O mistério dos discos voadores, como eram chamados à época, e suas manifestações por todo o mundo estavam, nos idos dos anos 60, sob a lente míope da ciência politizada e militarizada. Eram os tempos da Guerra Fria e todos os aspectos da vida, principalmente os extraordinários, se tornavam assunto de segurança nacional. A ciência que os estudava não escapou ilesa no processo e muitos cientistas foram obrigados a concordar com declarações oficiais, das quais, talvez em outra época, discordassem cabalmente.
Nesse contexto foi publicado em 1969 o Relatório Condon, um estudo oficial sobre avistamentos de UFOs feito por um grupo de cientistas, cujo aparente objetivo era enterrar de vez o assunto. O assunto não morreu, mas o relatório conseguiu banir a discussão para a clandestinidade, revestindo a pesquisa ufológica de um caráter demeritório em todas as suas vertentes. Os UFOs, entretanto, continuaram sendo vistos nos céus ou pousados sobre campos, e as pessoas não deixaram de relatar suas experiências apenas porque a política militar do Ocidente assim o queria. Naquele mesmo ano, 1969, o litoral norte australiano viveu uma onda de avistamentos e várias marcas foram encontradas no solo da região, indicando que objetos muito pesados haviam pousado ali naquele local.
O mais proeminente desses casos ocorreu em uma grande área de plantação de sorgo [No Brasil a planta é conhecida como milho zaburro] próxima à localidade de Bungawalban. Em 17 de abril daquele ano foram encontradas grandes marcas de achatamento na plantação, e havia histórias indicando que a área tinha alta incidência de avistamentos. O fato de a propriedade pertencer a um membro local do Parlamento Australiano deu notoriedade nacional ao caso e muitas pessoas foram para a área conferir o fenômeno, inclusive este autor.
A colheita, cujas plantas tinham algo em torno de 4,5 m de altura, mostrava quatro padrões distintos de achatamento. O maior deles media 18 por 5 m. O efeito de acamamento, que acontece quando as plantas caem devido ao próprio peso, foi afastado pelos fazendeiros locais, familiarizados com esse tipo de ocorrência. Para aumentar o mistério, dois homens que trabalhavam no controle de inundações, a aproximadamente 1,5 km ao norte da plantação, declararam ter visto um brilho no céu na direção da fazenda na noite anterior. E um fazendeiro vizinho alegou ter visto objetos voadores misteriosos sobre as plantações algumas noites antes do surgimento das marcas.
Embora nunca se tenha estabelecido uma conexão entre as depressões e os UFOs, alguns anos depois este autor tomou conhecimento de um avistamento ocorrido em Harwood Island, na mesma região da costa norte, na noite de 20 de abril de 1969. Uma mulher residente no local contou que naquela noite, por volta das 19h30, teve um avistamento extraordinário quando, ao sair para caminhar, ouviu e viu uma plantação de cana-de-açúcar se agitando violentamente. De repente, um poderoso feixe de luz surgiu sobre a vegetação. A luz voltou-se para a testemunha, que se sentiu erguida do chão por uma força invisível que a arrastou em direção à luz. Segundo ela, “a força parou quando o farol alto apagou”. Ainda de acordo com a testemunha, “quando o farol baixo acendeu”, ela pôde ver as “luzes da cabine” que emanavam de um UFO em forma de capacete que estava a cerca de 10 ou 15 m de distância e dois metros acima da plantação que tinha, ela própria, de dois a 3 metros de altura.
A mulher descreveu o objeto como sendo de cor cinza escuro brilhante e as “luzes no interior eram de cor amarelo pálido, vermelho e de um tom bem tênue de verde. O brilho se espalhava para a borda do UFO e para sua porção superior. Acima do topo do artefato havia uma fina trilha de fumaça. Abaixo dele o movimento violento das plantas deu lugar a um leve balançar”.
Cabelos de anjo
Um minuto após sua ruidosa chegada, o UFO pareceu mudar de ideia e, agitando novamente a plantação, desapareceu. A testemunha não viu mais o aparelho, mas ouviu um assobio fino, depois do qual o artefato sumiu. Segundo suas declarações, todo o episódio aconteceu em um tempo muito curto. Na mesma noite, uma mulher e sua filha foram pescar nas proximidades, sob a ponte de Harwood. Por volta das 20h00 elas viram “uma luz vermelha muito brilhante com uma cauda esbranquiçada” que pareceu estar suspensa por alguns segundos acima da ponte, e depois simplesmente desapareceu. Não se sabe se os dois eventos estão relacionados.
Um dos pontos fundamentais quando fazemos uma investigação de campo é ser, se não o primeiro, pelo menos um dos primeiros a chegar ao local para recolher e analisar possíveis evidências físicas e também entrevistar testemunhas. A razão para isso é, obviamente, a pureza das evidências e testemunhos, que ainda não tiveram tempo de ser contaminados. No dia 30 de agosto de 1969, enquanto relaxava em uma prancha de surf no meio do Rio Clarence, na região de Grafton, este autor notou fluxos de filamentos brancos caindo sobre a água. Foi a oportunidade para fazer uma pesquisa de primeira-mão.
Um minuto após sua ruidosa chegada, os tripulantes do UFO pareceram ter mudado de ideia e, agitando novamente a plantação, ele desapareceu. A testemunha não viu mais o aparelho, mas ouviu um assobio fino, depois do qual o artefato sumiu
Em um primeiro momento, esta testemunha tomou os fluxos de material como sendo teias flutuantes de alguma espécie migratória de aranha e viu ali uma oportunidade de investigar um fenômeno que julgava ser natural. Obviamente, conhecíamos o conceito dos famosos “cabelos de anjo”, um material tido por alguns pesquisadores como subproduto dos UFOs que cai do céu em alguns casos de avistamento, e nossa intenção era coletar amostras para estudos posteriores. Imediatamente remei para a margem, onde havia grande quantidade de teias acumuladas.
Embora não tenha visto, ao pegar o material com as mãos, a ausência de filhotes de aranha, isso não me intrigou — afinal, aranhas pequenas se soltam muito rapidamente da teia. O intrigante viria logo a seguir. Ao começar a enrolar uma grande quantidade do material nas mãos, os filamentos começaram a diminuir de tamanho e depois simplesmente desapareceram sem deixar vestígios. A impressão foi de que ocorreu uma sublimação rápida [Quando sólidos se transformam em gases], mas nenhum vapor ou odor pode ser percebido. Teias de aranha não se comportam dessa forma.
Percebendo que estava lidando com um material exótico, este autor correu até a casa mais
próxima a fim de conseguir alguns vidros para coletar aquela substância que caíra em abundância na margem do rio. Quando retornara após alguns minutos, já não havia mais nada. Apesar de não haver vento, apenas uma leve brisa, a topografia daquele local não deixaria que as amostras fossem levadas, mas tudo havia desaparecido.
Eu voltei para a água e inspecionei as margens por uma longa distância, mas não havia quaisquer traços das teias que haviam caído. Como evidentemente o que eu havia visto não eram de fato teias de aranha, relato aquele material como sendo cabelos de anjo. Agora imaginem a decepção quando soube que naquele mesmo momento várias pessoas de Grafton, incluindo meus próprios pais, haviam visto um UFO que foi descrito como “uma massa branca alongada” que, pela trajetória, deve ter passado sobre o rio onde eu estava. Talvez o UFO avistado fosse apenas uma grande massa de filamentos e não um aparelho em si, mas mesmo assim foi uma frustração.
Fenômeno imprevisível
Depois disso, mergulhei completamente no exótico mundo da Ufologia e me juntei a um grupo de pesquisas chamado UFO Investigation Center [Centro de Investigação Ufológica, UFOIC], com sede na cidade de Sidney. Em seguida fui para Armidale realizar uma graduação em ciências na Universidade de New England e aderi ao grupo norte-americano Aerial Phenomena Research Organization [Organização de Investigação de Fenômenos Aéreos, APRO], liderado por Coral e Jim Lorenzen. Suas conexões internacionais eram excepcionais e minha associação com eles serviu para reforçar a dimensão global do assunto.
Em 1972, na universidade, tive um breve avistamento diurno de um objeto metálico em forma de ovo atravessando o céu crepuscular do norte para o sul com velocidade comparável à de um avião pequeno voando a baixa altitude — o avistamento durou cerca de 15 segundos e, embora tenha corrido até uma área sem prédios para vê-lo melhor, quando cheguei até lá ele havia desaparecido. O UFO tinha uma forma angular aparente, e de onde foi visto parecia ter cerca de 2,5 cm de tamanho, o que deu a impressão de que medisse várias centenas de metros, mas não há como saber. O artefato era completamente silencioso, o que contrastava com as aeronaves barulhentas que passam frequentemente sobre a universidade. Sua forma era muito bem definida, sem saliências visíveis em sua superfície. O que era, nunca pude dizer, embora venha tentando compará-lo com todos os tipos de aviões e helicópteros desde aquela data.
O interessante é que naquele mesmo dia um estudante que fazia parte da Sociedade de Fenômenos Psíquicos da universidade havia relatado que às 03h00 alguns fenômenos anômalos haviam ocorrido em uma propriedade próxima a Mount Butler, a oeste de Armidale — os eventos incluíam a aparição de um “monge envolvido em uma mortalha” e um estranho episódio de possessão. A localidade também era conhecida por ser assombrada por UFOs. Se os eventos estavam relacionados ao que eu havia visto, não se pode dizer, mas não deixa de ser curioso.
Como sabem todos os pesquisadores, um aspecto frustrante do Fenômeno UFO é a sua imprevisibilidade. Métodos científicos se baseiam em repetitivas experimentações e fenômenos imprevisíveis e esquivos são difíceis de serem tratados cientificamente. O fenômeno ocorre ocasionalmente em localidades específicas e por períodos prolongados, mas nunca sabemos onde ele ocorrerá ou por quanto tempo, o que torna praticamente impossível estudá-lo de forma apropriada. Porém, contrariando a regra, em meados de 1973, uma localidade remota entre Armidale e Grafton, centrada em torno de duas pequenas comunidades chamadas Tyringham e Dundurrabin, proporcionou uma rara oportunidade de uma interessante experiência repetível.
Moradores locais começaram a observar luzes incomuns nos céus e outras estranhas ocorrências. Felizmente, os detalhes sobre a situação chegaram ao nosso conhecimento pouco tempo depois de seu início e nos deram a chance de testemunhar algumas das atividades aparentemente anômalas da área, incluindo luzes, objetos aéreos incomuns e fenômenos auditivos. Tivemos a sorte de aquela atividade persistir por meses e de o conhecimento sobre ela permanecer em grande parte limitado aos moradores e a alguns pesquisadores, que procederam a monitoramentos.
O evento de Emerald Beach
Naquele mesmo ano, 1973, além da especialização em matemática e química, este autor também estava envolvido com Ufologia, analisando algumas difíceis amostras de terra vindas de local onde houvera um suposto pouso de UFO. Não era a primeira vez e não seria a última que faria algo do gênero. As amostras tinham vindo de Emerald Beach, perto de Woolgoolga, na costa norte de Nova Gales do Sul. O caso ocorrera em junho de 1970, quando, por volta das 00h45, um motorista de caminhão viajando da localidade de Coffs Harbour para Grafton viu uma luz brilhante na estrada, do lado do oceano, na área de Emerald Beach — a testemunha observou que a fonte aparente da luz era um objeto circular que subia por detrás das árvores, a cerca de 500 m da rodovia.
Pairando por cerca de 30 segundos a uma altura de 20 m, o UFO aparentava ter cerca de 10 m de diâmetro, segundo a avaliação do motorista. Enquanto o homem observava a cena, algumas chamas surgiram na parte inferior do artefato, que voltaram lentamente para o solo. A testemunha disse que “o objeto ficou menos luminosos quando voltou para o chão, mas ainda havia raios de luz indo para cima e para os lados”. O UFO ainda estava no solo quando o medo do desconhecido obrigou o homem a deixar a área.
Uma das características mais intrigantes dos encontros com UFOs e seus tripulantes, e que é descrita por testemunhas de todo o mundo há pelo menos cinco décadas, é a forma como eles conseguem manipular e moldar a luz. É algo incompreensível
O motorista foi capaz de fornecer três ângulos de visão claros e amplamente espaçados, o que permitiu a triangulação para localizar o ponto do pouso, um círculo de 10 m, marcado na grama alta. Dentro do círculo, a vegetação estava quase completamente ausente. Perto, um círculo menos definido de 10 m era evidente. Além disso, havia quatro círculos menores e o local também tinha algumas árvores queimadas. Espectroscopia e outros testes não revelaram diferenças significativas nas amostras de solo dentro e fora do círculo principal.
Curioso sobre o caso, este autor entrou em contato com o doutor Keith Bigg, o então vice-diretor d
a Divisão de Radiofísica do principal órgão científico da Austrália, a Comunidade Científica & Organização de Pesquisa Industrial. Bigg ficou muito intrigado com as descrições do incidente de Emerald Beach e com o fato de que círculos haviam sido encontrados. “Parece um caso bastante clássico”, escreveu.
Os conselhos otimistas do doutor Bigg deram um toque instrutivo para o caso. Seus conselhos analíticos eram, na verdade, de espírito científico, um tributo à sua própria mente aberta, mas suas considerações finais foram uma triste reflexão da visão míope predominante no meio científico. “Nunca admita que o seu interesse é em UFOs ou você não vai conseguir nada. É mais provável que você consiga cooperação caçando bruxas. Pense em uma razão científica para seu pedido”, aconselhou. O visionário poeta inglês William Blake se referia a isso como “O Sono de Newton”.
UFOs e a manipulação da luz
Uma das características mais intrigantes dos encontros com UFOs, e que é descrita por testemunhas de todo o mundo há pelo menos cinco décadas, é a forma como eles conseguem manipular e moldar a luz. Não fossem nossos cientistas tão cegos para a Ufologia como um todo, descartando os casos antes mesmo de analisá-los, estariam todos se debruçando para descobrir como é possível dobrar e controlar feixes de luz ou utilizar a luz para transportar e mover coisas e pessoas.
Um dos episódios que ilustra bem essa capacidade tecnológica dos nossos visitantes extraterrestres é o Caso de Burkes Flat [Veja box], no qual um objeto entortou as luzes dos faróis do carro da testemunha e, provavelmente, levou outra pessoa à morte. O evento foi pesquisado por um grupo ufológico da região de Vitória, na Austrália, e este autor posteriormente entrevistou Ron Sullivan, o dono do automóvel que teve a luz dos faróis curvada. Posso atestar que era um homem sério e uma testemunha fidedigna.
Outro fascinante aspecto a respeito da alta tecnologia utilizada pelos UFOs é o que acabou ficando conhecido como “luz sólida”. Esse é um dos campos que tenho pesquisado já há alguns anos, acumulando uma boa quantidade de casos em que as testemunhas presenciaram a manipulação da velocidade de feixes luminosos, algo que para nós é simplesmente impossível de se imaginar — segundo os relatos, a luz se expande vagarosamente como um tubo e seu alcance pode chegar a quilômetros.
O Caso Red Bluff
Um acontecimento que ilustra esse alcance da luz sólida ocorreu na cidade de Red Bluff, no estado da Califórnia, em 1960. A testemunha, um policial rodoviário, chegou a sofrer pressão oficial para não falar sobre “os grandes e grossos raios de luz vermelha” emitidos pelo UFO, como ele os descreveu. Os acontecimentos começaram quando dois patrulheiros rodoviários viram uma aeronave descendo do céu bem à frente deles. Imaginando se tratar de um avião prestes a cair, pararam o carro e enviaram um comunicado via rádio à estação policial, avisando sobre um possível acidente aéreo em andamento.
Para surpresa de ambos, entretanto, o objeto desceu silenciosamente até chegar a 60 m do solo e então parou, subiu até 150 m e parou novamente, quando começou a emitir feixes de luz vermelha que varriam o céu e também o solo. Segundo descreve o doutor Michael Swords no livro UFOs And Government: A Historical Inquiry [UFOs e o Governo: Um Inquérito Histórico, Anomalist Books, 2012], o feixe de luz projetado pelo objeto “seria descrito, hoje, como um grande e gordo raio de laser. OU seja, não se espalhou ou difundiu normalmente. Mas pior do que isso, o feixe parecia ter um fim”.
Mas o que é essa luz? Embora seja chamada de sólida e seja claramente controlada pelo emitente — em muitos casos temos relatos de pessoas que alegam ter visto um tubo, feixe ou foco de luz descer lentamente de um objeto voador —, isso não significa que a luz, em si, seja sólida. Não da forma que entendemos o termo. Vale mencionar aqui que há alguns casos em que testemunhas disseram ter visto luzes que se comportavam como líquido, o que também é impressionante.
A opinião de Swords sobre o assunto é a de que o termo luz sólida foi uma expressão que ficou famosa, “mas provavelmente não é a interpretação mais correta. Os efeitos de luz que estamos testemunhando nesses casos não se comportam como sólidos, mas como a luz regular, que é anormalmente contida de alguma forma. As coisas não parecem ser afetadas por esses feixes, apenas iluminadas por eles. As luzes parecem ser mais como lasers, espacialmente limitadas em um largo diâmetro, do que qualquer coisa sólida, e podem muito bem ser mais como tubos ocos do que vigas maciças”.
Porque a Ufologia é revestida de fortes aspectos simbólicos e a interpretação das ocorrências passa pelos filtros internos de cada um, muitas vezes os casos que envolvem manipulação de luz são descartados pelos céticos sem que antes sejam ao menos analisados — e o fato de que muitos encontros e abduções ocorram em sonhos não faz deles menos reais, mas transportam o fenômeno para outro nível.
Estranho evento em Kiama
Um exemplo desse tipo de contato aconteceu no final da década de 70 com um homem que aqui chamaremos de Graham, na cidade litorânea de Kiama, a 120 km ao sul de Sidney. Segundo Graham, ele foi acordado no meio da noite por uma luz que entrava em seu quarto. Embora sonolento, imaginou que ela pudesse vir da lanterna de algum intruso que estivesse no jardim e levantou-se para verificar. Após aproximar-se da janela e ver que não havia ninguém do lado de fora da residência, voltou a dormir.
Algum tempo depois foi acordado novamente pela luz e pulou da cama, assustado. Mas novamente não viu nada de extraordinário do lado de fora da casa. Então, de repente, viu o que descreveu como “um feixe de luz de cor branca com um tom fluorescente azul evaporando dele. Por causa da luminescência, eu consegui distinguir a forma de uma nave a partir da qual o feixe se projetava em um ângulo de cerca de 75°, em direção ao solo”. Ainda segundo seu depoimento, “o feixe tinha cerca de 10 m de comprimento e um pouco menos de um metro de diâmetro. De repente, ele caiu como um cilindro perfeito de luz sólida”.
Tal luz, sempre de acordo com a testemunha, caiu sobre uma van estacionada a alguma distância e, ao cair, “se comportou como água, derramando-se so
bre o automóvel em cima do seu teto e de suas laterais, e também em todos os cantos e recantos da van. Parecia tinta fluorescente vinda de uma pistola de pressão”. Após iluminar o carro por alguns segundos, a luz então desapareceu. Em seguida, o artefato se moveu mais um pouco e lançou novo feixe sobre algumas instalações, iluminando-as por alguns segundos e desaparecendo em seguida. Como havia acontecido no caso do carro, a luz desceu lentamente e de repente caiu sobre as instalações. Em seguida a nave lançou um novo feixe com inclinação de 45°, mais longo do que o anterior, enquanto se encaminhava para a praia.
Caso de abdução?
Ao chegar à praia, a misteriosa luz incidiu sobre uma área no centro da qual havia dois homens imóveis olhando para a nave, e uma jovem que estava perto, sentada ao lado de uma fogueira, correu para perto deles. Segundo Graham, “uma segunda jovem estava correndo para trás, tentando se livrar da luz que insidia em seu corpo e braços. Ela se afastou dos outros três, mas também parou e ficou olhando para a nave”. A partir desse ponto, o relato da testemunha começa a adquirir tons mais dramáticos e seu sentimento de admiração e encanto passa a dar lugar a emoções mais pesadas.
Diz Graham: “De repente, a luz se apagou e eu procurei pelas pessoas. A luz as levou, pensei. Antes eu estava maravilhado com a nave e a luminosidade, mas fiquei com raiva, pensando como a mulher ficou aterrorizada. Aquilo não era uma coisa boa. Eu podia ver a fogueira brilhando bem fraco. Olhei para um lado e outro, para ver se alguma das pessoas andava à frente da fogueira, para provar que elas ainda estavam lá. Acabei adormecendo em pé. Quando acordei, eu ainda estava de pé com uma mão na janela”.
Após voltar a si, a testemunha viu que a nave continuava ali e que ela podia ver o que acontecia dentro dela. O relato é confuso, mas ela afirma que observou alguns ‘homens’ que pareciam ocupados mexendo em equipamentos e fazendo reparos
O relato da testemunha segue entre um misto de sonho e realidade difícil de decifrar. Graham teve que descobrir que sua experiência foi mais do que um sonho, e também teme por sua família. Para quem tem experiência na pesquisa ufológica, seus temores são mais do que compreensíveis, são justificáveis — e ainda assim, aos poucos, a testemunha foi se deixando convencer a contar mais detalhes do que lhe acontecera.
Após acordar com a mão apoiada na janela, o homem viu que a nave estava bem perto, sobre a rua em frente à sua casa. “O material metálico de que era feito o objeto me pareceu ser uma liga de zinco não polido. Não tinha costuras, rebites, marca de solda e nem placas visíveis. Era como se aquilo tivesse sido feito a partir de um único pedaço de metal, com cerca de 15 m de largura e 5 m de altura. A nave começou a girar em uma direção, então parou e girou um pouco na direção oposta. Em seguida, parou de girar e pairou em uma posição constante, acima da linha do horizonte. Eu tinha certeza de que era uma aeronave secreta que começou a ter problemas e que eu não deveria tê-la visto. E então eu apaguei novamente”.
Efeitos físicos
Após voltar a si, a testemunha viu que a nave continuava ali e que ele podia ver o que acontecia dentro dela. O relato é confuso, mas ele afirma que observou alguns homens que pareciam ocupados mexendo em equipamentos e fazendo reparos, embora não conseguisse discernir nada porque a iluminação dentro da nave o confundia. Graham alegou que se sentia seguro por julgar que aqueles homens não podiam vê-lo — mas isso durou até os desconhecidos se virarem e sorrirem para ele. “Eu tive muito medo. Meu cabelo ficou em pé”, declarou a testemunha.
Em seguida, Graham se jogou no chão e gritou para que todos ficassem abaixados. “Fiquem fora da luz”, gritou. “Eu sabia que na luz eles poderiam controlar o meu pensamento para me fazer sentir e pensar de forma pacífica”, explicou. E então tudo virou um pesadelo para Graham e sua família. Nem todos os detalhes estão claros e, como dissemos, ele é relutante em explicar melhor alguns fatos. Mas segundo seu relato, “de repente houve muito barulho e vibração na casa. A luz da lavanderia ficou fraca, a geladeira começou a saltar e tinha muito barulho em cima do telhado. A máquina de lavar estava pulando também. Eu disse: ‘Rápido, vão para debaixo das portas, a casa vai desabar’. Era como se a nave estivesse sugando a energia da casa. Então o objeto decolou”.
Homens de preto
O estardalhaço não aconteceu apenas na casa de Graham. Seu sogro e todos os vizinhos próximos acenderam as luzes e saíram de suas residências, imaginando que seus telhados tivessem sido arrancados. Entre xingamentos e expressões de susto e revolta, alguns disseram ter sido um UFO e outros acreditaram que fosse alguma barbeiragem feita por pilotos militares. Uma vizinha chegou a dizer que “esse maldito piloto deveria pagar por isso”. Embora seu sogro Bill e um vizinho de nome Gordon continuassem afirmando que havia sido um UFO, aos poucos os ânimos foram serenando e após todos estarem mais calmos decidiram que Graham devia ligar para a Base do Exército de Nowra.
Graham disse que ligou para a base e falou com o oficial de serviço. “Ele disse que era o único de plantão e me perguntou se eu tinha visto algumas luzes alaranjadas. Eu disse que sim e ele logo disse que aquilo era um balão meteorológico. Segundo o oficial, o tal balão tinha sido lançado há várias horas na vila de Jamberoo, mas não inflara corretamente. Outras pessoas também relataram tê-lo visto como uma luz alaranjada sobre Kiama. Na minha cabeça, eu pensava que ele sabia o que era, mas que deveria ser secreto. Eu fiz o meu dever de denunciar, então ficou por isso mesmo”.
Só que a história não acabou ali. No dia seguinte, quando os homens estavam fora trabalhando, as esposas receberam a vista de dois homens vestindo ternos escuros, que perguntaram se elas tinham visto alguma coisa. Assustadas pela atitude dos visitantes, disseram que não haviam visto coisa alguma. Quando Graham e os outros homens voltaram do trabalho, as esposas pediram a eles que não comentassem nada — elas temiam que algo de ruim pudesse acontecer a eles. “O plano era esquecermos tudo. Não falaríamos sobre aquilo, nem mesmo um para o outro. Assim aquilo ficaria longe de nossas vidas”.
Alguns dias depois, Bill, o sogro de Graham, estava lendo o jornal e se deparou com uma notícia que dizia que um caro helicóptero da
Marinha que voava entre Jamberoo e Kiama perdera sua parte eletrônica e caíra no mar, a 40 km da costa. A Marinha havia sido informada na tentativa de resgatar a Aeronáutica e descobrir o que havia acontecido. Quando Bill leu a notícia em voz alta para Graham, este disse: “É, eu sei sobre essa perda de energia. A mesma coisa que aconteceu com o helicóptero, aconteceu com a geladeira e a luz da lavandaria. O UFO consumiu a energia deles”. Segundo a testemunha, nada mais foi dito sobre o assunto. Na opinião de Graham, o que lhe aconteceu foi um misto de sonho e realidade, embora, com o tempo, sua opinião tenha se transformado um pouco e haja indícios de uma recuperação consciente de memória envolvendo sua abdução.
Todo pesquisador sabe, ou pelo menos deveria saber, que os aspectos psicoculturais das testemunhas exercem um papel proeminente na percepção das experiências. Não é possível descartar-se esse aspecto e creditar tudo o que é dito como sendo absolutamente real. E o contrário também é verdade. Como sabemos que a maioria dos céticos diz que tudo não passa de fantasia tecnológica na cabeça das pessoas, julgamos ser interessante mostrar um caso anterior a qualquer tecnologia moderna, apenas para atestar a antiguidade do fenômeno.
Luz sólida na China Antiga
O embriologista e historiador da ciência Joseph Needhan alcançou um dos maiores feitos do mundo da produção literária individual quando escreveu a monumental e excelente série em 15 volumes chamada Science and Civilization in China [Ciência e Civilização na China, Bantam Books, 1977], que ele começou a escrever em 1954. Uma das principais fontes históricas de Needhan foi Shen Kuo, um erudito da Dinastia Sung que viveu na China por volta do ano 1050 de nossa era.
Em seu fascinante exemplo da literatura pi-chi chinesa, Kuo registra no tópico Informações Privilegiadas uma ocorrência estranha envolvendo uma “pérola extraordinária” que frequentava os ares sobre uma série de lagos ao redor de Hangzhou, na província de Jiangsu, na China. Daquela “pérola impossível” saía uma luz fantástica e brilhante “como um único raio de fio de ouro ou um raio de luz dourada”, como dizia o chinês. Talvez um dos primeiros exemplos de um UFO da história usando luz sólida?
Ainda na China, em 1998, cientistas e militares se reuniram em uma base de mísseis da Força Aérea da Liberação Popular para o teste do primeiro veículo aéreo não tripulado (VANT) supersônico do país, feito à semelhança de um caça J-711 modificado. Na base, o famoso cientista da Defesa Chinesa, major general Zhao Xu, considerado o pai do VANT chinês, testemunhou um encontro ufológico impressionante na companhia de outros cientistas e militares.
O incidente foi verificado por meio de radar e pelos pilotos dos caças F-6 presentes ao evento. O comandante da base, general Sun Li, com foco no testemunho de seus próprios pilotos e vendo a projeção de dois estranhos feixes de uma luz vindos do UFO, declarou depois que, “surpreendentemente, esses dois feixes de luzes não eram como normalmente os vemos, que, dependendo da distância, se espalham. Os feixes eram como duas entidades emissoras de luz saindo do fundo do UFO e terminando em um certo comprimento. Pelo menos hoje nós não temos o controle desse tipo de tecnologia”.
Pouco tempo depois, cientistas chineses deram os primeiros passos para realizar um dos sonhos dos fãs de ficção científica em todo o mundo, um “raio trator” que funciona utilizando, em parte, o princípio do Feixe de Bessel. A experiência ufológica asiática, e em particular o fascinante cenário ufológico chinês, sempre foi um foco importante para este autor. Aliás, Ufologia inteira é um mistério, tanto para aqueles que a pesquisam quanto para aqueles que a conhecem por meio de experiências pessoais. Descartá-la, dizendo que tudo não passa de fantasias nascidas em mentes transloucadas, mostra estreiteza de visão, e aceitar tudo que é dito por testemunhas e pesquisadores como verdade absoluta, também. Não sabemos o que é o Fenômeno UFO, mas porque nos maravilhamos com ele continuaremos a pesquisá-lo.