A missão da nave Dawn, da NASA, em órbita do planeta anão Ceres, prossegue excitando a imaginação dos entusiastas da exploração espacial. E, aparentemente, também daqueles que necessitam de muito pouco incentivo antes de começar a tecer disparatadas teorias conspiratórias. Com relação à já famosa cratera que mostra objetos brilhantes em seu interior, teorias fantasiosas e sem qualquer embasamento na realidade já circulam há tempos. Novamente vale o alerta de que é necessário sempre buscar outras fontes antes de conceder credibilidade a certas notícias, especialmente se o tom é sensacionalista.
A Dawn obteve em 09 de junho a melhor imagem até agora da cratera, de cerca de 90 km de diâmetro, onde existem inusitados objetos brilhantes ainda inexplicados. A nave está em sua segunda órbita de mapeamento do planeta anão, a 4.400 km de sua superfície, mas mesmo assim ainda não foi possível determinar a natureza ou a composição do material brilhante. Os melhores candidatos a uma explicação são depósitos de sal ou gelo de água, embora outras opções sejam consideradas. O comunicado da NASA aponta que nas novas imagens é possível observar pelo menos oito pontos brilhantes próximos à área mais reflexiva, que aparenta ter 9 km de extensão.
Outra característica do planeta anão que a Dawn acaba de descobrir é uma montanha de 5 km de altitude, com formato levemente similar ao de uma pirâmide. Sites sensacionalistas e mistificadores já falam de uma pirâmide de construção alienígena descoberta em Ceres, mas processos geológicos nesse mundo são, evidentemente, as mais prováveis explicações. É intrigante para os cientistas o fato de a montanha estar em um local relativamente plano e processos como vulcanismo e placas tectônicas, como na Terra, não se aplicam neste caso. É possível que a montanha estivesse ao centro de uma cratera e as bordas desta foram erodidas ao longo das eras, mas por enquanto isso é especulação.
MAIS SURPRESAS PODEM SURGIR NOS PRÓXIMOS MESES EM CERES
A principal investigadora da missão Dawn, Carol Raymond do Laboratório de Propulsão a Jato, afirmou: “Luas em nosso Sistema Solar possuem crateras com poços centrais, mas em Ceres esse tipo de cratera é muito mais comum”. Lançada em setembro de 2007, a Dawn orbitou o asteroide Vesta de julho de 2011 a setembro de 2012, antes de rumar para Ceres. Acredita-se que os dois astros sejam remanescentes da época de formação do Sistema Solar e, portanto, seu estudo pode ajudar a compreender melhor como se formaram o Sol e os planetas, e até mesmo como a vida surgiu na Terra. Dawn deve começar a baixar para uma órbita a 1.450 km da superfície de Ceres no próximo 30 de junho, e até o fim de sua missão, por enquanto programado para junho de 2016, irá se aproximar até 375 km desse interessante e ainda misterioso mundo.
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