A Terra sempre esteve em um processo de grande transformação, como ocorreu entre 12 e três mil anos atrás, quando houve um profundo crescimento da civilização terrestre. Inúmeros templos foram erguidos no Peru, os primeiros complexos urbanos e pirâmides foram construídos no Egito, sociedades agrícolas foram planejadas e estabelecidas, vastas civilizações surgiram no antigo Oriente Médio, e houve várias mudanças no Extremo Oriente, com consequências de longo alcance no desenvolvimento de complexas sociedades por toda a Bacia do Pacífico. Essa movimentação contém indícios sobre nosso desenvolvimento, mas qual teria sido a nossa verdadeira origem? Muitos destes complexos de templos se concentravam em torno de “mitos de libertação” anteriores.
Os registros disso são muitos. O livro The Golden Bough: A Study in Magic and Religion [A Grande Ramificação: Estudo de Mágica e Religião], de James Fraser, mostra relatos de mais de 40 cataclismos no Oriente, e grandes textos do Ocidente, inclusive Timeus e Crítias, de Platão, mencionam civilizações de um protomundo interligadas por todo o planeta, da África à Ásia. Em Crítias Platão escreveu: “Uma ilha maior em extensão que a Líbia e a Ásia, quando submergiu devido a um terremoto, tornou-se uma barreira intransponível de lodo aos viajantes que zarpavam daqui para qualquer parte do oceano”. Lendas e histórias populares também aludem a antigos mundos destruídos “na terra do Sol poente”, o Ocidente, e temos o relato do grande dilúvio nos primeiros 12 capítulos do Gênesis bíblico, propriamente uma condensação de uma história oral bem mais antiga — de uma época em que os seres humanos viviam por centenas de anos.
Muralhas, templos e monumentos
Fontes reveladoras e inspiradoras, os textos egípcios também se referem a uma época em que sua civilização era governada pelos deuses e por seres semidivinos, capazes de viajar grandes distâncias para transmitir conhecimento. A própria base da civilização egípcia subentende o fornecimento de um alto nível de conhecimento aplicado de matemática, hidráulica e engenharia, altos níveis de contato com sociedades distantes e treinamento mental elevado vindo de seres como Osíris, capazes de demonstrar verdades aos povos da Terra. Antigos historiadores, como Jorge Sincelo, Maneto e Heródoto, falam de uma história superior que existia antes da “era comum” da humanidade, remontando há pelo menos 36 mil anos.
Como se vê, no mundo inteiro, encontramos muralhas, templos e monumentos de pedra com inscrições descrevendo as civilizações deste protomundo. O Kebra Nagast etíope, por exemplo, fala de um “transporte aéreo avançado”, e os textos sânscritos descrevem os vimanas, “carruagens movidas à luz”, que no dia a dia ligavam civilizações adiantadas aos povos da Terra. Há também evidências da utilização de tipos especiais de eletricidade, de química e metalurgia de vanguarda, de perícia em medicina, anestesiologia, e de cirurgias sem sangue — isso além de uma engenharia civil aprimorada e da padronização de medidas para a construção. Mas onde estariam estas civilizações sofisticadas hoje em dia?
Há também evidências da utilização de tipos especiais de eletricidade, de química e metalurgia de vanguarda, de perícia em medicina, anestesiologia, e de cirurgias sem sangue — isso além de um tipo de engenharia civil aprimorada
Uma rápida mudança no clima global deu fim à Idade do Gelo ou período pleistoceno, entre 11 a 15 mil anos atrás. Geleiras que cobriam grande parte da Europa e América do Norte começaram a derreter-se. Sabemos que o sudeste da Ásia constituía um único e imenso continente, até que três dramáticos descongelamentos elevaram em 100 m ou mais o nível dos oceanos, inundando muitas regiões costeiras e transformando locais elevados em inúmeras ilhas. A costa que se perdeu era tão grande quanto a Índia. Este mesmo derretimento e inundação romperam imensos reservatórios de gelo em Ontário, Canadá, onde 480 mil km2 de gelo glacial entraram em colapso, vazando uma enorme quantidade de água no Atlântico Norte e diminuindo sua salinidade. No interior das Américas ocorreu a inundação cataclísmica de Bonneville, com a liberação de centenas de quilômetros cúbicos de água a partir do rompimento dos reservatórios de gelo.
Colapso da Atlântida
Entre 12 e 9, 5 mil anos atrás, a última destas bruscas elevações dos mares foi acrescida de ondas gigantes geradas por rupturas na crosta terrestre, na medida em que as placas de gelo se desmanchavam e ocorria uma atividade vulcânica regional. Uma recente pesquisa da Sociedade Meteorológica Mundial mostra que dois dos súbitos episódios de aquecimento observados no núcleo de gelo da Groenlândia se refletem no gelo do Mar de Ross, na Antártida. Os dados obtidos no núcleo de geleiras sugerem que metade do aumento de temperatura, de aproximadamente 10° C, ocorreu em menos de uma década e meia, há cerca de 11.650 anos. Portanto, podemos deduzir que o colapso catastrófico de sociedades lendárias como a Atlântida, a história bíblica de Noé, os Unapashtim dos textos acadianos anteriores à Bíblia e a cidade anterior ao período áureo da Grécia descrita no Timeus de Platão, podem corresponder a estes eventos geológicos.
Estudiosos descobriram que a glaciação da época pleistocena, de 1,8 milhões a 11 mil anos atrás, não foi tão constante como se acreditava — consistiu em vários avanços do gelo intercalados por períodos mais quentes, durante os quais o gelo recuava e prevalecia um clima comparativamente ameno. As civilizações humanas podem ter-se desenvolvido nos períodos interglaciais, e algumas destas populações poderiam ter migrado em decorrência da catástrofe geológica. Dizem as lendas que os atlantes se deslocaram para a Grécia e Egito — e possivelmente para regiões da América do Norte, inclusive para a península do Yucatán — para fundar estas notáveis civilizações. Mas o que teria ocorrido com as culturas do Extremo Oriente? Da época do afundamento da plataforma costeira e de alterações nas manchas solares, há lendas de migração maci
ça de povos do sudeste asiático, por terra e mar. Elas se deram para a costa da China, ao norte, para o Oceano Índico, a oeste, e para a Austrália e Polinésia, ao sul.
Mas quais são, afinal, as outras evidências de civilizações proto-históricas no Oriente? Descobrimos que os primeiros registros de linguagem remontam há mais de 30 mil anos, a petroglifos indianos encontrados perto de Bhopal, e alguns dos aborígines australianos. Estes vestígios, interessantes ilustrações em rochas, vão além das simples formas animais pintadas nas cavernas de Lascaux, por exemplo, que remontam há 17 mil anos atrás. Antigos glifos também aparecem no Novo Mundo, onde encontramos geometrias sagradas e imagens de humanos com seis dedos — conforme visto no Brasil. Evidências bem precisas de alterações solares e de supernovas também aparecem em hieróglifos no mundo inteiro, da África a América do Sul.
Caminhos para o Novo Mundo
Defensor da noção de um contato transoceânico e de uma migração no Pacífico Sul, em direção às Américas, o explorador Thor Heyerdahl se notabilizou. Mais famoso pela sua expedição no Kon-Tiki, que provou que os ilhéus de Rapa Nui podiam estabelecer comércio com os povos da América do Sul, Heyerdahl destacou as semelhanças entre as estruturas de pedra da Ilha de Páscoa e as estruturas incas e pré-incaicas no Peru. Mais recentemente, após um estudo prolongado de correntes oceânicas — como os efeitos do El Niño —, o explorador propagou a crença de que os povos marítimos poderiam ter tanto imigrado para a América de Sul como emigrado dela. Antes da sua morte, ele tentou demonstrar a possibilidade de os egípcios e fenícios terem viajado do Egito para as Ilhas Canárias e, como Cristóvão Colombo, terem aberto caminhos de ida e volta para o Novo Mundo.
Heyerdahl contesta a maioria das crenças dos antropólogos norte-americanos contrários à difusão. Estes acreditam que as Américas só vieram a ser povoadas através da migração asiática pela Beríngia, no Estreito de Bering, a partir da Sibéria. Mas este ponto de vista também está sendo contradito pelas recentes evidências arqueológicas de Monte Verde, no Chile, e da Toca do Boqueirão da Pedra Furada, no estado do Piauí, ambos indicando a presença de uma série de povos de cultura marítima com capacidade de cruzar grandes barreiras oceânicas. Até pouco tempo, a maioria dos antropólogos afirmava que os artefatos de ossos de Clovis, no Novo México, Estados Unidos, remontavam há apenas 11.600 anos e eram os restos mais antigos do Novo Mundo.
Há uma impressionante evidência genética de pelo menos quatro linhagens dos primeiros humanos associando as Américas ao continente asiático, em diferentes períodos pré-históricos, tanto antes quanto depois de eventos cataclísmicos
Mas algumas outras teorias antropológicas levam em conta que, antes de Clovis, povos asiáticos entraram na América do Norte pelo noroeste, entre 15 e 12 mil anos atrás, no fim da última era glacial, passando pelo Alasca e Canadá, e depois avançando para as Américas Central e do Sul. No entanto, novas evidências sugerem que a antiga travessia não se deu exclusivamente para a América do Norte. Houve possivelmente, numa data bem anterior, uma migração costeira nas latitudes sul e uma transferência de ilha em ilha pelo Médio Pacífico até as Américas — o que é mais interessante nas gravações em pedra encontradas na Toca do Boqueirão, no Piauí, é que a datação por métodos de carbono 14 sugere uma idade entre 30 e 48 mil anos para esses vestígios.
Esta informação mostra que o surgimento do homem no hemisfério sul do Novo Mundo se deu muito antes do que se pensava. Contudo, a arte rupestre primitiva não é tudo que há sobre civilizações antes de 12 mil anos atrás. Do outro lado do continente sul-americano, em Monte Verde, sul do Chile, a uns 50 km do litoral do Pacífico, o doutor Thomas Dillehey e seus outros cientistas recuperaram possivelmente os mais antigos artefatos e restos humanos das Américas. Enquanto a maior parte do sítio de Monte Verde foi datada em 12.500 anos, a datação de possíveis instrumentos de pedra descobertos por Dillehey no local remonta há uns 3 mil anos, conforme o cientista publicou em A Late Pleistocene Settlement in Chile [Uma Colonização Pleistocena Tardia no Chile]. Dillehey e sua equipe descobriram ainda evidências de instrumentos, brinquedos e assentamentos simétricos que sugerem que o mais antigo ramo da cultura civilizada desenvolvido no hemisfério sul do Novo Mundo originou-se da Ásia.
Enigmáticos ossos de mamutes
Detalhes na trama têxtil dos tecidos da época e nos padrões geométricos das cerâmicas encontrados nas ruínas costeiras, do Peru, Equador e até o México, são muitíssimo parecidos com os da cultura Joman, do Extremo Oriente. Isto não quer dizer que a América do Norte esteve completamente desprovida de antigas culturas. O arqueólogo Albert C. Goodyear, do Instituto de Arqueologia e Antropologia da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, examinou locais como Cactus Hill e Saltville, na Virgínia, e sítios arqueológicos próximos a Topper, na Carolina do Sul, e Meadowcroft, na Pensilvânia, encontrando evidências de uma ocupação no leste do país que remonta há mais de 12 mil anos. Elas apenas não são tão antigas quanto o sítio da Toca do Boqueirão, no Brasil. Outra impressionante prova arqueológica dos primeiros seres humanos na antiga América do Norte vem da descoberta, em El Cedral, ao sul de Monterrey, no México, de ossos de mamutes em torno de uma construção de 3 mil anos de idade.
Também na Europa Central e na Rússia foram identificadas duas civilizações que remontam há mais de 12 mil anos ou ao fim do Pleistoceno. A primeira, chamada aurinaciana, floresceu de 40 a 28 mil anos atrás, seguida pela gravetiana, de 28 a 22 mil anos. Milhares de figuras esculpidas e ornamentos pessoais destes povos foram descobertos e documentados. Mas todas estas civilizações se desenvolveram em separado? Rapa Nui, também chamada de Ilha de Páscoa, e o arquipélago havaiano estão entre as localidades mais remotas do Pacífico. Os rost
os esculpidos nas estátuas gigantes da Ilha de Páscoa sempre suscitaram dúvidas quanto ao povo que as construiu e à tecnologia que utilizaram — mas as características das mãos e os gestos simbólicos dos dedos das estátuas sugerem claramente uma antiga ligação com as ilhas do sudeste asiático.
Comunicação dos povos do passado
Além disso, figuras e representações artísticas encontradas no Equador revelam imagens que se assemelham as dos deuses da pré-dinastia egípcia. O que se cogitou no Congresso sobre Mistérios Não Resolvidos, ocorrido em Viena, em 2001, é que isto sugere fortemente uma comunicação global entre os povos do passado. Mas como podiam se corresponder entre si, se estavam imensamente distantes. E que tipo de sistema de transporte utilizavam? Para confirmar a teoria das antigas migrações globais, foi conduzido na Universidade Emory um estudo do movimento dos genes humanos.
Sobre isso, o professor Douglas Wallace concluiu que as ilhas do Pacífico e as regiões indígenas ao norte e ao sul da América do Norte foram povoadas por asiáticos, mostrando traços de DNA de uma linhagem genética vinda de uma fonte comum, de uma Eva primitiva originada na África, que posteriormente se estendeu para a Ásia. Analisando o DNA mitocondrial de grupos indígenas norte-americanos muito distantes entre si, Wallace e outros cientistas puderam sugerir que os primeiros ameríndios a se comunicar entraram nas Américas entre 42 e 21 mil anos atrás, ao passo que os ancestrais da atual nação Nadine chegaram entre 16 e 5 mil anos — Wallace também descobriu uma linhagem de DNA que foi para América do Norte, possivelmente da Europa, em épocas pré-históricas.
Contudo, há uma impressionante evidência genética de pelo menos quatro linhagens dos primeiros humanos associando as Américas ao continente asiático, em diferentes períodos pré-históricos, tanto antes quanto depois de eventos cataclísmicos. Com o uso de diferentes estudos genéticos, está se desenhando um quadro mais complexo de migração global. A maior parte da nossa informação genética é armazenada na forma de DNA nos núcleos das nossas células, mas outros corpos delas também possuem essa informação, como as mitocôndrias. Seu material genético — chamado de mtDNA — é transmitido apenas pelas mulheres, já que a mitocôndria do esperma masculino não sobrevive à fertilização. Logo, além de evidência arqueológica, linguística e de correlações arquitetônicas, as descobertas genéticas também podem ser usadas para apoiar a teoria de migração pelo Pacífico.
Restos de esqueletos do Pacífico
Do ponto de vista da genética populacional, os investigadores dos mistérios da Ilha de Páscoa concluíram que houve certas mutações de DNA em polinésios, micronésios e sul-asiáticos, puxando para as Américas, mas que isto não se deu em qualquer outro lugar. Tal fato acaba por corroborar a evidência arqueológica e linguística de ligação entre asiáticos e polinésios. O trabalho adicional de John Clegg e Erika Hegelberg nesta questão da relação do DNA mitocondrial de populações atuais e restos de esqueletos do Pacífico, tem ajudado a delinear a rota de migração de viajantes protochineses e protopolinésios. Além das considerações de semelhanças genéticas, certos aspectos das culturas da América Central e do Sul têm uma notável semelhança com elementos culturais observados na Ásia e nas ilhas do Pacífico, particularmente o complexo uso em terra e no oceano de canais e sistemas hidráulicos, plataformas em três fileiras e centros cerimoniais em vários níveis.
Estes elementos revelam um intertravamento estrutural que requer um projeto matemático bem elaborado. Câmaras retangulares submersas foram descobertas na área do Lago Titicaca, perto de Tiahuanaco, que já foi um grande centro de aprendizado do mundo antigo, sede de um museu etnográfico entalhado com tipos faciais de índios e asiáticos. A história arquitetônica das antigas estruturas de Tiahuanaco e das elevações em terraços cobre pelo menos 3 mil anos, e é evidente que o desenvolvimento e conservação, por parte dos povos andinos, de importantes e persistentes noções do mundo espiritual sobre planos cerimoniais em nichos e canais de água entrecruzados — como malhas no topo do mundo, se encaixam na cosmologia do Oriente.
Simultaneamente, os centros rituais mostram uma difundida reverência por Pacha Mama, a Mãe Terra, também chamada de Mãe Cuna, Rada, Sita e Quan-yin no Oriente. Será que todos os povos indígenas do mundo compartilhavam ritos de passagem cosmológica antes da vinda do monoteísmo com o seu sistema de crença, sempre voltado para o Sol? Cidades submersas estão atualmente sendo descobertas no mundo inteiro. O Instituto Nacional de Tecnologia Oceânica da Índia localizou, a 40 m de profundidade, no Golfo de Cambaia, uma série de estruturas subterrâneas de provavelmente mais de 8 mil anos de idade. Esta descoberta foi anunciada oficialmente em 19 de maio de 2001, pelo ministro de Ciência e Tecnologia do país, Murli Manohar Joshi. O Golfo de Cambaia — também conhecido como Golfo de Khambat — é uma área tectonicamente ativa, cuja profundidade tem se alterado desde o fim da última era glacial.
Na verdade, o Golfo só se formou entre 7,7 e 6, 9 mil anos atrás. As estruturas recentemente descobertas poderiam ter até 12 mil anos e ter submergido em decorrência de um abalo sísmico. As ruínas do golfo foram encontradas ao longo de uma extensão de 9 km, perto do litoral, na província indiana de Gujarat, em dezembro de 2000, e por seis meses foram investigadas com técnicas acústicas e sonar. Segundo relatos dos exploradores, estruturas urbanas encontradas submersas, aparentemente incluindo um celeiro, um grande estabelecimento de banhos e uma cidadela, se parecem com as das principais cidades da civilização do Vale do Indo, com padrões geométricos regulares. Uma coincidência?
Estruturas humanas simétricas
Uma investigação feita em novembro de 2001 incluiu uma dragagem para recuperar os artefatos históricos, tendo o ministro Joshi mencionado a existência não apenas de estruturas simétricas feitas pelo homem, a uma profundidade de 40 m, mas também de vestígios de u
m antigo rio submerso, em cujos bancos já haviam sido encontrados artefatos curiosos. Um bloco de madeira colhido na dragagem foi datado entre 7,5 e 9,5 mil anos de idade, milhares de anos mais velho que a civilização do Vale do Rio Indo. Embora tenham sido encontrados sítios arqueológicos de 20 mil anos atrás no Estado de Gujarat, a descoberta no Golfo de Cambaia é claramente o mais importante achado submarino naquele país, e mais uma incômoda pedra no grande quebra-cabeça que se tornou o estudo de nossas verdadeiras origens.
“Três Terras de Mu”
Plataformas submersas semelhantes, encontradas perto do litoral de Taiwan, na área japonesa de Yonaguni, também seguem um sistema terrestre e oceânico semelhante ao dos terraços repletos de vegetação de templos da América do Sul e das ilhas do Pacífico. Estes canais foram projetados para a prática ritualística. Geralmente amplas, suas múltiplas escadarias e rampas serviam provavelmente como estágios de um ritual em que as multidões se dispunham em um plano elevado ou em frente aos terraços para unir-se à subida e descida da grande luz da criação que se movia pelo céu do leste para o oeste — concentrações de calcário que lembram os terraços litorâneos encontrados em vários sítios da Ilha Ryukyuan, na fronteira com Taiwan, têm arestas vivas, passarelas em ângulos retos e arranjos arquitetônicos incomuns.
Estas construções convenceram o professor Masaki Kimura, da Universidade de Okinawa, no Japão, a associar esta área geológica às chamadas “Três Terras de Mu” dos textos históricos daquele país e da China. Kimura diz que “o continente perdido de Mu pode ter-se localizado no Arquipélago Ryukyu, e pode ter afundado após a última era glacial”. Em 1998, este autor teve oportunidade de se juntar a equipes de mergulhadores e enfrentar as fortes correntes de 4 a cinco nós por hora perto da ilha mais meridional do Japão, a 50 km de Taiwan, no intuito de filmar algumas das estruturas no fundo do oceano. Encontrou-se um imenso templo submerso de 50 m de comprimento, com nove diferentes plataformas, que tem incrível semelhança com o modelo de múltiplas escadarias encontrados acima do nível do mar, nas Ilhas Ryukyu, ligadas a Yonaguni e Okinawa.
Tal monumento veio a confirmar uma localidade prenunciada em 1973, no livro As Chaves de Enoque: O Livro do Conhecimento, deste autor, com relação a uma ampla malha mundial de túneis e monumentos, interligada com a Grande Pirâmide. Num local abaixo do nível do mar, perto das praias de Yonaguni, existem duas construções em forma de tartaruga estilizadas, uma em cima da outra. Estudos de Kimura descrevem a existência de várias formas feitas pelo homem, agora submersas, incluindo plataformas e estruturas piramidais em degraus. Estas imensas estruturas, reexaminadas por nós e outros exploradores europeus, norte-americanos e australianos, entre 1997 e 1999, mostram detalhes simétricos e regulares demais para serem resultado da dinâmica dos mares — são artificiais e construídas possivelmente com tecnologia superior à da época.
Ao mesmo tempo, estruturas submarinas com formas nitidamente artificiais foram documentadas em pelo menos oito diferentes localidades das Ilhas Ryukyu. As lendas folclóricas do Japão, Taiwan e Filipinas descrevem um tema mitológico de sobrevivência que prevalece em muitas destas ilhas. Todas as culturas locais falam da busca por um continente perdido. Alexander Dalrymple, em seu secular relato An Historical Collection of the Several Voyages and Discoveries in the South Pacific Ocean [Uma Coleção Histórica de Diversas Viagens e Descobertas no Oceano Pacífico Sul], de 1770, baseando-se num estudo sobre lendas polinésias e sutras japoneses, argumentou já em 1767 que as crenças num grande continente perdido ao sul do Oceano Pacífico indicavam a existência de uma linha costeira contínua, que ele chamava de Lemúria. Os japoneses também falam de Hori e outras culturas chamam este continente perdido de Mu.
Ruínas submersas no Japão
Estudando tais hipóteses, peritos do Instituto Oceanográfico Scripps levantaram a possibilidade de as massas continentais já terem se estendido muito além da costa atual da China e do Japão, quando o nível do mar era 50 m mais baixo. Uma investigação posterior dos navegadores, perto da Ilha de Yonaguni, no Mar do Leste da China, pode corroborar os relatos de estruturas semelhantes às de Mu nas águas em torno de Taiwan. Os templos encontrados têm características subaéreas, mostrando que já estiveram acima do nível do mar, e que afundaram pela elevação dos mares em certo período — distante dali, estudos recentes com sonares descobriram possíveis ruínas submersas noutra área indicada pelo mapa da As Chaves de Enoque.
Estão ao norte da Península de Yucatán, perto de Guanahacabibes, no extremo oeste de Cuba. Trata-se de uma área de 20 km2 pontilhada de grandes pedras ou estruturas megalíticas. Elas foram relatadas pela primeira vez por Paulina Zelitsky, engenheira oceanográfica que agora vive em Havana. As surpreendentes formações rochosas submarinas que aparecem nas leituras do sonar sugerem uma cidade submersa construída no período pré-clássico, povoada então por uma civilização avançada como a da primeira cultura de Teotihuacán, no Yucatán. Os contornos nas imagens do sonar lembram pirâmides, estradas e edifícios — uma descoberta desta escala indica, para alguns historiadores e escritores, a descoberta das fronteiras das civilizações perdidas de Atlan ou Zarahemla.
Para alguns, pode ser a descoberta de antigos portais estelares para a inteligência evolutiva superior que já teria estado em contato com os povos indígenas das Américas. O afundamento do sítio a oeste de Cuba pode ser simplesmente resultado de falhas existentes nesta área. Manuel Iturralde Vinent, um dos principais geólogos do país e membro do Museu Nacional de Cuba, disse ser cedo demais para
se saber o que as imagens indicam, embora, após examinar as evidências, tenha sentido a necessidade de uma investigação adicional. Rochas vulcânicas recuperadas no sítio sugerem que a planície submarina já esteve acima do nível do mar, apesar da sua enorme profundidade.
Os antigos humanos terrestres compreendiam estes monumentos como parte de algo bem maior do que eles próprios, e entendiam o seu lugar na ordem geral como peças geométricas sagradas de um código bioenergético vivo
Embora já não haja vulcões ativos em Cuba, há evidência geológica de que uma série de antigas erupções perto do Yucatán tenha criado os movimentos tectônicos de afundamento ainda hoje observados — há clara evidência botânica, geológica e ambiental de que o fundo do oceano existente entre o Yucatán e o México já foi terra firme. Ainda é difícil explicar 607 m de afundamento de 20 km2 de terra no Golfo de Yucatán, mas os estudos geológicos indicam que a fragmentação do continente em ilhas e o afundamento da ponte de terra deve ter ocorrido gradualmente antes de 1.000 a. C., possivelmente já em 48 mil a. C.
Padrões de migração
E quanto às migrações transasiáticas em direção à Europa? De acordo com especialistas, existem antigos e pequenos padrões de migração focalizados do sudeste da Ásia, ao longo de rotas de comércio, passando pela Índia, os Emirados Árabes Unidos e a antiga área da Mesopotâmia, e daí estendendo-se até o Mediterrâneo. Para a comprovação arqueológica, podemos começar com as descobertas de uma antiga cultura em Takla Makan, no Uzbequistão, na Ásia Central. Nesta área, próximo ao lendário Deserto de Gobi, se estende a grande Bacia de Tarim, também conhecida como Takla Makan, que significa “aquele que entra, não retorna”. Peritos chineses e norte-americanos identificaram a oeste desta vasta área desértica, em Sinkiang, restos de grandes assentamentos de um povo anterior ao europeu.
Restos de ancestrais europeus, de 6 mil a 800 anos atrás, mostram uma técnica de preservação quase perfeita. Na década de 30 foi descoberto na Ásia Central um artefato especial: uma escápula de elefante entalhada que reunia notáveis pictografias, tanto de uma escrita oracular chinesa feita em osso, como de um tipo de escrita egípcia. Felizmente, foi feito um decalque detalhado do osso antes que ele se perdesse na Segunda Guerra Mundial. A escrita pictográfica, com pelo menos 500 anos de idade, é um exemplo de comunicação entre antigos estudiosos chineses e egípcios, e sugere um alto nível de intercâmbio científico entre civilizações distantes que compartilhavam um entendimento de múltiplos sistemas estelares.
Tal registro de antiga correspondência sobre astronomia e cosmologia foi apresentado por este escritor aos especialistas da Universidade de Chicago, durante um evento científico, como confirmação de uma história multilinguística do chamado “bom deus Imhotep”, egípcio, com rosto de esfinge, ensinando os sacerdotes-cientistas da época em várias línguas — inclusive a chinesa — a respeito de uma complexa realidade cósmica. A mensagem na escápula de elefante mostra o planeta Terra circundado por múltiplos sistemas estelares. Se estas vastas migrações de povos e de culturas pelos desertos e oceanos foram precipitadas por cataclismos globais, nós nos perguntamos qual teria sido a causa e se poderiam acontecer de novo. De acordo com o livro As Chaves de Enoque, já mencionado, o derretimento extremamente rápido do gelo polar libera um torque mecânico que põe em movimento um imenso volume de água.
Templos astrofísicos
Em alguns casos, isto se dá tão violentamente que o manto externo da Terra desliza em torno do núcleo interno, provocando um súbito deslocamento das placas tectônicas. Contudo, simples mudanças climáticas provocadas por eventos geofísicos ou mudanças solares são suficientes para exterminar civilizações. Um extenso estudo dos núcleos de gelo glacial, combinado com a análise de sedimentos marítimos profundos, indica que as temperaturas na Terra se elevaram em diversas ocasiões do passado, em 103, 82, 60, 35 e 10 mil anos atrás. Esta cronologia se assemelha à teoria de períodos de mudança climática gradual de Milankovitch, de 41 mil anos, combinados com o ciclo de 22 mil anos de precessão, que estão refletidos nos padrões circulares e concêntricos de muitos dos centros megalíticos do mundo, tais como Stonehenge, Woodhenge, Rujum al-Jiri, Napta e Cahokia.
Os templos astrofísicos ao redor do mundo, como cronomonitores de ciclos planetários, têm proporcionado aos estudantes de história mais informações sobre o universo vivo que estes monumentos representam. Nos últimos 30 anos, autores têm visitado nos seis continentes grandes monumentos que refletem uma história global mais ampla. Temos diante de nós, ocultos, dicionários da idade da pedra, estruturas que calculam o tempo e revelam a migração e renovação da humanidade através das eras. Ao observarmos o universo com os seus ritmos cósmicos, descortinam-se diante de nós uma beleza indescritível, bem como grandes perigos.
Os antigos compreendiam estes monumentos como parte de algo maior que eles próprios, e entendiam o seu lugar na ordem geral como peças geométricas sagradas de um código bioenergético vivo. Precisamos recuperar este senso perdido de unidade mundial, recolocando os artefatos da história nos devidos lugares. À medida que entendemos a mensagem dos ossos de oráculo, os artefatos e as lições precisas de astrofísica inseridas na arquitetura mundial, que se repetem aqui e ali em diferentes pontos do globo, uma mensagem torna-se evidente — bem antes das escrituras, o registro oral de protocomunicação sugere a existência de altos níveis de difusão cultural dos povos tanto do Oriente quanto do Ocidente.
Avançada cosmologia
Assim, com as novas descobertas de evidências de civilização avançada antes dos registros cronológicos, alcança-se o conhecimento de antigas civilizações, que é necessário para integrar a civilização mundial. As recomposições arcaicas de templos, santuários e pontos de medição, do Oriente ao Ocidente, das terras da China e do Japão ao Egito e
Ocidente, mostram uma compreensão avançada de cosmologia e da trajetória solar. Independentemente dos cataclismos terrestres, da destruição provocada por manchas solares ou dos desastres que terminaram com a vida nestes antigos centros, os símbolos no fundo do oceano se comunicam com a mesma acuracidade e precisão que a da grande arquitetura da Ásia e do Oriente Próximo, como uma casa representando a “malha divina” na Terra e refletindo os céus.
Estudos descrevem a existência de várias formas feitas pelo homem, agora submersas, incluindo plataformas e estruturas piramidais em degraus. Estas imensas estruturas foram examinadas por diversos exploradores internacionais
A corroborar isso, as novas descobertas da genética e da arqueologia submarina têm ampliado imensamente a nossa visão, mostrando vastos movimentos migratórios dos povos asiáticos para as Américas, em decorrência das alegadas catástrofes globais e mudanças cataclísmicas no fim da última era glacial. Com a quebra dos paradigmas arqueológicos, surgiram novas realidades de intercâmbio entre Oriente e Ocidente, e dos povos que viveram nesta fase com “outros seres”. Monumentos das profundezas estão se movendo e se revelando, ajudando-nos a compreender as peças perdidas da história do nosso planeta e dos ciclos anteriores da humanidade, que os antigos conheciam.