Carl Sagan diziam que somos feitos de poeira de estrelas, mas havia uma certa dificuldade para se explicar alguns elementos presentes na vida que conhecemos. Agora, o mistério aumentou. Entenda o que foi descoberto.
Todas as formas de vida na Terra, incluindo seres humanos, são feitas de elementos forjados por reações extremas nas profundezas das estrelas. O fósforo (P) está entre o grupo principal de elementos que tornam a vida possível, mas os cientistas não sabem exatamente quais processos estelares criam esse importante ingrediente biológico.
Agora, uma equipe de cientistas aprofundou o mistério das origens do elemento, descobrindo 15 “estrelas quimicamente peculiares” na Via Láctea, que mostram “abundante presença de fósforo”, e que não podem ser explicadas por nenhuma teoria existente, de acordo com um estudo publicado terça-feira no site da Revista Nature.
“O fósforo é particularmente interessante porque existem apenas cinco elementos que sabemos que a vida na Terra depende: carbono, nitrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre”, disse o principal autor do estudo Thomas Masseron, astrônomo do Instituto de Astrofísica de Canarias, em Tenerife, na Espanha, me um telefonema com o site Vice.
“O fósforo é menos abundante”, acrescentou, “então há grandes incertezas em geral sobre de onde ele veio”.
O fósforo da vida
Supernova. Crédito: History Channel
Masseron e seus colegas esboçaram vários modelos para explicar essas estrelas ricas em fósforo, que podem ser semelhantes às estrelas há muito mortas que semearam nosso próprio Sistema Solar com esse elemento vital.
A história de origem mais provável é que as estrelas nasceram das cinzas de uma geração anterior de estrelas massivas que, por alguma razão, super produziram fósforo em suas vidas.
Isso exigiria que as estrelas progenitoras passassem por “uma nucleossíntese bastante específica e peculiar”, disse a equipe, referindo-se ao processo que ocorre no interior das estrelas para criar novos elementos.
Essas estrelas massivas teriam expelido suas reservas de fósforo pelo espaço quando explodiram em supernova, dando origem a uma nova ninhada de estrelas ricas no elemento.
No entanto, modelos de computador desse cenário sugerem que ele também deve levar ao enriquecimento de carbono, sódio e enxofre na próxima geração de estrelas. As estrelas ricas em P observadas pela equipe, em contraste, não mostram esse padrão.
Fora de padrão
Galáxia e estrelas. Crédito: History Channel
Também é possível que as estrelas roubem fósforo de uma estrela companheira orbitando perto delas ou que se fundam completamente com outra estrela. As colisões entre estrelas de nêutrons, uma classe de estrelas mortas e colapsadas, fornecem outra maneira potencial de criar nuvens de gás e detritos enriquecidas com fósforo.
No entanto, todas essas explicações são contrariadas, de uma maneira ou de outra, pelas observações reais.
“O artigo trata de explorar todas as possibilidades e excluir todas elas”, disse Masseron. “Basicamente, a resposta é que não sabemos”.
Por esse motivo, a equipe está planejando estudar as estrelas em diferentes comprimentos de onda de luz para aprender mais sobre suas impressões digitais químicas.
Eles também esperam encontrar mais exemplos dessas estrelas exóticas para ver se pertencem a uma família mais ampla de estrelas com histórias igualmente inexplicáveis.
“Além das observações adicionais que faremos, haverá outro aspecto importante em relação à colaboração com especialistas estelares em interiores e evolução, que agora precisam desenvolver novos modelos e possivelmente implementar nova física para tentar reproduzir o que observamos e, assim, descobrir a origem dessas estrelas”, concluiu Masseron.
Fonte Vice
Assista. abaixo, um documentário sobre as estrelas: