Por Pedro de Campos
Os contatos imediatos do segundo tipo, classificados assim porque deixam marcas inequívocas na natureza ou nos seres vivos, são os casos mais sugestivos de que o nosso planeta estaria sendo visitado por civilizações extraterrestres (ETs na verdadeira acepção da palavra); ou seja, por astronautas que, de algum planeta físico distante, chegariam à Terra sem que saibamos como, contrariando frontalmente as teorias da nossa Física atual. Os contatos de segundo grau deixam vestígios que podem ser estudados em laboratório.
O Caso Lago Falcon foi alvo de estudos de vários peritos, sendo investigado com recursos da medicina e da físico-química laboratorial. Sem dúvida, trata-se de um dos casos mais notáveis da Ufologia. A ocorrência, em primeira mão, foi contada pela própria testemunha, Stephen Michalak, em My encounter with the UFO [Osonova, 1967]. No Brasil, o caso foi publicado pelo autor Yurko Bondarchuk, em Observações, aterrissagens e sequestros [DIFEL, 1982, pp. 39-50]. Em 1980, Chris Rutkowski, do Canadá, realizou intenso trabalho de pesquisa e a NBC o apresentaria no programa “Mistérios não resolvidos”, em 1992 e 1993, disponibilizando ao público o Report on Falcon Lake Case (Relatório do Caso Lago Falcon), que esclareceu muito os pontos obscuros da incidência.
A experiência vivida por Stephen (Stefan) Michalak, então com 52 anos, homem de origem polaca, desde há anos radicado no Canadá, de fato ultrapassa em importância a maioria dos casos clínicos relacionados com UFOs. Nas palestras que temos realizado, sempre enfatizamos que, de todos os casos estudados, o Caso Lago Falcon fica entre os primeiros como pesquisa, mistério e fascinação. Mesmo os cientistas mais ortodoxos e os céticos mais contumazes são forçados a reconhecer, quando tomam a fundo a pesquisa científica do caso, que estão diante de fatos extraordinários. Os exames médicos na testemunha e os ensaios laboratoriais sobre os minerais afetados no local da aterrissagem dão aos relatos testemunhais autenticidade a toda prova.
O evento alienígena ocorreu a 20 de maio de 1967, quando o sol batia a pino. O local da incidência está situado cerca de 120 quilômetros a leste de Winnipeg, no Canadá. Stephen havia chegado ao local na noite anterior, hospedando-se no motel Trans-Canada Highway, às 21h30. Depois de jantar, tomou uma cerveja e foi dormir.
Michalak, como aficionado em geologia e buscando algum mineral de valor (quartzo e prata existentes na região), no dia seguinte, às 5 da manhã, já estava de pé e aprontou-se para garimpar. Trabalhou a manhã toda e almoçou às 11 horas, depois ficou lidando com as suas ferramentas. Então se levantou e calmamente foi em direção a umas pedras perto do bosque, para fazer a prospecção.
Eram 12 horas e 13 minutos, quando algo lhe chamou a atenção. Ele olhou para o lado e viu um bando de gansos selvagens que se agitam inquietos. Olhou para cima e no alto avistou duas luzes vermelhas, que vinham em sua direção. Em ato contínuo, percebeu que as luzes eram dois objetos voadores bem estruturados, tendo em cima uma pequena elevação. As aeronaves baixaram lentamente, na vertical.
Um dos aparelhos aterrissou cerca de 50 metros de distância, enquanto o segundo, depois de ter pairado alguns instantes sobre o topo das árvores, alçou voo e desapareceu rapidamente por detrás de uma nuvem. O objeto pousado ficou ali uns 45 minutos. Stephen, sem preocupação nenhuma, teve para si que a nave fosse algum engenho militar. Então, com cuidado, tentou observar o objeto pousado. Notou que sua cor sofria no ponto central algumas transformações, tal como o metal incandescente, branco luzente, que aos poucos esfria e vai para o vermelho vivo, passa ao vermelho-cinza, depois fica apenas cinza e, finalmente, assume a coloração cinza-prata.
Depois de breve exame, percebeu que o objeto nada tinha de comum com as aeronaves da aviação tradicional. A espaçonave apresentava um anel periférico de 12 metros de diâmetro, em forma de cone achatado, em torno de uma cúpula central cuja base tinha estrias com vãos de 25 centímetros de comprimento. Sob esse complexo, bem à sua frente, havia nove painéis retangulares de 15 centímetros, saindo, de cada qual, de 25 a 30 pequenas perfurações, que ele na hora imaginou funcionarem como aberturas de ventilação ou exaustão de ar.
Na medida em que o UFO esfriou, a testemunha sentiu um fluxo de calor sobre ela; então, pairou no ar, segundo as suas palavras, “um cheiro horrível de enxofre ou de motor elétrico queimado”. Ao mesmo tempo, escutou um zumbido como o de “motor que acelera ao máximo” e, perto dos painéis de ventilação, uma espécie de porta deixou passar uma luz violeta intensa que, segundo a testemunha, “ultrapassava a intensidade do sol ao meio-dia”.
De repente, Michalak ouviu de dentro da nave o som de três vozes humanas, conversando entre elas. De maneira tranquila, a testemunha, que era poliglota, chamou pela primeira vez em Inglês, em seguida, falou em alemão, depois italiano e polaco, e saudou ainda em russo, tentando atrair a atenção dos ocupantes que, na verdade, ele não via. Mas em vão – não teve resposta. Em seguida, com os olhos protegidos por óculos escuros, decidiu olhar mais de perto o que estava acontecendo dentro do estranho objeto.
Com prudência, aproximou-se da porta da espaçonave e viu, pela vigia, pequenas luzes multicoloridas espalhadas na parede circular interna, projetando raios de luz intermitentes, ora na horizontal ora na diagonal. Em seguida, a curiosidade o fez colocar a cabeça pela abertura da porta, tentando olhar dentro. Para sua surpresa, o engenho estava vazio e, antes de continuar seu reconhecimento, a porta se fechou abruptamente, mas mostrando existir nela três painéis de correr, dois dos quais se fecharam na horizontal, enquanto o terceiro operou de baixo para cima. Então a porta fechou completamente.
Atônito, mas agora convencido de não ter à sua frente um aparelho da nossa aviação militar, sentindo-se ainda protegido com a luva que tinha nas mãos tocou a fuselagem externa do objeto, que lhe parecia de aço cromado. Então sentiu um cheiro de borracha queimada e notou que sua luva derretera ao toque na fuselagem, atingindo-lhe levemente os dedos. Naquele instante, a nave subiu ligeiramente e houve uma explosão que expeliu uma substância, queimando parte de sua roupa. Ele girou sobre si mesmo, ao impulso do deslocamento de ar causado pela explosão. De pronto, entendeu que o perigo vinha dos furos que havia tomado como saídas de ar. Apagando rapidamente o fogo da roupa, e antes mesmo que fosse capaz de recuperar-se do susto, a insólita espaçonave já estava acima da copa das árvores. Numa fração de segundo, o engenho desapareceu nas alturas. Então um forte odor de enxofre pairou no ar, enquanto a relva, em pontos ao redor, ardia em chamas. Então o homem sentiu intensa sensação de queimadura no peito.
“Quando estava no local, senti enjoo e minha cabeça começou a doer. O lugar onde a nave tinha pousado dava a impressão de ter sido varrido com uma vassoura. Sobre a rocha não havia detritos de qualquer espécie. Nenhum galho, nenhum pedacinho de pedra, nada. Estava tudo empilhado num anel com seis polegadas de altura [15 centímetros] e uns 15 pés de diâmetro [4,5 metros].” [My encounter p.16].
Acometido por impulsos de náusea, a testemunha tentou voltar ao hotel. Um oficial de polícia o achou no caminho, mas Michalak, preocupado com o que sucedera, recusou a ajuda. Mas isto não impediu o policial de fazer seu relatório lavrando a ocorrência, então registrou:
“Por volta das 15h00, eu estava patrulhando cerca de meia milha [quase um quilômetro] a oeste de Falcon Beach, quando notei um homem a pé… Ele usava um boné cinza, jaqueta marrom, sem camisa… Gritou para eu ficar longe dele. Perguntei-lhe o motivo, respondeu-me que tinha visto duas naves espaciais. Disse que eu poderia pegar algum tipo de doença de pele ou radiação se tocasse nele… Não pude sentir cheiro de bebida alcoólica em Michalak. Sua aparência geral não era muito diferente ao de pessoa que precisa de ajuda. Seus olhos estavam vermelhos e quando questionado sobre os detalhes respondeu de forma coerente. Ofereci-me para levá-lo a Falcon Beach e pedir a alguém para ajudá-lo, mas recusou.”
Após duas horas de marcha extenuante, durante as quais vomitou quase seguidamente, pediu ajuda a uma patrulha da Polícia Montada, mas quando ficou sabendo que não havia médico no posto policial, pegou um ônibus e voltou para a hospedaria. Ali avisou a família que, alarmada com a sua condição de saúde, decidiu levá-lo ao Pronto Socorro do Hospital da Misericórdia, em Winnipeg. Desde então, por 18 meses foi tomado por estranha doença que ao longo do tempo apresentava sintomas diferentes, intercalando períodos curtos de recuperação.
As queimaduras eram superficiais, tendo recebido tratamento médico desde o início. As feridas sararam em curto tempo, mas outros sintomas surgiram, causando preocupação. De fato, nos primeiros oito dias de internação, Stephen perdeu dez quilos de peso, vitimado por intensa diarreia. A perda de massa corporal chegou a ser alarmante, porque ele não tinha excesso. Vomitou seguidamente a bílis, teve a visão turvada e sentiu tontura por vários dias. A equipe médica, por sua vez, formada por 27 especialistas que ao todo o examinaram, dada a ocorrência extraordinária envidou todos os esforços para socorrê-lo e entender o que lhe acontecia. Foi essa equipe que pela primeira vez suspeitou de “contato com materiais radioativos”.
No entanto, as análises no Centro Atômico de Pinawa apresentaram resultado negativo. E, de modo curioso, sem que houvesse medicamento específico para o caso, a saúde do doente apresentou melhora – num tempo relativamente curto, ele readquiriu seu peso normal. Então, quando tudo parecia resolvido, eis que surgiu de repente, a 03 de junho de 1967, uma forte coceira no peito, cada vez mais intensa, até que, a 28 de junho, ele teve a sensação horrível de que “milhares de criaturas invisíveis estavam lhe comendo a carne”. Após o tratamento, o prurido desapareceu, mas se tratava apenas de breve pausa, porque dois meses depois reapareceu de novo, sendo retomada a terapêutica anterior, sobrevindo a melhora do paciente; mas tudo voltaria novamente, em janeiro, maio e agosto de 1968.
Contudo, esses sofrimentos eram apenas o começo de tudo. Certo dia, enquanto trabalhava, sentiu dor e queimação intensa no pescoço e no peito, parecia-lhe ter “a garganta em chamas”. Na clínica a que fora levado de imediato, verificou-se que seu corpo, na região exata das antigas queimaduras, apresentava um inchaço estranho, com grandes manchas vermelhas (exantemas).
Conduzido ao plantão médico, Michalak foi vítima de um fenômeno extraordinário – em 15 minutos todo seu corpo ficou roxo, inchando de tal forma que era impossível a ele tirar a camisa. As mãos, em seguida, tornam-se como pequenos bolsões inchados. Outros especialistas chamados ao leito hospitalar, onde se achava agora inconsciente, não puderam acreditar no que viam e se disseram impotentes para diagnosticar mal tão incomum. De modo estranho, os males que lhe afligiam desapareceram por completo à noite, sem qualquer intervenção médica – ficara apenas em observação. No dia seguinte, restabelecido e descansado, voltou para casa e foi recebido com alegria pela família, que atribui sua recuperação a “um milagre”.
Os médicos que primeiro se revezaram ao redor dele, formularam várias hipóteses para tentarem entender os distúrbios incomuns de que fora vítima. E os peritos que acompanharam o caso na íntegra, à força de provas e contraprovas ajudaram a formular três teorias possíveis ao Caso Michalak.
De acordo com a primeira, a testemunha teria sido ”queimada por ondas ultrassônicas”. A segunda teoria tem que a doença seria “uma reação térmica provocada por jato de ar comprimido”. Finalmente, a terceira hipótese não exclui a chance de “exposição à radiação gama 1”, o que teria causado as queimaduras, a deterioração imediata na carne da barriga e os vômitos verificados antes dos sintomas mais graves. Na verdade, os defensores desta terceira teoria consideram que a decomposição da carne pode ser a causa do cheiro horrível de enxofre percebido pela testemunha nos dias seguintes ao fato, e que o odor, usando as palavras da testemunha: “dava a impressão de vinha de mim mesmo”.
Os raios gama, semelhantes aos raios-X, são emitidos a partir da decomposição de materiais radioativos. Além disto, o resultado de uma análise, das muitas a que o doente fora submetido, pode ser uma dica valiosa ao entendimento da questão – a taxa de linfócitos no sangue (células sanguíneas do grupo dos glóbulos brancos) passou de 25 a 16 por cento nos dias após o seu enigmático contato, para voltar ao normal em quatro semanas após o fato. Algumas medições são bem conhecidas: 1967, 24 maio = 16%; 30 maio = 21%; 1968, 15 janeiro = 31% [Journal of UFO Studies, ns 5. 1994, 1-34, Allen Hynek Center for UFO Studies].
Estas diferentes teorias, no entanto, não podem explicar todos os distúrbios na saúde de Michalak, nem o extraordinário e instantâneo inchaço em seu corpo, tampouco a perda súbita de peso e as manchas vermelhas sobrevindas depois das queimaduras, nos mesmos locais. Os sintomas apresentados pela testemunha permaneceram inexplicados.
Além disso, os médicos da Clínica Mayo, em Rochester, Minnesota (EUA), onde Stephen foi por sua iniciativa submeter-se a novo tratamento, de modo equilibrado fizeram um diagnóstico clínico hermético, mas revelador: “Intoxicação química do sangue”. Apesar de a sua estranha doença ser de uma natureza tal a convencer até mesmo os médicos mais irredutíveis, a Comissão Condon (que na época estudava a fundo o Projeto Blue Book, para validá-lo ou não), emitiu um parecer negativo sobre o Caso Lago Falcon.
Pelos especialistas médicos, Stephen não foi considerado um simulador de doença, como os céticos tentaram fazê-lo – os psiquiatras da Mayo atestaram que ele não tinha propensão nem caráter para isso. Claro que o relatório Condon se concentrou principalmente em destacar certas inconsistências, insinuando ironicamente que o fogo que pode queimar roupa teria causado um incêndio na floresta. Mas tal insinuação nada acrescentou aos vestígios físicos achados no local da aterrissagem nem à estranha doença de Michalak. Ao contrário, os vestígios e sintomas físicos são indícios valiosos que corroboram a suspeita de encontro alienígena no Lago Falcon.
Na verdade, os especialistas foram capazes de notar vários traços de queimadura nas roupas da testemunha, em especial nas luvas, na camisa e no boné. Além disso, enquanto o paciente estava em tratamento, investigações oficiais tentavam descobrir vestígios da aterrissagem do objeto. Se as primeiras buscas foram infrutíferas, outras pesquisas realizadas em 26 de junho de 1967 deram resultados positivos – encontrou-se de fato uma área circular no chão, de 15 metros de diâmetro, onde os traços de vegetação haviam desaparecido. As amostras do solo, colhidas e analisadas pelo Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) do Canadá, a serviço da Real Força Aérea, revelaram a presença de radioatividade que, segundo os peritos do governo (gente que sempre desqualificava a testemunha), seria oriunda da tinta fosforescente de seu relógio.
Graças ao trabalho da RCMP (Royal Canadian Mounted Police), que novamente inspecionou o local a 28 de julho de 1967, foi possível identificar o rádio 226 (226Ra), isótopo mais estável do rádio, um metal alcalino-terroso entre os mais radioativos conhecidos, presente em traços nos minérios de urânio. A 19 de maio de 1968 foram efetuadas outras medições que confirmaram os resultados das taxas encontradas. As mesmas amostras revelaram a presença de pequenas partículas de metal que tinham escapado de uma antiga primeira análise, sendo compostas predominantemente de prata (na proporção de 92% a 96% de prata e 1% a 2% de cobre), proporções notáveis que dão ao metal características puras de composição.
No entanto, a descoberta das partículas do metal radioativo não convenceu o representante da Comissão Condon, que alegou: “É absolutamente improvável que as partículas descobertas um ano após os primeiros levantamentos tenham passadas despercebidas durante a primeira análise”. Alguns especialistas céticos, por sua vez, querendo desqualificar a testemunha, aventaram a hipótese de o próprio Michalak, sabendo do resultado desfavorável da primeira análise, ter tomado a iniciativa de pulverizar as novas partículas para autenticar sua história.
Mas quando a Organização Aérea de Pesquisa do Fenômeno (APRO) decidiu repetir a análise dos primeiros levantamentos (com as amostras originais), descobriu que elas também continham as partículas agora conhecidas. Portanto, a APRO demonstrou que a primeira das análises fora malfeita, e que a correta era a segunda, cujo material radioativo não vinha da alegada tinta do relógio, mas do rádio 226, cujos resquícios a espaçonave expelira no local.
No entanto, Edward Condon e seus especialistas não mudaram em nada o relatório; assim como, nas conclusões, não levaram em conta os distúrbios físicos na testemunha, nada falaram das várias incidências no local nem dos sinais de UFOs nos radares do aeroporto. Afinal, Michalak não fora a única testemunha naquela área. Durante o período de quatro semanas, antes e depois do contato, a Real Polícia Montada registrou ao menos 20 avistamentos na região de Winnipeg, incluindo o de dois garotos no Lago Falcon, no mesmo local e dia em que Michalak tivera seu fatídico contato [BONDARCHUK, obr. cit., p.45-46]. E o prestigioso doutor Allen Hynek, astrônomo consultor da Fora Aérea dos Estados Unidos (USAF), que à revelia de seu governo rendeu-se à realidade dos UFOs, relata que apenas a 18 de junho de 1967 (quase um mês após Michalak), houve seis testemunhos de UFO no Lago Falcon; o objeto, por 30 minutos, fez manobras na orla do lago, por cima das árvores, e sobrevoou e seguiu um barco em que os ribeirinhos voltavam para casa em noite alta [HYNEK, J. Allen. The UFO Experience, 1972 – Ufologia uma pesquisa científica, Nórdica, s.d. p. 130,148, 255].
O Relatório Condon, emitido pelos Estados Unidos, concluiu dizendo que a experiência de Michalak foi “desconhecida”, ou seja, não havia explicação para o caso. E de modo pretensioso registrou que os vestígios nele eram “fisicamente reais, porque ele pretendia mostrar a existência de aparelhos voadores extraterrestres em nosso ambiente” [Condon, 1969, p. 323].
Stephen foi submetido ao menos a uma sessão de hipnose, no final da década de 1960. Recentemente, a gravação em fita da sessão foi disponibilizada para estudo. Mas, infelizmente, pouca informação que Michalak já não tivesse revelado de modo consciente foi descoberta durante a hipnose. E a questão ainda se complicou, porque um dos hipnotizadores da época, então prestador de serviço ao Departamento de Defesa Nacional do Canadá (Canadian Department of National Defence – CDND) negara que Michalak se submetera a hipnose, enquanto a gravação indica claramente que a sessão ocorrera.
O Caso Lago Falcon se tornou tão importante e controverso que as investigações jamais foram dadas por encerradas. Se quem acusou Michalak estivesse realmente convencido de sua impostura e não buscasse apenas, calculadamente, acobertar o fenômeno UFO, seria justo e correto processá-lo como “fraudador”. Ocorre que os principais acusadores eram gente do governo, inclusive dos Estados Unidos, como Donald Menzel e Ernest Taves, que escreveram:
“Em primeiro lugar, o investigador do projeto e o prospector juntos foram incapazes de localizar [na primeira vez] a área do acontecimento. Em segundo lugar, a ‘doença’ parece ter sido causada por nada mais exótico do que picadas de insetos. E em terceiro lugar, as tentativas do projeto em estabelecer o evento como verídico revelaram muita inconsistência e falta de exatidão. Nós consideramos o caso como uma farsa mal executada” [Menzel e Taves, The UFO Enigma,1977, p. 104].
Então os ufólogos indagaram: “Se é uma farsa, por que não o processam?” A resposta era muito evidente: “Um Tribunal de Justiça juntaria provas e contraprovas, ficando a decisão aos jurados do povo, com chance real de o réu vencer a disputa sobre os UFOs e ter sua experiência dada como verídica, à revelia do que buscavam os governos dos Estados Unidos e Canadá.” O que os acusadores pretendiam era desqualificar publicamente a testemunha, despistando a incidência ufológica.
Certa feita, o diretor de um documentário para televisão disse a ele: “Bem, Steven, eu acho que ser queimado pelo UFO foi a coisa mais incrível que já aconteceu em sua vida”. Para surpresa de todos, ele respondeu: “Oh, não, não foi”. E contou a história de suas experiências nos campos de concentração nazistas, falando sem rodeios e sem hesitação sobre as atrocidades que testemunhara em primeira pessoa. Ninguém se atreveu a interrompê-lo e, quando terminou, o silêncio foi “ensurdecedor” – todos ficaram boquiabertos. Mais tarde, um dos entrevistadores disse: “Esse é o cara mais crível que já entrevistei, afinal – o que é ser chamuscado por um disco voador em comparação com os fornos nazistas?” Stephen, por seu equilíbrio nas declarações, foi tratado com muito respeito e dignidade. Depois, em vez da dúvida – “Será que realmente aconteceu?”, passou-se a indagar: “O que aconteceu?”
Ao que parece, a energia que permite viajar pelo cosmos seria a mesma que de modo singelo e localizado queimara o peito de Stephen MichalaK. Indaga-se hoje: “que energia era aquela?” A ciência ainda nos deve essa explicação, porque o fenômeno vivido por ele jamais foi devidamente entendido para ser cientificamente explicado. O órgão do governo canadense (CDND), responsável por conduzir as investigações e concluir o caso, até hoje o dá como “sem solução”.
A testemunha, por sua vez, ficou a vida toda em seu canto, repetindo os seus relatos originais a quem quisesse ouvir e repelindo todas as afrontas até outubro de 1999, quando desencarnou, aos 83 anos. Dizia sempre: “Não peço a ninguém que acredite em mim, mas eu sei bem aquilo que vi”. Alguns, como Donad Menzel (membro do grupo Majestic 12), que procuraram desqualificá-lo, também conheciam a verdade e sabiam o porquê do acobertamento, mas isso em nada ajudou o progresso humano, porque não há nada que atravanque mais o avanço científico que a mentira e a conclusão forjada em outros interesses.
Pedro de Campos é autor dos livros: Colônia Capella; Universo Profundo; UFO – Fenômeno de Contato; Um Vermelho Encarnado no Céu; Os Escolhidos; Lentulus – Encarnações de Emmanuel, publicados pela Lúmen Editorial. E também dos recém-lançamentos: A Epístola Lentuli e Arquivo Extraterreno. E dos DVDs Os Aliens na Visão Espírita, Parte A e Parte B, lançados pela Revista UFO. Conheça-os!
UFO – Ultra Secreto 1/2 (CONTATO):