Por A. J. Gevaerd
O Brasil inteiro assistiu, nos dias 10 e 17 de setembro último, a dois programas de televisão verdadeiramente históricos e que se transformaram em marcos para a pesquisa ufológica brasileira. Foram duas edições do programa Globo Repórter, tradicionalíssimo entretenimento informativo de todas as famílias deste país que, há quase 3 décadas, tem índices de audiência fantásticos. Em quase todas as suas edições, o programa mereceu o reconhecimento dos segmentos cujas atividades abordou. Agora foi a hora – merecida – de a Ufologia ocupar este momento de destaque no horário nobre da TV brasileira. Igualmente, esta é a hora de nós, ufólogos, reconhecermos a importância do programa para a popularização do assunto UFO e até conscientização do país para a questão.
Estas edições do programa foram especiais para os ufólogos porque enfocaram a questão da presença de extraterrestres em nosso meio ambiente de forma absolutamente realista e profissional. Sem demagogia, sensacionalismo, rodeios ou preconceitos. Por isso, os programas podem ser comemorados como históricos na Ufologia. Há quase 20 anos que a Rede Globo não produzia um trabalho documentado sobre UFOs nesse nível. A Rede se limitava a matérias superficiais apresentadas no Fantástico, entre outros programas. Mas sempre matérias ligeiras e pouco trabalhadas, mostrando aspectos bem incompletos da questão ufológica. Os últimos programas Globo Repórter que abordaram esta questão, por sinal, foram ao ar no fim dos anos 70 e eram marcados pelo ar de “eram-os-deuses-astronautas?” que caracterizava o estágio embrionário da Ufologia em nosso país.
Em realidade, no Brasil, apenas um programa da série Documento Especial, da Rede Manchete, levado ao ar em 1991, chegou próximo dos produzidos pela Rede Globo. Tanto em profissionalismo, quanto em profundidade. Mas a Globo superou todas as mais otimistas expectativas – inclusive as nossas — quando seus programas foram ao ar em setembro último. Nossa Equipe conhece (e muito bem) os principais documentários sobre UFOs produzidos nos EUA, na Europa e no Japão. Por isso mesmo pode afirmar, sem qualquer receio e com suficiente autoridade, que o trabalho desenvolvido pela equipe do Globo Repórter, chefiada por Jotair Assad, fez um trabalho espetacular e merecedor de nosso profundo respeito. E por que não dizer, nossos sinceros agradecimentos!
Acompanhamento – A Revista UFO acompanhou passo a passo todos os momentos da produção dos documentários, contribuindo das mais diversas maneiras para sua realização. Tanto que recebeu, ao fim dos programas, crédito por sua colaboração. Logo no surgimento da idéia de se fazer os programas, originada de idéias do jornalista Domingos Meireles e o diretor Assad, UFO foi consultada sobre o que se poderia mostrar e quem, no Brasil e exterior, poderia colaborar. A princípio, confessamos, éramos céticos quanto ao produto final que a Globo produziria. Mas aos poucos, com a troca de mais de 50 telefonemas entre a Globo e nossa Equipe – alguns de mais de uma hora de duração -, passamos a ver que a intenção da Equipe do Globo Repórter, transmitida especialmente pelo produtor Eduardo Salgueiro, nosso maior contato até o momento das filmagens, era fazer um documentário realmente sério e aprofundado sobre os UFOs. Um documentário que mostrasse a realidade nua e crua da questão. Pois acabaram por fazer dois! E a Globo ainda tem material para fazer mais uns 10, se quiser.
UFO era consultada basicamente para tudo: fornecemos endereços de ufólogos no Brasil e em dezenas de países, colocamos o pessoal da Globo em contato com estudiosos e testemunhas. Participamos com aconselhamento e uma verdadeira consultoria. O projeto começou a ser formulado em abril e durou até a véspera do 2° programa ir ao ar, numa sexta-feira de congresso em Salvador (veja matéria nesta edição). Foram meses de muito trabalho para a Equipe da Globo e telefonemas quase diários. Surgiu de tanta conversa uma verdadeira amizade, até que, no fim do mês de julho, recebemos o pessoal aqui em Campo Grande, para filmagens.
Foram cinco dias filmando-nos em nossa sede, em estradas do Mato Grosso do Sul e, principalmente, no Pantanal, a convite do Hotel-Fazenda Salobra, onde nossas atividades de pesquisa são concentradas e que hospedou a todos gentilmente. Foi um grande prazer e uma oportunidade para nós, do CBPDV, participar deste programa, que, com certeza, ainda será assistido por várias gerações de ufólogos. Mas bem mais que isso, foi uma oportunidade ímpar para toda a Ufologia Brasileira, um verdadeiro alento aos estudiosos de um tema que já andava desgastado e até monótono. Os programas da Rede globo vieram num momento certo e trouxeram novamente credibilidade aos que se dedicam à exaustiva tarefa de pesquisar os ETs em visita à Terra e de expor isso ao mundo.
A Ufologia Brasileira deve saber, agora, aproveitar ao máximo o momento e reerguer-se, talvez até dando o um segundo passo na direção do que os baianos lançaram no congresso de Salvador. A hora é agora e somos gratos à Globo por fazer 100 milhões de brasileiros verem que o trabalho dos ufólogos é sério e merece respeito.