Por Vanderlei Dagostinho
Basta de catástrofes
Planetas ainda não descobertos, cometas em possível rota de colisão com a Terra, asteróides errantes, explosões de raios gama em uma estrela distante etc. “Escolha a sua catástrofe”, diz o título de um livro do saudoso Isaac Asimov, uma verdadeira aula de astronomia para leigos e não um arauto do fim do mundo.
É incrível a quantidade de gente que, por motivos diversos, insiste que o fim do mundo está próximo e que os cientistas de todas as instituições privadas e governamentais do planeta estariam em conluio para nos esconder essa “verdade”. A bola da vez é o cometa batizado de Elenin, descoberto em 2010 e que terá sua maior aproximação da Terra em outubro. Já se faz alarde sobre o Elenin tanto no virtual mundo da internet como em círculos pseudo-esotéricos — rumores plantados falam até que o tal cometa trará conseqüências trágicas para nosso querido planeta.
O que os menos avisados esquecem é que precisam se manter bem informados antes de fazer estoques de mantimentos ou, quem sabe, vender ou doar tudo o que têm a preço de banana — visto que, para eles, o fim do mundo é iminente. Não seria interessante saber primeiro, por exemplo, que o cometa Elenin, com seus apenas 3,5 quilômetros de diâmetro, passará a 35 milhões de quilômetros da Terra, cerca de 100 vezes a distância daqui à Lua? “Por comparação, meu automóvel exerce uma influência maior sobre as marés do oceano do que o cometa Elenin exercerá sobre eles”, disse Don Yeomans, um dos diretores da NASA, especialista em objetos que possam passar próximo de nosso planeta.
Por comparação, meu automóvel exerce influência maior sobre as marés do oceano do que o cometa Elenin exercerá sobre eles
— Don Yeomans
É óbvio que novas descobertas acontecem todos os dias, mas é no mínimo estranho que curiosos e até alguns poucos cientistas, que não têm acesso direto aos dados das sondas espaciais e dos mais modernos telescópios, venham com desinformações que só fazem o desespero aflorar em pessoas menos esclarecidas sobre o assunto. E mais: que todos os outros 99,9 % dos pesquisadores e instituições consigam nos furtar da dita “verdade” sobre o fim do mundo. Seria uma capacidade sobre-humana de organização, não é verdade? Entre escolher a catástrofe e me manter informado, prefiro a segunda opção. Estudando, lendo livros sérios sobre o assunto, acessando sites confiáveis e me afastando daqueles que querem porque querem convencer a todos que o fim está próximo.
E você, caro leitor? Escolhe viver em função das falsas catástrofes ou viver plenamente, caminhando no sentido contrário da desgraça e trabalhando para fazer desse nosso pequeno ponto azul no espaço um lugar melhor para se viver, agora e para as gerações vindouras? A escolha deste autor já está feita!