No começo de julho de 1947, algo aconteceu em um rancho situado no Deserto do Novo México, nas proximidades da cidade de Roswell. Independentemente do que tenha ocorrido ali, como a queda de um UFO e a consequente captura de seres extraterrestres, ou a queda de algum projeto ultrassecreto do Exército, o Caso Roswell ditou a regra do seria seguido pela Inteligência, pela Defesa e pelas Forças Armadas do país em relação aos UFOs: sigilo e negação nas décadas seguintes, a recém-nascida Ufologia viu um aumento no número de avistamentos, o início das abduções, a chegada dos contatados e o surgimento de órgãos e comissões governamentais para estudarem os então “objetos voadores não identificados”. E durante todo o tempo, alheia aos fatos e aos casos sem explicação mostrados pelos estudos, a posição oficial, marcada no final dos anos 40, não se abalou: UFOs não existem, os avistamentos são fruto de má interpretação de fenômenos naturais ou de aeronaves secretas, abduções são alucinações vindas por paralisia do sono ou uma máscara para abusos sexuais, cujas lembranças foram reprimidas, e os contatos são mentiras ou delírios.
Essa posição oficial não se restringe aos norte-americanos, mas é praticada por muitos outros países, com raras e notáveis exceções. Até certo ponto, é justificável que países temam que, ao confirmarem que têm seus espaços aéreos violados por aparelhos desconhecidos e incontroláveis, estejam desencadeando uma crise de confiabilidade em suas instituições — as pessoas podem simplesmente perder a confiança em seus governos e isso sempre é estopim para crises e para a falta de obediência às leis.
Desinformação
Não é difícil de se entender que quanto mais rico e tecnológico for um país, mais ele temerá assumir que há uma tecnologia superior circulando sobre seu território. A melhor forma de se enfrentar esse tipo de realidade é negando que ela exista e aliciando a mídia para que ela faça o mesmo. Assim, extraterrestres são ótimos no cinema e melhores ainda se forem mostrados como animalescos, cruéis, cheios de baba, olhos diabólicos e dentes afiados, assustando a população. Mas não podem existir na vida real.
FONTE: TIME MAGAZINE
O entrevistado revelou ao mundo que o Pentágono realiza pesquisas ufológicas oficiais com orçamento milionário e ótimos resultados
O caso é que essa postura de negação em relação aos UFOs sempre ocorreu apenas da porta para fora. Internamente, todos os governos investigaram o que estava acontecendo em seus céus e territórios, e o que eram aqueles aparelhos cuja velocidade e manobrabilidade estavam séculos adiante de qualquer coisa que pudéssemos pensar. É importante frisar que, de 1945 a 1989, vivemos sob a tensão da Guerra Fria, quando qualquer força que não fosse aliada era considerada inimiga por ambos os lados do conflito.
Os edifícios do Pentágono, em Washington, e do Kremlin, em Moscou, se tornaram os símbolos do poder armado de seus respectivos regimes, e aqueles que os ocupavam nunca mediram esforços para descobrir o que eram aqueles objetos agora já apelidados de “discos voadores” e de que forma poderiam se beneficiar da tecnologia que exibiam. Não são poucas as histórias que correm dentro da Ufologia sobre engenharia reversa e sobre UFOs capturados por norte-americanos, soviéticos, ingleses, nazistas e até por Mussolini.
Quem é Luis Elizondo
Da mesma forma, não são poucas as histórias contadas por informantes — cujas credenciais são sempre difíceis de se verificar — de que existiria um acordo entre o governo dos Estados Unidos e algumas espécies extraterrestres já há muitas décadas. Porém, conspirações e boatos à parte, a verdade é que os norte-americanos investigam, sim, a existência dos UFOs. Ou seja, o governo vem mentindo para a população há muito, muito tempo.
Mentiras oficiais não são novidade e todos os governos mentem, muitas vezes por razões que nada têm a ver com segurança nacional. Porém, o caso do governo dos Estados Unidos é realmente sui generis, uma vez que a verdade estava à vista de todos, embora de tal forma disfarçada que ninguém nunca a viu. Tudo isso ficou muito claro quando, em dezembro de 2017, o próprio Departamento de Defesa (DoD) liberou duas filmagens de UFOs feitas por militares, mostrando artefatos voadores completamente diferentes de qualquer coisa terrestre conhecida. E, aparentemente, ainda há muito mais à espera de liberação dentro dos arquivos militares.
Passei a maior parte de minha vida adulta protegendo meu país em zonas de combate e lidando com terroristas em Guantánamo. Por tudo isso, fui indicado a chefiar o Programa Avançado de Identificação de Ameaças Aeroespaciais (AATIP), do Pentágono.
Luis Elizondo, o homem que passou 10 anos trabalhando em um estudo secreto sobre UFOs no Pentágono e que há 22 anos é agente sênior de contrainteligência para o Exército, revela que pode ter havido diversos encontros dramáticos com uma tecnologia desconhecida muito mais avançada do que qualquer coisa existente nas Forças Armadas dos Estados Unidos. Muito do estudo secreto de UFOs feito pelo Pentágono foi realizado no sul do estado de Nevada. Segundo Elizondo, “foi ocupando essa posição que descobri que o fenômeno é, de fato, real”. Isso durou até o ex-agente subir ao palco, em outubro passado, ao lado do astro do rock e vocalista da banda Blink 182, Tom DeLonge, e de outros ex-membros do governo.
A maior parte do mundo nunca tinha ouvido falar de Elizondo até então, o que era exatamente o que ele e o DoD queriam. Muito embora Elizondo tenha vindo a público em outubro, foi apenas após uma matéria do The New York Times, em dezembro, que seu nome se tornou realmente conhecido. Sua carreira no governo crescera de forma reservada e ele trabalhara até então, principalmente, como oficial de Inteligência do Pentágono. “Eu estava no topo de minha área de atuação, mas abandonei tudo para ter essa conversa com o povo norte-americano”, disse ele. A conversa era sobre UFOs.
Espionagem e terrorismo
Elizondo é um veterano com mais de duas décadas de atividades no DoD e tinha, até se demitir, autorização máxima de segurança, segundo informou o jornal. Ele era especialista Inteligência — leia-se espionagem — e trabalhou para o Exército, para o Conselho Executivo Nacional de Contrainteligência e para o diretor de Inteligência Nacional dos Estados Unidos. Elizondo também foi diretor da equipe especial de gestão de programas nacionais do gabinete do secretário de Defesa norte-americano.
Além disso, o militar tem formação em microbiologia, imunologia e parasitologia e é detentor de várias patentes. Elizondo conduziu e supervisionou investigações de espionagem e terrorismo altamente sensíveis em todo o mundo, e como oficial de casos de Inteligência, executou operações de fontes clandestinas em toda a América Latina e Oriente Médio. Ele passou a maior parte de sua vida adulta protegendo seu país, em serviço ativo em zonas de combate, lidando com terroristas em Guantánamo e no Pentágono, e por tudo isso foi indicado a chefiar o Programa Avançado de Identificação de Ameaças Aeroespaciais (AATIP). O programa secreto do Pentágono reunia e analisava informações sobre encontros entre militares e “tecnologia espetacular”, porém desconhecida, que alguns chamam de UFOs.
FONTE: US NAVY
O fabu
loso porta-aviões USS Nimitz, que foi o centro de intensa incidência ufológica pesquisada pelo Pentágono
Durante praticamente 10 anos, Luis Elizondo foi a figura central do programa para estudar “ameaças aéreas desconhecidas”, como os UFOs também são conhecidos. Atualmente está se preparando para mudar para a pacata cidade praiana de Encinitas, no estado da Califórnia, onde fica a To The Stars Academy of Arts And Science [Para As Estrelas Academia de Artes e Ciência], de DeLonge, organização à qual se uniu e que tornou públicos dois vídeos de UFOs que o próprio Elizondo ajudou a divulgar antes de deixar Washington. Antes de se mudar, no entanto, o ex-agente virá ao Brasil para fazer palestra no XXIII Congresso Brasileiro de Ufologia, que a Revista UFO realizará em maio em Porto Alegre [Veja box e anúncio nesta edição].
Segundo está descrito em seu site, a To The Star Academy é uma instituição sem fins lucrativos que levanta fundos para a pesquisa ufológica e estuda avistamentos. Luis Elizondo é listado como diretor de segurança global e de programas especiais. “Vamos procurar fazer uma triangulação dos eventos e trabalhar em tempo real com o público, pois assim conseguiremos rastrear as ocorrências com muito mais rapidez”, explicou o militar.
Vídeos estarrecedores
Em dezembro, o New York Times apresentou uma reportagem sobre Elizondo e seus vídeos, o que desencadeou uma enxurrada de noticiários na mídia de todo o planeta. Os críticos alegaram que o militar havia liberado as filmagens por conta própria, mas isso não é verdade. “O Departamento de Defesa tomou a decisão de divulgá-los por meio de um processo de desclassificação do próprio órgão, que aprovou a divulgação”, esclareceu. Portanto, foi tudo às claras.
Um dos vídeos, gravado sobre o Oceano Pacífico à frente San Diego, na Califórnia, em 2004, representou o ápice de uma semana de encontros entre UFOs e um grupo de pilotos de caça da Marinha norte-americana lotados no porta-aviões USS Nimitz. Os pilotos chegaram bem perto de um objeto que descreveram como “um enorme aparelho que fazia tic-tac” que era capaz de movimentos e aceleração conhecidamente impossíveis.
Críticos surgiram com muitas teorias para alegar que o vídeo e a principal testemunha não são legítimos — sobre isso, Elizondo esclarece que quando um piloto de caça altamente treinado lhe diz ter visto algo que pairava sobre a água acelerar para 800 km/h imediatamente e, de repente, sumir no horizonte em dois segundos, “é melhor acreditar no que ele está dizendo, porque ele realmente viu o que relatou”.
Além disso, tudo foi corroborado por mais três indivíduos que também estavam em duas outras aeronaves, por operadores de radar e, posteriormente, por mais dois caças F-18. Luis Elizondo declara que é frustrante estar em sua posição, porque as pessoas dizem que é só um reflexo no radar infravermelho, uma condição atmosférica ou um inseto no para-brisa do jato. “Não se pode ‘travar’ condições atmosféricas no radar, como se ‘trava’ um alvo com o propósito de atirar nele, se necessário. Aquilo não é nada atmosférico”, afirmou.
As investigações
Um relatório inicial feito de forma superficial sobre o encontro com o objeto do vídeo apresentado por Elizondo foi jogado em uma gaveta no Pentágono, mas o caso foi reavivado após o senador pelo estado de Nevada Harry Reid e seus colegas iniciarem um programa formal para estudar incidentes com UFOs envolvendo os militares — a empresa terceirizada civil envolvida na pesquisa era a Bigelow Aerospace, situada ao norte de Las Vegas. Os pesquisadores entrevistaram 18 testemunhas do Caso Tic-Tac, como ficou conhecido o incidente, e declararam ser algo genuinamente desconhecido. “O artefato filmado naquele episódio não era russo, chinês e nem nosso. Era de algum outro lugar”, declarou Elizondo.
O incidente envolvendo os pilotos do Nimitz é apenas um dentre muitos que analisamos. Quando eles começam a ocorrer como um padrão, é aí que começamos a ficar preocupados, porque já não era mais uma anomalia, mas uma tendência.
E ocorreram outros incidentes semelhantes ao de 2004, tanto antes quanto depois. O segundo vídeo divulgado, que mostra um objeto em forma de pião, seria de 2015 e teria sido gravado na costa da Flórida. E ainda existem muitos outros encontros dramáticos que ainda não se tornaram públicos. Segundo Luis Elizondo, “o incidente envolvendo os pilotos do Nimitz é apenas um exemplo dentre muitos que analisamos. Quando os avistamentos começam a ocorrer como um padrão, é aí que começamos a ficar preocupados, porque já não era mais uma anomalia, mas uma tendência. E se é uma tendência, então precisamos analisá-la”, explicou o militar. A seguir vamos conhecer a entrevista concedida pelo ex-chefe do Programa Avançado de Identificação de Ameaças Aeroespaciais (AATIP) [A sigla vem do inglês Advanced Aviation Threat Identification Program].
O que pode nos contar sobre seu trabalho no Pentágono?
Meu trabalho no governo norte-americano, relacionado ao Programa Avançado de Identificação de Ameaças Aeroespaciais, resumia-se a duas coisas: determinar o que eram as aeronaves anômalas que estávamos observando e detectando e como elas funcionavam. Cheguei à conclusão de que, se pudéssemos responder pelo menos essas duas questões, tudo o mais seria explicado posteriormente.
“Tudo o mais” inclui a origem dos artefatos e de sua possível tripulação?
Sim, eu nunca entrei nessas considerações, pois não era nosso trabalho fazer isso. Nós estávamos ali para estudar os relatos e as imagens e buscar determinar se aqueles objetos não identificados representavam uma ameaça direta ao Estados Unidos. Era função de nossa terceirizada civil, a Bigelow Aerospace, descobrir como aquelas aeronaves tão velozes, que executavam aquelas manobras que nos pareciam impossíveis, funcionavam. Qualquer consideração além disso estava totalmente fora de nosso escopo.
Bem, agora que você não está mais no governo, qual é sua opinião?
Depois de tudo que eu vi, dos militares com quem falei — pessoas cuja sanidade mental e capacidade de observação estão acima de quaisquer suspeitas — e depois dos dados que levantamos a partir de vídeos e dos registros de radar, só posso concluir que nós não estamos sós. Claro que muitas vezes nos perguntamos se aquela tecnologia seria algo produzido pela Rússia ou China, mas sabemos que não era. Eu não gosto muito do termo, mas o que vemos nas filmagens são UFOs. Se isso tudo fosse um caso legal e nós o levássemos à julgamento, estaríamos muito além da dúvida razoável. Os objetos são reais. Estão muito além da tecnologia que usamos, mas são reais, são físicos, nós o filmamos e registramos em radares.
FONTE: TO THE STARS ACADEMY
Tom DeLonge criou a To The Stars Academy e causou grande polêmica na Ufologia Norte-Americana
Com base nos dados que você coletou, as testemunhas com quem falou e nos registros feitos pelos radares, você diria que estamos diante de uma tecnologia inexplicável?
Não, de forma alguma. Nós estamos diante de algo plenamente explicável, mas apenas não temos ainda conhecimento técnico suficiente para fazê-lo, até porque não temos um desses aparelhos para desmontar e estudar. Mas não estamos diante de um fenômeno que esteja acima de nossa compreensão. É certo que os objetos não combinam com qualquer perfil de aeron
ave que temos ou que imaginamos que outras nações também tenham — eles são diferentes de tudo e são um desafio, mas não estão acima de nossa compreensão.
Isso é interessante, pois muitas pessoas alegam que a física envolvida nos UFOs está muito além de nossa capacidade.
Novamente, de forma alguma! O fato de não conseguirmos reproduzir algo não significa que não saibamos como aquilo funciona, ainda que de forma mais generalizada. Há muitos estudos científicos interessantes sobre esse assunto e, independentemente dos UFOs, esse tema é de grande interesse para o Departamento de Defesa (DoD). Muita gente precisa ler mais e se inteirar do que anda acontecendo. Não basta repetir coisas ditas há 20 anos, é preciso se atualizar.
Por que há o termo “ameaça” incorporado ao nome do programa? Houve alguma ameaça por parte dos discos voadores?
O nome é Programa Avançado de Identificação de Ameaças Aeroespaciais porque, apesar de as aeronaves não identificadas relatadas nunca terem lançado um ataque a nós, como o do filme Independence Day [1996], ou dizimado grandes cidades com raios da morte, o DoD precisa considerar essa possibilidade. O UFO que ficou conhecido como Tic-Tac, por exemplo, foi detectado ao longo de vários dias, em 2004, pelos membros do grupo de caça aérea do USS Nimitz, na costa de San Diego. Nós não sabíamos, e ainda não sabemos, qual era sua intenção e objetivo, por isso precisamos estar sempre atentos.
Mas ele não atacou…
Não, ele não atacou, mas demonstrou ser muito superior aos mais avançados sistemas de defesa dos Estados Unidos — portanto, se nos atacasse, não teríamos como nos defender contra ele. Ser visto como potencial ameaça não significa que vamos bombardear o alvo, mas que o alvo tem tecnologia superior e que, se resolver nos atacar, não teremos como nos defender. A maioria das pessoas parece confundir ameaça com inimigo, e não é bem assim.
O UFO não atacou, mas demonstrou ser muito superior aos mais avançados sistemas de defesa dos Estados Unidos. Se nos atacasse, não teríamos como nos defender. Ser visto como potencial ameaça não significa que vamos bombardear o alvo.
Há alguma hostilidade já registrada por parte dos UFOs?
Não que eu saiba, a menos que se julgue como hostilidade o fato de esses objetos parecem gostar de desarmar nossos mísseis nucleares e observar nossas instalações militares. Se fossemos apontar as áreas de maior incidência de casos, sem dúvida teríamos que incluir nossas bases aéreas estratégicas entre elas
Isso é muito interessante, pois há décadas os ufólogos vêm apontando esse interesse dos UFOs em nossos mísseis atômicos. Você arriscaria uma razão para tal interesse?
Bem, eu só posso especular, claro, mas penso em algumas razões para o interesse em nossas instalações militares. “Eles” podem estar acompanhando nosso progresso tecnológico na área militar, já que há décadas monitoram nossas instalações atômicas. Podem estar nos estudando, aprendendo sobre nosso desenvolvimento. Mas também podem nos monitorar para saber se oferecemos algum perigo, porque queiram nos dominar ou porque desejam impedir que nos destruamos. Não temos como saber a razão, mas do ponto de vista estratégico faz sentido, se você está em um planeta que não é seu, conhecer a capacidade bélica do lugar.
Voltando ao programa do Pentágono, como era feito o trabalho de investigação e como você selecionava os casos a pesquisar?
Primeiro nós nos certificávamos de que os vídeos registrados que chegavam ao nosso conhecimento eram autênticos e que provinham de uma plataforma do DoD. Em seguida, eram analisados o alcance, a altitude e os dados sobre o que nossas aeronaves estavam fazendo no momento da filmagem, além do tipo de missão, as condições de voo etc. Procurávamos observar o que víamos no vídeo e depois fazer a referência cruzada com qualquer aeronave que conhecíamos, como, por exemplo, drones, aeronaves comerciais, aviões militares, mísseis, ou seja, tudo o que temos de conhecido em nosso estoque e nos estoques estrangeiros. Há um grande esforço do departamento para garantir que sempre possamos identificar o que está voando, seja em nosso espaço aéreo ou em qualquer outro espaço aéreo. Mas, mesmo depois de toda essa rigorosa pesquisa, às vezes não conseguíamos identificar os incríveis objetos nos vídeos.
O AATIP do Pentágono era um programa conhecido da população?
Não exatamente. Na verdade, nem mesmo meu supervisor imediato no Pentágono tinha conhecimento do programa — ele não era algo oculto, porque se você fosse ver o orçamento do Pentágono, ele estava lá, misturado a vários outros programas menores, mas praticamente ninguém sabia sobre ele.
Durante seu tempo no AATIP, o que mais o preocupava? O que lhe tirava verdadeiramente o sono?
O que mais me preocupava era não ter como informar a meu chefe, o secretário de Defesa, sobre algumas das descobertas específicas que fizemos. O general James Mattis é um ser humano incrível e eu o vejo como um herói nacional. Eu servi com ele em situações de combate durante algum tempo e sei que tipo de pessoa ele é. Sei que ele gosta de ter informações, de saber das coisas, mas eu não podia informá-lo justamente por conta de toda a burocracia do DoD, de todo o sigilo que nos é imposto.
FONTE: AATIP
Imagem retirada de um dos vídeos liberados, que mostra um UFO “travado” no radar do caça a jato, que estaria pronto para atirar
Como você vê as críticas das pessoas em relação ao programa?
Acho que se algo entrasse em nosso espaço aéreo ou em um espaço aéreo que controlamos, e esse algo tivesse uma estrela russa ou uma numeração norte-coreana na cauda, as pessoas teriam uma reação ou resposta muito diferente, pois seria algo que conseguiríamos identificar. Aí, todos diriam coisas do tipo: “Ah, isso está em nosso espaço aéreo e não devia estar. Vocês têm a responsabilidade de nos proteger. Como isso foi acontecer?” Entretanto, aí temos o mesmo cenário, mas apenas não há bandeiras ou numeração na cauda dos UFOs. Na verdade, talvez nem haja uma cauda em algumas dessas coisas. Mesmo assim, há silêncio. Ninguém quer falar a respeito.
Bem, alguns senadores quiseram falar sobre o assunto…
Sim. Em 2007, um pequeno grupo de senadores liderado por Harry Reid, do estado de Nevada, iniciou um programa para mudar a cultura em torno dos relatos de UFOs. Reid foi motivado, em parte, por alguns relatórios confidenciais narrando encontros com UFOs sobre bases nucleares norte-americanas, ocasiões em que as armas atômicas foram desativadas. Os sistemas de comunicação e defesa dos mísseis também foram desativados. Isso aconteceu em mais de uma ocasião, e essas não foram as únicas ocorrências, pois também surgiram “coisas” no mar próximas a navios. O que seriam? Por isso o AATIP foi criado.
Em relação aos relatos de avistamentos, eles vêm de pessoas gabaritadas, o que realmente parece ser difícil de contestar.
Mas as pessoas contestam mesmo assim e eu penso que isso é um retrato do que é o ser humano. As filmagens e os relatos que estudamos foram feitos por pilotos de caça, por oficiais bem treinados e experientes, por pessoas a quem confiaríamos nossas vidas em uma situação de perigo — esse é o grau de seriedade dos pilotos e militares que produziram os relatos. Mas quando o público vê as filmagens, as pessoas começam a dizer que são falsas e mais um monte de coisas. É inacreditável, realmente.
Inclusive se ventilou que as filmagens teriam sido vazadas por você e que não seriam realmente aquilo que s
e alegou. O que diz?
Sim. O próprio DoD precisou vir à público para dizer que o próprio órgão foi quem divulgou as filmagens. Até certo ponto, é compreensível que as pessoas se sintam impactadas porque nunca se divulgou algo desse tipo, mas há muita aleivosia sendo dita e isso confunde a opinião pública. A liberação das filmagens obedeceu a todas as exigências legais e há uma trilha de documentos e memorandos que se pode seguir caso se queria confirmar a veracidade da liberação e das filmagens. Quem levanta dúvidas sobre isso sequer se deu ao trabalho de pesquisar.
E os vídeos, na verdade, foram divulgados em outubro, antes de suas declarações ao The New York Times, que ocorreram e dezembro de 2017?
Sim, foram divulgados quando do lançamento da To The Stars Academy, mas a maioria da mídia simplesmente ignorou o fato e tudo relacionado a ele. O que mudou o cenário foi a matéria do The New York Times, de dezembro. Mas veja, os vídeos já estavam liberados há dois meses e ninguém havia se interessado por eles.
Depois de tudo que eu vi, dos militares com quem falei, pessoas cuja sanidade mental e capacidade de observação estão acima de quaisquer suspeitas, e depois dos dados que levantamos a partir de vídeos, só posso concluir que nós não estamos sós.
Houve alguma edição nos vídeos que foram liberados?
É possível, dependendo do tipo de informação que os diálogos mostravam para nós. O governo pode ter editado partes do áudio, por questões de segurança nacional, e divulgado apenas o que acreditou não oferecer ameaça ao país. As imagens são reais, mas o que foi liberado são apenas alguns momentos de filmagens. Talvez haja mais.
Como os relatos militares sobre UFOs eram estudados antes da criação do AATIP? Havia algum outro programa?
Eu vou lhe responder com um exemplo prático. Você viu o vídeo do objeto em forma de tic-tac, certo? Bem, aquela filmagem é de 2004 e estava esquecida em uma gaveta qualquer do Pentágono. Ou seja, os relatos chegavam ao órgão, mas nada era feito. Esses artefatos não identificados já estão por aí há muito tempo, mas foram deliberadamente ignorados. Esse tipo de relatório foi o que motivou o senador Reid e seus colegas a iniciarem o programa, porque parecia que ninguém dava importância aos fatos.
O que mais pode nos contar sobre este polêmico Caso Tic-Tac?
Bem, o que houve ali foi que, após notar estranhas leituras no radar durante vários dias, o porta aviões USS Nimitz, estacionado em San Diego, decidiu lançar alguns caças a jato de seu grupo de batalha para ver tudo mais de perto e descobrir, se possível, o que eram aqueles registros. Um dos pilotos dos caça F-18, David Fravor, comandante do grupo de elite Black Aces [Ases Negros], escreveu em seu relatório inicial que os aviadores detectaram um enorme objeto do tamanho de um avião 747 pouco abaixo da superfície do oceano. O artefato em forma de tic-tac, medindo cerca de 12 m, pairava acima dele.
Então eram dois objetos? E ninguém investigou isso?
Sim, um objeto submarino e outro voando sobre ele. E ninguém investigou isso até o AATIP se formar no Pentágono. Como eu disse, o relatório do caso estava esquecido em uma gaveta qualquer. E você pode imaginar quantos mais estavam na mesma situação, pois não estamos falando de apenas um caso aqui, mas vários…
É inacreditável. Voltando ao avistamento, o que mais dizia o relatório?
Segundo o documento, o objeto em forma de tic-tac decolou e rumou para o sul. David Fravor fez questão de frisar que ele saíra de uma forma que ele, mesmo sendo um piloto experiente, jamais vira — em um minuto estava lá e no seguinte desaparecera. Fravor disse acreditar que o tic-tac não era deste mundo, mas que, com certeza, gostaria de pilotar um.
Sim. Eu preciso ser muito cuidadoso com o que digo e reconheço que suposições não podem ser vistas como evidências ou provas de nada, mas o que posso lhe dizer com toda a segurança é que nunca vi qualquer aeronave terrestre fazendo o que fazem os UFOs. E desconheço qualquer país que possua tecnologia próxima a deles.
Oficialmente, o programa foi encerrado em 2012, mas ele foi realmente fechado?
Não. Quando o programa foi montado, ele se formou a partir da ação do senador Reid, como todos sabem, e era mantido com o dinheiro de impostos, ou seja, do público norte-americano. Após cinco anos de programa, ao apresentarmos nossas pesquisas ao senador, ele e a comissão que cuidava do projeto decidiram que havia pouco progresso e que poderiam aplicar o dinheiro do contribuinte em programas com maiores retornos sociais. Então nós paramos de receber verbas oficiais.
Mas o programa continuou?
Sim, e continua até agora. Eu saí, outra pessoa assumiu meu lugar e a pesquisa continua. A partir de 2012 eu deixei de trabalhar no Pentágono e passei a trabalhar com a Marinha e com a Agência Central de Inteligência (CIA) para fazer minhas investigações. Imagino que a pessoa que assumiu o posto também faça o mesmo.
A continuidade se deu por questões de segurança nacional?
Foi também por questões de segurança. Nós precisamos saber o que são esses objetos não identificados e o que querem na Terra. Até que tenhamos essas respostas, não temos como saber se representam ou não uma ameaça à nossa segurança. E temos indícios de que a Rússia e a China também estudam os UFOs em segredo. Precisamos ter em mente que essas aeronaves têm uma tecnologia muito mais avançada do que qualquer coisa que conheçamos. Portanto, se os russos ou os chineses se apoderarem dela antes de nós, isso pode ser um problema.
Quando assistimos ao vídeo do UFO em forma de pião, fica evidente, pelo tom das vozes dos pilotos, que eles estavam muito surpresos com o que viam. O que pode nos dizer sobre isso?
Os pilotos pensaram que poderia ser um drone, mas sensores avançados no caças a jato mostraram que o artefato desconhecido não tinha um sistema de propulsão detectável, ou seja, parecia indiferente aos fortes ventos que ocorriam e desacelerou até quase parar, antes de começar a girar. Que aeronave conhecida pode fazer isso? A resposta é nenhuma! Como eu já disse em diversas entrevistas, se estivéssemos em um tribunal, estaríamos além da dúvida razoável, com provas concretas de algo que seria aceito por qualquer corte de justiça.
Você comentou que a Bigelow Aerospace vem estudando os objetos. Há algum progresso neste estudo?
Na verdade, a Bigelow estuda as filmagens, não os objetos, apenas para deixar claro. E, sim, há progressos. Acho que estamos bem perto de compreender a física envolvida no funcionamento das naves registradas e isso é muito empolgante — isso quer dizer que, pela primeira vez, temos uma noção convincente de que aquilo que vemos é totalmente explicável segundo nosso atual entendimento de física avançada e de mecânica quântica. É um grande progresso.
Você pode falar mais sobre isso? Que tipo de avanços fizemos em relação às variadas tecnologias mostradas pelos UFOs?
Bem, na verdade não seriam várias tecnologias. Os cientistas agora pensam que uma única tecnologia explicaria todas as coisas incríveis que essas naves são capazes de fazer, como, por exemplo, aceleração extrema repentina, velocidades hipersônicas, baixa observabilidade, viagem transmeridiana e, por último, mas não menos importante, sustentação positiva, ou seja, antigravidade. Todas essas habilidades, digamos assim, seriam provenientes de uma única tecnologia. Ou sejam, não precisamos descobrir cinco super tecnologias, mas apenas uma. E achamos que sabemos qual ela é.
Essa é uma afirmação e tanto.
Sim. Um dos cientistas que ajudou a descobrir essa tecnologia é o físico doutor Hal Puthoff, que escreveu a proposta que ajudou a Bigelow a obter o contrato com o Pentágono para estudar UFOs que eram reportados ao órgão. Em uma recente entrevista de rádio, Puthoff disse ter solicitado 38 artigos científicos durante o estudo para explorar ideias exóticas que explicassem a propulsão dos aparelhos não identificados, incluindo o que ele chama de “engenharia métrica do espaço-tempo”.
Ou seja, as naves em forma de tic-tac e de pião seriam capazes de criar suas próprias “bolhas” de espaço-tempo?
Sim, e não apenas elas. Acreditamos seriamente que o processo envolva uma enorme quantidade de energia e a capacidade de “dobrar” o espaço-tempo de forma controlada, apenas de acordo com o necessário para o deslocamento do objeto.
Você pode explicar melhor essa novidade tecnológica? Como seria?
A chamada engenharia métrica do espaço-tempo funciona encolhendo o espaço conforme a aeronave avança em sua trajetória, permitindo que seu deslocamento se dê de forma muito mais rápida. Pense em uma bolha na qual o espaço é encolhido na frente e expandido atrás do objeto. É algo bem parecido com isso. É importante que as pessoas saibam que nós trabalhamos com ciência de verdade e não com “ciência-vodu”. Nós não inventamos coisas, Nós comprovamos os fatos que pesquisamos!
Eu entendo isso, mas para muitas pessoas coisas como buracos de minhoca e dobras espaciais soam como ficção científica, não como ciência.
Sim, e essa é uma ótima oportunidade para todos se informar sobre o assunto, porque estamos cada vez mais perto de alcançar grandes tecnologias. Há universidades, laboratórios e empresas de todo o mundo pesquisando isso e todos, claro, querem sair na frente. Uma dessas empresas é a Bigelow Aerospace, mas há outras. Por isso estudarmos esses objetos é tão importante. A observação nos ensina muito e nos auxilia em nossas pesquisas.
O que você pode nos dizer sobre a existência de materiais especiais ou metamateriais, algo que vem sendo falado desde o Caso Roswell? O governo tem isso? Isso é necessário para que a tecnologia dos UFOs funcione?
Olhe, eu não sou mais funcionário do DoD e, portanto, não posso falar em nome do governo. Eu não sei lhe dizer se existe ou não esse material especial e nem se é remanescente de Roswell, caso exista. O que posso lhe dizer é que em qualquer lugar onde exista material anômalo deixado para trás, o DoD ou outro departamento irá recolhê-lo. Pense em uma cena de crime onde se recolhem todas as provas e evidências possíveis — é assim que funciona com as operações militares para coleta de material.
Mas você acredita que a avançada tecnologia mostrada pelos UFOs dependa de algum material especial?
Eu não sei, mas é possível. Materiais especiais estão sendo desenvolvidos para usos diversos, dependendo da necessidade que surja, então não posso lhe dizer que sim ou que não de forma definitiva. Mas eu diria que é provável que essas naves utilizem algum tipo de material especial, que ainda não conhecemos, e que ele ajude no funcionamento da tecnologia empregada para seu deslocamento dentro e fora de nossa atmosfera.
Você deixou o programa do Pentágono em outubro de 2017. O que o levou a se demitir do órgão?
Eu comecei a achar que as informações que tínhamos obtido eram de interesse da população e que precisávamos divulgá-las. O sigilo imposto ao assunto pelo Pentágono estava cada vez maior e eu decidi que era hora de alguém conversar com a população dos Estados Unidos sobre tais fatos. As pessoas precisam saber que não estamos sós e que isso é real, não uma fantasia de Hollywood. Mas é importante que se saiba que, mesmo tendo deixado o programa, eu ainda tenho autorização de segurança e há assuntos sobre os quais eu não posso comentar.
O que podemos esperar daqui em diante? Muitas surpresas?
Observe que eu não posso falar pelo governo dos Estados Unidos, mas eu posso afirmar, sem medo de errar, que o DoD tem várias outras filmagens e que, seguidos os mesmos passos e protocolos utilizados para a liberação desses dois vídeos já divulgados, muito mais poderá vir à público. Além deste ponto, não posso dizer mais nada.
E de seu trabalho com a To The Stars Academy de Tom DeLonge, o que podemos esperar?
Minha intenção é fortalecer os relatos que a Academia recebe e permitir que a comunicação entre as pessoas e seus pesquisadores seja ágil e direta. Queremos receber bons casos ufológicos, que serão investigados e pesquisados com muita seriedade, para fazer isso. Pessoas muito experientes e sérias em suas funções se juntaram à instituição. Entre elas estão o doutor Puthoff, sobre quem já falamos, Steve Justice, que durante anos foi diretor do Programa de Desenvolvimento Avançado da Lockheed Martin, Gary Nolan, professor do setor de microbiologia e imunologia da Universidade de Stanford, e muitos outros. Creio que faremos muitos progressos logo. Aguarde…