mais diversos povos da antiguidade, como o Baghavad Gità – em que eram descritos como Vimanas –, e outros mais recentes, principalmente a Bíblia dos cristãos, cheia de relatos de carruagens aladas e nuvens de fogo que contatavam determinados homens em cima das montanhas.
Nos séculos seguintes, os UFOs continuaram a marcar sua presença na vida do homem e mais uma vez ele buscou a arte para expressar suas visões. Fez isso em quadros, tapetes e livros – alguns até bastante conhecidos no meio ufológico. Já no Século XX, quando o fenômeno assumiu a mídia, a coisa não poderia ser diferente e novamente os seres extraterrestres invadiram a vida das pessoas através da arte. Tal fato ficou mais evidente no cinema, onde um sem número de filmes abordando o tema fizeram uma verdadeira lavagem cerebral em muitas pessoas que passaram a ver o fenômeno com outros olhos. Nesse sentido, também a música – como uma das maiores formas de expressão do homem atual – não deixou passar em branco o assunto. Do estilo pop ao mais agressivo rock, podemos encontrar muitas citações ao Fenômeno UFO, tendo esse último uma grande afinidade com o tema, já que se trata, em inúmeros casos, de música de contestação, muitas vezes marginalizada – assim como a Ufologia.
Não é preciso muito esforço de memória para lembrar algumas canções de sucesso que falam velada ou abertamente sobre objetos voadores não identificados. Desde o pop inocente de grupos como Kid Abelha, cujo refrão de um de seus primeiros sucessos diz: “… esperando um disco voador…/ Tá voando sobre o mar/ Mudando de lugar/ Querendo me levar/ Prá outro mundo…”, até o rock quase inaudível de grupos de heavy metal, como os norte-americanos do Slayer, que abordaram o tema UFO em seu trabalho. Agora, fica a pergunta: estaria Paula Toller, a vocalista do grupo brasileiro acima citado, relatando um contato real ou até uma abdução por seres extraterrestres quando canta o tal refrão? Ou teria sido tudo fruto da imaginação da compositora?
Dúvidas à parte, o fato é que o pessoal pop dos anos 80 era realmente ligado ao assunto. Como exemplo, podemos citar o guitarrista e cantor Lulu Santos. No início de sua carreira, ele fez parte de uma banda chamada Vimana, junto com outros personagens famosos do nosso pop rock, como Lobão e Ritchie. Mais recentemente, Lulu emplacou o sucesso Hiperconectividade, do qual podemos ouvir a frase “… acho que dessa vez eu vi algo que estava parado e que se moveu…”, ou ainda “… você vem do futuro/ Eu te espero bem aqui…” Teríamos nestas frases um sinal hipotético de contato com viajantes do tempo? É pouco provável, mas a verdade é que músicas como essa povoam a mente das pessoas, fazendo com que muita gente pare para refletir sobre assuntos que jamais lhe haviam ocorrido. Essa relação dos músicos com os UFOs não é novidade: ela já acontecia nas décadas anteriores, quando Rita Lee e os Mutantes discutiam o tema – sendo que Rita, até hoje, em suas entrevistas, faz questão de citar os diversos contatos que teve com o fenômeno.
Aliás, é dela a frase “Um tal de Raul Seixas vai descer em um disco voador”. E, como era de se esperar, Raul foi o artista que mais falou a respeito dos objetos voadores não identificados. Em toda sua obra podemos encontrar diversas músicas abordando o assunto, seja de forma explícita ou nas entrelinhas. Em O Messias Indeciso, nem todos entenderam o que ele quis dizer com “… nas luzes do arrebol/ Quantos segredos terá…”. Raul estava claramente se referindo aos UFOs, pois arrebol é o mesmo que céu ou firmamento. Já na canção S.O.S. ele falava para quem quisesse ouvir “Ô seu moço do disco voador/ Me leve com você/ Prá onde você for…” Mas cometeu o erro da ufolatria quando cantava “Andei rezando para totens e Jesus/ Jamais olhei pro céu/ Meu disco voador além…”, e volta a dar sinal de lucidez quando diz “… e nas mensagens que nos chegam sem parar/ Ninguém pode notar/ Estão muito ocupados Prá pensar…”
Que Luz é Essa? – Raul sabia das coisas e sempre nos dava provas de conhecer algo mais, como em Ouro de Tolo, quando ele clamava, indignado, “… eu é que não me sento no trono de um apartamento/ Com a boca escancarada cheia de dentes/ Esperando a morte chegar/ Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais/ No cume calmo do olho que vê/ Assenta a sombra sonora de um disco voador…”
Outro exemplo interessante é a música Que Luz é Essa? Nela, Raul perguntava “…Que luz é essa que vem vindo lá do céu?/ Brilha mais que a luz do Sol…”. E continua, fazendo-nos refletir: “Vem trazendo a esperança/ Prá essa terra tão escura/ Ou quem sabe a profecia das divinas escrituras/ Quem é que sabe o que vem trazendo esse clarão/ Se é chuva ou ventania, tempestade ou furacão/ Ou talvez alguma coisa que não é nem sim nem não…”. Ainda nessa mesma canção ele profetiza: “É a chave que abre a porta/ Lá do quarto dos segredos/ Vem provar que nunca é tarde/ Vem provar que é sempre cedo…”
Raul transcendia a disputa entre Ciência e misticismo. Ele ia além, como na música Geração da Luz, onde disse “… Quando algum profeta vier lhe contar/ Que o nosso Sol tá prestes a se apagar/ Mesmo que pareça que não há mais lugar/ Vocês ainda têm a velocidade da luz para alcançar…” Ou seja, apesar de ser extremamente místico, ele sabia da importância da Ciência e da necessidade da tecnologia. Ainda referindo-se às canções pop, podemos citar Brasil, música de Jorge Benjor que fez imenso sucesso em todo país. Nela encontramos a frase “… Cuidado com o disco voador…” Estaria Benjor alertando as pessoas do perigo de serem abduzidas?
Mais uma vez é pouco provável. Na verdade, o tal disco voador da canção é uma gíria usada nos morros cariocas para se referir à polícia
. Aqui vemos mais um exemplo interessante de que os UFOs, de tão arraigados ao folclore popular, acabaram virando adjetivo, na forma de gíria. Outro modelo claro de relato de naves espaciais na música popular brasileira é London London, de Caetano Veloso, que foi regravada pelo grupo RPM no final dos anos 80. Nessa canção podemos ouvir no refrão a frase “…. oh, my eyes/ Are looking for flying saucers in the sky”, ou seja, “…meus olhos / Estão procurando discos voadores no céu”. Mas se pegarmos exemplos em inglês a coisa complica, pois são milhares as citações aos UFOs em músicas de centenas de bandas, principalmente de rock. David Bowie, por exemplo, fez muito sucesso nos anos 60 com o personagem Ziggy Stardust, uma espécie de ET andrógeno que parecia ter saído de algum filme categoria B.
Também as bandas dos anos 60 e 70, em geral, eram chegadas ao tema, tanto que recentemente foi lançada a coletânea Remasters, dos maiores sucessos do grupo Led Zeppelin. A obra traz na capa uma linda figura dos círculos ingleses em uma plantação a sudeste de Londres. Mais uma vez, o inconsciente das pessoas recebe informações relativas ao Fenômeno UFO sem se dar conta. Muitos jovens se surpreendem ao ver, pela primeira vez, uma foto dos citados círculos em alguma publicação, pois, na verdade, já haviam se deparado com aquelas figuras estranhas na capa do álbum de Zeppelin. E os exemplos não páram.
Como já foi dito, até bandas que fazem um som quase inaudível, conhecidas como death metal, são ligadas ao Fenômeno UFO. Essas bandas – que normalmente são discriminadas, tidas como adoradoras do demônio por fazerem um estilo agressivo de música e falar de assuntos repugnantes para a grande maioria das pessoas – muitas vezes contam com excelentes músicos, indivíduos inteligentes e de mente aberta para falar dos mais diversos assuntos. Este é o caso do Hypocrisy, conjunto que freqüentemente aborda o tema ufológico e que batizou um de seus últimos álbuns como Abducted [Abduzido], cuja segunda canção chama-se Roswell 47. Precisamos dizer mais?
Podemos ver que os exemplos são os mais diversos possíveis, e a conclusão que fica disso tudo é o fato de que a música, assim como outras manifestações artísticas do ser humano, vêm contribuindo para que o Fenômeno UFO esteja constantemente na mente das pessoas, fazendo com que percam o medo que gira em torno do assunto e ajudando a preparar a Humanidade para aquele momento que todos nós esperamos: o momento em que a verdade será finalmente revelada.