Pesquisa revela todo o processo de surgimento de sistemas estelares que antes eram considerados curtos e breves, e hoje nos ajudam a desvendar a origem não só das estrelas, mas também de planetas, satélites, asteroides e cometas.
Os discos protoplanetários, que nada mais são do que “embriões” de um futuro sistema estelar como o nosso, podem durar entre cinco e 10 vezes mais do que os discos pesquisados anteriormente, segundo o que descobriram astrônomos da Universidade Queen Mary de Londres.
Pela longa duração que possuem, esses discos ficaram conhecidos como os “discos Peter Pan”, e passaram a representar uma nova categoria desses misteriosos objetos.
Como se formam?
Concepção artística da formação planetária. Crédito: Revista Galileu
Uma nebulosa, ao ser ionizada pela energia da explosão de uma estrela vizinha, começa a girar fazendo como que em seu interior se forme uma protoestrela, e todo material que não virou massa estelar acaba formando um grande disco protoplanetário.
Essas protoestrelas são cercadas por grande disco de matéria, constituídas principalmente de poeira e gás que, por meio do processo de colapso gravitacional e da conservação do momento angular, começam a se aglutinar, formando materiais mais densos como planetas gasosos e rochosos.
Uma vez iniciado o processo de aglutinação, estará dado o início para a formação de futuros planetas, asteroides e todos os tipos de objetos estelares que encontramos em nosso sistema solar.
Surpresa nas pesquisas
Embora os astrônomos estejam cientes da existência desses discos desde 2016, muitas perguntas sobre como os planetas se formam, continuavam um mistério.
Segundo o doutor Thomas Haworth, que é o astrônomo chefe responsável pela pesquisa, a existência desses discos de longa duração foi surpreendente, pois com eles os pesquisadores podem descobrir mais sobre a evolução dos discos e a formação de planetas em geral.
Segundo Haworth, os discos Peter Pan até agora só foram encontrados em torno de estrelas de baixa massa, e essas estrelas geralmente são conhecidas por terem muitos planetas em suas órbitas, portanto as grandes massas de disco podem determinar como os planetas seriam com essa nova configuração.
Em quais ambientes surgem
Formação de planetas Crédito: Hyperscience
No estudo, os astrônomos usaram simulações em computador para examinar uma variedade de possíveis configurações iniciais e maneiras pelas quais o disco protoplanetário surge, até revelar a combinação de condições necessárias para formar os discos Peter Pan, que eles denominaram como “parâmetros de Neverland”.
A maioria das estrelas se formam em grandes grupos contendo cerca de 100.000 delas, mas parece que os discos de Peter Pan não podem se formar nesses ambientes.
Wagner Soeiro é professor, jornalista, divulgador científico, coordenador do Clube de Astronomia Rio Preto (CARP) e cofundador do Grupo de Estudos e Pesquisas Ufológicas Rio Preto (GEPURP)