Um sopro de vento se agita entre as opulentas plantações de grãos da Inglaterra. Era uma quente noite de verão, clareada por um céu estrelado e imersa no silêncio, interrompida somente pelo canto dos grilos. De repente, um agricultor da região ouve um ruído de palha sendo amassada. Nota-se no céu uma luz branca que dança por instantes e depois desaparece. Na manhã seguinte, impresso num dos campos, é encontrado um desenho ou pictograma chamado de A Chave, numa posição tal que aponta com precisão para Silbury Hill, em Wiltshire, o maior morro artificial da Europa. Além de ser um dos pontos de maior incidência do fenômeno que se convencionou chamar de círculos ingleses, supõe-se que Silbury Hill seja também um túmulo funerário de um antigo culto druida.
O pictograma se estende majestoso sobre a plantação. Um desenho de absoluta perfeição, com contornos nítidos, esculpidos na vegetação. Suas formas são definidas pelo posicionamento das espigas do cereal, amassadas numa espiral de perfeição matemática. Mas este não é o único desenho enigmático encontrado no local conhecido como Paisagem Sacra, uma das regiões mais belas do país que por muitos anos é chamado de “terra dos anjos”, a Inglaterra. Desde a década de 80, milhares de símbolos misteriosos têm sido encontrados nos campos localizados nas imediações de Tor Hill, uma colina considerada sagrada segundo algumas tradições históricas, de povos que lá viveram séculos e milênios atrás. Contam as lendas que Tor Hill teria permitido aos homens do passado o acesso a uma outra dimensão.
Avalon e Camelot — O mesmo fenômeno pode ser verificado em Glastonbury e Avebury, a sudoeste de Londres, locais que seriam identificados como a mítica Ilha de Avalon e Camelot, residência do rei Arthur. Não se pode deixar de falar de Stonehenge, que estudiosos e astrônomos dizem tratar-se de um observatório astronômico. Conjunto megalítico formado por blocos de pedra, Stonehenge é pelo menos quatro vezes mais velho que as pirâmides do Egito. O monumento seria uma espécie de computador astronômico da pré-história. É o lugar onde atuavam os iniciados celtas, como o mago Merlin, que teria sido concebido por uma virgem e um demônio que havia abusado dela enquanto dormia. Dessa forma, o mago herdara a ciência infusa e o conhecimento das coisas passadas e futuras.
Lendas à parte, a tentativa de compreender o aparecimento de misteriosos símbolos nas plantações da Inglaterra, principalmente, e em outros países também, nos impele ao passado quando, na vida de remotos personagens, residiam as raízes destes fenômenos e talvez também a chave da leitura. Não pode ser coincidência que, em todo o mundo, 90% dos fenômenos das plantações estejam ocorrendo naquele país. Nem que, de toda a Inglaterra, 90% dos círculos sejam encontrados próximos de sítios arqueológicos onde celtas e druidas faziam seus rituais. E de fato não é. No primeiro século depois de Cristo, um de seus discípulos, José de Arimatéia, e outros peregrinos, chegaram a Glastonbury após uma longa viagem pelo Oriente Médio. Traziam consigo um cálice que seria o mesmo usado durante a última ceia, o Santo Graal, objeto precioso do qual emanavam energias benéficas que resultavam na clarividência de quem o usasse, além das virtudes de luz, de revelação e de manutenção da vida além dos limites humanos.
O material do qual era composto o Graal ainda é ignorado, mas foi muitas vezes definido como sendo feito de “pedra celeste” ou de “pedra da luz”. Atentamente vigiado e guardado por virgens no local chamado Castelo do Graal, que para os místicos tem o significado de “centro do mundo”, o cálice tem a propriedade de aparecer somente para aqueles que procuram a origem de todas as coisas. Os elementos desta narração não são frutos de antigas crenças populares. A tradição do Graal é bem real, e essas histórias constituem um fio condutor para reconectar o aspecto meta histórico e iniciático ao aspecto histórico, relativo ao fenômeno dos círculos. Longe de ser primitiva, no sentido original da palavra, grande parte destas tradições não é mais do que referência às antigas civilizações que visitaram aquela região específica do planeta, no passado – talvez extraterrestres.
Pedra Escondida — Assim, hoje é impossível entender o que significava o feixe de luz proveniente das estrelas que iluminou uma rocha na praça da cidadezinha de Carduel, numa noite de Natal do sexto século depois de Cristo, no norte da Inglaterra. Conta-se que era uma luz da qual desceu uma espada, que se fincou numa rocha chamada de “pedra escondida” ou “matéria prima”. A espada representava a arma do conhecimento, que se produzia por si mesmo e poderia revelar-se em momento oportuno. Denominada Excalibur, tal espada “da verdade” foi extraída da rocha sem nenhum esforço pelo jovem Arthur, de 16 anos, filho ilegítimo de Uter Pendragon, rei de Logres, e de Igraine, mulher do duque de Tintagel. Inconsciente de sua descendência real e encarregado pelo destino de redescobrir suas origens, Arthur criou a união cavalariça da Távola Redonda, uma formação institucional baseada na igualdade, da qual fizeram parte diversos cavaleiros pertencentes ao que era chamada de Ordem da Cavalaria Espiritual. Não se sabe o número exato de seus membros, mas estima-se que passou de 50 integrantes, entre os quais figuravam Galvano, o visionário Persifal, Lancelot du Lac, Gahariet, Agravain e outros personagens empenhados na busca pelo Graal. Seria muito complexo descrever suas múltiplas aventuras iniciáticas, por isso apresentamos nesse relato somente alguns de seus aspectos .
Tais aventuras ou provações podem ser divididas em dois graus. O primeiro consistia na confirmação da qualidade guerreira e viril dos caçadores do Graal. Em segundo lugar figurava a inicial atitude psicológica agressiva e belicosa que é destinada a transcender a força física para alcançar a sapiência e a vocação interior. Estas características foram encarnadas pela “dama que completa”, o “amante imortal” ou o “espírito permanente”, segundo as tradições. A dama e o Graal parecem fundir-se com um único propósito, que é o de conduzir os cavaleiros errantes ao conhecimento de uma verdade ultraterrena. Assim, por exemplo, depois de ter se tornado cavaleiro da Távola Redonda, de acordo com a história, Persifal foi arrebatado pelo canto dos pássaros e começou a obedecer a sua verdadeira natureza, concretizando seus desejos mais profundos.
“Os cavaleiros do círculo caíam esporadicamente em sono iniciático, do qual não se lembravam
de nada, e durante as suas aventuras eram levados para uma ‘ilha giratória’ ou ‘ilha torre’, onde aparecia uma nave”, diz a lenda. Esta nave é descrita com detalhes em muitos registros históricos, mas tomada como mito. Dela partiria a espada mágica e nela estaria uma coroa de ouro, que teria relação com a árvore da vida e a realidade sacra que se vivia naquela época. Pode-se especular com certa coerência que, a exemplo do que se verificou em muitas outras culturas ancestrais do mundo, do Oriente ao Ocidente, a representação mítica de tal nave nada mais seja do que uma interpretação própria para a época de um fenômeno ufológico genuíno.
Há círculos e outros desenhos descobertos em plantações e pastagem que se situam nas imediações de antigos locais de culto na Inglaterra meridional e na Alemanha. Eles estão por toda parte. Podemos citar o círculo que foi encontrado na região de Alton Barnes, no mês de julho de 1990, que se estendia por fantásticos 168 m de comprimento. Seus detalhes lembravam chaves, rodas ou discos. Milhares de visitantes puderam vê-lo, assim como o pictograma que surgiu no mesmo local, em 02 de julho do ano seguinte, batizado de guidão. Este tinha cerca de 90 m de extensão. Em Barbury Castle, também outra área de grande incidência de círculos nas plantações, em 16 de julho de 1991, novos fenômenos significativos foram registrados. Aos pés de uma fortaleza da região, construída na Idade do Ferro, surgiu um pictograma que parecia ser muito semelhante aos símbolos da geometria sacra.
Os círculos ocorrem a sudoeste de Londres, locais identificados como a mítica Ilha de Avalon e Camelot, residência do rei Arthur e dos Cavaleiros da Távola Redonda. Segundo as lendas, esses homens, em sono iniciático, eram levados para uma ‘ilha giratória’, onde aparecia uma nave
Segundo John Mitchell, renomado estudioso do fenômeno, este símbolo traria em si o princípio do três-em-um, ou seja, a superfície do círculo central era exatamente igual à soma das superfícies dos três círculos que o rodeavam. Enquanto isso, em Grasdorf, na Alemanha, no dia 22 de julho de 1992, um gigantesco desenho foi descoberto em Thierberg, local de culto ancestral, e se estendia por mais de 100 m. Tinha 50 m de largura, era constituído por sete símbolos e 13 círculos. No meio do círculo central havia uma cruz, o antigo símbolo do Sol, lembrando a lenda escandinava do Carro do Sol, venerado pelos germânicos.
Nave Flamejante — Essa lenda cultua a existência de uma nave dourada e flamejante, que sobrevoava os países escandinavos. Em 02 de agosto, um homem encontrou três lâminas metálicas com diâmetros entre 25 a 30 cm, pesando cerca de cinco quilos cada uma. Elas, curiosamente, tinham impressos os mesmos desenhos dos círculos. Interpelado sobre o assunto, o joalheiro da cidade constatou que as barras eram constituídas por três extratos sobrepostos, um de ouro de grande pureza, o segundo de prata e o terceiro de bronze.
Apesar da presença de círculos na Grã Bretanha, França, Alemanha, Itália, Suíça, Hungria, Canadá, Japão, Austrália e outras nações, há quem sustente que se trata de uma fraude. Porém, é certo que não tenham sido feitos pelos velhinhos Doug Bower, de 70 anos, e Dave Chorley, de 65 anos, que assumiram publicamente a autoria de tais obras no fim dos anos 80. Grande parte da imprensa mundial, ignorante quanto ao significado do assunto, ainda crê que Doug e Dave estejam por trás dos milhares de círculos descobertos nos últimos anos. Também é certo que não foram feitos por estudantes alemães brincalhões ou pelos auto-intitulados crop circlers, fazedores de círculos. Também é difícil acreditar que os desenhos tenham surgido através de turbilhões de vento, forças geomagnéticas e outras teorias que até hoje são defendidas por muitos pesquisadores e se tornaram resultados quase que oficiais para o mistério.
Entre as várias hipóteses, a mais divertida é a de que os círculos seriam resultantes da cópula de ouriços e porcos-espinhos, que no ato da reprodução eram vigiados de perto pelos rivais, que corriam em círculos como espectadores da cena, demarcando seus territórios e conseqüentemente as bordas externas dos círculos. Todavia, seguindo as formações originais, de fato surgiram muitos desenhos falsos, criados ao longo de 1992, principalmente. Mas as diferenças entre essas fabricações e os círculos genuínos são evidentes. Os primeiros não são formas geométricas perfeitas e as plantas, neste caso, ficam danificadas e pisadas pelos perpetradores. Já os círculos genuínos têm características únicas e absolutamente desconcertantes.
Segundo o sábio ancião índio Sun Bear [Urso Solar], os círculos nas plantações são símbolos parecidos aos usados nos rituais dos antepassados de seu povo, os chippewa, como aqueles que foram pintados nas paredes das cavernas e sobre tumbas pré-históricas na Europa e no resto do mundo. “Temos que honrar e respeitar a Terra”, diz o ancião. Ele mostra sua sapiência dizendo que “…reencontrar o respeito pela natureza equivale a reencontrar o respeito por nós mesmos”. Sun Bear propõe que os pictogramas possam ser interpretados como mensagens simbólicas provenientes do Cosmos, uma forma de escrita universal e ancestral que quer nos fazer entender uma realidade fundamental. Alguém que não pode ser considerado de nosso planeta nos fala há milênios, mas além das palavras há também os fatos, principalmente nos últimos séculos. Refiro-me às experiências dos personagens medievais.
Potencial Humano — Não é descabido supor que o fenômeno dos círculos corresponda a uma intervenção extraterrestre, que hoje definiríamos como uma forma de contato imediato, com o objetivo principal de interferir na esfera psicológica e institucional dos homens, favorecendo sua evolução. De fato, os pictogramas nos põem a pensar sobre sua natureza e o que significariam. Para tentar elucidar o mistério, os mais variados campos do conhecimento científico, ortodoxo ou não, religioso e até mesmo militar já foram empregados, sem sucesso. Por isso, propomos uma análise dos fatos basead
a na tradição folclórica dos povos que viveram nas regiões onde o fenômeno se manifesta com maior intensidade, especialmente, é óbvio, a Inglaterra.
Neste sentido, Excalibur é a instrumento que nos conduz, através de um doloroso caminho, à compreensão da verdadeira natureza da nossa existência. A rocha em que foi fincada, representando a matéria prima indiferenciada, é o símbolo do potencial que jaz incompreendido em nós e que, cedo ou tarde, temos que tomar conhecimento. Os círculos cumprem o mesmo papel de nos acordar para uma outra realidade. Além disso, a lenda de Excalibur é a primeira etapa de um processo evolutivo e existe o desejo de que a seguinte seja menos dura. Já dizia William Blake, poeta britânico do século XIX, que “… não era aqui talvez, sobre as nuvens destas colinas, que a graça de Deus resplandecia luminosa? (…) Trazei-me um arco de ouro incandescente! Trazei-me as flechas do meu desejo! (…) Trazei-me um carro de fogo”.
De que carro de fogo fala Blake, contemporâneo de outros pensadores que também questionavam luzes misteriosas que sobrevoavam a Inglaterra, justamente sobre os locais onde hoje surgem, majestosos, os círculos nas plantações? Diversos estudiosos e especialistas chegaram à conclusão de que os pictogramas são obras de uma inteligência não humana, cuja natureza ainda é ignorada, mas que se manifesta no local há muito mais tempo do que se imagina. Os habitantes da Grã Bretanha há milhares de anos já conviviam com essa força e suas energias. A maior parte dos desenhos nas plantações são figuras geométricas de notável precisão, clara definição entre os grãos amassados e os que ainda restam em pé, e somente em poucos casos os círculos ultrapassam os limites dos campos. Eles aparecem na maioria das vezes em campos de cevada, aveia ou sobre grama alta, com mais freqüência entre os meses de maio e setembro, quando as plantas já atingiram maturidade para colheita.
Alguns fatos que já são patentes partes desse fantástico enigma são absolutamente surpreendentes e encontram-se até hoje inexplicados pela ciência. No momento da descoberta de um círculo, os talos das espigas surgem levemente entrelaçados ou em ramificações, nunca quebrados ou danificados, e geralmente continuam crescendo em posição horizontal, até completarem sua maturação. Como explicar isso? Nas espigas atingidas pelos círculos, os nós dos caules se tornam mais grossos em comparação com os das espigas que permaneceram de pé, enquanto os sabugos ficam deformados, ao contrário dos demais. O amassamento dos cereais pode ocorrer das formas mais variadas, como no sentido horário, anti-horário, centrífugo, retilíneo, em forma de suástica, composto etc. E pode ter outras formas também, mas sempre de definições precisas, tanto matemática quanto geometricamente.
Os círculos solitários e as composições de inúmeros deles, considerados pictogramas mais complexos, são colocados paralelamente à conformação do terreno ou aos sulcos deixados pelas rodas do trator que executou o arado do campo ou o plantio. Por que tanta simetria e o que essa “coincidência” quer nos dizer? Os desenhos são geralmente formados à noite e quase sempre na ausência de testemunhas oculares. Os campos que já tiveram a impressão das imagens antes são visitados novamente, para que outros círculos sejam formados ou para completar os já existentes. E sempre, em 99% dos casos, o fenômeno se manifesta nas imediações de sítios pré-históricos ou de túmulos funerários celtas ou druidas.
Sons Estranhos — É extraordinária a variedade dos desenhos unitários e das composições. Os diâmetros dos círculos oscilam entre 1,5 e 60 m, o comprimento entre 14 e 200 m. Sua complexidade aumentou muito desde o surgimento dos primeiras imagens. Em alguns casos, são avistados UFOs pouco antes ou ao mesmo tempo em que ocorrem as formações, além de alguns sons estranhos serem notados no local. Mas esses fatos são raros e parecem ser apenas uma espécie de isca, uma pista para que os estudiosos e as autoridades tenham uma idéia de que lado começar a procurar as respostas. Evidentemente, elas não pertencem a esse mundo, assim como já constatavam os cavaleiros da Távola Redonda, vários séculos atrás.
Para complicar o quadro e nos remeter a discussões ainda mais aprofundadas, ou para obstruir irremediavelmente um entendimento rápido e prático da questão, forçando-nos a olhar o fenômeno com a devida atenção, fatos misteriosos estão associados à manifestação dos círculos. Por exemplo, nos lugares afetados, permanecem resíduos de energias que podem ser detectadas por equipamentos especiais. Mas sua causa ou fonte de emanação nunca são visíveis e jamais foram detectadas. Como isso é possível? Parece que as energias servem como mais uma pista para uma eventual resposta. Mas qual é ela e onde estará?
Pelas reações e discussões dos pesquisadores do fenômeno, é certa e unânime a opinião de que os círculos sejam tentativas de comunicação com a humanidade, evidentemente cercadas de um ritual próprio e demorado, tal como ocorrera no passado, quando druidas e celtas se dispunham a adorar luzes noturnas e tê-las em seus sonhos e cotidianos, ora como demônios, ora como protetores angelicais. E tais tentativas de comunicação parecem ainda cristalizar um esforço genuíno, por parte de alguém, para encaminhar a humanidade para uma situação específica e reveladora para todos nós.